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O pretexto? O lançamento do novo porta-helicópteros/aviões Izumo.
Pequim não alijou qualquer tipo de canga maoísta e antes pelo contrário, usa os velhos métodos de sempre, atirando o odioso para os braços de quem pretende intimidar. No caso do confronto com o Japão, o alvo é fácil, dado o passado ainda bastante recente. Estava o Kuomintang no poder, quando nos anos trinta os japoneses submeteram a China a uma longa guerra de conquista. A derrota em 1945 liquidou o expansionismo nipónico e pouco depois o próprio regime do Kuomintang seria confinado à Formosa, país com quem o Japão hoje mantém relações satisfatórias. O mesmo não se passa com Pequim, ébria de vontade imperialista que não se limita ao inundar dos mercados além-fronteiras. As más relações com a Índia, a submissão do Nepal, os conflitos fronteiriços com os vietnamitas, a desestabilização tentada na Tailândia, os contenciosos com a Indonésia, Formosa e Filipinas, complementam a inimizade que a cacofónica propaganda vota ao Japão.
As guincharias herdadas dos tempos de Mao, impedem qualquer tipo de contemporização para com realidades há muito estabelecidas e internacionalmente aceites. A Pequim, apenas falta copiar integralmente o discurso americano dos tempos da guerra mundial. Paulatinamente, a China está a tornar-se numa réplica daquilo que o Japão foi no período de entre as guerras e poderá vir a concitar a unânime indisposição de todos os seus vizinhos, desde a Índia até às Filipinas. Os chineses enveredaram por um bastante ousado e dispendioso programa de modernização militar, nele incluindo uma série de navios que não podem ser considerados como meramente defensivos. São conhecidos os planos para a criação de uma marinha que contará com grandes porta-aviões, não nos esquecendo ainda de um sistema de mísseis que têm na esquadra americana, o adversário a atingir. Apenas os mais distraídos poderão ignorar quem é o alvo preferencial.
Mesmo que o Imperador Aki Hito se apresentasse vestido com um pijama do PCC e rastejasse diante do portão da Cidade Proibida, isso não seria suficiente. Os chineses - e o seu apêndice norte-coreano - exigem nada menos que a humilhação, uma submissão total.
Nos anos trinta, circulou uma caricatura em que Mussolini surgia dando ordens a um dos seus numerosos subordinados. Em plena febre expansionista, ditava, olhando para um mapa-mundo:
- "Reivindiquemos tudo o que surge em itálico!"
Na sua avidez pelos negócios com o diabo, os nossos amigos americanos optam por perigosos jogos de sedução, coisa que um dia lhes poderá sair bem cara.
No fastidioso menu de imbecilidades que diariamente o Canal de História nos apresenta - em clara concorrência com o da National Geographic, agora obcecado com os "preparadores" do fim do mundo -, temos uma novidade. De retinta encomenda pequinesa, somos agora bombardeados com todo o tipo de fantasias acerca da "descoberta do mundo" pelas frotas de "milhares de navios" do Imperador Celeste. A História anda mal contada, Vasco da Gama não passava de um besugo alentejano e Colombo, esse viajante de meia dúzia de semanas, foi um absoluto zero para o que verdadeiramente interessa.
A deslocação dos centros de poder global para outras paragens que não europeias, tem assim o condão de servir de intróito ao tomar a sério de um rosário de não-eventos que de sérios, pouco ou nada têm. O episódio deste fim de tarde, coloca-nos diante de um grupo de "investigadores" que risonhamente garantem a destruição do "mito europeu" da descoberta da América, datando-a uns setenta anos antes de 1492. Não encontrando qualquer tipo de testemunho arqueológico, andam casmurramente desconfiados acerca da real existência dos mesmos, nem sequer hesitando em apresentar fantasiosos modelos de juncos do tamanho de um "campo de futebol americano" - off course! -, visivelmente incapazes de uma travessia de qualquer oceano ou de exploração costeira, dado o escasso valor de navegação que salta à vista de qualquer papalvo deste ocidente europeu. Cavocam a torto e a direito, procurando juncos tardo-medievais pelas praias do Oregão. Não acham testemunhos arqueológicos, mas "acham" ter a razão deste nosso tempo do seu lado. Afinal, em vez da Macau portuguesa, estes Menzies de chow-min de esquina, perdem-se em delírios acerca de uma jamais verificada presença chinesa nas costas ocidentais africanas e quiçá daquilo que ...teria sido inevitável, o estabelecimento de colónias-entrepostos em Lisboa, Sevilha, Antuérpia, Londres, Amesterdão, Hamburgo e Dantzig. Peritos na realização da vontade de propaganda dos seus abastadíssimos sponsors, a queda no abismo do ridículo não é susceptível de demovê-los e pelo contrário, marcham sempre mais um passo em direcção ao cavocado nada.
