Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]



Na hora da demissão de António Costa

por Samuel de Paiva Pires, em 07.11.23

Naturalmente, estamos agora focados na árvore e a pensar no que se seguirá, ou seja, se o Presidente da República, que convocou os partidos e o Conselho de Estado para os próximos dias, dará espaço a uma solução interna da maioria parlamentar do PS (com que legitimidade?), ou, o que é mais provável, dissolverá a Assembleia da República - isto numa altura de discussão do Orçamento do Estado para o próximo ano. O país político estará hoje especialmente agitado, num corrupio de telefonemas e especulação sobre cenários eleitorais, e muito provavelmente passará os próximos meses a fazer listas de candidatos a deputados à porta fechada - que os cidadãos são meramente chamados a ratificar nas urnas - e a preparar e conduzir a campanha eleitoral, onde mais uma vez o foco será nas lideranças políticas, como é timbre da personalização do poder político.

Mas talvez valha a pena olhar para a floresta. Nos últimos 23 anos, o PS foi governo durante 16. Dos seus 3 Primeiros-Ministros neste período, um saiu perante o “pântano político”, outro continua numa rocambolesca relação com a Justiça e é com esta que o terceiro inicia agora uma relação cujos contornos ainda desconhecemos. A isto acrescem ainda dezenas de casos de Ministros, Secretários de Estado, adjuntos, assessores e autarcas envolvidos em diversas suspeitas de corrupção e afins. Por mais “códigos de ética e conduta” e “estratégias nacionais de combate à corrupção” que sejam formulados, é inegável que Portugal tem um problema estrutural de corrupção e descrédito das instituições políticas, o que alimenta os populismos quer à esquerda quer à direita.

Na sua classificação das formas de governo Montesquieu explica que, quanto à sua natureza, existem três: a monarquia, a república (que pode ser mais aristocrática ou mais democrática) e o despotismo. Quanto ao princípio que anima cada forma, entendendo por tal o propósito que anima o povo, o que o faz actuar, considera que a república se fundamenta na virtude (amor à pátria e dedicação à causa pública), a monarquia na honra (baseada nos privilégios e distinções) e o despotismo no medo. O autor da fórmula final da separação de poderes admirava as repúblicas, mas considerava que a virtude cívica requer um elevado padrão moral, um espírito público por parte dos cidadãos que os motive a subordinar os interesses privados ao público.

Acontece que, como salienta Chandran Kukathas a respeito da teoria política de David Hume, “Não podemos depender da benevolência ou virtude dos actores políticos se queremos que a liberdade e a segurança das possessões sejam asseguradas”, pelo que “a única solução é ter uma constituição forte cujas regras gerais mantenham os grupos de interesse e indivíduos ambiciosos em xeque. São as regras e não os indivíduos que governam que asseguram a segurança e a liberdade da sociedade.”

No fundo, ecoa Cícero e Santo Agostinho, a propósito de quem Alan Ryan afirma que “[Cícero faz] da justiça a característica definidora de uma república que é realmente uma república, e antecipa a famosa observação de Santo Agostinho de que sem justiça um estado é simplesmente um grande gangue de ladrões: um estado corrupto não é uma comunidade. Não pode haver res publica se as instituições do governo são pervertidas para servir interesses privados. (...). Boas instituições protegem o interesse comum contra a erosão por interesses privados e evitam que os conflitos de interesses privados se tornem destrutivos.”

Enquanto comunidade politicamente organizada, temos evidentes problemas éticos, que não raro desaguam em problemas legais. Estes são particularmente notórios no PS porque a sua permanência durante longos períodos no poder acaba por potenciar vícios que conduzem à captura do Estado por determinados interesses privados e à erosão do interesse público. A forma de reduzir a elevada exigência moral colocada pela virtude cívica e levar a uma revalorização da causa pública é através do desenho institucional. Como também ensina Montesquieu, “todo o homem que tem poder é levado a abusar dele” indo até onde encontra limites.

Por outras palavras, precisamos urgentemente de reformar o sistema político nas suas diversas componentes. Sobre isto, teci algumas considerações já há quatro anos no Observador. Talvez esta seja uma boa oportunidade para reflectirmos sobre o que precisamos de fazer para melhorar a qualidade da nossa democracia liberal antes que ela se degrade ainda mais.

