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Falar a torto e a direito do "irrevogável" tem como consequência inequívoca a saturação indizível do debate político, centrando, com alguma inabilidade política à mistura, o cerne da luta política no contingente inescrutável. Para mim, e creio que para uma porção significativa da militância centrista, esse episódio foi totalmente esclarecido, pelo que tornar a fustigar Paulo Portas, e, por inerência, o CDS/PP, com esta questiúncula politiqueira é, no fundo, chover no molhado. Ademais, o Congresso de Oliveira do Bairro foi, como pude comprovar in loco na qualidade de delegado, um momento alto no debate político que importa fazer a respeito das grandes pendências do Portugal troikado, e teve, ao inverso do que muitos levianamente alvitraram, intervenções surpreendentemente lúcidas. Mas cingindo-me ao que verdadeiramente interessa, este Congresso é resumível em dois aspectos complementares, que ajudam a perscrutar, com a clarividência exigível, o que irá seguir-se no tablado da política nacional nos meses vindouros: 1) a consolidação, a curto e a médio prazo, da liderança política de Paulo Portas, 2) a confirmação, também a curto e a médio prazo, de uma união mais estreita dos partidos da coligação. O primeiro ponto foi bastamente evidente para os militantes que marcaram presença no Espaço Inovação de Oliveira do Bairro, pois Paulo Portas saiu do Congresso com uma liderança reforçada, tendo um mandato politicamente bem definido na prossecução que ora se espera da agenda do partido no seio da coligação. Há, a este título, um apontamento que não posso deixar de fazer: continua a haver nos media a opinião zombeteira de que o CDS é um partido unipessoal, entregue, fanaticamente, a um só homem que põe e dispõe a seu bel-prazer das peças no tabuleiro partidário. Denegar esta zombaria leva, necessariamente, a que nós, militantes, tenhamos de adquirir elevadas doses de paciência. Mas a realidade é bem diferente, basta olhar para dois factos bem singelos: a existência de uma oposição partidária, liderada por Filipe Anacoreta Correia, que, sem qualquer obstáculo ou impedimento, disse de sua justiça no Congresso e nos media, assim como o facto de as grandes decisões do Congresso terem sido sujeitas a votação secreta, sem que ninguém fosse chantageado a votar em x ou y. Creio que para bom entendedor meia palavra basta, sendo que, no cômputo geral, ficou patente urbi et orbi o carácter eminentemente pluralístico do partido, com todas as vozes, integralmente todas, a serem auscultadas pelo grosso da militância. Em conclusão, ainda que seja estranho para certos comentadeiros, não há, que eu saiba, delinquentes ou inimigos internos no CDS. Já no que toca ao segundo ponto, compreendo e aceito a posição tomada pela liderança do partido no sentido de uma coligação com o PPD/PSD nas próximas eleições europeias. Há, a este respeito, uma análise política que importa não descurar, designadamente a que se prende com o facto de o pós-troika exigir uma união de esforços acrescida, em face das dificuldades políticas e económicas que se adivinham com um mais do que provável programa cautelar. Nesse sentido, um ensaio coligatório pré-eleitoral, já nas eleições europeias, tem, em rigor, toda a lógica deste mundo. Bem sei que para alguns militantes uma coligação pré-eleitoral tenderá a prejudicar o partido (a Alternativa e Responsabilidade bateu neste ponto, a meu ver, erradamente), mas a verdade é, por força das circunstâncias, necessariamente outra. Uma coligação nesse acto eleitoral será, em boa verdade, o método mais indicado para conclamar os dois partidos a uma apologia cuidada do trabalho político desenvolvido e a desenvolver futuramente no âmago da governação. O centro-direita português tem de compreender, de uma vez por todas, que a reforma do regime só fará sentido com um pacto político (eleitoral e não só) alargado, que ouse romper com o imobilismo amordaçante desta República desrepublicanizada. Sem isso, isto é, sem esse trabalho de sapa, político e eleitoral, de pouco valerão os esforços titânicos feitos pelo portugueses até ao momento. O CDS/PP tem, neste capítulo, um papel importantíssimo, não só pela legitimidade política e eleitoral concedida pelo povo português, mas, também, pela pertinência incontestável da tradição política de que é um herdeiro indisputado. Esperemos, portanto, que este Congresso tenha servido, na perfeição, de estopim a uma maior responsabilização dos agentes políticos da governação do país. Estou certíssimo de que com Paulo Portas ao leme este objectivo será plenamente alcançado.
