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Lamentavelmente, Portugal e tantas outras nações, encontram-se no momento errado da história do mundo. Há quem lhe chame sina, há quem lhe chame fado. Mas em todo o caso, não se trata de um assunto jocoso. Se quisermos dar-lhe um nome, esse terá de ser parente de tragédia. E não me refiro à Grécia. Inauguramos hoje, um pouco por todo o mundo, uma nova crise financeira com contornos mais graves do que a de 2008. Não se trata agora de uma crise subprime, mas provavelmente de uma crise resultante dos efeitos da terapêutica que foi prescrita ao longo dos últimos anos para a curar. O crash bolsista da China, e que rapidamente incendiou o resto das praças financeiras do mundo, relaciona-se com um conceito financeiro que comporta na sua essência grandes perigos. O quantitative easing, iniciado nos EUA e depois aplicado a outras divisas e regiões económicas, serviu para promover a ideia de ficção económica. A noção de que os banqueiros centrais poderiam substituir a verdadeira dinâmica das economias. Ora baixaram juros a níveis nunca antes visto, ora compraram títulos de tesouro para garantir o funcionamento de governos e Estados, ora aprovaram, sozinhos ou em conjunto, pacotes de salvamento de países. Por outras palavras, foram só facilidades financeiras inventadas com um estalar de dedos. As dificuldades, essas, poderiam ser resolvidas mais tarde - pensavam eles. Pois bem, esse "mais tarde" é agora, mas infelizmente não vem só. No seio da União Europeia, se não bastava a crise Grega, podemos agora juntar a desaceleração da economia chinesa, a ascensão imperial da Rússia, o acordo com o Irão, a clivagem entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul, a crise de migrantes e refugiados que galga as margens que separam a Europa desenvolvida da África e do Médio-Oriente, a ameaça crescente do Estado Islâmico, entre outros factores imponderáveis resultantes da combinação nefasta destes elementos. O perfect storm, a que muitos se referem, não trará bons ventos a Portugal. Veremos de que modo cínico e oportunista os detractores de Portugal se irão servir desta ementa de consequências nefastas para vaticinar de um modo pós-orácular - como se já soubessem, como se pudessem prever. Numa frase: this does not look good and Portugal´s not to blame.
Um belo artigo de Esther Mucznik, que nos revela um cartaz repulsivo afixado numa escola portuguesa e termina com um parágrafo certeiro sobre o convite da RTP a José Sócrates:
«Exagero? Talvez, mas é com este encolher de ombros, em nome do “contraditório” (?!), do “Estado de direito e democrático” ou citando de peito cheio a famosa frase “Não concordo com o que diz, mas defenderei até à morte o seu direito de o dizer” que se defende a contratação do engenheiro Sócrates pela televisão pública portuguesa, sem se perceber que o que está em causa não é “o que ele diz”, mas a total imoralidade quer do convite, quer da sua aceitação. O ex-chefe do Governo de Portugal que durante seis anos nos conduziu de vitória em vitória até à situação actual, que fugiu para França e das responsabilidades que nunca reconheceu, e cujo único comentário que exprimiu a propósito do Memorando – que ele próprio assinou – foi que as dívidas não são para pagar, esse homem não merece um espaço de autopromoção numa televisão que é paga com o dinheiro dos contribuintes. No momento difícil que o país atravessa, esta contratação é escarnecer dos portugueses. Se não se percebe que ela nada tem a ver com a liberdade de expressão, é porque não se entende nada nem de ética, nem de princípios, e muito menos de liberdade.»
"The New York Times" mostra Portugal como um país desolador
Um país em que 21% dos idosos vive na pobreza, em que dos 1,4 milhões de desempregados apenas 370 mil recebem apoios mensais do Estado, referem as legendas da fotogaleria do "The New York Times" sobre Portugal.
O site do "The New York Times" publicou uma fotogaleria acompanhada por números que dão conta do sério agravamento das condições de vida dos portugueses.
