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Que azáfama que ali vai! É tempo de podar as árvores que nos acolheram no Verão à sombra das suas folhagens.
E um sentimento de tristeza: a catalpa amiga que vejo do meu quarto, onde me refugiava nesse tempo de canícula agora totalmente nua, agora despojada das folhas largas, magnânimos verdes leques ... No chão a roupagem outonal que trajou até há bem pouco tempo, amarela aqui e ali, mas verde ainda, num verde desbotado talvez...
Uma certeza porém, a consolar a visão castanha, de tronco ferido: mal o Inverno comece a despedir-se elas, as folhas verdes, muito tenrinhas no começo, muito delicadas ainda, voltarão e com elas a alegria da paisagem verde...
Um zumzum de que este ano não haveria Feira do Livro no Porto. E lembro as minhas primeiras visitas, quase sempre debaixo de fortes chuvadas, porque " fraco é o Maio que não rompe uma croça ".
Hoje já o fascínio pela feira deu lugar ao fascínio da livraria, mas não foi sempre assim.
Durante anos, a do Porto foi a única que conheci.
Era uma festa quando, no mês de Maio, e sempre num domingo à tarde, o meu pai anunciava: - "vamos à Feira do Livro". Numa rotunda da Boavista encharcada tínhamos diante de nós a promessa de trazer um livro mais para casa. O primeiro que de lá trouxe foi-me oferecido por um senhor de uma Editora, que me deu a escolher entre dois livros verdes e grandes: «Heidi» e «O Gnomo»- optei por este, mas lembro-me de, depois, ter pensado que tinha escolhido mal...
Seguiram-se , noutros anos, os livros azuis da Condessa de Ségur: »Memórias de um Burro» para mim, «Os Desastres de Sofia» para a minha irmã.
Só muito mais tarde iria conhecer a do Parque Eduardo VII.
Recondita armonia
Di belleze diverse.
«Tosca » - Puccini
Foi quando pela primeira vez ouvi este Requiem que me rendi " ao estilo muito próprio e original " de Brahms, nas palavras de FSantos, que faço minhas.
Escrevi este postal, noutro blogue, pouco depois da Kinski ter sido atropelada; hoje transcrevo-o porque logo de manhã vi, no caminho para o trabalho, um gatinho muito parecido com ela: preto e de patinhas brancas.
"Lentamente, com um olhar de intensa concentração, levantou-se e dirigiu-se para mim, como Tarquínio galopando arrebatadamente; depois equilibrava-se e estendia a pata dianteira e acariciava-me a face como eu costumava acariciar-lhe o queixo- uma carícia humana vinda de um gato" (Sylvia Townsend Warner).
Juro que não falei à Sylvia na minha relação com o Klaus, mas é mesmo assim: "nem mais nem menos, Maravilhosa!"
Por ter querido abarcar o mundo todo, pois que não lhe chegava o que lhe fora destinado, tão aventureira que era, e tão arredia, a gatinha preta- a Kinski- foi, há já uns tempos, atropelada; não soube calcular os riscos...
E li também o post do Combustões; decididamente, quem sai aos seus, não degenera!
mas os vossos relatos, Daniela e Luís confirmam que aquela voz que oiço tantas vezes, pertence, como sabia já, no primeiro caso, e calculava, no segundo, a um cantor de excelência, e a uma pessoa com P grande.
Confesso ter ficado com um bocado de inveja, mas ninguém pensava que sou de ferro, pois não? :)
É que se trata de um homem que respeito muito para além do artista.
cá, fã assumida que sou, vou em busca do meu canadiano preferido.
Tão bem que ouvi falar dele aqui na blogosfera, aquando do concerto do ano passado em Algés. Não me desiludiu: um cavalheiro, não se conformando com o facto de ser " apenas " bom músico, óptimo cantor e belíssimo poeta.
mas, porque sei que elas estão algures à minha espera, e porque tenciono desfrutá-las, pelo terceiro ano consecutivo, " cá dentro ", esta dica vem, direitinha, de encontro aos planos já esboçados, dando sempre, porém, preferência a caminhos pouco acidentados; e nada como começar pelo que está ao pé da porta, para depois alargar o âmbito do Portugal a conhecer, tanto que ele é, dentro daquela lógica, inculcada criança ainda: " Portugal é nosso/ e nós temos obrigação/ de o conhecer ".
Nas paredes de minha casa pendurei algumas. Quase todas compradas a amigos. Esta é da autoria de alguém que não conhecia, mas já consIdero um grande amigo.
Hoje, porém, quero falar de outra, que dá as boas vindas a quem nela entra, pois dá logo de caras com o quadro.
Nele domina a cor da areia, já que fixa um momento na praia, vendo-se ainda, já no movimento de voltar ao mar, uma onda que se desfaz. Mas é outro o motivo central: um cão, pastor alemão talvez, que olha muito espantado a própria sombra, que o sol torna mais nítida no chão. Quando o vi em casa do amigo que o pintou, interroguei-me será que ele está a ver um animal da mesma espécie? Esta interrogação, aliada ao sentido estético que em mim acordou, fez com que o trouxesse, e a interrogação repete-se sempre que o olho.