publicado às 15:46

Sobre as eleições no Brasil

por Samuel de Paiva Pires, em 28.10.18

Por estes dias, diversas pessoas enveredaram por uma perigosa equivalência moral entre corrupção e fascismo, para justificarem a sua abstenção (no caso de Fernando Henrique Cardoso), apelo à abstenção (nos casos de Assunção Cristas e José Manuel Fernandes), ou apoio declarado a Bolsonaro (caso de Jaime Nogueira Pinto). Ora, ao contrário do que escreveu José Manuel Fernandes, Haddad é mesmo um mal menor em relação a Bolsonaro, e não, corrupção e fascismo não são dois males maiores equivalentes. Sem entrar em grandes teorizações, direi apenas que a corrupção é inerente à condição humana e ao estado de sociedade, permeia qualquer sociedade e qualquer regime político, democrático ou não, embora, claro, em diferentes graus. Isto é uma observação factual, não qualquer tentativa de justificação ou desculpabilização da corrupção, até porque acredito que é moralmente desejável reduzi-la ao menor grau possível. Ainda que seja compreensível que muitos brasileiros estejam cansados da corrupção que grassa no país em resultado do exercício do poder político pelo Partido dos Trabalhadores, quem acredita que Bolsonaro irá eliminar a corrupção está iludido e enganado a respeito da condição humana e do que é a política, especialmente se acreditar que um regime autoritário, fascista, é conditio sine qua non para proceder a uma "limpeza" da corrupção no Brasil. Já que a memória histórica de boa parte dos brasileiros (e não só) parece olvidar que também durante a ditadura militar brasileira existiu corrupção (e em tantas outras ditaduras por este mundo fora), ou que os regimes autoritários são, também eles, permeados por este fenómeno, então que atentem no índice de percepção da corrupção da Transparency International para perceber uma coisa bastante simples: os países cujos regimes políticos são democracias liberais são os menos corruptos do mundo, ao passo que os regimes autoritários são precisamente os mais corruptos. Posto isto,  sugiro ainda que perguntem às vítimas de qualquer regime autoritário ou totalitário, os mortos, os presos políticos, os torturados, os exilados, os perseguidos, se preferem viver num país com corrupção mas em que haja liberdade  (de pensamento, de expressão, de informação, de associação) ou num país cujo regime político imponha a censura ao pensamento divergente do pensamento único, a tortura, os trabalhos forçados e a morte por critérios tão arbitrários e desumanos como a mera discordância política ou diferenças de qualquer tipo (raciais, nacionais, de orientação sexual).  

publicado às 12:38

Selecção Nacional

por John Wolf, em 18.05.18

adesivo_redondo_bola_de_vidro_da_bandeira_de_portu

 

Temos selecção nacional. Para quem ainda não percebeu - faz tudo parte da mesma fantasia: ganhar a qualquer custo. Falamos de instituições maiores (Sporting Clube de Portugal) e fenómenos globais (Cristiano Ronaldo e José Mourinho). Rolamos a bola, mas poderíamos rodar a chave e destrancar a matriz na sua íntegra - a falência ética que se estende de Sócrates a Pinho, de Fátima Felgueiras a Isaltino Morais, de Vale e Azevedo e, até ver, a Bruno de Carvalho. A ideia de enriquecimento fácil é quase sempre sinónimo do ilícito. Sabemos que clubes de futebol já fizeram ruir bancadas, mas a queda de um governo seria algo inédito. Quando o assanhado Ferro Rodrigues veste a camisola da Assembleia, não sabemos se está ao avesso - se é mais leão do que camaleão. Assistiremos porventura a um Dreyfoot affair que em última instância terá consequências políticas imprevisíveis. Como se pode admitir o duplo atentado de um Marta Soares? Um pé na bola e outro na Protecção Civil, a título de exemplo. Devemos ficar muito desconfiados, de pé atrás mesmo, quando enviam um estafeta para entregar a missiva de que: o "Governo afasta qualquer tipo de ajuda pública ao Sporting em caso de colapso". Se vêm com esta conversa é porque equacionam precisamente o oposto. E deve haver razões para tal. A cauda do leão deve ser tão comprida que se estende de São Bento a Belém e vice-versa. E o mesmo se pode dizer dos outros, invertebrados ou não, mascotes ou mascarilhas de outros grémios desportivos. A despromoção para ser efectiva deve não esquecer ninguém no banco. Já chega de fintas e fazer de parvo um país inteiro. Vai lá, Marcelo. Vai lá no Domingo.

