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As setes vidas de António Costa

por John Wolf, em 19.10.15

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São os socialistas-milionários que me preocupam. Conheço uns quantos. Muitos deles fizeram comissões laborais em Macau, em bancos centrais ou em tribunais do território sob administração portuguesa. São esses pseudo-esquerdistas que devem estar um pouco confusos com as alucinações de António Costa. Passaram um cheque eleitoral ao secretário-geral, mas nunca esperavam que ele trocasse o cupão por outro artigo da montra política. Uma coisa é ser milionário-socialista, outra é enveredar por caminhos mais agrestes de extremismo ideológico. É por esta razão, e as demais que conhecemos, que o Partido Socialista pode vir a ser uma força ideológica a termo. Iria mais longe. António Costa talvez seja o derradeiro exemplar de uma espécie política em vias de extinção. A cada dia (hora?) que passa a intransigência de Costa não se traduz em vantagem alguma. Quem o aconselha? O César ou a Ana Catarina Mendes? Quando o derrotado das últimas eleições afirma que recusou desde a primeira hora lugares no executivo, e o que separa os socialistas do governo de coligação são orientações políticas, entra efectivamente em profunda contradição. Os próprios governos "a solo", que nem sequer dependem de terceiros, mudam vezes sem conta de orientação governativa. Os socialistas não precisam de procurar exemplos eficazes longe da sua própria casa. Fizeram-no vezes sem conta em diversos mandatos históricos. Desde o 25 de Abril, cuja paternidade reclamam, foram gradualmente mas certeiramente se afastando das premissas colectivistas que tão bem defenderam, para se posicionarem enquanto intérpretes de fórmulas neo-liberais sustentadas em mercados financeiros expressivos, o lucro e a distribuição de riqueza. Mais valia António Costa se "infiltrar" na coligação e realizar um inside job - avançar as causas nas quais acredita, os valores que defende, comprometendo os "anfitriões do poder" ao associá-los aos mesmos. Esta talvez seja a derradeira chamada a que António Costa tem direito. A seguir restar-lhe-á pouco. Um partido político esventrado, mais próximo de perdas totais em eventuais legislativas que se podem seguir, e a sua carreira de político profissional em regime de descrédito, de burn-out irreversível. Não sei se Costa tem sete vidas para dar e vender.

publicado às 18:19

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Passos Coelho e Paulo Portas, digam o que disserem os seus detractores, estão inequivocamente a demonstrar a sua estatura política. A porta para um entendimento a três não está obviamente escancarada, mas deixa entrar alguma luz. Em nome da governabilidade e da salvação nacional, a actual coligação entende que mais altos valores estão em causa - Portugal. António Costa, se for inteligente e não for ganancioso, tem menos a perder integrando o executivo, do que apostando o património do Partido Socialista nos comunistas ou bloquistas. A matriz política do país não é muito diferente daquela dos Estados Unidos. Para bem e para mal, são dois os partidos que disputam o poder. A expressão reaching across the aisle consubstancia bem o que Portugal necessita com alguma urgência. O que deve prevalecer neste momento será algo que escapa à racionalidade e calculismo políticos - o bom-senso. O Partido Socialista, se preza a sua continuidade nos moldes da sua alegada cultura ideológica moderada, deve, sem hesitações, entrar com firmeza e honestidade intelectual em negociações tendentes à distribuição de pastas e a um acordo genérico respeitante a questões políticas fracturantes. Faz isto ou arrisca-se a escutar Cavaco Silva informar que não há nada para ninguém socialista. Quanto a Catarina Martins e Jerónimo de Sousa, lamento muito. Se ainda não perceberam o que se está a passar (após duas semanas de ensaios), então não merecem ocupar os seus postos de liderança. O sonho foi bom enquanto durou. E António Costa não fará mais ou menos do que fez a António José Seguro. Servir-se-á deles como monta-cargas, mas quando for preciso manda-os embora com a cauda entre as pernas.

