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Nem só de planos vive um governo

por John Wolf, em 25.11.13

Não acredito que um governante com sérias responsabilidades possa dizer, de ânimo leve, de que não dispõe de um plano B. Está a gozar com os cidadãos de um país inteiro? O político mal nasce vive de planos B, e já agora de planos C, e aí por diante. A condição política assenta na grande probabilidade e não na pequena certeza. Isto é ABC que qualquer dona de casa entende. Não há carne? Prepara-se uma massa. Não há gás? Lava-se o sovaco com água fria. Por vezes penso que estamos a lidar com amadores, embora tenham sido os presidentes do conselho de administração de grandes empresas. O orçamento, seja doméstico (para ir ao super-mercado), ou de Estado (para dificultar a ida das pessoas ao mini-mercado), assenta nessa areia movediça, na ideia de vários planos de contingência que se vão revezando até se encontrar a solução. Os governantes têm de se munir das ferramentas de trabalho adequadas, ou então não vale a pena se apresentarem ao serviço. Os planos com todas as letras do alfabeto têm de existir; num anexo ao barracão do governo ou perto do conselho de ministros, tem de haver um armazém com o stock cheio de planos alternativos. Pires de Lima, ao afirmar que não tem à mão um plano B, estará porventura a transferir o ónus do falhanço do plano (A) para o tribunal constitucional. O antigo cervejeiro sabe que o tribunal constitucional não trabalha com planos. Usa a chapa N (N de não) e os juizes perguntarão indignados: plano B? O que é isso? Nunca ouvimos falar e não temos disso na nossa despensa. E quanto ao plano A? há - mas não é verde. Vai ficar maduro lá para Junho de 2014, quando terminar o programa de ajustamento. E aí sim. A partir desse momento é o ver se te avias de planos. É o plano de acessos aos mercados. É o plano de emprego e crescimento. É o plano da função social do Estado. E não passamos disto. Não encontramos modo de quebrar o enguiço, este diálogo de teimosias que arrasta Portugal pela lama da sua desgraça económica e social. Nem é preciso saber muito de planos para perceber que muitas vezes não funcionam - os grandes planos. O plano faz parte de algo consensual, quase sexual, faz parte da relação poligâmica do poder e muda de parceiros constantemente. Os planos estendem-se sobre a mesa, com indicações claras dos caminhos a tomar, mas a dada altura do filme, há quem rasgue o guião e olhe para a estrada que tem por diante. Todas as excelsas considerações caem por terra, e os planos passam a valer muito pouco porque a paisagem é montanhosa, íngreme - pouco plana.

publicado às 15:31

Reféns e resgates

por John Wolf, em 09.04.13

A total ausência de alternativas governativas em Portugal torna o país um eterno refém da sua condição. Um refém de boicotes e resgates. Um prisioneiro de argumentos de retórica e pouco mais. Portugal está à mercê de uma tômbola de consequências nefastas. É indiferente quem está no poder ou quem venha a estar. A responsabilidade pela presente situação pertence a todos sem excepção. A todos os governantes, aos que os elegeram, aos que estão na oposição, aos que se demitiram das causas próximas, do seu bairro, do seu comportamento individual ou colectivo. E por esta ordem de ideias, a grande culpada pela catástrofe nacional reside noutro posto que não os mandatos políticos e as cores ideológicas. Foi a matriz cultural do país que implementou o seu processo de selecção de lideres. Foi a ausência de critério ético que fez baixar o nível requerido para exercer a função pública com sentido de Estado. Foi o fraco nível cultural que ditou o vazio de ideias, a incapacidade de pensar o país de um modo conceptual, com vistas largas tendentes ao grande desígnio nacional. O processo de substituição de liderança tem de passar pelo envolvimento da sociedade civil de um modo intenso e irredutível. A transição democrática em Portugal libertou todas as vozes e fantasmas. À luz dessa premissa de libertação, todas as opiniões são válidas, todos os argumentos podem ser invocados para defender a posição, mas não necessariamente o bem colectivo. Portugal pode encontrar bodes expiatórios na sua história próxima ou distante para se eximir de responsabilidades. Os outros farão o mesmo, mas isso não pode servir de desculpa ou princípio. Vivemos a expressão máxima da genealogia da culpa. O Governo culpa o Tribunal Constitucional, o PS culpa o PSD, o PSD culpa o PS, o PCP culpa todos, o BE culpa o Governo, a oposição culpa a Troika, Portugal culpa a Alemanha, a Alemanha culpa os Países do Sul, a Grécia culpa a Alemanha. E não saímos deste beco filosófico sem saída. Há algo de profundamente errado na contínua negação da responsabilidade. Os homens estão a cair, e a arrastar o pouco que resta de dignidade. Algo está a tombar e não são apenas os governos. 

publicado às 10:45

Orçamento chumbado!

por Pedro Quartin Graça, em 22.03.13

De acordo com o semanário "Sol", o Orçamento para 2013 será reprovado pelo Tribunal Constitucional. Será desta que Passos se retira?

publicado às 08:40






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