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Podemos adoptar duas atitudes relativamente ao nosso futuro colectivo imediato. Ou acreditamos nele e apostamos nele. Ou dispomo-nos a desistir, sendo que desistir é morrer, mesmo que só seja emigrar. Os desafios colocados pela Troyka, por causa da dívida cavada pela Gestão Política em Portugal até 2011, são, na verdade, os velhos desafios colocados pela Política à Portuguesa a si mesma e a nós: durante anos, mesmo décadas, toda a noção de obra materializava-se em estruturas físicas, basicamente, e na parecerística cara contratada fora do Estado para coisa nenhuma a não ser para bizantinar e tornar inextricáveis contratos como os swap, as ppp e estupros colectivos a prazo similares. Chegou a hora em que as dimensões espirituais, culturais e humanísticas, farão toda a diferença no grande menu dos principais centros urbanos nacionais e, logo, dos Governos com Estratégia Nacional. Em vez de uma rotunda, um ciclo de Música Popular; em vez de um Anfiteatro, de um alargamento de Cemitério, de uma Sala sumptuosa para Reuniões e Espectáculos, uma Semana de Teatro e Poesia e a profusão de grupos, devidamente apoiados e acarinhados pelos poderes públicos e pela comunidade, onde iniciativas de Arte pontifiquem. Aqui se inscreve a minha confiança total nos munícipes que investem parte dos recursos autárquicos em manuais escolares gratuitos, em medicamentos comparticipados, em residências municipais sociais, Infantários, ou mesmo em vacinas fora do plano nacional igualmente gratuitas. As pessoas, primeiro, e não há melhor investimento quanto aquele que dignifica vidas, premeia responsabilidades assumidas e incentiva a excelência. Não alimento qualquer espécie de receio do futuro, no plano local. O futuro já está a ser moldado segundo a pedagogia da escassez do dinheiro e das crassas dificuldades que cada um experimenta só em sobreviver em Portugal. Portanto não concebo as nossas grandes cidades alhearem-se de um apoio muito concreto e inteligente a idosos sós tal como a famílias com baixos rendimentos. Um município rico pode e deve ser um município da gratuitidade em domínios absolutamente incontornáveis no plano social, ensino e saúde, e mesmo no combate ao desemprego pelo desbloquear de um reabilitação urbana acelerada especialmente nos centros históricos, onde a atenção dos turistas se concentra e onde geralmente mais se dispõem a consumir. Não se trata de mais emprego autárquico, de mais empresas municipais. Trata-se de não andar a passo de caracol na revolução da malha urbana dos centros históricos de Porto, Lisboa ou Coimbra, por exemplo. Entretanto, os cortes apresentam-se-nos no horizonte como inescapáveis para fazer face às nossas necessidades de financiamento de curto, médio e longo prazos. Para garantir mais dinheiro, o Estado Português, nós, dependemos ou de mais impostos ou de mais supressões de despesas fixas. Não há volta a dar: qualquer família em que ambos os cônjuges ficaram desempregados sabe como regressar a um módico de equilíbrio financeiro doméstico, com que privações e com que dores, até voltar a levantar a cabeça. Desde logo, mediante um fundo de meneio diligentemente alimentado e irrenunciável. O Estado Português terá de comparecer de testa alta, credível, digno de confiança, junto de quem nos empresta dinheiro, amortizando o máximo de dívida possível, como há dois dias, coisa que se repercutirá na confiabilidade para toda a espécie de novos investimentos provenientes do exterior. Um Estado Dubitativo, Hesitabundo, em crise quanto ao caminho a seguir por um significativo desafogo das nossas contas, não atrai dinheiro, nem inspira confiança. Acabou o investir em estradas? Invista-se nas ideias, nos negócios inovadores com margem de progressão planetária. Não há futuro sem a obtenção do respeito do credor pois as intervenções troykistas só se dão em Países comidos de corrupção, com décadas de descontrolo legífero e hábitos manhosos de indisciplina orçamental a fim de satisfazer os estômagos estabelecidos dos mesmos que, segundo Paulo Morais, fazem do Parlamento a sofisticada plataforma de negócios que em nada interessam aos cidadãos, caos cultivado e acalentado pelos vampiros habituais dos orçamentos, basicamente um conluio entre banqueiros sem escrúpulos, políticos sem escrúpulos e construtoras sem escrúpulos, todos eles bem na vida, todos eles com um tipo de sucesso pessoal que esmaga milhões e os condena, todos eles com bom fato e gravata e o dinheiro como ídolo e finalidade religiosos. Confio inteiramente no futuro em Portugal, mau grado os sinais depressivos e os riscos e terrores de falhar, mas é preciso que o PS deixe de vender ilusões e demagogias, para crescer em credibilidade e merecer o respeito que não merece de todo; é urgente que os partidos de Esquerda, abanando-se com o grande leque do Verbo Rebuscado e a perpétua Indignação profissional por tudo e por nada, abandonem a retórica ultrapessimista, amarga e sem esperança, em completo desuso nos países mais prósperos. Não é com doses cavalares de depressão e de petrificação mental, não é com um estado psíquico raivoso, insultuoso, mais insatisfeito que uma mulher mal-amada, frustrada aquém-orgasmo, que se dá a volta ao Pato Feio de Perversão made by Troyka, Pacto criado e atraído por quem perverteu a Política, por quem sujou as mãos com negócios, negociatas, fretes e fellatios, bons para a Banca, bons para as Construtoras, excelentes para as MegaFirmas de Advogados, e que se revelaram horror para nós, desgraça para nós, condenação e vexação para nós. É preciso rejeitar a Mentira, a Impunidade, e as narrativas mariquescas de auto-absolvição desavergonhada 2005-2011.