publicado às 16:32

Costa, o senhor das moscas

por John Wolf, em 16.10.15

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O oportunismo de António Costa deve ser analisado mais em detalhe. A sua falta de fair-play democrático acarreta consequências em diversas estruturas de natureza política ou sociológica. Ora vejamos. Não sei o que vem escrito na Constituição das Repúblicas Autárquicas, mas imaginemos que a revolta fosse passível de ser deflagrada noutras instâncias e, deste modo, teríamos minorias em sede de Assembleia Municipal, que no culminar de certos resultados eleitorais, decidissem, post hoc, e em conluio, destituir o Presidente de Câmara Municipal eleito por maioria, mesmo que relativa, substituindo-o por outro resultante de uma soma conveniente de maus-perdedores. Gostaria de saber o que o Supremo Tribunal Autárquico teria a dizer sobre o assunto. Ou ainda, se em processos de eleição para presidentes de clubes de futebol, os candidatos que não conseguissem atingir os seus objectivos, apresentassem à revelia do bom-senso e equilíbrio democrático, um presidente-fantasma emergido da bruma combinada de uma aposta múltipla de última hora. Não sei se me faço entender, mas o comportamento da "Esquerda rancorada pelos resultados", viaja para além do domínio da política strictu sensu. O que os socialistas, bloquistas e comunistas estão a fazer, arrasa conceitos comportamentais que resultam da ideia de direito natural. Mexe com aspectos etológicos e acaba por premiar a animalidade instintiva, aquilo que William Golding narra na sua obra O Senhor das Moscas. António Costa já não é socialista. Nem sequer será comunista. Inclassificável.

publicado às 09:20

Cavaco entre Churchill e Fidel Castro

por John Wolf, em 10.10.15

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Não será Cavaco Silva a decidir. Nem será António Costa a impor um governo de Esquerda. Será a Europa a ditar as regras do jogo. O problema de mentes pequenas é olharem apenas para o seu umbigo, mas há mais paisagem para além do reino da Dinamarca. O secretário-geral do Partido Socialista parece omitir alguns factos determinantes. A Troika, embora já tenha sido despedida, vincou a sua residência no território nacional para muitos e bons anos. Nada muda com um governo de maioria de Esquerda, congeminado entre promessas de bem-estar e ameaças de desagregação nacional. E existe uma outra dimensão que deve ser sublinhada. O efeito de um assalto da Esquerda portuguesa nos restantes países europeus que terão a breve trecho ou não eleições. São efeitos secundários desta natureza que certamente já terão posto em marcha acções "contra-revolucionárias" em congéneres governativas e instituições de países-membro da União Europeia. Antes que as coisas se desenrolem de um modo desorganizado, os mercados serão dos primeiros a reagir, agravando a percepção de risco de Portugal. António Costa, que tem confirmado a sua incompetência táctica e estratégica, leva a sua luta ao destino errado, ao falso patrão. Se fosse inteligente, o socialista-mor já teria iniciado o seu roadshow junto dos avalistas europeus, os emissores de cheques de salvamento, as instituições conservadoras da Europa, aquelas que mais se amedrontam com febres vermelhas. O excesso de fervor soberano de Costa não é, infelizmente, compatível com o firmado em contrato. Portugal não pode simplesmente rasgar o clausulado de condições impostas sem sofrer as consequências que geralmente estão associadas a Estados-pária. Não julguem por um instante sequer que a Europa é uma simples espectadora. Existem várias vacinas que poderão ser usadas para conter os ânimos desmedidos. António Costa deve sabê-lo, mas os socialistas que são conhecidos por alimentar fantasias à custa dos outros, enfrentam agora um momento de verdade ainda mais crucial do que os restantes. António Costa pode até ter uma claque apurada para estes propósitos, mas em última instância acena a falsa cenoura da governação aos outros partidos da sua área de influência. Neste momento delicado da história de Portugal seria de esperar outro tipo de inclinação ética. E para finalizar: julgam mesmo que Cavaco quererá ser lembrado por se ter vergado às ameaças de radicais de Esquerda? Não me parece. O homem, bem ou mal, estudou em York. E isso soa mais a Churchill do que a Fidel Castro. Pudim.

