Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Encontrávamo-nos, mais uma vez, no riquíssimo - quer no seu natural, quer em património construído - concelho de Ponte da Barca. Desta feita o destino era a freguesia de Bravães, de que nos falara, em excursão anterior, D. Antónia, a actual moradora da Casa de Casares e filha de Tomaz de Figueiredo.
Tinha-me socorrido do velhinho Guia de Portugal da Fundação Calouste Gulbenkian, que nos marcara como primeira paragem a românica igreja, cuja construção se atribui a um rico homem portucalense do tempo de Afonso VI de Leão e Castela, o qual aí terá fundado, nos fins do século XI, mosteiro beneditino, posteriormente confiado à Ordem de Santo Agostinho, e secularizado no século XV.
Porque a encontrámos fechada, propusemo-nos ver apenas o exterior, e todo o envolvimento, composto por vetustas e ramalhudas oliveiras, por entre as quais surgiam, aqui e ali, lindas casas de granito, de estilo bem minhoto, algumas delas encimadas as respectivas portas de antigos escudos, testemunhas da nobreza dos que aí habitaram.
Estávamos nisto quando um cão veio ter connosco, e, atrás dos seus latidos, uma idosa senhora, que logo pensámos ser a dona do animal.
Se viéramos ver a igreja. Que sim, mas que tínhamos pena de a ter encontrado fechada. Não nos preocupássemos, que ela nos abriria a porta: aliás, preparava-se para ir levar « o azeitinho para a lamparina »; " sim, porque o sr. abade só confiava nela para desempenhar essa tarefa!... "
Tinha a D. Delfina - por essa altura já sabíamos o seu nome - " noventa anos já feitos " e só se queixava do reumatismo, que a obrigava a recorrer ao uso da bengala...
Aberta a porta, foi logo de nos descrever pormenorizadamente tudo o que íamos vendo, revelando-se uma cicerone de luxo.
Depois de tudo vermos, devagar, ficou a promessa de voltarmos, até porque a D. Delfina vive só - " um filho vem cá dormir todas as noites "- e gostou de nos ver por lá; sempre teria com quem falar.
* Primeiros versos de uma cantiga que acompanhava os nossos passeios infantis, e que continuava: " Porque de Norte a Sul/ Muito há p'ra ver "
No Natal, um irmão ofereceu-me " The Farewell Concerts " de Alfred Brendel, acompanhado pela Filarmónica de Viena, ao mesmo tempo que dizia ter ido ouvi-lo a Lisboa na sua despedida. Ao sentimento de gratidão juntou-se assim o da inveja: será que se anulam um ao outro?
até gostávamos de ver...; esperaríamos.
E o oleiro continuou a moldar o barro, sempre com o pé no pedal da roda. Das suas mãos, sujas de uma terra acastanhada, saía já quase perfeita uma cantarinha.
Era mais um daqueles fins-de-semana que aproveitávamos para ir por aí fora. Paráramos no Crato, e, depois de tudo visitarmos, tínhamos entrado naquela pequena oficina; comprar um ou dois pratos para fazer doce igual ao que acabáramos de comer: sericaia, tinham dito, e que era preciso um prato grande de barro.
maduras que estão as uvas, entre parras que vão do verde, ainda, ao amarelo e vermelho, que o Outono está deslumbrante, e esplendorosas as cores que vai plantando.
Amanhã, depois de sairem das fábricas, os homens vão começar a soltar o grito de " torna ", sinal para que as mulheres despejem os cestos cheios nos tractores, que hão-de levar os cachos assim colhidos aos lagares domésticos ou do vizinho que foram ajudar. Para a semana, trocam de posição, e os que vão amanhã ajudar passam a ser os ajudados, naquele espírito de entreajuda, que implica como única paga as refeições durante o fim-de-semana, o tempo que normalmente dura a vindima.