Enfim, a par do nosso passado extraterrestre, das Profecias Maias, das dez maiores explosões do universo, dos "misteriosos Códigos de Da Vinci e de Voynich", das seitas esotéricas que enxameiam de aventais a sociedade ainda mandante no Novo Mundo e das estórias acerca do colossal "império israelita da Antiguidade", vastíssimo de 10.000 Km2 - e com as mesmas imaginativas estórias de sagrados Templos do Senhor em estilo the bigger the better -, acarretamos agora com as proezas da talassocracia chinesa que ...à Europa trouxe o Renascimento e o conhecimento moderno. O único senão será a malfadada história factual, tão negregada pelos parteiros do conformismo pela desistência, mas felizmente ainda certeira e implacável. Pois é, factos são factos e Afonso de Albuquerque esteve mesmo bastante activo desde Socotorá a Malaca. Do por nós legitimamente suposto "general Wan Ban Fâk" e da sua epopeia à Alexandre pelas sanzalas do velho Continente, não reza a História.
Entretanto, agrade ou não aos mandarins vermelhos, foi mesmo o pequenino e pobrete povinho português quem primeiramente se atreveu a fazer-se ao mar. Em quase chalupas de trinta metros explorou as costas de África, da América e da Ásia e pasmem, conseguiu apresentar credenciais diplomáticas na orgulhosa capital do Império do Meio. Uma tremenda chatice.
Para quem ainda nutra algumas hesitações acerca da quase cópia pequinesa ao milímetro, do conhecido programa de agressivas actividades epansionistas japonesas nos anos trinta, aquilo que as autoridades de Pequim abertamente declaram através dos seus órgãos de comunicação, elucidam-nos cabalmente acerca das suas intenções:
"China should be confident about strategically overwhelming Japan. The People's Liberation Army's Navy and Air Force, as well as its Second Artillery Corps, are advised to increase their preparation and intensify their deterrence against Japan's Self-Defense Forces.
China will not shy away if Japan chooses to resort to its military. As friction escalates, it is more likely for Japan to retreat in the face of unreliable US security assurances and China's strengthened strategic combat capabilities.
The standoff broke out at a time when neither side appeared ready. The result of the spat will deeply influence the way the two countries engage with each other in the future.
For China, triumphing will cement cohesion and public confidence in the country. We cannot back off and we must win. "
Por outras palavras, nada mudou desde os tempos da época hippie euro-americana, quando as maoístas multidões vestidas de pijama se passevam pelas ruas das cidades chinesas, descobrindo "tigres de papel", guinchando ódios dirigidos além-fronteiras e em tudo e todos encontrando "inimigos" do Império do Meio. O texto acima distribuído pelo Global Times, consiste num perfeito exemplar da perigosa histeria do discurso governamental chinês. Numa época de crise que também já se relecte nos negócios da China, as ilhotas Senkaku são hoje o móbil de todas as iras e frustrações acumuladas. Amanhã será o Vietname, a fronteira com a Índia, a Tailândia, Singapura, a Indonésia, as Filipinas, a Sibéria e o Pacífico Central. O Nepal consistiu num sério aviso, não duvidem. Em suma, num ímpeto de imperialismo puro e duro, Pequim vocifera pelo revisionismo das fronteiras. Talvez tenha chegado o momento de voltarmos todos à carga com o Tibete.
Na Tailândia, não existirá nenhuma "república de Estado Novo"
Leia tudo AQUI, no Combustões. Texto e muitas fotos inéditas, tiradas por Miguel Castelo-Branco. Esta tarde, em Bangkok.