publicado às 20:01

O PREC do TRAQUE

por John Wolf, em 08.10.15

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O governo de Passos Coelho e Paulo Portas tenta a todo o custo travar o Processo Revolucionário em Curso (PREC II) levado a cabo pelo Trio de Ataque , também conhecido por TRAQUE e formado pelo Partido Socialista (PS), a Coligação Democrática Unitária (CDU) e o Bloco de Esquerda (BE). Nesse sentido, e colocando o interesse de Portugal acima de questões ideológicas, a coligação procura encontrar as linhas mestras de um entendimento que evite o marasmo e a confusão políticos em Portugal. O PS, que se encontra em cacos após a utópica promessa de governar a solo, talvez não encontre tão rapidamente melhor oportunidade para chegar perto de mandar no que quer que seja. A extremização dos socialistas, e subsequente convocação de novas eleições, certamente que afastaria ainda mais simpatizantes da sua franja de apoio. E acresce a esse facto que grande parte das propostas do governo de coligação têm o assentimento dos socialistas, embora estes se vendam como radicais e distintos dos restantes. Mas não é bem assim. A verdade é que o condicionamento económico e financeiro de Portugal mitiga as apirações de qualquer entidade política.  Não existe margem suficiente para grandes aventuras, lamentavelmente. A ideologia, invocada a torto e a direito, há muito tempo que foi substituída por conceitos operativos que buscam soluções a montante e a jusante, à Esquerda e à Direita. Os socialistas não entenderam isso e estão limitados pela sua imagem de marca, o seu branding. Entramos, deste modo, numa nova fase de política em Portugal. Bastará à coligação, fazendo uso de alguma inteligência estratégica, abraçar os socialistas. Se de facto a recuperação económica ganhar ainda mais pernas para andar, o PS poderá fazer parte da solução e não do problema, reclamando para si uma parte desse sucesso. Sendo do contra, os socialistas arriscam-se a ver bonitos do governo de coligação e a perder o comboio que já está em andamento. Ultimamente no Largo do Rato tem faltado algum juízo e bom-senso. Julgava Costa que o crédito do património socialista seria suficiente para ganhar tudo e todos. Mas ele insiste. A casa de apostas do Rato parece desejar mais um flop. Maria de Belém não é uma figura icónica que possa beneficiar de uma moção de confiança presidencial dos portugueses. A bússola socialista está efectivamente escangalhada. Talvez não fosse má ideia António Costa negociar algo que bem conhece - o Ministério da Justiça. O que pensaria Sócrates sobre esta hipótese? Não está mal pensado, pois não?

 

Trio de Ataque foi uma designação proposta pela minha amiga Ana Luísa Ferreira Rodrigues para a coligação PS-CDU-BE. A expressão simplificada TRAQUE é de minha autoria.

publicado às 11:10

A ditadura da relatividade eleitoral

por John Wolf, em 29.09.15

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Ponham de lado as sondagens. Esqueçam os estatísticos da praça. Façam-se de surdos e não escutem o ruído dos comentadores de sempre. Olvidem a ideologia que vos doutrinou sem que dessem por isso. Distraiam-se dos partidos e concentrem-se no essencial. O que aconteceu a Portugal nos últimos 4 anos poderia ter acontecido a qualquer governo. Se estivesse lá um outro grémio de poder, de outra cor política, o resultado seria o mesmo. Em 2011 Portugal rebentou pelas costuras e a responsabilidade desse facto recai sobre todos os portugueses sem excepção. Desde o 25 de Abril que os cidadãos deste país tiveram oportunidades e mais oportunidades para experimentalismos doutrinários na escolha dos seus magnos representantes. Puderam colocar estes ou aqueles no poder, puderam cultivar a sua discórdia, puderam fazer parte da construção política do país. Em ambiente de escolha livre e democrática, puderam colocar quem bem entenderam nas diferentes cadeiras do poder. Portugal e o seu parlamento espelham essa diversidade de posições. Em suma, sempre houve sabores para todos os gostos. Mas essa oferta variada não se traduziu necessariamente na ideia de prossecução do bem colectivo. Houve quem se apropriasse da titularidade do cargo para avançar interesses parcelares. Quando no dia 4 de Outubro os portugueses forem chamados à liça, mais uma vez poderão exercer o magistério desse direito inalienável. Se não votarem, perdem, na minha opinião, a chance de contribuir para o desenvolvimento nacional. Se faltarem a esse chamamento deixam de poder vaticinar sobre o que poderia ter sido ou o que deveria ter sido. E este apelo à missão cívica também diz respeito aos visados no processo electivo, mas de um modo particular e no que diz respeito a princípios de exequibilidade governativa. Temo  que uma derrota socialista se traduza noutro prolongamento de rancores e bloqueios, atrasos e intransigências. O aviso foi feito por António Costa no que diz respeito ao Orçamento de Estado e deve ser levado à letra como se fosse uma séria ameaça. Se eu fosse integralmente prático, e concebesse um cenário de mal menor, a solução de maioria absoluta seria a exclusiva, a melhor. Se por hipótese o Partido Socialista assumisse essa vitória esmagadora, mais rapidamente as fragilidades da sua utopia governativa conheceriam a luz do dia e morderiam a própria cauda. Ou seja, um governo socialista extinguia-se no auge da contradição e  da quebra de promessas eleitorais. Por outro lado, se a coligação se afirmar novamente enquanto governo de maioria, poderá mais rapidamente fechar um ciclo de medidas penosas que foi obrigado a implementar para salvar um país à beira da catástrofe. Em suma, o resultado que melhor serve Portugal deve ser inequívoco. Um desfecho que não seria peixe nem carne. Votem bem que eu fico a ver. E esperemos que Portugal não fique refém da ditadura da relatividade eleitoral.