Retratos de sem abrigo, de idosos, de imigrantes pobres e de jovens de malas feitas para emigrar, das manifestações e dos confrontos em frente à Assembleia, ou de um cemitério e um edifício devoluto, surgem na fotogaleria intitulada "Portugal aprova mais um pacote de austeridade".
"Cerca de 21% dos idosos em Portugal vivem atualmente na pobreza (...) 1,4 milhões de desempregados (quase 16% da população), dos quais apenas 370 mil recebem apoios mensais do Estado (...) 735 mil edifícios devolutos" são alguns dos números que acompanham as 16 fotografias que retratam a deterioração da situação social deste país situado no extremo ocidental da Europa.
A tudo isto temos de dizer: Obrigado, Pedro Passos Coelho, por, para além de destruíres Portugal por dentro e a esperança de milhões de Portugueses no seu futuro, teres também conseguido destruír a nossa imagem lá fora. Há melhor cartão de visita de um País junto dos tais estrangeiros abonados, os que queres cá trazer como turistas? Quantas campanhas de imagem de Portugal no exterior é que esta simples reportagem fez ruír?
‘O Governo tem estado bastante bem nas respostas que tem encontrado para a crise financeira, que, de resto, não são respostas muito originais, são concertadas ao nível europeu, mas que têm funcionado bem em Portugal’.
Pedro Passos Coelho
É absolutamente incompreensível e altamente criticável, a não ser na perspectiva - escondida por Gaspar - da privatização a curto prazo da Caixa Geral de Depósitos - a criação de um novo banco na órbita do Estado. Custa assim tanto dar instruções à Caixa para ter funções de banco de fomento ou o Estado já não "mete prego nem estopa" na instituição?
Não está em Berlim, Roma ou Moscovo. Ergue-se na Baixa de Lourenço Marques e aqui se situava a Fazenda do Estado de Moçambique, numa época em que o funcionalismo público era apenas uma fracção daquilo que hoje temos
Sabendo-se que o grosso da despesa pública respeita a salários, pensões, serviços de saúde e ensino - o nosso Estado Social -, não se compreende onde é que a oposição sonha encontrar mais pano para cortar. A menos que os indignados, Sr. Cavaco incluído, queiram reduzir o funcionalismo público para aquele nível dos tempos do Império - um cômputo três vezes inferior numericamente, apesar da enorme extensão dos Estados Ultramarinos e respectivos e competentíssimos serviços públicos, crescimento da economia em mais de 5%/ano, etc., etc. -, pouco nos ocorre para irmos em auxílio do aflito ministro Vítor Gaspar.
Os sacrifícios serão melhor aceites e compreendidos, se existir uma plena explicação dos mesmos, cabendo ao governo a urgente e obrigatória divulgação em termos de "livro branco", de números que envolveram negócios, tramas jurídicas das já hoje reconhecidamente intocáveis PPP e claro está, as tais famosas mordomias do estilo "era só o que mais faltava passarmos a andar de Cíio!"
Imitem os órgãos do luso poder republicano, aqueles bem conhecidos e bons costumes das Monarquias nórdicas. Corte o governo no automobilismo militante, ajuramentado e gratuito. Corte nos cartões de crédito à conta dos ministérios e outros serviços do Estado. Acabe de vez com as ajudas de custo, aponte a dedo os pretensos reformados que recebem a sua pensão enquanto desempenham outras funções oficiais - o bem republicano e escandalosamente indecente caso Cavaco Silva, por exemplo -, ponha um ponto final nos subsídios de habitação alfacinha de gente de Lisboa eleita por Coimbra, Viseu ou Braga. Definitivamente corte as asinhas às já esquecidas viagens de luxo e à conta do Erário. Arrume de vez com o "chóferismo" a eito e outras manigâncias que são afinal, um perfeito resumo daquilo que o regime há muito é. Nada disto é muito significativo para o cercear da opressiva dívida pública que nos trouxe o humilhante regime de protectorado estrangeiro, mas sem medidas simbólicas - as tais "ninharias" de fazer encolher os ombros dos hierarcas - não existirá qualquer grau de confiança, tal como a inexistência de um altar e de paramentos num templo, significa uma fé estranha à comunidade.
