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2018 e o lápis azul da Geringonça

por John Wolf, em 01.01.18

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A geringonça decididamente não é a outra senhora; o governo já não tem uma PIDE. Mas eles andam aí, reencarnados, dotados de um sentido, de uma missão - afastar qualquer forma de informação conducente a protesto político. Subrepticiamente, mas efectivamente, o governo tenta colocar em lugares-chave agentes de controlo da comunicação. Não lhes convém que se levantem ondas. A nomeação de Nicolau Santos para presidente do conselho de administração da Lusa faz parte da narrativa que sugiro. A agência noticiosa deveria ser regida por critérios de pureza, de idoneidade e imparcialidade. O director-adjunto do Expresso entra mesmo a tempo (na Lusa) e antes da nomeação de um novo lider do Partido Social Democrata (PSD). O simples facto dos nomes de João Soares e Gabriela Canavilhas terem sido referidos para o cargo em questão confirma algum nervosismo da agência de comunicação do governo. Parece que irão precisar de reforços para aguentar a verdade incontornável dos dados de governação e a liderança do PSD. Este ano será particularmente interessante com o Banco Central Europeu a reduzir o apoio financeiro a países como Portugal. Aliás, não faria sentido outra coisa. Se o sucesso desmesurado da economia e finanças de Portugal é inegável, não vejo razões para que continue a ser subvencionado. Mas eu não me quero afastar do tema central de este post - a censura. Ainda ontem, sem nunca imaginar que tal pudesse acontecer, fui bombardeado com insultos e ofensas por ter atribuído o prémio Flop do Ano às ciclovias da Câmara Municipal de Lisboa. A um ritmo feroz e intensamente ideológico foram chovendo comentários intensamente pendulares, totalmente inclinados para a excelsa governação de Fernando Medina. A maior parte dos comentadores apresentava-se na qualidade de anónimo ou desconhecido, mas era mais que óbvio que trabalhavam para a agência noticiosa da autarquia. O que me valeu foi o lápis azul. A dada altura, face à torrente medíocre de insultos e palavrões, decidimos que grande parte dos comentários não seria aprovado. Recordo aqueles mais distraídos - a internet não é uma democracia. Assim sendo, neste primeiro dia do ano, faço a seguinte promessa. Não nos vergaremos perante tentativas de condicionamento ou coacção seja qual for a casa política ou partidária que os instigue ou os consubstancie. Se querem esgrimir-se de razões, façam-no com a inteligência da argumentação e a volúpia da forma literária. Melhor ainda, dêem a cara, criem um blog (ainda recebem algum do governo) e assinem os artigos de opinião. Não vale a pena ficarem nervosos por causa de umas pedaleiras.

publicado às 18:40

Prémio Flop do Ano Lisboa 2017

por John Wolf, em 29.12.17

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Se me pedissem para atribuir o prémio flop do ano à Câmara Municipal de Lisboa para o ano de 2017, o mesmo resumir-se-ia a uma palavra: ciclovia. Para quem ainda se lembra do enorme alarido gerado em torno do alegado big bang que as bicicletas produziriam na cidade, chegamos à conclusão que as sete colinas da gestão autárquica pariram um rato. O esplendor da erva das faixas centrais da Av. da República ou da Av. 24 de Julho, aí plantadas em nome do botox e de melhor mobilidade urbana, sem esquecer o alcatroado avermelhado das ciclovias, simplesmente foram investimentos falhados - são escassas as bicicletas que se avistam - as privadas ou aquelas holandesamente inventadas pelo famoso programa de uso partilhado. Como tantas outras cartolas para impressionar, as eco-considerações dos camarários não passam de show-off, ostentação. Fizeram tudo ao contrário da tradição. Não auscultaram a população, não realizaram o estudo de opinião do utente para confirmar se de facto o alfacinha é pouco ou muito dado ao pedal, mas acima de tudo não perceberam que os portugueses, de um modo geral, não são dados a grandes trocas e baldrocas. Os condutores são adeptos da sua viatura em regime de exclusividade e aqueles que se servem da Carris ou do Metro apenas o fazem porque não detêm os meios para comprar um carro. São considerações desta natureza que não foram tidas em conta por Medina e companhia. A infraestrutura não pode preceder a vontade. De nada serve o orgulho no hardware da rede de ciclovias, se o software da pedaleira, pura e simplesmente não existe. Apenas vejo uma forma de Medina salvar a face desta falência - realizar uma campanha dirigida às pessoas com necessidades especiais de locomoção, no sentido daquelas que fazem uso de cadeiras de rodas finalmente poderem sair à rua para aproveitar as ciclovias desertas. Por mais bonitos e floreados que nos queiram vender, a verdade é que esta ideia é  um flop. O flop do ano.

publicado às 18:08

A apólice de perigo dos ciclistas

por John Wolf, em 30.08.13

Estou inteiramente a favor da ideia que os ciclistas devem ser portadores de um seguro obrigatório. Convenhamos, Portugal não é um país de ciclistas. Há camisolas amarelas volta e meia no Tour de France, existem glórias passadas e presentes que venceram o prémio da montanha, mas aqui trata-se de outra coisa, e para começar restringemo-nos à cidade de Lisboa. A cidade das sete colinas é perfeita para a colisão cíclica. Acresce a essa realidade geográfica o facto dos prospectivos ciclistas urbanos ainda se encontrarem na infância do velocípede, no triciclo do movimento urbano realizado à manivela de pés. Não têm a experiência necessária para andarem de bicicletas sem as mãos e sem a cabeça. Este debate assemelha-se àquele respeitante aos cães perigosos - o meu bóbi é tão bonzinho, não faz mal a uma mosca. Os ciclistas urbanos que se acham injuriados pela promessa da apólice revelam que lhes falta sentido cívico, e devem achar que estão acima da lei. É certo que podem ser esmagados pelo autocarro da Carris como é certo que podem atropelar a velhota que segue pelo passeio. No passeio - ouviram bem. Porque à falta de ciclovias à moda de Amsterdão ou Graz, o urbano-sprinter vai ser tentado a praticar o bike parkour,  uma verdadeira prova de BTT citadina. No entanto, talvez os Armstrongs da cidade se tenham sentido ultrapassados pelos argumentos do presidente do Automóvel Clube de Portugal. Porventura teria sido mais simpático se um dirigente de uma associação de ciclistas urbanos defendesse a proposta de seguro obrigatório e salvaguardasse os interesses dos seus membros. Não sei quem está por detrás do negócios dos pipos, câmaras de ar e companhias de seguro, mas, de um modo geral, quando Portugal quer ar de terra moderna, de país de eco-conscientes a coisa dá asneira. Os novos ciclistas  que irão cultivar o asfalto, foram ou ainda são condutores, o que significa que vão transferir os seus vícios e o seu mau comportamento para outro tipo de veículo. A atitude expressa no movimento colectivo não fica na mala do carro - passa para outra modalidade. Como podem constatar é disto que se trata também - ainda nem sequer se fizeram à ciclovia e já temos uma discussão de trânsito armada. 

publicado às 12:37






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