publicado às 15:37

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Qual a relação entre o corte nas pensões e os lesados do BES? Ainda não consigo responder de uma forma satisfatória, nem sei se conseguirei, mas estou a tentar. Hoje mesmo, na pré-campanha da coligação em Braga e na arruada do Partido Socialista (PS), a divisa de câmbio político parece ter assente nessa premissa dialética, nesse tema que simultaneamente aproxima e afasta. Passos Coelho, que foi confrontado de um modo intenso por reclamantes do BES, não virou as costas ao assunto e, de um modo sussurrado ao freguês, até formulou um caminho para os lesados avançarem. Por seu turno, António Costa gritou, acompanhado pela fanfarra da terra onde desfilou, que com um governo socialista: "cortes nas pensões, jamais". E acrescentou que nunca faria uma coligação com um governo de Direita, mas engana-se no mapa de estradas ideológicas. A Esquerda e a Direita já não são o que eram. Nem no Reino de Sua Majestade. O momento que Portugal atravessa, a crise que tantas pessoas afecta, obriga, de um modo genérico, à adopção de entendimentos impensáveis. Os socialistas, se fossem progressistas e já se tivessem adaptado convenientemente ao novo mundo da política, já teriam percebido que vai ser necessário encontrar um compromisso, se não em todas as matérias de atrito, pelo menos em relação a alguns temas centrais. A própria coligação - o governo em funções-, já estendeu a mão à ala socialista para propor soluções mais consensuais para Portugal e que integrem ideias do PS. Já vimos que o país está politicamente rachado ao meio, mas enquanto a coligação procura colmatar as falhas, António Costa insiste na fissura maior. Enquanto isso acontece, ou se isso acontecer, Portugal apenas tem a perder. Quanto à pergunta que coloquei e a que não respondi; Os cortes nas pensões equivalem, se não aproximadamente, pelo menos paradoxalmente, às perdas dos aforristas nos produtos de ganho rápido no BES. Em suma, enquanto os depositantes tinham dinheiro em caixa, e o seu dinheiro estava a salvo, eram declaradamente de Direita, neo-liberais, amantes do mercado e tudo o que isso acarreta, mas a partir do momento que a coisa deu para o torto, filiaram-se na Esquerda para melhor vingar o mau-feitio dos exploradores capitalistas. Não sei se me faço entender, mas sinto algum oportunismo lírico e ideológico no ar. E não é apenas dos lesados. António Costa também oscila conforme lhe dá mais jeito. Mas ele lá sabe.

publicado às 20:16

PS fora da Zona Oiro

por John Wolf, em 19.06.15

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É o que dizem as sondagens. O Partido Socialista está fora da Zona Oiro das legislativas. Seguro não está a rir.

publicado às 15:59

António Costa: it´s lonely at the top

por John Wolf, em 15.05.15

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António Costa dá conta das encomendas sozinho. Não precisa de ajuda nem precisará. Mas lentamente o seu discurso alterar-se-á. Uma vez que vai perdendo pontos na secretaria das sondagens, há-de de chegar ao ponto de rebuçado em que terá de decidir agarrar-se ao tronco central do poder. Ou seja, encarar de frente a grande possibilidade de não poder ser o déspota a solo, o absolutista de legislativas, o vencedor incontestável das eleições que se seguem. O Partido Socialista ainda não percebeu pelo menos duas coisas; a ideologia já não é o que era - a Esquerda e a Direito não se distinguem como dantes acontecia -, e Portugal já percebeu que os socialistas não conseguem oferecer um projecto credível, distinto, uma verdadeira alternativa. Qualquer tentativa de syrização da posição de Portugal não trará bons resultados no plano interno e externo - veja-se o que acontece na Grécia com posições extremadas de Alexis Tsipras que se sustentam numa mão cheia de nada. Os portugueses já não vão em cantigas. Essa época áurea de confiança acrescida acabou. António Costa é um homem de tudo ou nada. E isso já não se usa. Mais valia emprestar a ideia de partilha com o Bloco de Esquerda ou a Coligação Democrática Unitária. Mas esses não querem nada com ele. Life is lonely at the top.

