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Cá vamos mais uma vez. Se certas ideias são boas para os outros, também devem sê-las para os próprios. O que fará António Costa se eventualmente "três minorias" dentro do próprio Partido Socialista (PS) decidirem formar uma "maioria" para o remover da liderança? Será que aceita essa realidade ou será igual a Cavaco Silva? As semelhanças são mais que muitas com o Presidente da República, não tenhamos dúvidas. Mas analisemos mais em detalhe o "percurso de favas contadas" do secretário-geral daquele partido. Primeiro pensou (e mal) que bastaria varrer António José Seguro da sua frente e que as eleições legislativas estariam no papo. Assim não foi. Depois, sem nunca abrir o jogo, e como solução de recurso face à derrota eleitoral, inicia negociações com o Bloco de Esquerda (BE) e a Coligação Democrática Unitária (CDU). E isso correu mal, ficando provado que não é possível misturar as bebidas políticas - ser europeísta convicto e ao mesmo tempo sair do Euro. Ser atlanticista de gema e procurar abandonar a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO). António Costa meteu-se mesmo em trabalhos. Mas não fica por aqui. Assume desde já que rejeitará qualquer iniciativa governativa emanada da coligação (sem as conhecer). Ou seja, irá impor um regime autoritário a eventuais deputados que façam uma outra leitura do estado da nação. O Partido Socialista não existe mesmo. A sua razão de ser, neste momento único da história de Portugal, é derrubar o governo de coligação em vez de avançar com soluções de compromisso político que seriam também a sua única tábua de salvação. Será que António Costa ainda não percebeu que perdeu as legislativas, a liderança do seu partido, o respeito de pares da sua bancada parlamentar, a consideração dos portugueses e a confiança das instituições europeias ou externas que tornam possível a solvabilidade de Portugal? A dissolução do Parlamento, e a convocação de novas eleições, obriga Costa a coligar-se com o BE e a CDU, mas já sabemos que resultados isso trará. Os socialistas moderados não querem ser confundidos com bloquistas ou comunistas, e desse modo abster-se-ão de votar no PS contribuindo para um ainda maior descalabro daquele partido e uma mais que provável maioria absoluta do governo de coligação. António Costa não se revelou por completo, mas oferece provas irrefutáveis do modo como entende a política e como esta deve ser conduzida em Portugal. Ainda vamos ter de levar com ele durante algum tempo, mas quando for, será como se nada fosse. Passará à história para ser lembrado com pouco carinho.