Expliquem o porquê das dezenas de milhar de milhões que deram sumiço. Publiquem preto no branco os acordos celebrados com entidades portuguesas e estrangeiras, mostrem-nos os nomes e os respeitantes números da ruína. O país tem o direito e exige saber toda a verdade, não havendo mais espaço para abusivos confidencialismos de pestífero odor mafioso.
Sem isto, nada feito.
A oposição - incluindo aquela existente em Belém, dentro do caótico PSD e do estranhamente oportunista e desleal CDS - bem poderá grasnar o que bem entender para o preenchimento das fastidiosas novelas telejornaleiras, mas os números a exibir são facilmente compreensíveis por uma imensa maioria que no íntimo, não desconhece as escondidas causas deste desastre nacional. De qualquer forma, mais tarde ou mais cedo ficaremos todos cientes de uma boa parte da realidade.
Terá o governo a coragem para enfrentar a verdade e ao povo dizê-la sem punhos de renda? Duvidamos.
Apenas ao poder compete a escolha do caminho do bunório, evitando o previsível pancadório.
Com a devida vénia ao blog Wehavekaosinthegarden
Francisco Van Zeller, presidente do Conselho para a Promoção da Internacionalização (CPI) quando toca à diminuição dos direitos de quem trabalha e ao engordar dos lucros dos patrões (melhor dito, de uma parte deles porque, felizmente, a maioria não pensa assim) é sempre o primeiro a chegar-se à frente. Não é defeito, é mesmo feitio. Desde há anos que demonstra, de forma clara, o seu mais profundo desprezo por quem trabalha, não era agora que ía mudar. Pretende este senhor que o sector privado siga o exemplo do Estado quanto aos cortes de subsídios. E a ameça vem logo, de mansinho, quanto à alternativa que resta aos trabalhadores: o despedimento.
Oiçamo-lo: "É uma das possibilidades. As empresas, ao preferirem não despedir, podem cortar nos subsídios ou noutras regalias para evitar despedimentos".
Como não basta matar, há que ir mais longe e tirar o escalpe. Mesmo quando estas palavras traduzem a mais perfeita ignorância e violação da lei em vigor, nada parece deter este conjunto de dirigentes do patronato. Embalado pelo exemplo vindo de cima, o actual Presidente da CIP, António Saraiva, admite também a retenção dos subsídios de férias e de Natal no sector privado.
Mas como o bolo não estava completo sem a cereja no seu topo, nova, e inesperada(?) personagem se chega à frente. Eis que o mais alto magistrado da Nação, Doutor Cavaco Silva, vem agora afirmar que a eliminação dos subsídios de férias e Natal, nos próximos dois anos, para funcionários públicos e pensionistas, é uma “violação de um princípio básico de equidade fiscal”.
Numa primeira análise poder-se-ia pensar que a preocupação de Csvaco estava do lado dos pensionistas e idosos. Mas não. O que o Presidente da República veio, no fundo, dizer é que a sua aplicação só aos trabalhadores do Estado viola o principio da equidade fiscal. Ou seja, e por outras palavras, o que Cavaco pretende não é o fim da injusta medida mas, pelo contrário, a sua aplicação a todos.
Estamos conversados. Obrigado Senhor Presidente.
"Há vida para além da austeridade e a isso chama-se combater a subsídio-dependência, reformar sem medos e receios contra lóbis e protecionismos", afirmou Santos Pereira na conferência "O Estado e a Competitividade da Economia Portuguesa", organizada em Lisboa pela Antena 1 e pelo Jornal de Negócios.
Depois do corte da "gordura" que deixou os contribuintes sem sangue e mais secos que um bacalhau ao sol, agora a culpa tem outro nome. Mas, curiosamente, o Estado, esse, continua gordo como uma cavala no Verão...
Afirmações ousadas que cá estaremos para ver concretizadas.
Nos EUA ou na Europa, a realidade é a mesma.