Parece que desde ontem as parangonas dos media foram, subitamente, tomadas por notícias dando conta da pertinência de uma hipotética candidatura de Paulo Portas ao cargo actualmente ocupado por Aníbal Cavaco Silva. Não discuto os ses nem os mas, mas a verdade é que por mais que tente bosquejar não consigo lobrigar, pelo menos atendendo ao momento presente, argumentos que indiciem a necessidade de Paulo Portas rumar a Belém. Mais: a meu ver, e creio que, também, na perspectiva da esmagadora maioria da militância centrista, Paulo Portas, pelas características que lhe são comummente reconhecidas, tem forçosamente de ocupar um cargo executivo. Ademais, acho e sempre achei que o vice-primeiro-ministro do Governo de Portugal deveria ser, em condições normais, o chefe do Governo, mas, infelizmente, a realidade nem sempre se adequa aos nossos desejos. Dito isto, estas declarações só se entendem, como referiu o John aqui, como, muito provavelmente, o resultado mais directo da inexperiência política do novel secretário de Estado da Administração Interna, João Almeida. Além disso, é difícil compreender como é que se compagina a dita candidatura à presidência da república com o facto de, segundo as honoráveis palavras do ex-deputado, Paulo Portas poder, com bastas probalidades, ficar à frente do partido mais do que um mandato. Bem se vê que a incongruência destas palavras é tamanha. É que, vendo bem, as falsas simbioses tendem, por norma, a gerar posicionamentos políticos estultos. Por fim, last but not the least, há que recordar um facto nada despiciendo: as eleições presidenciais não são, para todos os efeitos, uma matéria pendente que exija uma resposta célere e efectiva.
David Cameron perguntou ao Parlamento Britânico. Obama pergunta ao Congresso Americano. Passos Coelho não pergunta à Assembleia da República nem ao Tribunal Constitucional. A questão subjacente a este inquérito difuso consubstancia-se no seguinte: como se legitimam as decisões de um executivo nos dias que correm? Eu sei que não se devem comparar maçãs com laranjas. Tratam-se de três sistemas políticos distintos; uma Monarquia Constitucional, um Sistema Presidencial e uma República Constitucional Semi-Presidencial. Contudo, nos dois primeiros casos, seja para inglês ver ou não, directa ou indirectamente, os eleitores foram (ou vão ser) consultados sobre matérias políticas intensamente sensíveis - uma intervenção militar na Síria. As primaveras árabes, os movimentos de rua como Occupy Wall Street e outras expressões de vontade popular, serviram para abrir a pestana aos governantes por alguns instantes que sejam. Sem o aval da população os projectos mais sensacionais podem ruir. No caso do Obama, ainda permanece algum mistério. Há algo de inédito que contraria o Far West típico: shoot first ask questions after. O que acontecerá se o Congresso não aprovar a intervenção militar? Será que Obama perde ou ganha a face? No meu entender, ao lhe ser negada a autorização para intervir militarmente, a responsabilidade pela inacção recairá sobre os outros e não sobre os seus ombros bélicos (se de facto decidir não avançar seja qual for a orientação do Congresso). Obama colocou-se numa posição algo incómoda que se relaciona com o discurso afirmativo que já foi transmitido; a América não ficará quieta à luz dos factos químicos. O dito por não dito - de um modo geral -, enfraquece os lideres, mas talvez esteja enganado. Afinal, Paulo Portas exemplificou o que não mata engorda. Portugal que se vê a braços com outro género de desafios, é testemunha de outras formas de condenações, de chumbos. Passos Coelho ao ignorar os termos da Lei Fundamental, serve a nação, porque obriga a que a sua substância seja questionada. Independentemente das condições impostas pela Troika, e dos excessos e exageros no cumprimento dos termos, há muito que a Constituição da República Portuguesa vem carecendo de uma revisão. O problema que Passos Coelho enfrenta é que não tem a quem possa perguntar. Se interpelar o Parlamento no sentido de procurar uma vontade colectiva para rever a Lei Fundamental, é muito provável que seja apupado. A Constituição parece ser propriedade da oposição, dos Socialistas que inventaram a Democracia em Portugal. Existe um entendimento que há livros sagrados que não podem ser tocados pelas mãos de infiéis. Esta mentalidade estanque e retrógrada cristaliza Portugal num aquário de estimação política. Como se o tempo tivesse parado à badalada de meia dúzia de juízes. Portugal encontra-se num impasse muito maior que a crise económica e estrutural. Fechou-se em copas com uma ferramenta que não é pau para toda a obra. Uma constituição, seja de que tipo for, deve servir para dinamizar um país e não para paralisar os seus membros. Se Passos Coelho sabe que não pode perguntar ao Tribunal Constitucional seja o que for, a quem pode pedir um beneplácito relativo? Por enquanto não sei e não me vou pôr a pescar respostas. Mas saberemos todos em 2015.