publicado às 18:44

PSD e PS: olha que dois

por John Wolf, em 31.01.14

A máxima: "o que hoje é verdade amanhã não é", deve ser tatuada no corpo da política. Todos sabemos de antemão que a mudança de posições é uma constante da vida política. A morte ideológica, no seu sentido clássico, já ocorreu há muito tempo. Os discursos da Esquerda e da Direita confundem-se como premonições de irmãos gémeos. A disciplina de pensamento já não é o que era, e como dizia o outro: "prognósticos só no fim do jogo". Vem a propósito este post porque o impensável deve começar a ser considerado no que diz respeito a emparelhamentos que decorrem de legislativas, que servem para constituir governos de coligação. Embora Seguro repita jamais a cada interpelação, o contrário talvez não seja o caso. Passos Coelho sabe, no contexto de desalinhamentos na Esquerda (com a excepção do PCP), que deve amaciar o pêlo daqueles que precisa para prolongar o  governo de Portugal. As Europeias podem ser um bom ensaio dessa lógica de encosto, a demonstração para inglês ver que a distância que separa o PSD do PS não é assim tão grande. Aliás, os socialistas foram tão ou mais neo-liberais que o actual governo, embora no defeso afirmem o oposto - neguem tudo. Uma metade do actual governo de coligação sabe que deve lançar as suas redes de pesca em mares orientais, mas essa é apenas a face visível do jogo. Nunca saberemos o que se passa nos bastidores e que realmente conta. Nunca saberemos que negociações decorrem entre os barões de São Caetano e do Rato. Ora veja-se; o PS não rejeita liminarmente os elogios do Governo no que diz respeito à elaboração do programa de fundos comunitários. E faz sentido que assim seja. Os fundos comunitários são como uma bandeira de tudo de bom e mau que a governação acarreta. Foram os fundos comunitários que alimentaram a ideia de grandeza. Foram os dinheiros comunitários que deram azo a desvios e desfalques. Portanto, em abono da verdade histórica, faz muito sentido que o PSD e o PS repartam o ónus desse pacto, desse património que geriram com tanta arte. Não me admiraria portanto, que nas legislativas que se seguem, uma nova coligação nasça com toda a naturalidade. Assim sendo, vislumbro a possibilidade de mais um governo de coligação repartido entre o PSD e os PS. Não encaro uma viragem radical do eleitorado, a penalização excessiva do presente governo nas Europeias que se seguem. Vejo algo distinto, mas frequente na grande mesa do convívio político em Portugal. Numa situação em que não há claros vencedores, em que há um empate técnico, as comadres lá terão de se entender para repartir o poder. De qualquer modo, não fará diferença alguma. Se são os mercados que mandam, se é a Troika que manda, então não interessa muito quem recebe as ordens. E é fundamentalmente isto que está em causa. A existência de uma força política capaz de demolir o edifício desse jugo, da submissão da austeridade imposta por decreto e chantagem financeira. Não me parece que o PS seja capaz de o fazer, de levar por diante a revolução, e, lá no fundo, Seguro sabe, mas não quer admitir, que terá de ser um menino bem comportado e acarretar as ordens dadas. Já lhe disseram  várias vezes nas diversas visitas de avaliação do programa de ajustamento, mas ele ainda não confessou esse pecado mortal. Finge-se morto e nada diz.

publicado às 14:16

Acordem, caramba!

por João Pinto Bastos, em 21.12.13

Bem sei que vou repetir o óbvio, mas, mesmo assim, e como não sou uma pessoa de desistir facilmente, aqui vai o meu pequenino conselho aos estrategas do Governo: acordem, enquanto é tempo, e arrostem, de uma vez por todas, as grandes pragas do regime. Para começar, seria bom, ou, vá, aconselhável, que os responsáveis maiores dos partidos da coligação entendessem o seguinte: ou fazem alguma coisa no tangente à reforma do Estado, cortando onde verdadeiramente interessa e dói mais, ou então convençam-se que, mais ano menos ano, voltarão à oposição para assistirem impávidos e serenos à ruína absoluta do país, ruína essa, para a qual contribuíram com a sua modorrenta inacção. Em segundo lugar, posto que já seja um pouco tarde, a direita nacional tem de perceber que o actual regime, nas suas várias declinações, falhou. Falhou na política, falhou na economia, falhou na cultura, e falhou, sobretudo, na criação de uma Ideia, de um desígnio que abarque e una todos os portugueses. Entender o que atrás foi dito implica, por dedução lógica, lançar borda fora o arsenal socializante que permeou, e continua, infelizmente, a permear, o núcleo político do regime. Em suma, implica (re)pensar a Constituição e o necessário rearranjo político-institucional dos diversos centros de poder do sistema político saído do golpe de Abril de 1974. É por aqui e só por aqui que uma coligação mais à direita, no actual sistema constitucional, e com os escolhos que são por de mais conhecidos, poderá, ainda que com reduzidíssimas probabilidades, ter algum êxito. Caso contrário, estaremos, como é bom de ver, perante outra oportunidade perdida. O acórdão do Tribunal Constitucional, saído esta semana, constitui apenas e tão-só a confirmação repisada, ou, melhor dito, repisadíssima, da ingovernabilidade do país sob o actual regime constitucional. Por isso, caríssimos amigos governistas, acordem e cumpram o vosso programa.