 

publicado às 17:14

Quando ouvir de nada serve

por John Wolf, em 30.04.18

12344047151156616159bionet_human_ear.svg.hi.png

 

Já estamos habituados. Ouve-se muito em Portugal. Escutam-se uns. Filmam-se outros. Criam-se comissões. Fazem-se perguntas. Mas os resultados são fracos. Não interessa de que bancada parlamentar se fala. Não importa qual o partido político em causa. A soma final é igual a zero. Zero à Esquerda e Zero à Direita. E assim, sem grande sobressalto, escutaremos Manuel Pinho, como tantos outros que já falaram e ofereceram a sua versão corroborrada pelo bom nome e a verdade única que certamente sai pela boca fora. O cidadão português, visado mais do que os outros pela falência ética dos governantes, já se deveria ter indignado de um modo transversal e arrepiante. Refiro-me à podridão sistémica que contamina há décadas a realidade política nacional. Os parlamentares já não podem invocar imunidade seja de que espécie for. Estão comprometidos, mesmo que em conluio abstinente, mesmo que o assunto em causa nada tenha a ver directamente com a sua bancada. A casa da representatividade legislativa, de onde emanam as lideranças, deveria demitir-se em bloco. O mês de Abril, que serve para evocar lirismos e sentimentos de fraternidade, não passa de uma farsa. Há muito que o espírito e corpo da Democracia são postos em causa pelo vil desempenho de lideres no governo ou pela oposição. Assistimos a um festival sem fim de corrupção e transgressões. Confirmamos a associação insidiosa de toda a classe política que não ousa sair à rua em causa própria. Amanhã é feriado. Dia do trabalhador e de uma mão cheia de ladrões.

publicado às 17:50

Coligação Valentim-Isaltino-Sócrates

por John Wolf, em 29.08.17

three-links.jpg

 

Estou preocupado com o futuro político do escritor José Sócrates. Isaltino Morais e Valentim Loureiro já lhe passaram a perna. Estão lançados na corrida autárquica com o beneplácito do povo, mas não escreveram obras nem defenderam teses de mestrado. Sócrates pertence às elites do desenho técnico de Castelo-Branco, e o salto a Paris deve ser encarado com naturalidade - estava escrito. Contudo, devemos levar em conta certos espinhos de rosa. O Partido Socialista de António Costa nem serve para montar uma estufa para o cultivo de tomate - há, mas nem sequer são verdes. Sócrates é, nessa medida, um homem livre, disponível para transferências, quiçá no mercado de autárquicas. Bem sei que chega tarde, mas à falta de cão caçará com gato. Ou seja, não prevejo um regresso à política pela porta grande do Rato. O carimbo de aprovação do bom filho que a casa torna não será esmurrado no certificado de retorno. Por outras palavras, com outro livro a bombar, não tarda nada, Sócrates deve replicar as congéneres de Gondomar e Oeiras. Deve transformar os onze meses de prisão política em força mandeliana. Quando menos esperarmos, Sócrates lançará o seu míssil para um mar de possibilidades efectivas. Um povo que leva em ombros os seus detractores, não sabe cortar orelhas a quem tem muita lábia de mercador. As autarquias terão o que merecem. Venha de lá mais um comprador de livros por atacado. Sócrates nem precisa de tomar notas. É só imitar o Tino ou o Valentim.

publicado às 13:29

Os outros mexiam nos fios de cobre...

por John Wolf, em 06.06.17

01-Fios-de-cobre-CAPA-FOTO-adalgisamocellin.com_.b

 

No auge da crise lembro-me de ver nas televisões reportagens sobre o roubo de fios de cobre, aqueles utilizados para fazer chegar electricidade às casas e alimentar as torradeiras e as bimby´s. Os postes de eucalipto ficaram despidos, nus. Os criminosos vestiam fato de macaco e actuavam na calada da noite munidos de lanternas e escadotes. Fast-forward e eis que nos encontramos na sala do conselho de administração da EDP. Os que ocupam as cadeiras nas reuniões executivas nunca vestiram macacões azuis, mas descendem de primatas. Em vez de pegaram no corta-fios, ou no alicate, têm as unhas rasas, polidas e a falinha amansada pela prática de jargão corporate durante anos a fio. Sabem perfeitamente que o emaranhado governance é perfeito para camuflar desvios, dissimular contratos desequilibrados e, de watt em what?, nunca chegaremos ao volt-face da justiça célere que reúne as provas, constrói os processos e dita sentenças. Se foi Sócrates o relâmpago maior não sei, mas tenho a certeza que Mexia e companhia sabem que nunca veremos a luz ao fundo do Maat. Será a complexidade tri-fásica de suspeições que ilibirá a culpa de negligentes ou não, dolosos ou nem por isso. Não há feixe de electrões que nos valha. Chamem uns jornalistas para a conferência impromptu que eles ajudam a limpar o carbono da reputação daqueles que gerem uma boa parte da energia de Portugal. O outro ampere desta história é o Estado que deu amparo para os apagões e os choques eléctricos que os portugueses têm de mamar. Cheira a fusíveis queimados.

publicado às 18:06

Corrupção? A malta quer é festas EDP

por John Wolf, em 03.06.17

EDP-Cool-Jazz.jpeg

 