Um indivíduo acercou-se e identificou-se como professor do ensino secundário. É simpatizante de Abhisit mas deixou-me boquiaberto com a terminologia. "Sabe, 90% dos tubarões e exploradores deste povo são amigos de Thaksin. No campo democrático e daqueles que amam o Rei, a maioria são pessoas como nós, que trabalham, se levantam cedo e deitam cedo, que fazem ginástica orçamental para sobreviver". Feliz por ver que da boca de um homem que ganha duzentos Euro por mês saltam crepitantes as palavras que esperava. Disse-lhe que na Europa era o mesmo: quanto mais ricos, ociosos e metidos nas curibecas, mais pró-isto e pró-aquilo, conquanto nunca lhes metam as mãos na carteira.
Esta tarde, a multidão na Praça Real (Dusit Throne Hall)
A maioria trazia um grande autocolante destinado a enviar um recado para o mundo, infelizmente mal informado pelos media ditos de referência, que fazem clara campanha a favor do plutocrata Thaksin servindo-se exageros e semi-verdades misturadas com totais mentiras. Não [queremos] presidente, resume a natureza do conflito. Thaksin quer a república oligárquica e plutocrática, o poder absoluto para governar a seu bel prazer. Os tailandeses sabem que tal república, que os defensores do multimilionário crismaram já de Estado Novo, seria o fim da democracia e o fim da separação de poderes. Depois, há a repulsa profunda pelo terrorismo, pelo vandalismo e pela protecção que Thaksin tem recebido dos regimes autoritários ex-comunistas da região. Agora, para os defensores do governo, Thaksin é, apenas um traidor.
A multidão que se manifestava em defesa da legalidade constitucional. Foi bombardeada com rockets disparados pelos subversivos. Veja as inéditas e extraordinárias fotos exclusivas do COMBUSTÕES
Confirmando plenamente aquilo que há muito se sabe, agora chega a notícia de claras movimentações junto da "comunidade internacional" - leia-se, forças de pressão que têm intervindo na Tailândia -, no sentido da colocação de um contingente da ONU em Bangkok! Inacreditável, como se um Estado soberano pudesse admitir tal coisa, quando mesmo ao lado a Junta birmanesa - sob protecção de Pequim, tal como os "reds" - usa e abusa do poder das armas e de forma totalmente impune. Pretender-se colocar a Tailândia no mesmo patamar comparativo do terror chinês, laociano e a tantos outros da região, é um absurdo que desacredita quem recorre a este tipo de artifícios.
No pleno desespero de uma causa que já vêem perdida, apelam agora à descarada intervenção que salve os negócios de alguns e a colossal fortuna roubada por Thaksin, hoje parcialmente congelada por decisão judicial. É isto que essencialmente está em causa e a plutocracia de tudo se serve para se proteger.
O quadro torna-se cada vez mais nítido e as últimas notícias dão conta da detalhada confissão - que será televisionada - de um actor que participou no ataque armado de 10 de Abril, confirmando plenamente o que aqui foi dito. Thirachon Manomaipibul, o governador da capital, declarou hoje que as câmeras de vigilância do BTS - estação do metro aéreo - confirmam plenamente a origem dos disparos dos rockets M-79 que ontem atingiram a multidão: o Parque Lumpini, sítio da barricada "red". Previamente, a liderança sediciosa procurou ocultar a acção da origem do ataque, cobrindo com plásticos negros as câmeras de segurança (CCTV) da Administração Metropolitana de Bangkok, simultaneamente dirigindo o ângulo direccional dos aparelhos, para o céu. Torna-se muito difícil esconder a verdade e pasma-se pelos argumentos utilizados, como o "respeito pelas normas internacionais", por exemplo. Curiosa moderação esta, vinda de entidades que ainda há poucos dias cantavam já a vitória de "sublevações populares libertadoras" ou outras ladainhas da praxe, sempre susceptíveis de impressionar os observadores postados em escritórios com ar condicionado.
Foi esta a multidão ontem bombardeada na Avenida Silom.
Esta tarde, está prevista uma grande concentração de populares que na grande Praça Real se manifestarão em defesa do trono e da legalidade constitucional. Não deixaremos de publicar toda a informação que estiver disponível.
