Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
João Galamba é apreciador de pintura. Não sei se é impressionista ou nem por isso, mas pede a Maria Luís Albuquerque que se retrate nas suas declarações. A sua linguagem de artista confirma a sua infantilidade precoce. Neste tira-teimas a ex-ministra das finanças Maria Luís Albuquerque não deve ser tida nem achada. A pergunta: quem é o pintor mais falsificado em Portugal (?), vem mesmo a calhar. Em todo o caso, o governo de sua geringonça não se livra de uma Cargaleira de trabalhos. Quer Sequeira ou não, as contas de merceeiro de bairro não interessam no que diz respeito à obra-prima macroeconómica. É mais aguarela. Basta um molha-toldos de um Brexit para o desenho ficar borrado. Basta um deslize mais acentuado da crise bancária em Itália para haver réplicas e contrafacções de chatices maiores. Pese embora uma certa favorabilidade das contabilidades da casa, Portugal está a caminhar sobre areias movediças. Quero ver Portugal na CES, na CES! (Concertação Económica e Social) parece ser a cantiga do momento - é aqui onde decorre a faena principal. A bravura ganadeira do rabujador do Partido Socialista Santos Silva também deve ser re-retratada por Galamba numa sessão de pinturas avulso. O invocador de reses disse tudo e deixou escapar a bandeirilha. Serão os funcionários públicos que em última instância terão de suportar os fardos, as farpas. Será o salário mínimo a ficar aquém da palete de intenções. E serão os patrões que terão de sentir o alívio neo-liberal para continuar a bombar. E lá se vai o ideário de Esquerda com uma demão de guache, gauche. Em todo o caso, e para não nos desviarmos do essencial das belas-artes, é óbvio que medidas extraordinárias e irrepetíveis terão de ser contempladas. Um orçamento de Estado, e as respectivas contas que decorrem do mesmo, são uma imensa manada de trabalhos. E há sempre desvarios. Desvairados que julgam que não.
Demagogia é uma doença grave. Afecta grande parte dos membros políticos da nossa sociedade. Mas existe outra patologia ainda mais grave - a mentira. E mesmo que a mesma seja repetida vezes sem conta, não se transforma em verdade. Quando António Costa afirma que oito orçamentos rectificativos são a prova de que o governo falhou, deveria virar a sua lupa de inspector para a gestão da Câmara Municipal de Lisboa (CML) e as contas habilmente camufladas pela venda de património ao desbarato, entre outras manobras. O presidente de câmara, que teve a oportunidade concedida por diversos mandatos para provar a sua competência, não pode, à meia-volta, omitir a sua vida autárquica, quando apresenta as credenciais aos eleitores, simpatizantes ou não. Se bem me recordo, quando lá chegou (à CML), para fazer face ao balancete, obteve um empréstimo de 500 milhões de euros (estarei enganado?) que foi muito conveniente para dar o ar de graça de contas saudáveis. Embora os socialistas se afirmem quase "racialmente" diferentes dos outros (melhores e mais iluminados), em abono da verdade não praticam uma religião diferente. Quando o governo decidiu alienar empresas públicas houve logo um coro de protesto sobre a perda de soberania e entrega de empresas-bandeira, mas Costa não faz algo diverso. Vende uma parte da história de Lisboa com o mesmo sentido de urgência. Ou seja, se os portugueses forem objectivos na análise dos factos, terão de interpretar e validar a obra de António Costa na autarquia lisboeta. O seu estágio camarário deve servir de teste para voos maiores, para a sua promoção ou não. Qual o resultado da conta de somar e subtrair na gestão de Lisboa? É esse o critério que deve servir para organizar o processo de reflexão respeitante à eleição, numa primeira fase, de um candidato a candidato, e mais tarde (quando porventura for tarde demais), de um candidato a primeiro-ministro. O departamento de comunicação da CML pode produzir todos os videos catitas que quiser, com um décor pejado de amigos à volta da clareira, mas esses diaporamas contam apenas metade da estória. Não me venham com a cantiga que o país foi à ruína, mas que existe uma excepção, um estado-exíguo, a ilha de deslumbramento onde a devastação não chegou. Lisboa responde perante o país, assim como António Costa.
As regras são aquelas que se esperavam após a ascensão ao trono. Oxalá por cá se adoptassem normas de conduta como as agora anunciadas em Madrid e porque não?, uma audição a todas as contas de Belém. Sugere-se uma data de partida para o esmiuçar: 1986.
É com tristeza que observamos a concretização do que sempre pensámos que ía acontecer em Portugal: o falhanço total da política do governo de Pedro Passos Coelho e das previsões de Vítor Gaspar. Na verdade, a execução orçamental de Setembro mostra que o défice do subsector Estado atingiu os 4895,3 milhões de euros em Portugal. Ou seja, a despesa efectiva cresceu 1,1 por cento e o défice do subsector Estado agrava-se para 4895,3 milhões de euros!!! Não podia ser pior. Foi um falhanço em toda a linha.
O Nuno chamou e bem à atenção para esta questão, mas permitam-me uma outra conclusão:
A troika chegou a Portugal, gizou um programa e disse ser um imperativo aplicá-lo. O Governo fez "orelhas moucas" e não o aplicou como receitado. Pelo contrário, "armou-se numa de herói" e disse que iria muito mais longe, ou seja, não aplicou na verdade o ditado pelos internacionalistas.
O resultado?
A troika diz que a culpa da queda das receitas e do não cumprimento do défice previsto para 2012, é do Governo.
E a troika tem toda a razão. Receitou ao doente um remédio com determinado número de tomas para que este pudesse recuperar de forma gradual. O médico luso fez de conta que não ouviu e, por sua vez, receitou ao paciente a toma única de uma "dose de cavalo".
O resultado?
O paciente morreu!
Estão a perceber?