Os artistas não são culpados, mas um boicote à EDP não seria mal-visto. Já não é prestigiante ser patrocinado pela EDP, como não é politicamente recomendável subscrever a multinacional americana Monsanto. A humanidade, quer o deseje ou não, terá de enfrentar dilemas éticos. Os homens definem-se também pelas companhias que escolhem. Com tanta prosápia da marca Sobral sobre "salvar o mundo do cinismo e dar guarida a refugiados", não seria de todo desadequado se um intérprete ou outro desse um coice na mão que dá pão para a boca. Mas o cachet é irrecusável. E os artistas fecham os olhos à corrupção. Dinheiro sujo é lá com eles. Actvismo político é uma coisa muito bonita, mas não passa disso.

publicado às 19:26

Sócrates - belo, Belino...

por John Wolf, em 20.05.17

JoseSocrates2.jpeg

 

José Sócrates foi o principal beneficiário do mundo do espectáculo e das artes. Recuando quase um ano, o campeonato europeu de futebol e a vitória da selecção nacional, foi um biombo perfeito para distrair o povo da sua provação judicial. Depois houve o Web Summit e nunca mais apareceu o insulta-jornalistas João Araújo. Entretanto houve o build-up da visita do Papa, a peregrinação a Fátima e ainda a febre do festival eurovisão da canção. Ou seja, Sócrates teve tantas atenuantes mediáticas, mas nada disse a esse propósito. Não concedeu uma entrevista sequer a reclamar da falta de atenção das televisões. Não assinou mais uma obra literária que esgotasse na aurora da sua publicação. Por outras palavras, com tanto tempo de folga, de baixa mediática, não foi capaz de se defender cabalmente das injúrias e mentiras. A fundação Belino que agora surge em primeiro plano nos escaparates não deveria ter aparecido. Nos bastidores das várias cantigas de distracção que assoláram o país, Sócrates não soube aproveitar os bónus como António Costa o fez. O primeiro-ministro, nesta onda hipnótica de comendas parlamentares, fados e futebol, conseguiu convencer Portugal inteiro que este já estava totalmente curado das maleitas económicas e sociais. O chefe da Geringonça teve a arte de dissimular a tempestade residente da dívida pública, e fingir os números de crescimento económico à pala de flacidez no investimento público - o povo engoliu a dois. Francamente. José Sócrates, que andou na mesma escola, não soube desmontar a cabala da Fundação Belino que segundo as suas visões seria natural que aparecesse. Ainda não tivemos uma conferência de imprensa onde Sócrates pudesse refutar tudo, mas pouco falta. Ainda esta noite, aposto, teremos um porta-voz jurídico a desmontar a ficção da fundação suiça. Não esqueçamos que as fundações são uma invenção dos socialistas. Uma espécie de cooperativa de interesses, com tesourarias e divisas próprias. Belo, Belino -  Lula, Dilma e Temer também não ajudam nada. Resta apenas o Salvador.

publicado às 14:53

 

Programas-de-formación.jpeg

 

Poderia começar este soneto com o seguinte adágio - um dia plasma, no dia seguinte papel higiénico. De uma vez por todas, para que não apareçam todos com cara de espantados e a equivalente expressão estampada na face "não sabia de nada", talvez seja o momento, embora já com um atraso enorme, para efectuar o inventário exaustivo de TODOS os contratos firmados por todos os governos de Portugal. Dêem um nome à coisa; auditoria do Estado, fiscalização continuada dos contratos firmados pelo governo, mas por favor evitemos as novelas sem fim. Para cada plasma corrompido deve haver material requisitado a outras mono-entidades. O problema fundamental prende-se com o seguinte. O regime político vigente em Portugal assenta no clientelismo, que se em tempos fora discreto, nos últimos tempos assumiu a forma descarada, sem vergonha, despudorada. Sabemos sempre à priori que nunca há culpados nem responsáveis. São coisas que acontecem. A matriz cultural do país aponta no sentido da normalização dos desvios e extravios. E essa "norma" comportamental afecta todos os quadrantes da realidade. Monopólios há muitos. Existe o monopólio do emprego dado ao sobrinho pelo director da empresa pública. Existe o monopólio dos restaurantes que ganham as estrelas Michelin. Existe o monopólio de um certo local onde é possível dar um jeito a processos burocráticos. Existe o monopólio do humor que está nas mãos de certos intervenientes que querem corrigir com uma mão a borrada feita pela outra. Existe o monopólio do agenciamento de jogadores de futebol. Existe o monopólio de grupos editoriais que dominam os manuais escolares. Existe o monopólio de críticos literários que tornam os seus amigos escritores muito mais apetecíveis. Enfim, existem monopólios sem fim que mataram a ternura e a inocência daquele jogo de tabuleiro que, bem vistas as coisas, afinal era uma ferramenta para transformar indíviduos e sociedades em meras entidades cínicas dispostas a trocar fichas humanas em nome do lucro fácil. A maralha toda que faz parte deste conluio de favores e recompensas não passa de agiotas. Venha de lá aquele programa para debater os prós e contras do plasma. Já chega.