Como dissemos, a intervenção externa existe, é descarada e sem sofismas. Há que dar-lhe remédio.
Popular defensor da Coroa, ferido à saída do Hospital cristão na Silom (foto do Combustões)
Como previamente anunciámos via Combustões, a paciência da população de Bangkok está a chegar ao fim. Hoje uma enorme multidão deslocou-se para a zona da Avenida Silom, no sentido de confrontar as barricadas "vermelhas". Foram disparados rockets M79 que segundo as autoridades, apenas podiam provir das imediações da estátua do Rei Rama VI, que se ergue precisamente à entrada do Parque Lumpini, ou seja, em pleno arraial thaksinista. Decerto será inútil procurar muito para encontrar os autores da façanha que matou gente e feriu muitas dezenas de populares defensores do regime democrático e da Casa Real. O exemplo nepalês é temido e o que tem sucedido no antigo reino hindu dos Himalaias, é de molde a aterrorizar os até agora pacatos tailandeses. Como avisámos há uma semana, o "movimento vermelho" encontra-se perfeitamente organizado, bem abastecido de recursos de toda a ordem e as suas tropas de choque não são compostas por aquilo que na Europa se chama de hooligans de futebol. São uma estrutura para-militar e treinada para este tipo de confrontos e se não chegaram ao extremo da guerra total, isso poderá dever-se apenas ao progressivo reduzir do número das suas fileiras e em sentido oposto, ao imparável aumento de efectivos do campo dos defensores da legalidade constitucional.
Os próximos passos são aqueles que já se prevêem. Iniciarão as manobras dilatórias e de desinformação, empurrando o odioso para o poder instituído. Como se a situação que se tem arrastado já há perto de cinco semanas, não seja da única e exclusiva responsabilidade da liderança pró-Thaksin e dos seus mentores estrangeiros! Ocupação de uma parte relevante do centro urbano, depredação da propriedade pública e privada, ataque à saúde pública - sangue, fezes, urina em prodigiosas quantidades escandalosamente vertidas pelas ruas -, desobediência civil e assumida intenção de subversão da ordem constitucional, para nem sequer voltarmos ao deliberado uso de armas de guerra e ataque às forças da ordem. É este o quadro indeclinável das responsabilidades de quem decidiu a aventura da qual tem agora o ónus total. Entretanto e em total desespero, a liderança "vermelha" pretende apelar ao envio de uma força de interposição da ONU, como se se tratasse de um conflito internacional. Desta forma, reconhece ser um partido político que deixou de o ser, tornando-se numa milícia armada em aberta guerra civil. Este episódio grotesco até à demência, tornaria os meliantes num estado dentro do Estado. Inacreditável
Há ainda que dar uma especial atenção ao ponto fundamental que as informais agências de desinformação não têm querido referir, pelas razões que são óbvias e que se prendem sobretudo, aos interesses económicos sem rosto mas perfeitamente identificáveis a breve trecho.
O último recurso, consiste na desesperada intenção de envolver a Coroa na luta partidária, num clássico processo que teve funestas consequências no nosso país. O Rei tem-se mantido numa total reserva, deixando a situação tornar-se completamente nítida aos olhos da totalidade da população tailandesa e também - ponto importante -, para a plena avaliação dos aliados internacionais do Reino, mormente os Estados Unidos da América, o Japão e outros parceiros regionais, como a Índia. O caso europeu, perdido de antemão pela inexistência da UE como entidade credível na cena internacional, resumir-se-á talvez, à única potência remanescente neste espaço, o Reino Unido. Seria talvez interessante que as duas eclipsadas potências históricas - assim os tailandeses continuam a encará-las - europeias, Portugal e a França, manifestassem atempadamente a sua obrigatória solidariedade com a ordem constitucional vigente.
Sabemos todos o que está em causa em toda a ampla região em disputa pela impetuosa e expansionista China continental. O sinal a enviar deve ser inequívoco, claro e delimitador das esferas de influência recíprocas. É esta a única mensagem possível de entender pelos Estados que vêem nas relações internacionais e nos Tratados, meros "pedaços de papel" ou recursos à disposição para a prossecução de ambições ilegítimas, mas possíveis de atingir pela passividade de terceiros. Foi este o caminho que a Europa e os EUA não decidiram trilhar nos anos 30 do século XX, estimulando os apetites da liderança militar japonesa que levaria o Império a uma hecatombe sem precedentes.
