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São títulos deste género que me dão a volta ao estômago: "um médico, um piloto e um engenheiro entre os 852 sem-abrigo em Lisboa". Até podia haver um astronauta e um prémio Nobel a dormir na estação de Santa Apolónia. Ou será que existem sem-abrigo de primeira e outros de terceira categoria? Este tipo de notícia não serve grandes causas. Eterniza aquilo que retratou Portugal nas últimas décadas - a ideia de privilégio, a noção fortemente entranhada de estrato social, de hierarquia. Quais as implicações decorrentes deste relato? Que por haver diplomados nas hostes de sem-abrigo a matéria tem de ser endereçada politicamente como deve ser? Será que "o senhor engenheiro e sotôr" podem escolher os melhores locais no átrio da Estação do Oriente para encostar a cabeça? Francamente. Assim não vamos lá. O destaque dado a este pormenor de inquérito demonstra as distorções que susbsistem na sociedade portuguesa. Todos os homens tombam. E quando tombam, não interessa a patente que ostentam.