publicado às 12:32

Empêssegamento de Dilma Rousseff

por John Wolf, em 18.04.16

peach.jpg

 

Este post é dedicado àqueles que acreditam nas virtudes da democracia, na voz da maioria, no slogan "o povo é quem mais ordena", na dinâmica que deve prevalecer nas sociedades, na busca do equilíbrio social e na clarificação dos desígnios políticos dos partidos e seus agentes. Este post não é dedicado a facções ideológicas que acreditam na prerrogativa do Estado e dos orgãos públicos enquanto reguladores do mercado e da verdade. Este post é dedicado não apenas ao povo brasileiro, mas ao povo que defende Sócrates, que tanto se tem esforçado para manter a imaculada virgem. Este post é dedicado aos amantes do golpe, da conspiração e da cabala. Este post não é dedicado àqueles que desejavam que tudo ficasse como está, que tudo não fosse mexido. Este post é dedicado às almas que se sentem perdidas, baralhadas pelos mais recentes eventos capazes de devolver uma réstea de esperança a um povo suprimido pelas promessas furadas de pão e justiça para todos. Este post é dedicado a todas as offshores do mundo que contribuíram para acelerar a inevitabilidade dos acontecimentos. Este post não é dedicado a quem não acredita no voluntariado e na acção humana que não conhece género feminino ou canino. Este post é dedicado a todos aqueles que diariamente contrariam as mentes parcelares que dirigem países inteiros usando a divisa da demagogia e proveito próprio. Este post é dedicado aos pêssegos do mundo e em particular ao impeachment de Dilma Rousseff. Este post é dedicado ao sumo que extrairemos de uma matriz de conluio e decepção que tem polvilhado a paisagem política um pouco por todo o mundo. Este post é dedicado à árvore de frutos, à natureza e ao bicho da maçã. Este post é dedicado aos pesticidas e os produtos biológicos. Este post é dedilhado por tantos que não encaixam numa coisa ou outra.

publicado às 09:52

gm-4-3l-v6-ecotec3-lv3-engine-1.jpg

 

São coisas que acontecem. São eventos normais. São factos que devem fazer parte da Democracia para que esta se mantenha viva e tendencialmente intacta. O possível impeachment de Dilma Rousseff, a dedução da acusação de José Sócrates, a prisão de Ricardo Salgado ou o encarceramento do CEO da Enron, são apenas pequenos exemplos do modo como o motor das nossas sociedades realiza uma sangria, e mantém em andamento uma certa ideia de justiça. O equilíbrio é dinâmico e pressupõe um calendário moral que nem sempre coincide com a agenda política. O escândalo Panama Papers é, essencialmente, um catalisador do processo de transparência que se exige sobretudo a detentores de cargos públicos. Ainda não me explicaram quem paga os honorários do advogado João Araújo. Já leva umas horas valentes a discorrer absurdidades e decerto que tudo isso tem um preço. O balão de oxigénio que refere não é nada disso. Diria que se trata do oposto, de uma câmara hiperbárica para estrangular as incongruências e as jogadas espertas que encaixam que nem luvas na figura jurídica de uma offshore. Era isto tudo ou então ficar quieto. A escolha parece óbvia, incontornável. Existem motores gripados.

publicado às 17:07

Sócrates ajuda Cavaco

por John Wolf, em 22.11.15

help-large.jpg

 

 

Os mais de quinhentos amigos de José Sócrates foram enganados. Foram ao almoço para serem agradecidos e o desenhador de fotocópias aproveitou a ocasião para ajudar Cavaco Silva no seu processo de tomada de decisão. O Presidente da República deve levar em conta a arte do Pinóquio de Castelo Branco. O ex-recluso de Évora concede boas razões para que um governo alicerçado nestes valores não seja empossado. O homem dos 23 milhões de euros ladra enquanto pode. Agarra-se ao megafone para estrabuchar. Se os portugueses aguardam uma decisão de Belém sem organizar almoços de solidariedade, Sócrates também deve aguardar com serenidade a formalização da acusação. Afinal, é inocente. Afinal, não há factos. Afinal, não há provas. Mas ele tem alguma razão que se pode traduzir no seguinte; o tempo que passou em Évora deve ser descontado à sentença. Ou seja, os 15 anos de pena efectiva devem passar a 14. Quanto aos outros associados, Almeida Santos, Mário Soares, Carlos Silva e os demais ilustres - ide-vos catar. António Costa? Por onde andas?

publicado às 17:34

Veneza em Lisboa

por John Wolf, em 13.08.15

IU6A0980.jpg

 

 

Alcântara - Veneza em Lisboa.

