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A maturidade do homem nada tem a ver com a idade cronológica. Temos de tudo. Por exemplo: "ele é uma verdadeira criança e vejam lá, ainda a semana passada fez 54 anos" ou "o meu Simão está feito um homem com 15 anitos, já namora e tudo" ou "a tia Nini, que puseram no lar, pensa que tem 24 anos e só quer sair à noite. Mas convenhamos que poder votar aos 16 anos de idade não pode reduzir-se a um mero exercício estatístico. Com que idade se adquire consciência política (vou perguntar à Pepa e já volto)? O que é a consciência política? E de que forma se pode aceitar que um sujeito adolescente possa votar sem ser considerado maior? Ou seja, concede-se a possibilidade de expressar a intenção de voto a um "sujeito político passivo" que nem sequer pode ser "sujeito activo na função política". Penso que a decisão em relação a esta matéria não pode ser realizada de ânimo leve. Pergunto ainda, que motivações políticas se encontram por detrás deste "projecto-porveta de lei"? Será por haver abstinência eleitoral nas faixas etárias dos maiores e vacinados? Se se pretende dinamizar a participação nos processos eleitorais, existirão caminhos alternativos. A obrigatoriedade de votar, à semelhança do que acontece no Brasil, pode ser uma das soluções. Mas reportando-nos à questão dos adolescentes de 16 anos de idade, e se possuem ou não os atributos necessários à reflexão política, destaca-se a precipitação que esta proposta parece envolver. Se o sistema educativo não integra na sua missão, o despertar da consciência política dos jovens como poderão estes eleitores formar uma opinião tendente a uma tomada de decisão independente? Existem disciplinas nas escolas que contribuem para a noção do colectivo e do bem comum? Uma verdadeira disciplina política? E porquê apenas se consideram aqueles que têm 16 anos? Porque não os que tem 800 anos de idade? Por via dedutiva e aplicando um método extrapolativo e fazendo uso de amostras de DNA político, poderiamos aproveitar um corpo eleitorial muito mais vasto. Em quem votaria D. Afonso Henriques ou Luís de Camões? E os outros mortos menos célebres? Só porque definharam não é argumento para que sejam excluídos do futuro político de um país. Afinal os mortos podem regressar à vida política. Não me refiro a zombies que por aí andam.