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A Esquerda é a melhor amiga dos bancos

por John Wolf, em 05.11.15

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Nunca o mercado de trabalho esteve tão agitado. De um lado temos quem procure emprego a todo o custo. Pelo menos três candidatos não passaram na primeira fase de selecção e agora insurgem-se contra o examinador, mas não declaram que queiram repetir a prova - não vale a pena, não estão preparados. Esses discentes tentam agora, em conluio, ser seleccionados. Juntos dizem ser capazes de responder às perguntas do teste. Foram às entrevistas preliminares e agora vão montar um arraial na sala de aula. Juntos passam, dizem eles. Juntos têm a inteligência necessária. Somados são um Q.I. impressionante. Mas isso não chega e nem se entendem a rabiscar umas cábulas. E fica provado que os dotes e as faculdades matemáticas não são suficientes para se ser intelectualmente honesto. O governo de coligação sabe que não pode prometer o que o Partido Socialista e os seus amigos de Alex andam a jurar a pés juntos. A pergunta que deve ser colocada aos Portugueses: preferem a realidade dura e crua da necessidade de continuar a fazer um esforço em nome da salvação nacional, ou preferem um (des)conto de fadas polvilhado com fantasias de carteira recheada? Parece-me a mim que a época da fé cega acabou. O sacrifício dos cidadãos deste país não deve ser desbaratado. Se analisarmos com atenção as implicações monetárias do sonho da liga de Esquerda, facilmente chegamos à conclusão que quem tem mais a lucrar com a "ficção monetária" são os bancos, as mesmas instituições financeiras que estão na génese do descalabro económico e financeiro da Europa dos nossos tempos. As mãos largas dos socialistas e das suas filiais significa que será no mercado aberto dos "empréstimos a prazo" que se irão financiar para dar a volta ao texto e ganhar a simpatia dos portugueses. Não há nada de ideológico nesta conta de merceeiro. Se a casa não tem dinheiro em caixa, terá, indubitavelmente, de pedir a quem tenha. As taxas de juro, que têm sido ignoradas durante este período de "nem há acordo nem a gente almoça", voltarão à carga negativa da sua expressão assim que o golpe palaciano for levado a cabo por António Costa e os seus novos camaradas. Quando isso acontecer quero ver como justificam a sua tese moral, a sua matriz de partido que entende os anseios da população. Nada disto pode ser convertido em fichas de interrupção voluntária da gravidez e outros fait-diver fora de época. Temo por Portugal. O esforço hercúleo corre o risco de se esvair por uma albufeira qualquer.

publicado às 19:39

Ministério do Tribunal Constitucional

por John Wolf, em 05.06.14

Já vimos este filme não sei quantas vezes. O governo decide cortes e o Tribunal Constitucional (TC) desfaz em cacos as suas intenções. Este tira-teimas serve diversos objectivos. Transfere o ónus da responsabilidade governativa para o TC, demonstra a antiguidade da lei fundamental e faz com que a Troika exija medidas adicionais que compensem o impacto negativo da decisão do tribunal. Eu proponho que se defina um modo de proceder diferente. O TC deveria colocar em marcha um rastreio exaustivo à Constituição da República Portuguesa (CRP) e demonstrar num mapa colorido as zonas jurídicas onde o governo pode actuar sem ferir o que quer que seja. Para completar o quadro, e através dos serviços diplomáticos do ministério dos negócios estrangeiros (parece-me o mais indicado para o efeito), o governo deveria nomear um embaixador no TC. Poderia levar para essa residência uma mala diplomática vazia e trazer na volta uma mão cheia de pareceres favoráveis. Não sei qual a distância entre São Bento e o Palácio Ratton, mas escusávamos de assistir a este pingue-pongue que apenas adia o inadiável. Deixemo-nos de falsas considerações: o TC é (ou passou a ser) um orgão político envolvido na gestão dos assuntos do Estado e no governo da nação. Aliás, se formos realmente exigentes na nossa análise, diríamos que os autores da CRP de 1976 (nas suas diversas versões) plantaram no seu âmago mecanismos expressivamente políticos que agora saltam à vista. Não devemos esquecer que foi ao abrigo da CRP, que, direitos, deveres e garantias económico-sociais dos indivíduos foram salvaguardados, mas convém admitir, sem reservas, que foi também sob a sua alçada que o país conheceu os maiores desvios aos alegados ideais de justiça económica e social. Foi a mesmíssima CRP que autorizou desvios à norma ética e desequilíbrios, que emprestou a ilusão de um Estado-social sustentável. Assistimos deste modo, e porventura, ao esgotar do âmbito de utilidade da CRP na sua presente forma. Aconteça o que acontecer nos próximos tempos legislativos, Portugal está obrigado a uma profunda revisão constitucional. O software constitucional precisa de um upgrade e de uma limpeza por forma a ser eficiente, no quadro de um país profundamente alterado pelas circunstâncias intensamente adversas. Os males, embora não venham a bem, deveriam ser aproveitados para arrumar a casa.

publicado às 09:27

Taxa constitucional

por John Wolf, em 03.06.14
Cada vez que o governo realiza cortes, o tribunal constitucional diz não e obriga a uma nova subida de impostos. Uma nova designação tributária deveria então ser promulgada: taxa constitucional.