publicado às 00:01

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por John Wolf, em 07.07.13

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publicado às 09:13

Portas giratórias

por John Wolf, em 04.07.13

Começo este post com o seguinte aviso: caro leitor, muito provavelmente as linhas que se seguem, daqui a umas horas já não farão sentido. É bem possível que nada faça sentido amanhã. Mas se eles pensam que com o seu comportamento podem destruir a minha credibilidade estão enganados. Não vou permitir que me apanhem em flagrante contradição.  A dizer e a desfazer. Fica feito o aviso. Também tenho as minhas defesas e estou em condições de avançar com algumas suposições políticas. Muito bem. Começo por dizer que lentamente começo a entender o que se está a passar. Paulo Portas quis imitar a Troika. O coligado quis realizar a sua própria avaliação do desempenho do governo. O seu próprio exame ao desempenho do governo. Mas, para o realizar de um modo idóneo, nunca poderia fazer parte do mesmo - seria um conflito de interesses se auditasse as decisões políticas fazendo parte do executivo. O exame irregular que pretendeu efectuar só poderia ser feito aproveitando a perspectiva de Seguro. Ou seja, longe do poder, fora de portas e na qualidade de crítico distante. No entanto, o egoísmo político de Portas serviu outras causas. Funcionou como ensaio geral para um sismo. Fez soar alto o alarme de emergência. O que ele organizou foi um simulacro. Confrontou o país com o maior dos seus medos. Um verdadeiro terror político - a possibilidade de um governo liderado por Seguro. A pergunta que ele fez foi: querem imaginar, por um instante, eleições antecipadas e Seguro ao comando dos destinos da nação? Então fechem os olhos e vejam bem o berbicacho em que se vão meter. Na minha opinião foi absolutamente brilhante o que Portas ofereceu a Passos. Até irei mais longe; é bem possível que o plano de evacuação tenha sido combinado, ensaiado em Conselho de Ministros. A carga emocional teve de ser descarregada da palette em pequenas partes para criar o efeito de crescendo dramático. Gaspar? Sim? Primeiro vais tu. Escreve uma cartinha e tal, e dá-me umas ripadas que a malta agradece. E tu, Portas, amua mesmo. Dá um murro na mesa quando eu chamar a Albuquerque. Pois. Tudo isto faz parte da política e só não vê quem não quer ver. A encenação funcionou. Enfraqueceu de uma assentada o presidente da república e obrigou Seguro a procurar ajuda psicológica. Seguro tornou-se bipolar sem o saber. Confundiram-no por completo. Já não sabe se vai ou fica. O homem tinha as malas feitas para rumar a São Bento e eis que lhe trocam as voltas do canhão. Já não tem a chave, e ainda por cima, a Troika, através de mandatários designados para o efeito, já avisou que ele pode tirar o cavalinho da chuva - eleições antecipadas nem pensar. Cortam logo o gás e a electricidade. Compreendo a consternação de muita gente, mas onde está escrito que uma coligação não pode ser renegociada? Ouvimos dinossáurios afirmar que não está garantido o regular funcionamento das instituições? O regular funcionamento das instituições? Está tudo doido? Será que ainda não viram quem está aos comandos de Belém? A política é feita de homens e há muito tempo que a Santa Trindade das relações políticas institucionais está escangalhada. Encontramo-nos, efectivamente, noutro paradigma de fretes, numa outra dimensão de fazer política. As ondas de choque provocadas por Portas fizeram-se sentir na sua sede partidária, mas também na cúpula dos socialistas. No largo do Rato devem estar finalmente a perceber que a mera sugestão de Seguro no poder fez com que os portugueses deitassem as mãos á cabeça e queiram mesmo emigrar. Tenho a certeza que até a mocidade socialista sentiu o desagrado da população em geral. Mais dia menos dia, temos congresso para substituir Seguro. No meio disto tudo, foi ele quem mais perdeu. Mas, como disse o outro, não interessa quem está no poder. Porque quem efectivamente está no poder é a Troika e dentro de dias cá estará novamente para realizar mais testes e exames. E já se sabe que quem semeia portas colhe janelas partidas.