E, inevitavelmente, vêm à memória os dias depois, em que, na infância -porque o processo de espremer o sumo é outro já - entrávamos no lagar de granito, lavados os pés em baldes com água bem quente, para pisar os bagos brancos ou negros. A festa começava então, com cantorias, ao som do sempre presente cavaquinho.
que tresanda, mais do que o habitual, ainda, ao constatarmos as urdidurras que se vão tecendo no seio dos partidos do centrão - e quando há fumo é porque há fogo, como diz, na caixa de comentários o Carlos, recorro a esta sua rubrica para relembrar as músicas dos anos 60 e 70 que os meus irmãos faziam ouvir nas festinhas organizadas na Casa do Forno - entretanto a minha mãe deixara de cozer aí a broa - , e às quais nos deixavam assistir, desde que nos limitássemos a respirar.
e eu era uma de entre muitos que ocorreram ao local para ver a aldeia que estava escondida pelas mesmas - casas, igreja...; e vi ao meu lado muitos dos antigos moradores falarem com saudade da sua terra; alguém que perguntava ao vizinho se se recordava da casa da tia, que entretanto falecera...
pois que é óbvio o prazer de ver uma horta com alfaces, repolhudas, a crescerem ao pé de casa.mas lá que é uma boa ajudazinha, ai isso é.
,
Só vi o fim, mas até o clima se quis associar às comemorações do 50º aniversário; num dia em que por cá as nuvens não quiseram deixar-nos, e até nos brindaram com uns chuviscos, junto ao Tejo as muitas pessoas tiveram de recorrer ao chapéu para se protegerem do sol...
Como acontece com todas as lendas, esta será uma das muitas versões, saídas da nebulosa que o tempo deixou adensar: uma menina recolhida pelos tios, numa casa senhorial de Creixomil, Guimarães, conhecida pela sua bondade, mas também pelo grande amor que nutria pelas flores.
Numa daquelas emboscadas, com raízes em querelas políticas, em que, também por cá, o Século XIX foi fértil, preparavam-se os inimigos do senhor da casa para o matar, e assim cuidaram fazer, só que, por motivos de todos desconhecidos, a menina ocupara o lugar do tio na carruagem.
Conta-se que desde então, nas noites de luar de Maio, as flores, mormente as, de entre todas preferidas, camélias, choram, lembrando a Menina do Costeado.
Mike, para que Vossa merçê visse do que falo, quando falo da croça que o Maio sempre rompe aos camponeses de Vieira do Minho ou Montalegre, por exemplo, que eles usam para se protegerem da chuva, e que mais não é que um capote de palha :)
Pergunta o Mike, quando abaixo digo que o velho pastor partilhava o leito de folhelho com o pequeno aprendiz de guardador de cabras.
Folhas secas de milho, cortadas em finas tiras, eram , até os meus oito/ nove anos, o enchimento do colchão.
Tenho uma vaga ideia de todo o processamento por que passavam até servirem de aconchego ao nosso sono, mas, para que soubesse bem do que falava, questionei, como sempre acontece em situações similares, a minha mãe, que, além de ter confirmado as fases de que me lembrava, me recordou outras.
Feita a desfolhada, e seguindo o princípio de que nada se perde, lavavam-se, no rio da aldeia, cuidadosamente, as frágeis folhas que até aí envolviam o milho, e colocavam-se, imediatamente a secar debaixo do sol, que por essa altura já brilhava em dose generosa.
Depois de secas eram então desfiadas e entregues a mulheres que se tinham especializado no encher dos colchões.
A intervalos esse folhelho era retirado,e repetia-se a operação de lavagem e enchimento, até que nova colheita do cereal permitisse a sua renovação.
Duplamente de Parabéns. Pelo aniversário e pelo lugar honroso ( não o soube por ti ! ) nas Jornadas Universitárias em Roma
* 2º lugar na competiçãao de um curso de gestão organizado pelo IESE ( Barcelona ), no Congresso UNIV, onde participaram mais de 4300 universitários de todo o mundo, logo após os representantes do México.