Hoje, dia 13 de Agosto de 2015.

Obrigado, autarcas do passado e do presente, planeadores urbanos corruptos, amigos construtores, directores de empresas municipais, políticos e outros vigaristas da capital.

Fotografias publicadas no Observador.

 

IU6A0979.jpg

 

 

 

publicado às 11:28

António Costa e a panelinha de pressão

por John Wolf, em 06.05.15

W92160-6qt-Pressure-Cooker_large.jpg

 

Estão surpreendidos? A Câmara Municipal de Lisboa (e as restantes autarquias) deve (m) ser virada (s) ao avesso. Por um instante apenas ponham de parte os partidos e a política. Concentrem-se na ideologia de mercados e dinheiro. Na religião das influências. No sector profissional da troca de favores. Estão chocados com os alegados favorecimentos da autarquia ao Grupo Espírito Santo? Pois, não deviam estar. Sabemos como as coisas funcionam. Imaginem uma enorme orgia com convidados de todos os parâmetros económicos e sociais. Um enorme lóbulo de amigos e compadrios, arquitectos, empresários, escritores, poetas, intelectuais, fazedores de opinião, jornalistas, advogados, construtores, gestores de resíduos sólidos, responsáveis de outdoors, directores de agências de comunicação, donas de quiosques e refrescos - tudo misturado numa bela caldeirada de vantagens para quem está no poder e não só. É disso que se trata. Venha de lá essa sindicância, a investigação levada a cabo por instâncias judiciais. O que é realmente impressionante é ter havido tanto silêncio durante tanto tempo. Alguém colocou uma tampa firme sobre a panela. Pelos vistos há limites para a pressão que se aguenta. Quero lá saber de timings e calendários eleitorais. Está a acontecer agora? Ainda bem. Portugal e Lisboa merecem melhor.

publicado às 14:38

Homens à beira de um ataque de nervos

por Manuel Sousa Dias, em 19.03.15

Após a decisão do colectivo de juízes sobre o prisioneiro 44 com base nos fortes indícios de culpabilidade do ex-PM, estranha-se a total ausência de reacções por parte de responsáveis do PS, por parte de ex-ministros do seu governo, de pessoas que trabalharam com ele ou de outros com responsabilidades políticas. Não há um. UM!

 

Sei lá, uma a manifestação de vontade de que seja feita justiça, um reafirmar do "à politica o que é da política patata patati..." sem quaisquer ambiguidades, a defesa da honra de um governo, ou de um partido, ou de alguém que não quer que pairem sombras sobre a sua respeitabilidade. Zero.

 

Compreende-se o choque do PS, perante o apertar do cerco a José Sócrates, não se compreende a apoplexia, a ausência de damage control ou o assobiar para o alto.

 

O PS não há meio de descolar do PSD mas parece-me que a continuar com a cabeça enfiada na areia vai finalmente descolar... no sentido descendente... em prol dos auto-proclamados irmãos do Syrisa, claro.

publicado às 16:03

Portugal VIP

por John Wolf, em 19.03.15

VIP.jpg

 

Portugal é um imenso mar de listas VIP. A expressão Very Important Person é apenas uma outra forma de tráfico de influências, corrupção, se quiserem. Em todos os sectores da sociedade portuguesa existe uma lista VIP. Nas artes e letras, na moda Lisboa e arredores, na banca, na academia e porventura na Autoridade Tributária. E o problema que aflige a nação é que a grande maioria dos seus cidadãos deseja fazer parte da guest list. O mérito que está associado ao VIP vai, deste modo, directamente da sarjeta para o esgoto. Em quase todas as instituições que povoam este país, as práticas são ditadas pelo estabelecimento de um aparelho forte - um conjunto de insiders aprovados em sede de troca de favores e privilégios. Os VIPs tornam-se assim associados importantes para os quadros de poder vigentes. E é isto que está em causa na revisão comportamental a que o país está obrigado. Mas encaramos um grande problema. Ser VIP é fashion. É outro modo de dizer ao compatriota que se é melhor, que se tem um contacto privilegiado. É outra maneira de dar ares de estatuto social, de dinheiro, de património. É ainda um modo de dissimular a profunda ignorância que vinca as faces daqueles que não se interessam pela intelectualidade ou pela cultura, cujos pais honrados até nem sabiam ler nem escrever. Esta síndrome de Vipismo contamina o país há décadas, senão séculos. O macróbio de Castelo Branco, encarcerado em Évora, pode, se desejarmos, corporizar a expressão máxima desse mal. É um VIP ao quadrado, bestial.

publicado às 09:21

Segurança Social e carreira política

por John Wolf, em 05.03.15

10-dicas-para-concurso

 

CONCURSO DE ADMISSÃO À CARREIRA POLÍTICA

 

Informa-se que está aberto o concurso de admissão à carreira política.