publicado às 07:09

A humilhação de Marques Mendes

por John Wolf, em 19.05.13

Tinha feito uma promessa, de joelhos e tudo, inspirado pela doutrina de Belém, que não dedicaria uma linha sequer ao relações públicas Luís Marques Mendes, mas ao virar a página de qualquer matutino digital, dou de caras com os últimos desabafos do conselheiro de Estado. Um indivíduo imbuído de um forte sentido de mexerico nacional. Deixei de escutar as suas alegadas mensagens oraculares, para me centrar em questões relacionadas com a linguagem empregue - a semântica da semana. Quando o Marques Mendes traz para a arena do léxico político o verbo humilhar, parece que estamos a lidar com um arrufo de uma Barbie. Que uma boneca rival entornou propositadamente um cocktail sobre o seu vestido apenas para a envergonhar em público, à frente do Ken e tudo. Desde quando é que a humilhação funciona enquanto código político, ou enquanto uma pequena moção de censura, de tamanho reduzido, liliputano? E depois há esta maravilha, esta pérola: "a solidariedade dentro do governo não funcionou". Sinceramente, penso que o Luís Marques Mendes está muito bem como porta-voz do surrealismo político que retrata Portugal. Se são estas miudezas que levam a lume para explicar uma tragédia nacional, este, e os demais conselheiros, estão confortáveis com a tragédia nacional. Estão-se nas tintas para o que o bufo de Estado e Governo tem para dizer. Enquanto esta novela de idiotas acontece, estamos a ser vítimas de bullying, de assédio psicológico. Somos nós que estamos a ser humilhados pelas palavras incertas que estão a ser proferidas e pelas decisões políticas que estão a ser tomadas. O Marques Mendes é um tonto inconsciente, parente próximo do Presidente da República. Pisam ambos, e sem pudor, tabus, como se fossem tábuas de engomar. A Nossa Senhora, e a humilhação, fazem parte do mesmo jargão de sofrimento que deve apenas residir no espírito toldado dos Portugueses. Esse território de sentimentos, é um refúgio sagrado, e não pode ser arrastado, com toda a sua carga simbólica, para o confessionário obsceno do mediatismo de ocasião. A seguir à humilhação de Marques Mendes o que teremos? A ciumeira de Seguro?

publicado às 08:48

Cavaco foi ao tapete

por John Wolf, em 14.05.13

Que Presidente da República é este, que recomenda varrer a porcaria para debaixo do tapete para que ninguém veja? Foi isso que aprendeu em todos estes anos de cavaquismo? Que é melhor fingir que está tudo bem? Que em Democracia é preferível mentir para salvar a pele? É essa a fibra moral que um chefe de Estado deve ter? São estas as regras que promove? Evitar exposições públicas? Só se forem ao sol, porque vivemos debaixo de uma imensa nuvem negra.

publicado às 19:41

Portas dá uma aulinha ao Seguro

por John Wolf, em 06.05.13

 

Numa frase. O Paulo Portas, enquanto membro do governo, conseguiu fazer mais oposição do que a oposição. O Seguro só pode estar baralhado. Será boa ideia, à luz das associações e convívios que está disposto a realizar, e em nome do superior interesse nacional (cito Cavaco como se este fosse o Seguro, também não faz mal, ninguém vai notar a diferença), o Seguro começar a pensar no recrutamento do líder do CDS para as hostes do PS (para a juventude socialista chega tarde). Sem me referir sequer a ideologias políticas ou partidos, o António José Seguro poderia aprender algo com o colega. O Portas está a fazer oposição dentro do governo, enquanto o Seguro nem isso consegue fazer na oposição. O que o Portas fez, faz-se numa ardósia com giz. É uma coisa matemática; chama-se dupla negação ou por outras palavras; o inimigo do meu inimigo meu amigo é. Ao realizá-la, o Paulo Portas demonstrou que não deseja ficar em má companhia por muito mais tempo. Portugal inteiro observa. O Paulo Portas, e por arrasto, o manancial político que representa, sabe que quando este governo cair leva todos consigo. Desse modo, terá chegado o momento de escolher entre o dolo e a associação ao legado de Passos Coelho ou afastar-se dos males infligidos a Portugal. Ao servir-se do megafone, e ao falar em termos descoligados, recebemos um sinal claro que está preparado para o novo ciclo político que se avizinha e que também passará pelo CDS-PP. O Paulo Portas, quando descreve o calendário da Austeridade, marca os tempos, mostra o jogo do monopólio dos males, diz como os dados caíram, mas sublinha que não foram lançados por si. O Seguro deve andar às aranhas. Tem uma teia de interesses em jogo, mas não sabe lançar a rede. Precisa urgentemente do Paulo Portas para lhe ensinar a pescar. Pode ser que ele pesque alguma coisa. Chernes.