Ontem, Chavalit - um homem que desde há muito é geralmente considerado como ligado a grandes interesses e pouco susceptível de beneficiar de qualquer reputação de lisura -, veio apresentar uma fastidiosa exposição que visa o fatal comprometimento da Coroa no conflito e cujo exclusivo fim consiste na dissolução imediata do Parlamento. Consequentemente, o calculista porta-voz de Thaksin e dos seus mentores além-fronteiras, adivinham a formação de um governo sob os auspícios do Pueh Thai, o sucedâneo do extinto partido político outrora chefiado por Thaksin e pela sua camarilha de chieftans locais e tríades de negócios e de influências de várias cambiantes. É que para estes o tempo urge e não será muito arriscado imaginarmos uma provável derrota eleitoral do PT, principalmente após os acontecimentos de que foi incentivador e claro protagonista.
Eis alguns dos argumentos apresentados por Chavalit:
- In the Thai experience, the monarchy has always guided the country to overcome turbulent situations and when deemed necessary, the King has the full power to exercise royal discretion. The King's intervention during the 1973 student uprising and the 1992 Black May incidents are examples of the monarchy's involvement in overcoming crises.
- The monarchy has been a counter-balancing force to check the runaway power of a dictatorship, be it military or parliamentary.
- The monarchy is just, and therefore, the only viable institution to mend social divisions.
Apesar das aparentemente naturais palavras tendentes a convencer os mais desconfiados, a realidade é hoje bem diferente daquela que se apresentava em 1992, embora se pareça estranhamente com os acontecimentos dos anos 70, esses sim, claramente "vermelhos" e teleguiados pelo expansionismo comunista internacional.
A Coroa não pode actuar agora tal como fez prontamente noutras ocasiões, porque os dados em análise remetem-nos para os acontecimentos dos anos pós-conflito do sudeste asiático. Inebriados pela esmagadora derrota ocidental no Vietname, Camboja e Laos, os comunistas tentaram apear a Monarquia siamesa, no conhecido programa do dominó gizado por Pequim e pelo seu arisco correspondente comunista de Moscovo. O Palácio de Chitralada - a residência real - terá há muito compreendido os verdadeiros objectivos daqueles que trouxeram a guerrilha para o centro da capital do Reino e a circunspecção até agora demonstrada, vai certamente no sentido de uma cuidadosa análise. Durante anos os comunistas do Partido Comunista Tailandês derrotados da década de setenta, propalaram os velhos e requentados rumores com que atingem todas as coroas desde os finais do século XVIII e tal facto não é desconhecido a ninguém, muito menos ainda para os colaboracionistas estrangeiros que estão de serviço à subversão.
Se a Coroa não pode tomar partido numa disputa entre rivais eleitorais ou sociais - e não é essa a situação -, deverá ser a força decisiva que faz pender a balança com o peso esmagador da imensa maioria da população do país que não quererá vê-lo tombar perante uma tirania lúgubre e ruinosa. Após o Crime de 1908 e as condescendências que durante três décadas aviltaram a respeitabilidade da Ordem instituída, a crença profunda na intrínseca bondade dos homens - e neste capítulo S.M. a Rainha Dª Amélia foi cega - e a recusa em acreditar no total desrespeito por um articulado constitucional que era profundamente liberal, tornaram inevitável o fatal desenlace de 1910 e toda a tragédia subsequente. Foi esta louca imparcialidade perante a arrogante subversão terrorista que conduziu o liberalíssimo regime da Monarquia Constitucional portuguesa a um inglório e escusado fim.
Defendendo o seu trono, o Rei defende o seu povo e a Tailândia como o país independente que jamais deixou de o ser.