 

Requisitos dos candidatos:

  •  Licenciatura em Estudos Superiores de Política e Ética (classificação mínima de 14 valores).
  •  Cidadania portuguesa.
  •  Ser maior de idade.
  •  Estar filiado num partido político ou ser um cidadão independente.
  •  Não ter cadastro criminal.
  •  Não ter dívidas fiscais.
  •  Não ter dívidas à Segurança Social.
  •  Apresentar todas as declarações de rendimentos.
  •  Não receber dotações financeiras ocultas para o desenvolvimento de campanhas políticas e afins.
  •  Não dar ou receber prendas a/de amigos que emprestem habitação em capitais europeias.
  •  Prescindir de actividade profissional desenvolvida no sector privado.
  •  Proibição de retornar à anterior actividade profissional.
  •  Não ter familiares que possam beneficiar do cargo público ocupado.
  •  Não comunicar a partir de celas de prisão.
  •  Ter o boletim de vacinas em dia.
  •  Não sofrer de alcoolismo.
  •  Não padecer de anomalias psíquicas. 
  •  Não ser toxicodependente.
  •  Não ser traficante de influências.
  •  Capacidade de estruturar ideias.
  •  Aprovação em exame de aptidão cultural.
  •  Aprovação em exame de língua portuguesa (escrito e oral).
  • Obrigatoriedade de se apresentar no local de trabalho no horário legalmente estabelecido.
  • Obrigatoriedade de renunciar ao cargo ao mínimo indício de prevaricação legal, criminal, substantiva ou formal (decorrentes ou não do cargo público ocupado).
  • Obrigatoriedade de não ocupar posições de relevo em organismos internacionais que condicionem decisões políticas nacionais.

 

Tenho a certeza que teremos milhares de candidatos que preenchem os requisitos enunciados. O futuro de Portugal está garantido.

 

 

publicado às 08:35

Sócrates e a "meia-culpa" dos socialistas

por John Wolf, em 09.02.15

antonio-costa-e-jose-socrates2077b694_400x225

 

O Partido Socialista parece começar a entender as implicações da porcaria deixada pelo camarada Sócrates. Os socialistas têm dois caminhos à escolha: ou sim ou sopas. Se continuarem ao lado do recluso número 44, correm o risco (já correram, porventura) de contaminar os altos princípios e valores que norteiam a sua casa. Por outras palavras, os socialistas já devem saber que há muito pouco que podem fazer para safar o amigo. Neste intervalo, durante o qual as visitas a Évora foram mais que as mães, as investigações avançaram ainda mais, e todas as balelas de Soares sobre a inexistência de provas já não servem, se é que alguma vez serviram, para alguma coisa. Por esta ordem de ideias vai imperar a máxima: se não os podes vencer junta-te a eles. Os socialistas temem que o diabo vá tecê-las mesmo em cima de calendário eleitoral. Não seria muito simpático para António Costa ter de lidar com o proferir de sentença de Sócrates à boca das urnas. O secretário-geral, e candidato a candidato a primeiro-ministro, já tem problemas suficientes causados pelo conservador de soberanias europeias chamado Tsipras. No entanto, há algo de bizarro no entusiasmo da proposta legislativa. Confiscar os bens dos políticos significa exactamente o quê? Que a licença para o exercício da actividade política se mantém intacta mesmo após a determinação de ilícitos? Ah! Já percebi. É a ideologia, estúpido. Por serem socialistas acreditam na reintegração de delinquentes na sociedade, na tal ideia de justiça e solidariedade para como aqueles caídos em infâmia, perdão, desgraça. Como podem ver, não arrastei os bloquistas para estas arrelias. E há uma razão para tal, que se consubstancia na folha limpa daquele partido. Por mais que não alinhemos com as infantilidades de Catarina Martins e seus colegas, a verdade é que (por enquanto) nada há apontar na folha de cálculo de corrupção que eventualmente lhes diz respeito. Mas voltando aos socialistas, não sei se esta meia-mea culpa basta. Eles sabem que, possivelmente dentro do seu regime, da sua organização, há muito material de político alheio que pode vir a ser confiscado assim sem mais nem menos. É o que dá ter telhados de vidro pagos por um Santos Silva ou um sucedâneo qualquer.