publicado às 20:25

Quero viver num buraco

por John Wolf, em 14.10.13

Não tenho a certeza se este é o momento certo ou errado para colocar a hipótese em cima da mesa. Mas não resisti a arrastar para este espaço um conceito que começa a ganhar forma no país da inovação e dos sonhos - na terra do Uncle Sam. Os cortes nas pensões e outras tarifas contributivas que agora assolam Portugal, não correspondem aos desígnios traçados na seguinte proposta, por não serem opções voluntárias. Foram governos que decidiram o rumo a seguir, a bem ou a mal. O que eu trago a lume é algo distinto na sua acepção filosófica. Refiro-me aos "pobres intencionais" que começam a brotar em diferentes nichos do império americano que se encontra em inegável queda económica e social. Viver num buraco passou a ser um estilo de vida muito diferente daquele a que estamos habituados. Não há nada de degradante nesta forma de vida - segundo os próprios. Aliás, para os praticantes, significa viver com mais qualidade e liberdade do que ser escravo da próxima prestação da casa. O que está a acontecer, e que está bem patente nestes exemplos, relaciona-se com a tomada de consciência de que a precariedade material pode ser considerada uma vantagem. Em vez de adicionar encargos, estes cidadãos prescindem dos confortos da vida moderna, e realizam uma viagem profundamente filosófica - imaterial, mas terrena. Sei que o actual ambiente de grande consternação social mexe com a sensibilidade de tanta gente caída por terra, mas isto constitui um indício de uma nova ordem civilizacional alicerçada num conceito de realização e felicidade que colide com a extravagância esbanjadora dos nossos tempos. Aqui não se trata do cliché de "amor e uma cabana", a visão romantizada em ficção, a poesia conveniente plantada por um certo imaginário idílico. Nestes casos lida-se com a crueza elementar da natureza e o grau de suficiência que deve pautar as nossas vidas. Viver com pouco mais de três mil e quinhentos euros por ano parece ser um duro teste de sobrevivência - quando esta situação não resulta de uma escolha livre e idealista. Certamente que em Portugal existem centenas de milhar de cidadãos que vivem com esse rendimento anual, enquanto outros nem por isso. E é aqui que reside a injustiça - o confronto entre a filosofia de uns e as contas da electricidade de outros. No final da história, e apesar das palavras, ficaremos todos às escuras.

publicado às 22:17

Ministério da estupidez

por John Wolf, em 29.05.13

Um ministério de Educação que pensa deste modo, não está a pensar. Está a proceder em sentido inverso, a contribuir para estupidificação do país. Desde quando é que a quantidade deve ser um critério para decidir a continuidade ou não de um curso superior? A regra - por razão da maioria-,  não pode servir de fundamento para o fecho de estabelecimentos de ensino superior. Passo a citar: "Despacho enviado aos reitores proíbe abertura de novas vagas em cursos com menos de dez alunos inscritos. Há 171 nesta situação, a grande maioria nos politécnicos." Ou seja, os génios que nascem em Portugal serão esterilizados  porque serão um fardo para a sociedade. Meus senhores, isto é gravíssimo. De um modo sub-reptício, é um modo de encarneirar as mentes pensantes, colocá-las num mesmo rebanho de mediania, mais fácil de controlar, quando deveriam ser elevadas ao seu mais alto grau de potência. Esta decisão expulsa do nosso espectro emocional e intelectual, génios como Einstein, Feynman ou Egas Moniz. O governo, e o seu apêndice, responsável pelos destinos da Educação neste país, procedem a um intervenção cirúrgica. Uma lobotomia administrativa que irá comprometer a capacidade presente e futura de Portugal. O país compromete a sua capacidade de pautar a sua condição pela excepcionalidade, pela excelência. Esta declaração anti-académica constitui uma agressão que está em sintonia com o magnífico conceito de despejo nacional, a emigração económica do país, mas isto vai mais longe. Esta barbaridade envia para o desterro aqueles que sonham em marcar a diferença pela invulgaridade da sua área de estudo - de pesquisa ao serviço de todos nós, menos inteligentes e menos dotados. O renascimento de Portugal, como de qualquer outro país, passa pela salvaguarda do seu manancial académico e cultural. Os ciclos de expansão económica são sempre precedidos pela ruptura tecnológica, e essa alteração do quadro operativo depende da capacidade criativa de indivíduos que ocupam espaços de pensamento que os outros não são capazes de identificar. Ainda por cima, têm o desplante de chamar a esta operação de; racionalização da oferta no ensino superior. Quando é tudo menos isso.

 

publicado às 09:49

Está na hora de começar a cortar...

por Pedro Quartin Graça, em 17.02.13

...porque a sementeira, essa, faz parte do passado..

publicado às 13:26

Obrigadinho, ó Gaspar!

por Pedro Quartin Graça, em 19.11.12

publicado às 11:16

Veja aqui o tamanho do roubo

por Pedro Quartin Graça, em 19.11.12

 

Veja aqui, se necessário, uma versão ampliada.

publicado às 11:12

«O reitor alerta para o perigo futuro que representa a "incapacidade de recrutar novos professores", indicando que a média de idade dos docentes na UTL é de cerca de 50 anos.

Isso significa que, além de crescer o fosso etário entre alunos e professores, quando esta geração se reformar não haverá quem a substituta.

"É terrível", lamentou o reitor, frisando que não se "passa escola", ou seja, não há hipótese de "formar os novos docentes com os mais antigos" porque com as universidades manietadas com a falta de dinheiro, "não há oportunidades para a gente mais nova" e, além disso, "os melhores saem para o estrangeiro".»

publicado às 19:31






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