publicado às 09:34

CDS e a responsabilidade ou irresponsabilidade políticas

por João Pinto Bastos, em 12.12.12

Comentar a vida interna do CDS é, para mim, um desafio que exige, ainda que possa ser mal compreendido, uma boa gestão das palavras. A emoção, nestas matérias, é sempre inimiga da razoabilidade e da lógica interpretativas. Como militante do partido tenho a minha opinião sobre a gestão política que o CDS tem feito da participação na coligação. E, como eu, todos os militantes do partido, com maiores ou menores discordâncias face à actual liderança política, têm uma posição clara e assumida sobre os desafios que impendem sobre o CDS. Dito isto, e feita esta ressalva, gostaria de me demarcar desta posta do Pedro Quartin Graça. Não creio, muito sinceramente, que a liderança de Paulo Portas esteja em causa, ou, vá a estar em cheque no curto prazo. Aliás, sejamos claros, neste momento Portas é, indiscutivelmente, o quadro mais habilitado para liderar o partido. Questionar isso, e não creio que seja esse o entendimento da corrente Alternativa e Responsabilidade, seria um pouco estulto. O peso político de Portas, no seio do partido, é imbatível. Com contestação ou não, não me parece que as dúvidas aventadas pela corrente mencionada passem por um questionamento da liderança do partido. 

 

Sem embargo, é um facto que o programa centrista tem sofrido múltiplas entorses na práxis governativa, sobretudo, no que concerne à questão fiscal. O brutal aumento da carga fiscal não tem cabimento no programa do CDS. Aliás, nunca teve. Ademais, não há ninguém neste partido que se sinta satisfeito com o rumo azougado que a economia está a tomar. Ninguém, caros leitores. O busílis da questão prende-se tão-só com um aspecto que não é de somenos: o timing para uma ruptura na coligação. Neste momento, sopesados os prós e contras, não me parece que estejam reunidas as condições para uma quebra no compromisso governativo assumido com o PSD. Creio que os custos de uma decisão tão gravosa seriam bem maiores que os benefícios. Contudo, faço este reparo: quando digo que as condições não estão reunidas refiro-me, apenas, ao momento presente. Não sei qual será a situação do país daqui a poucos meses, aliás, receio bem que seja infinitamente pior, com falências em catadupa, desemprego galopante e conflitualidade social crescente, porém, de uma coisa estou certo, o que hoje é preto, amanhã poderá ser branco. Estou convicto de que o que se passou na feitura do Orçamento do Estado de 2013 não poderá repetir-se no próximo ano. O menosprezo mercurial pelo CDS não será aceite da mesma forma. A militância não tragará uma repetição da farsa que culminou na aprovação do Orçamento. A fronteira é simples, visível e nada ambígua. O futuro da colicação dependerá, em grande medida, da observância destes limites. E, também, da vocalização da discordância política nos locais adequados. 

 

publicado às 23:39

A esquizofrenia do mandarinato político

por João Pinto Bastos, em 15.09.12

 

       José Malhoa, Os bêbedos, 1907


O regime está em polvorosa. A profusão infinda de proclamações politicamente ribombantes, que falham a compreensão dos difíceis desafios que temos em mão, aumentou assustadoramente nos últimos dias. O PS entregou-se, como não poderia deixar de ser, à logorreia do desastre - a enteléquia dos socialistas é o desviacionismo constante e permanente, que os leva a dizer tudo e o seu contrário num curto espaço de tempo -, já o PSD, ainda que com algumas nuanças, voltou a trazer ao de cima o seu eterno espírito de albergue espanhol. No que tange ao CDS - que é o caso que pessoalmente mais me interessa - a calma e a serenidade predominaram.  Há duas coisas que me parecem evidentes: 1) o CDS, para já, não colocará em causa o sentido de compromisso inerente ao acordo de coligação; 2) o CDS terá de compensar o apelo inevitável à responsabilidade, com a defesa "a outrance" dos seus valores matriciais. A insistência na sanha fiscal e no instinto depredatório que anima algumas pobres almas no Governo irá, certamente, colidir a médio prazo com os compromissos programáticos do CDS. Perante isto o estabelecimento de fronteiras políticas que sejam perceptíveis aos olhos de um eleitorado em total desesperação afigura-se  da maior urgência. O Conselho Nacional, para lá de toda a parafernália mediática que irá rodeá-lo, será uma oportunidade única para o CDS fincar a sua posição no concernente às questões mais candentes da governação.

 

P.S.: Subscrevo, com algumas reservas, a opinião da Maria João Marques (O Insurgente) no que concerne à posição que o CDS deverá adoptar perante a política de extorsão fiscal: na verdade, se o CDS quiser gizar uma alternativa política verdadeiramente liberal, que possa ser maioritária a médio e longo prazo, terá de firmar, desde já, uma posição autónoma perante o desvario passista. A sageza política de Portas fará o resto.

publicado às 11:14






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