Há Congresso nos dias 20 e 21 deste mês ou adia-se novamente? É que, citando António José Seguro, "quem criou o problema que o resolva." Convinha era não esquecer o tão propalado institucionalismo. Afinal, o mandato de Paulo Portas já terminou.
Miguel Castelo-Branco, Não me roubem o Santo Sábado:
«Com um Pedro Oliveira qualquer-coisa a assegurar que talvez "póssamos" fazer melhor e Assunção Esteves - cada vez mais parecida com uma hibridação de Maria de Lurdes Pintassilgo com Victor Melícias - o Congresso do PSD oferece, talvez numa versão menos predadora que o PS, o espelho de um país com enormes bolsas de subdesenvolvimento humano, falta de liderança e umas elites paupérrimas capazes de provocar choros diluvianos.
Para que a democracia funcione e exista, não basta encher pavilhões. Tudo surge com um travo de amadorismo, espertismo provinciano meia-tigela e pequenas ambições de campanário. É evidente que, sem o PP, este governo não iria a parte alguma. Temo que há uma crise bem maior que a económica e a financeira. Quem dera que também fosse constituída uma Troika com plenos poderes para executar exames de competência, literacia e avaliação a autarcas, "notáveis" das distritais e concelhias, assim como agências de notação para saber que cotação receberia a nossa classe política sem classe alguma.»
Ler ainda Província, mais província e Devo estar a ficar velho.
O Pavilhão Atlântico transformado num imenso "cenoural". E é lá que está o Rodrigo... Retirado daqui, com a devida vénia.
...desta vez estamos de acordo. A tal comissão parlamentar tresanda a ameaça partidocrática, ficando-se por aí e sem consequências de maior. O estardalhaço pê-ésse-deutico acerca de uma investigação beneditina às PPP rodoviárias, bem poderá significar mais um daqueles joguinhos de fazer encher o tempo de um Congresso sem pés nem cabeça, aproveitando para chantagear o comparsa antecedente na governança de S. Bento. Discurso após discurso, é o zero absoluto que este Partido há décadas significa, embora consiga fazer-se eleger! De todo aquele marceloso redemoinho de pequenos grandes interesses, há ainda que tomar nota do Menezes júnior - presunto sucessor do actual autarca de Gaia - que já vai dizendo umas, precisamente aquelas que envolvem o habitual esconde-esconde dos assuntos incómodos que encafifam dinheiro dos outros.
Tonitruante e fluente, Alberto João Jardim disse muitas verdades, num estranho discurso que saiu da boca de um homem que ao selvático capitalismo recorreu, utilizando-o nas suas obras e serviços públicos insulares. Agora acusa a plutocracia, devendo ter deixado babados de gozo os PC e BE que decerto aguardaram pelo único momento alto do tal milionésimo Congresso do PSD. De facto, quem escute AJJ, poderá imaginar um enxerto de Cunhal em Mussolini, tal a verve pós-capitalismo. O "pior" é que até estamos de acordo com o diagnóstico....
Decorreu ontem, no Porto, o XVII Congresso da Causa Real, num dia solarengo na cidade invicta, que ficou marcado pela sucessão de Luís Lavradio a Paulo Teixeira Pinto, na presidência da Causa. Destaque ainda para a agenda da parte da tarde, que contou com as comunicações de João Távora (que passou também a ser Vice-presidente da Causa) e João Palmeiro, sobre a comunicação na web.
Numa altura em que, mais do que nunca nas últimas décadas, o movimento monárquico tem ganho uma força inegável, assume particular relevância a necessidade da Causa e as Reais Associações reforçarem a sua presença na internet, pelo que a renovação da Causa Real, quer em termos dos seus dirigentes, quer da sua visão estratégica, prenuncia um fortalecimento do movimento monárquico.
São raros mas ainda existem socialistas que pensam com a própria cabeça...
Decorre em Viseu o XVI Congresso da Causa Real e, à margem deste, a exposição cujo cartaz deixamos em baixo. Ver mais aqui.
Será dentro de poucos dias e contamos convosco. O Estado Sentido fará uma extensiva cobertura do Congresso de lançamento do MMS já no próximo Sábado, entre as 9.00H e as 21.00H. Ao longo do dia transmitiremos toda a informação disponível acerca do programa da organização, assim como videos realizados no local e entrevistas com os dirigentes. Contamos com a participação de todos os interessados, através da nossa caixa de comentários ou do Twitter.