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Tendo estudado muito brevemente a aplicação de alguns modelos da teoria dos jogos à política e relações internacionais, fiquei agora a conhecer esta aplicação realmente inovadora (nota: paquera significa cortejo):
Teoria dos jogos explica por que paqueras são demoradas
Fêmeas usam o tempo para isolar os machos 'ruins', já que os 'bons' se dispõem a esperar, diz estudo
(imagem picada daqui)
SÃO PAULO - Cientistas criaram um modelo matemático do jogo de acasalamento que ajuda a explicar por que o cortejo é, frequentemente, um processo demorado. O estudo, de pesquisadores do University College London (UCL), Universidade de Warwick e da London School of Economics and Political Science (LSE) mostra que uma paquera prolongada permite que o macho mostre sua adequação à fêmea, que a fêmea discrimine os machos inadequados.
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A pesquisa, publicada na revista especializada Journal of Theoretical Biology, usa teoria dos jogos para analisar como machos e fêmeas se comportam estrategicamente no jogo do acasalamento. O modelo matemático considera um macho e uma fêmea em um encontro de cortejo, e o jogo termina quando um dos dois desiste ou a fêmea aceita acasalar. O modelo pressupõe que o macho é "bom" ou "ruim", do ponto de vista da fêmea, e que ela está interessada em aceitar o "bom" e rejeitar o "ruim". Já o macho ganha pontos se conseguir acasalar com qualquer fêmea, mas recebe mais se for "bom".
O estudo buscou comportamentos de equilíbrio estável, no qual as fêmeas se o melhor possível contra o comportamento masculino e os machos, o melhor possível contra o comportamento feminino. Ele mostrou que uma paquera demorada pode acontecer, com um macho "bom" dispondo-se a fazer a corte por um período mais prolongado que um macho "ruim", e com a fêmea adiando o acasalamento.
Desse modo, a duração da paquera dá à fêmea informação sobre a qualidade do macho e, ao adiar o acasalamento, ela ganha a oportunidade de obter e usar essa informação.
O matemático Robert Seymour, do UCL, diz que "ao adiar o acasalamento, a fêmea é capaz de reduzir o risco de ficar com um macho ruim". Ela lembra que, na espécie humana, o cortejo pode envolver um grande número de jantares, ida a espetáculos e outros programas, que pode durar meses ou anos.
"Um dos parceiros, frequentemente o macho, arca com a maior parte do custo financeiro, mas ambos pagam um custo em tempo, que poderia estar sendo usado de forma mais produtiva", explica. Por que as pessoas, e outros animais, não aceleram as coisas? A resposta parece ser o fato de que o cortejo longo ajuda a fêmea a obter informação sobre o macho".
O professor Peter Sozou, outro participante do estudo, diz que a solução encontrada pela fêmea é um "ajuste" entre o risco de acasalar com um macho "ruim" e o custo do tempo perdido durante o cortejo. "O problema estratégico da fêmea é como discriminar e isolar os machos ruins", afirma.