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Nunca o povo português foi ouvido sobre a forma de regime que quer ver. A Constituição da República Portuguesa apenas reconhece como legítima a forma de governo republicana, filiando-se muitos dos senhores do regime no ideário da I República. A I República, sabem os intelectualmente honestos e os que se interessam de forma objectiva e histórica por esse período, foi um regime anti-democrático, sanguinário, em que até entre os republicanos ocorreram divisões e perseguições mortais, inaugurando-se a tão célebre prisão do Tarrafal para os presos políticos.
99 anos depois, a III República decidiu dotar a Comissão Oficial para as Comemorações do Centenário da República com 10 milhões de euros para gastar a seu bel-prazer. Uma fortuna em tempos de crise, para celebrar um regime terrorista - isto sim é criminoso. Tentam por todos os meios calar os monárquicos, aqueles que querem discutir civilizadamente o país em que vivemos, aqueles que sendo mais democráticos que os democráticos de algibeira que pululam por aí, querem que o povo seja ouvido.
Há uns dias um punhado de monárquicos decidiu simbolicamente substituir um símbolo municipal pela bandeira azul e branca na varanda onde foi proclamada a I República, com o objectivo de incentivar a discussão sobre o assunto. Crime ou não, e esperamos que de facto o Estado de Direito e o sistema de justiça funcionem - ao contrário do que acontece diariamente, em especial com casos em que estão envolvidos muitos dos senhores do regime -, continuaram em liberdade e deram a cara, desde logo predispondo-se a devolver a bandeira do município. Os monárquicos estão habituados a agir sempre com base no valor da honra (que a República obliterou no que ao Estado e à governação diz respeito), assumem os seus actos e as suas consequências, estando habituados às responsabilidades e a ser responsabilizados.
Há dois dias encontrei o Rodrigo na Praça do Município a dar uma entrevista. Estivemos alguns minutos à conversa, recordo-me de nos rirmos com a ideia da PSP e do DCIAP terem pensado colocar todos os membros do 31 da Armada como suspeitos da substituição da bandeira. E pior mesmo é dispender inutilmente dinheiro aos contribuintes numa acção judicial ridícula. Não sei o que é que carece de investigações já que o vídeo é público e o Rodrigo desde logo se assumiu como responsável pela acção. Continuou em liberdade, como era apenas normal. Alguns dias decorreram desde a substituição da bandeira e tal como prometido, dirigiram-se a quem de direito para devolver a bandeira. Entretiveram-nos numa sala enquanto chamavam a PJ para os deter. É a isto que chamam ética republicana? Eu chamo-lhe cobardia.