Siga todos os acontecimentos no COMBUSTÕES
Fatigada da gritaria,ultrajada pelos rios de sangue, urina e fezes despejadas na via pública, assustada pela provocação que pretende alçar Thasin a "presidente do Estado Novo Tailandês" - uma satrapia do regime de Pequim -, a população de Bangkok começa a perder a paciência. Além de mimar os soldados do Exército Real com todo o tipo de vitualhas, flores e cânticos de incitamento, iniciou aquele inevitável processo de confronto verbal que já degenera em rixas com os pretensos "vermelhos". Aos gritos de Ok Pai! - vão-se embora! - e Mai Dee! Mai Dee! - é mau! é mau! -, durante umas semanas invectivaram os provocadores a soldo. Agora já estamos noutro patamar.
Entretanto, tal como aqui previmos, a liderança thaksinista usa a voz de Chavalit Yongchaiyudh tentando a manobra de diversão que consiste no envolvimento do soberano. A resposta do Partido Democrático é de perfeita compreensão por aquilo que se pretende: "I think Chavalit should reprimand those attacking the monarchy, instead of trying to involve the King in an inappropriate manner," disse Chuan Leekpai, antigo primeiro-ministro.
Veja um video AQUI
Nesta tarde de Sábado, muitos milhares voltaram a gritar Som Pracharan!, nas ruas de Bangkok
Ramos-Horta é um homem corajoso. Durante décadas porfiou numa luta em que a esmagadora maioria dos portugueses acreditou. Nunca desistiu e sofreu humilhações à porta de poderosos ministérios de Negócios Estrangeiros, secretarias de Estado e instituições de renome mundial. Passou privações sem que lhe escutássemos um único queixume, enquanto os grandes deste mundo ostensivamente ignoravam a opressão que os timorenses penavam. Em Portugal teve os mais fortes e indefectíveis aliados, precisamente entre os sempre minimizados monárquicos que acabaram por ter a razão da Nação do seu lado. O resto, o lastro do Esquema ainda imperante, aderiu à grande causa no último momento. Até o sr. Sampaio considerava Timor-Leste como "uma ilha indonésia", enquanto outros desdenhavam daquilo que consideravam ser mais "um caso perdido". Várias vezes vimos o actual presidente de Timor-Leste na solitária companhia do Duque de Bragança e uma dessas ocasiões, foi precisamente na comemoração do aniversário de S.M. Rama IX, organizada pela Embaixada da Tailândia em Portugal.
Ponderado e avesso a extremismos, fez hoje valer a sua voz de Prémio Nobel da Paz. A propósito da situação que hoje a Tailândia enfrenta, José Ramos-Horta disse sem hesitar, as palavras certas que dele poderíamos esperar:
"Devem terminar as perturbações das funções governamentais e a ilegal ocupação de edifícios públicos e privados, incluindo os centros comerciais e o bloqueio de estradas (...)os red-shirts jamais obterão qualquer crédito se persistirem no uso da violência para pressionar o governo (...) devendo agir de uma forma civilizada". O presidente de Timor-Leste manifestou a sua profunda crença na sociedade civil tailandesa, nos seus intelectuais e empresários, assim como na liderança de Sua Majestade o Rei Bhumibhol Adulyadej.
Quando da libertação de Timor-Leste, o novo país contou com a pronta colaboração do Exército Real Tailandês que para Timor enviou um contingente de estabilização e garantia da segurança.
Ramos-Horta sabe bem o que verdadeiramente está em causa e que respeita ao reordenamento do equilíbrio de forças na Ásia. Resta-nos o consolo daquela voz que tão bem se exprime no nosso idioma e que resgatou a nossa honra após anos e anos de silêncio das autoridades portuguesas, perante a desastrosa "descolonização". Uma vez mais e para nosso orgulho, também fala por Portugal. Antes assim.
Hoje, o povo voltou a falar, sem receio de terroristas, bombas ou bastonadas
As fotografias são de hoje e acabaram de chegar, via Combustões. Esta manhã saíram aos milhares para as ruas da capital tailandesa. Começou o movimento popular em defesa das instituições, da liberdade. A Coroa encontra o seu mais forte esteio no povo que não quer ver o país transformado num pasto para ditadores "à moda filipina, indonésia, laociana, norte-coreana, chinesa ou birmanesa".
A estranha coligação plutocrática-vermelha que se cuide. Não tardará muito até o Song Pracharon! - Viva o Rei! - se tornar ensurdecedor.