publicado às 09:23

O futuro de Sócrates

por Manuel Sousa Dias, em 17.12.14

Sócrates não acreditou na sua prisão, porque “eles” não tinham coragem para enjaular o animal feroz. Mas tiveram. Então qual tem sido a estratégia (se é que há estratégia) de defesa? Desacreditar a justiça, desacreditar os juízes e desacreditar a investigação. Martelar a ideia de que a prisão é ilegal e de que a defesa desconhece os factos que levam à detenção. Marcar presença diária na comunicação social. Dar entrevistas. Polarizar a opinião publica. Fale-se bem de Sócrates, fale-se mal de Sócrates mas fale-se de Sócrates.

 

A estratégia de defesa produzirá resultados? A agressão à justiça é decerto má aposta para a defesa, numa altura em que parece que ela finalmente funciona e, já agora, com aparente mão pesada nestas meias tintas entre politica, negócios e todos os esquemas in-between. É também um contra-senso o animal feroz em cativeiro disparar em todas as direcções ao mesmo tempo que a defesa advoga a benignidade para a investigação do animal feroz em liberdade. E a opinião publica? Essa, perante a vida faustosa e, sobretudo, o interminável rol de confusões de Sócrates, família e amigos, certamente quer que finalmente seja feita justiça sobre um “poderoso” que, de uma forma ou outra, tem sido habilmente escorregadio em relação à barra dos tribunais.

 

E quanto ao PS? O PS é, no que toca a Sócrates, um submarino com um rombo a deixar entrar água. E o que se faz nesta situação? Isola-se hermeticamente a área inundada. Costa seguiu friamente o procedimento e fechou a escotilha, apesar de no outro lado ter deixado Sócrates, já com falta de ar e a tentar desesperadamente tapar com os dedos o enorme rombo no casco. Enfim, casualties of war, à política o que é da política e à justiça o que é da justiça. Então por altura do Natal, já com os estragos no casco minorados e a máquina estabilizada, Costa, porque assim tem de ser, lá fará a sua viagem a Évora, deixando no ar uma bem medida ambiguidade entre a solidariedade politica e a caridadezinha natalícia.

publicado às 01:13

A odisseia de Ulisses, Sócrates...

por John Wolf, em 02.12.14

Odysseus-2

 

Duarte Lima, José Sócrates e Ulisses provavelmente têm mais em comum do que julgam. Mas há mais, muitos mais, que padecem da mesma doença do enriquecimento. A ideia de que é possível encontrar um atalho financeiro, um modo de meter dinheiro ao bolso de um modo pouco convencional, e em grande parte dos casos, de forma ilegal, criminosa. Na análise do perfil psicológico de sujeitos com esta inclinação, devemos levar em conta alguns traços dominantes. A noção de que se pode subalternizar o concidadão, inferiorizá-lo através de fintas e esquemas de decepção. É com isso que lidamos de um ponto de vista estrutural, e que infelizmente podemos observar a montante e a jusante na cadeia alimentar da sociedade portuguesa. Mas o caçador furtivo acaba por se tornar a presa das suas próprias armadilhas. É nessa fase de desenvolvimento que Portugal se encontra - morde a sua cauda. As detenções e condenações devem fazer parte da normalidade ética do país. Apenas desse modo se pode cumprir um dos desígnios fundamentais da democracia - o funcionamento eficaz do sistema de justiça. Bem sei que Portugal é um país de paixões - daqueles que se encontram ao lado dos justos e dos outros que se alinham com os prevaricadores. Cada um é livre de fazer as escolhas que entender, mas em última instância porá em causa a sua liberdade e contribuirá para arrastar ao fundo o seu país. Não se dormem em casas alheias, mesmo aquelas que se encontrem em Paris. A casa de Évora tem dono - pertence aos portugueses.

publicado às 09:28






Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2016
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2015
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2014
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2013
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2012
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2011
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2010
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2009
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2008
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D
  222. 2007
  223. J
  224. F
  225. M
  226. A
  227. M
  228. J
  229. J
  230. A
  231. S
  232. O
  233. N
  234. D

Links

Estados protegidos

  •  
  • Estados amigos

  •  
  • Estados soberanos

  •  
  • Estados soberanos de outras línguas

  •  
  • Monarquia

  •  
  • Monarquia em outras línguas

  •  
  • Think tanks e organizações nacionais

  •  
  • Think tanks e organizações estrangeiros

  •  
  • Informação nacional

  •  
  • Informação internacional

  •  
  • Revistas