Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
O Governo da República de Portugal está de consciência tranquila em relação à Venezuela. Aliás, não convém nada uma mudança de regime. Não seria nada conveniente instigar um processo democrático que resultasse no afastamento de Maduro. Os socialistas portugueses, independentemente de pareceres da União Europeia (UE), não vêem com bons olhos uma crise profunda que abane o "status quo" daquela realidade. Referem um regresso à normalidade constitucional quando o que aquele país precisa é de um levantamento popular que afaste o ditador socialista Maduro e que o julgue por crimes cometidos contra o seu povo e opositores políticos. E este estado de arte política coloca Portugal numa situação particularmente difícil. São mais de 400 mil portugueses com residência na Venezuela, ao que se somam mais de um milhão e meio de luso-descendentes. A haver um processo de "descolonização" resultante de uma revolução democrática na Venezuela, Portugal terá de ter um programa de repatriamento de nacionais, um conceito operativo para lidar com os "retornados". Para já sacodem a água do capote afirmando que os que têm saído da Venezuela preferem Espanha devido às afinidades linguísticas, mas sabemos que quando a crise ganhar contornos mais intensos, outras valias, de índole jurídica, far-se-ão valer. Quando Santos Silva diz que não aceita os resultados das eleições, está de facto a fazer ouvidos de mercador, a fingir, a ser politicamente correcto, mas a mentir com os dentes todos. A geringonça é adepta de Maduro, como outros foram de Chavéz e dos Magalhães - aqueles PC - a verdadeira maravilha do engenheiro das amizades duvidosas.
Na pátria de Chávez, a situação económica piora de dia para dia. A uma crise de liberdades, junta-se uma crise inflacionária que nega aos venezuelanos o acesso a produtos básicos como a farinha, o açúcar, o sabonete ou a manteiga. Há uns meses, faltavam hóstias, vinho e papel higiénico. Tudo isto naquele que é o país com as mais vastas reservas de petróleo do mundo. Obviamente, os funcionários do recém-criado vice-ministério para a suprema felicidade social estão em greve. Só pode.
Aqui está mais um nichinho de mercado cheio de potencial. Voltámos aos tempos em que existiam filas para tudo. Não se tratando da pátria honorária de ABC, os venezuelanos não temem as longas horas ao frio siberiano. Desta vez não parece existir a penúria do pão que os portugueses por lá confeccionam, mas sim de algo que é imprescindível e totalmente conveniente garantir como um direito adquirido.
Portugal para lá exporta computadores e é um habitual roteiro para compras que infelizmente nâo têm passado de boas intenções. No entanto, o papel higiénico que manterá o regime bolivariano a salvo dos reaccionários humoristas de todo o mundo, existe por cá em quantidades nada negligenciáveis. Um produtor até se tornou famoso por apresentá-lo num arco-íris que satisfaz as mais exigentes fantasias da clientela. Não podemos ainda imaginar o que irá pelas cabeças dos seguidores do defunto Comandante, mas modernos e dados às tecnologias, um rolo com um artefacto telefónico acoplado e ligado à net, seria mesmo limpinho.