"A China nunca levou a guerra fora das suas fronteiras, com excepção das lutas fronteiriças que manteve nos anos 60 e 70 com a Índia, a URSS e o Vietname, nas quais foi, objectivamente, um aliado do Ocidente." (Miguel Castelo-Branco, in Combustões)
"China was a superpower during its dynasty periods, and will become a superpower again this 21st century economicaly and military. China is a sleeping superpower
China is the greatest country ever. Oldest civilization in the world. We gave you paper, gunpowder, clothing etc!
USA is in a ton of debt = buying technology and stealing scientists from other nations.
God made mankind but everything else is made in China!"
"Chinese, The Most Envied Race Civilization.
Huge land, a pure race, culturaly, great economy, great technology, strong military and nukes, most thoughtful leaders, independent political system, physically superior (olympics).
The huge land and pure race combination is enough, mutts (americans), and losers from failed races/civilizations (small countries) envy the pure and mighty Chinese race."
Estes são apenas dois testemunhos chineses daquilo com que diariamente deparamos nos canais da internet. Surgem como uma viagem no tempo, reproduzindo fielmente o discurso inculcado pelo militarismo expansionista japonês dos anos vinte e trinta do século XX. O recalcamento de séculos traduz-se agora, em delírios de grandeza e pureza "rácica" que os ocidentais aprenderam - à sua própria custa - a rever nas circunvoluções dos seus cérebros.
A China possui há meio século, uma das mais formidáveis máquinas de propaganda da História e ao contrário das aparências, desde 1949 conseguiu a pouco invejável proeza de se malquistar com todos os seus vizinhos, do norte, sul, este e oeste. Sentimentos profundamente enraizados na noite do seu passado milenar, explodem-nos nos ecrãs dos computadores, numa jactância que confirma plenamente a suspeita que a generalidade dos não-chineses desde há muito cultiva relativamente ao recém-despertado velho dragão oriental. O vetusto mito leninista do cerco pelos inimigos, a constante demanda de obscuras intenções no outro, a mania da perseguição, plasmam-se torrencialmente em desígnios revanchistas, levando-nos secretamente ao desejo do surgimento de meia dúzia de Jesse Owens que esfriem certos ânimos inflamados. É a natureza humana e nisto, somos todos mesquinhos.
A guerra da Coreia, a decisiva intervenção no Vietname nos anos 60, a subversão na Malásia, Indonésia, Singapura, Camboja, Laos e Tailândia; o ataque à Índia (1961) e ao Vietname comunista (finais da década de setenta, onde aliás sofreu uma clamorosa derrota militar); a constante e enervante provocação ao Japão; a ameaça às Filipinas em disputa pelas Spratley; o comportamento desdenhoso que teleguiado de Pequim, impele os chineses residentes no sudeste asiático a adoptar atitudes pouco consentâneas com a sua condição de cidadãos-convidados (na Tailândia é visível e os siameses disso se ressentem abertamente); a clara intervenção em África nos anos 60-70 (que o exército português bem conheceu); a subversão recentemente consagrada em vitória total no antigo reino do Nepal; o apoio a todos os regimes agressivamente anti-ocidentais, desde o Irão à Síria, Birmânia, Coreia do Norte, Zimbabué ou Venezuela.
Há precisamente setenta anos, a Europa e os Estados Unidos capitularam em Munique e pretenderam ignorar o tipo de discurso exclusivista do regime vigente no Reich, que já se exprimia sem qualquer pudor - coincidentemente com o que hoje escutamos -na celebração das Olimpíadas de Berlim.
Na maior parte das vezes, estou de acordo com aquilo que o meu irmão Miguel pensa, diz e escreve. O "caso chinês" é então atípico, mas confesso, não me deixa absolutamente tranquilo e desta forma, parece-me prudente manter uma certa vigilância. Não tenho confiança, talvez seja ignorante e superficial, mas já convivi e vivi perto deles. Não tenhamos ilusões. Existe um outro tipo de imperialismo do qual ouviremos falar nas próximas décadas. Será talvez diferente daqueles que conhecemos, mas decerto não menos agressivo. Os "chineses da rua" consideram-nos exactamente como seres inferiores. Carne para canhão. A liquidar.