Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]



Da putativa reforma do estado

por Samuel de Paiva Pires, em 20.01.13

No Prós e Prós, o General Garcia Leandro revelou há pouco que foi convidado em Dezembro por Sofia Galvão para a Conferência no Palácio Foz, mas que pensava que se trataria de repensar o estado de forma aberta, a médio e longo prazo, e não a pensar no corte de 4 mil milhões para este ano. Apercebeu-se a 5 de Janeiro, através do Expresso, do que era realmente aquela conferência, logo procedendo no sentido de se desvincular de algo que, segundo as suas palavras, se tratava essencialmente de escolher pessoas da sociedade civil a dedo que lá fossem dar cobertura a decisões já tomadas pelo governo. Acrescentou ainda que isto é conduzido por um Secretário de Estado que não sabe nada de nada, Carlos Moedas.

publicado às 22:33

 

Há quem celebre efusivamente porque Portugal conseguiu vender a totalidade da dívida, que tinha oferecido ao mercado a juros consideravelmente mais baixos do que nas ofertas anteriores. Na minha opinião não é motivo para festejar. Andamos a bater na mesma tecla, mas parece que não tem efeito. A contradição não entra na cabeça dos governantes. Os mercados financeiros há muito tempo que estão de costas voltadas para a economia. Este alívio de encargos financeiros para com aqueles que nos emprestam dinheiro não arrasta consigo nenhuma mais-valia. A maior facilidade de acesso a "fundos" deveria ser precedida por uma estratégia de relançamento da economia. Este dinheiro fresco em caixa, não passa disso. Eterniza a ideia de easy money, mas não lida com as premissas subjacentes ao relançamento da economia. Tem a ver com despesas correntes do Estado, com o manter da cabeça à tona da água e cruzar os dedos para conseguir semelhante mesada volvidos escassos meses. Acresce a esta questão de percepção, uma outra assimetria. Como é possível o risco associado a Portugal baixar quando os riscos associados à Zona Euro se agravam? Este olhar distorcido e contraditório da realidade, apenas significa que há intenção nas mensagens transmitidas internamente. De nada vale a pena simular o fim da recessão, o regresso aos mercados, a saída do FMI, a expulsão da Troika e a luz ao fundo do túnel, quando os indicadores económicos internacionais não são declaradamente positivos e continuam a assentar na ideia de bengala, no pressuposto de cuidados intensivos. O Banco Central Europeu  tem vindo a emular a Reserva Federal dos Estados Unidos, procurando melhorar as ferramentas de que dispõe. Por um lado, ao intervir mais energicamente ao nível da compra de títulos de dívida de países em apuros, e por outro lado, pela intensificação das comunicações no sentido de criar um "falso élan", uma alegada dinâmica de aceleração da recuperação económica (Draghi aparece mais vezes) Enquanto não houver regressão no desemprego e crescimento económico não me venham falar em sucessos e alegrias. Daqui a alguns meses, se desejarem, sentamo-nos em torno de um café e falaremos das recessões que irão assolar o núcleo duro da Eurozona. Quando Passos Coelho (julgávam que estava esquecido neste pequeno texto?) afirma que vamos dobrar a esquina e que o esforço terá valido a pena, perdoem-no. O rapaz não sabe o que diz. Far-lhe-ia bem abrir a pestana e observar o estado em que se encontram as economias da Europa. Depois, se quiser, até pode organizar mais uma conferência à porta fechada.

publicado às 11:07






Arquivo

  1. 2025
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2024
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2023
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2022
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2021
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2020
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2019
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2018
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2017
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2016
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2015
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2014
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2013
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2012
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2011
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2010
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2009
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D
  222. 2008
  223. J
  224. F
  225. M
  226. A
  227. M
  228. J
  229. J
  230. A
  231. S
  232. O
  233. N
  234. D
  235. 2007
  236. J
  237. F
  238. M
  239. A
  240. M
  241. J
  242. J
  243. A
  244. S
  245. O
  246. N
  247. D

Links

Estados protegidos

  •  
  • Estados amigos

  •  
  • Estados soberanos

  •  
  • Estados soberanos de outras línguas

  •  
  • Monarquia

  •  
  • Monarquia em outras línguas

  •  
  • Think tanks e organizações nacionais

  •  
  • Think tanks e organizações estrangeiros

  •  
  • Informação nacional

  •  
  • Informação internacional

  •  
  • Revistas