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João Galamba é apreciador de pintura. Não sei se é impressionista ou nem por isso, mas pede a Maria Luís Albuquerque que se retrate nas suas declarações. A sua linguagem de artista confirma a sua infantilidade precoce. Neste tira-teimas a ex-ministra das finanças Maria Luís Albuquerque não deve ser tida nem achada. A pergunta: quem é o pintor mais falsificado em Portugal (?), vem mesmo a calhar. Em todo o caso, o governo de sua geringonça não se livra de uma Cargaleira de trabalhos. Quer Sequeira ou não, as contas de merceeiro de bairro não interessam no que diz respeito à obra-prima macroeconómica. É mais aguarela. Basta um molha-toldos de um Brexit para o desenho ficar borrado. Basta um deslize mais acentuado da crise bancária em Itália para haver réplicas e contrafacções de chatices maiores. Pese embora uma certa favorabilidade das contabilidades da casa, Portugal está a caminhar sobre areias movediças. Quero ver Portugal na CES, na CES! (Concertação Económica e Social) parece ser a cantiga do momento - é aqui onde decorre a faena principal. A bravura ganadeira do rabujador do Partido Socialista Santos Silva também deve ser re-retratada por Galamba numa sessão de pinturas avulso. O invocador de reses disse tudo e deixou escapar a bandeirilha. Serão os funcionários públicos que em última instância terão de suportar os fardos, as farpas. Será o salário mínimo a ficar aquém da palete de intenções. E serão os patrões que terão de sentir o alívio neo-liberal para continuar a bombar. E lá se vai o ideário de Esquerda com uma demão de guache, gauche. Em todo o caso, e para não nos desviarmos do essencial das belas-artes, é óbvio que medidas extraordinárias e irrepetíveis terão de ser contempladas. Um orçamento de Estado, e as respectivas contas que decorrem do mesmo, são uma imensa manada de trabalhos. E há sempre desvarios. Desvairados que julgam que não.
Se não for pedir muito, gostaria (aqui, aqui, e aqui) que me apresentassem, com cuidado e serenidade, uma alternativa séria, credível e exequível às medidas anunciadas pelo Governo, e que seja, de preferência, uma alternativa que cumpra os requisitos acordados com a troika relativamente ao limite exigido e exigível do défice orçamental. De mais a mais, gostaria, também, que, nessa busca de alternativas, não se esquecessem do facto de existir entre a função pública e a economia privada uma rotunda diferença de regimes e práticas. É que continuar a ouvir a ladainha vertida no falacioso argumentário, utilizado, entre outros, pelo honorável Jorge Miranda, de que o alargamento da CES é um imposto sobre os mais fracos é, em boa medida, aceitar o ramerrão imobilista do regime. Mas, bem lá no fundo, viver num regime feito de e para velhos rezingões anafadíssimos teria sempre estas perniciosas consequências. Quando assim é, o melhor mesmo é arrumar as malinhas e emigrar.