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Apenas para relembrar certos tema-bandeira que serviram para tantos lançamentos políticos. Ora bem, temos a OTA e o novo aeroporto inter-galáctico; tivemos o TGV e a viagem relâmpago a Madrid em 25 minutos; e agora, como pobre remediado, de solas gastas, lá aparece o super-ministro do Planeamento (planeamento do quê?) Pedro Marques a fazer gala do anúncio da compra de 22 comboios para a falida CP, que traduzido em linguagem de geringonça, - "no valor de 168,21 milhões de euros, considerando o ministro da tutela que este "é um marco histórico". Marco histórico de atrasos, de mordomias de sucessivos conselhos de administração incompetentes, de nomeações políticas para cargos de direcção, de composições prontas para a sucata, de linhas que não nos levam a parte alguma, de dinheiro deitado fora, e que, ainda por cima, nem sequer agitam as águas daquele chavão socialista de apeadeiro: o famoso "desenvolvimento do interior e a regionalização". A CP é a Lehman Brothers de Portugal - é tóxico e pouco recomendável. Não há volta a dar. O bilhete é de ida apenas. Para o descalabro total - socialismo sobre rodas.
São detalhes desta natureza que confirmam o nosso cepticismo. São pormenores destes que moem e causam dano ao conceito de sociedade que idealizamos - o aparelho não é amigo, a locomotiva pouco simpática. Eu sei que é Natal e que esta matéria cai que nem ginjas no bolo do pobre coitado, à porta do Natal dos hospitais, mas este dossiê não aterra no palácio Ratton, para de olhos chumbados, ser reprovado pelos excelentíssimos senhores juízes. Isto da roda não poder andar sobre rodas (sem aviso prévio) é um descarrilamento grosseiro. Um apeadeiro que ofende, insulta e discrimina na mesma passagem de pouco nível. Se tivessem pernas estes (não) utentes, seria para fugir a sete pés de tamanha atrocidade, do país, da vergonha que o magistério de um conselho de administração não tem. Vão dizer que não há orçamento, que a culpa é da crise, que foi a gorda alemã que estragou a estação de comboios, que a assinatura de linha é ilegível, mas a verdade é que a máquina, que supostamente puxa a carga, chocou de frente na dignidade humana, no respeito pelos valores que justificam que alguém se atire para a linha, porque o ar se está a tornar irrespirável.
Saio de casa e só quando me sento no metro reparo que me esqueci de trazer qualquer livro comigo - o que é raro e me deixa ligeiramente irritado. Chego ao comboio, e a CP ou alguém anda a distribuir livros gratuitamente. Muito bem, os meus parabéns seja lá a quem for que se tenha lembrado disto.
Que grandessíssima filha da putice!
...requisição civil, com o correspondente alarido mediático. Ou o governo anda distraído ou não puxando por essa carta, apenas espera apontar o dedo aos sabotadores do costume. Má política.
Perante a palhaçada da greve da CP, o Governo bem que podia aproveitar para capitalizar o descontentamento de milhões de portugueses: requisição civil já!