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Passei os olhos pelo estudo da SEDES sobre a qualidade da nossa democracia. Entre os diversos resultados e considerações sobre a generalizada insatisfação dos portugueses com a democracia, essencialmente baseada no descrédito em relação à justiça e aos políticos, prendeu-me a atenção o gráfico abaixo reproduzido (clique para aumentar):
Para os portugueses, mais importante do que a liberdade política, mais importante do que a efectiva representatividade dos políticos em relação aos cidadãos, mais importante do que um sistema de pesos e contrafeios que limite o poder de quem manda, o que importa mesmo é ter as necessidades económicas básicas satisfeitas. Obviamente que compreendo isto, num país onde a distribuição dos rendimentos é das mais desiguais na Europa, será natural que os portugueses assim pensem. Nem interessa para nada que uma saudável democracia liberal com essas características que acima referi acauteladas permita um maior desenvolvimento económico, uma efectiva igualdade perante a lei, maior igualdade de oportunidades e o mérito como vector essencial da sociedade. É preocupante que aparentemente os portugueses estejam dispostos a sacrificar a liberdade individual e a democracia por um sistema económico que garanta uma maior igualdade ao nível dos rendimentos. Se o Estado estiver metido ao barulho, melhor ainda (quem pagará logo se vê, mas qualquer um sabe que no fim serão sempre os contribuintes). A mentalidade portuguesa é sem dúvida a de um povo escravo. E no fundo, somos apenas e só uma Cidade dos Porcos.