Um excelente artigo, a não perder, por Axel Kaiser, "The Paradox of the Outraged", de onde destaco os seguintes parágrafos:
«The perception that something is fundamentally wrong in Western societies explains why Hessel has sold millions of copies of his brief and provocative pamphlet, triggering social movements in France and Spain. It also explains the emergence of Occupy Wall Street in the United States, a movement that officially declares itself to be inspired by the Spanish acampadas ("camper-protestors"). The galvanization effect of Hessel's pamphlet has reminded us that intellectuals and opinion leaders, as Karl Popper insisted, have to be particularly careful and responsible with the ideas they proliferate. One should never forget Isaiah Berlin's warning that "when ideas are neglected by those who ought to attend to them — that is to say, those who have been trained to think critically about ideas — they sometimes acquire an unchecked momentum and an irresistible power over multitudes of men that may grow too violent to be affected by rational criticism."[1] This is a lesson of the history of Marxism and National Socialism that we cannot forget.
Dangerously, Hessel has failed to recognize that he is endorsing the same attitude that ended up in Nazism and Communism: collectivism. Indeed, both National Socialism and socialism were derived from a rejection of the individualistic philosophy that laid the foundations of Western civilization.
(...)
The fiction that government can safeguard a common good that transcends the diverse and irreducibly complex world of individual interests necessarily entails the idea that it can also provide for our necessities. This fallacy is the origin of the fatal myth of the welfare state — an idea brought about by French rationalist liberalism. This kind of liberalism, as Friedrich von Hayek noted, saw no limits in the power of human reason to plan social life and the economy, becoming thus the predecessor of collectivist movements such as socialism and fascism.
No one understood the implications of this myth better than Frédéric Bastiat, a French intellectual who is barely known in his own country. Writing shortly after the constitution of 1848 was created, Bastiat argued that unlike the Americans, who did not expect anything but from themselves, the French had transferred the province of social construction on to the abstraction of government. It was the responsibility of the state to elevate society to a higher level of morality, happiness, and material well-being.
(...)
Bastiat' s words turned out to be prophetic. The myth of the welfare state spread from France and Germany to the rest of the Western world, leading to an explosion of welfare transfers and an equal explosion of the people's expectations with regard to their so-called social rights.
Self-reliance was progressively replaced by a mentality of rights with no duties. As a result, a gigantic disconnect arose between what people are willing to pay in taxes and what they expect in return in the form of government benefits. Because promising welfare is the easiest way to win elections, politicians kept expanding the size of government over the decades. And because the public would not have tolerated an honest increase in taxes to finance the new welfare programs, governments started borrowing the money necessary to finance them. Thus, governments became dangerously in debt. Then the financial crisis came, to a large extent caused by government actions: welfare programs to make true the progressive "homeownership-society" dream in the United States created the structural conditions. Government-sponsored entities like Fannie Mae and Freddie Mac, who bought and guaranteed around 50 percent of the total US mortgage market, offered the financial vehicle to transfer the wealth; and the Federal Reserve provided the easy money necessary to finance it. In addition, the US government was borrowing and spending money at an all-time record in order to finance its warfare/welfare policies.
In Europe the situation was not that different. The creation of a single currency, again a government decision that in many cases was not even submitted to popular scrutiny through a referendum, enabled countries like Greece, Portugal, and Spain to borrow money at very low interest. The market rightly assumed that if some of these countries defaulted, Germany and France would rescue them. This explains why private investors considered Greek bonds to be as good as German bonds. Using this unique opportunity, politicians in southern countries started an orgy of credit. Their purpose was to win more elections through the promise of more welfare policies. Meanwhile, the European Central Bank was keeping interest rates artificially low, inflating housing bubbles in Spain and Ireland. For a time everyone was happy: politicians were being reelected, the people were getting new government benefits every year, bankers were making tons of money, and industries were booming. It was all an illusion. When the bubble burst in the United States, it quickly became clear that Europe's economic and fiscal situation was also unsustainable.
Now it's time to pay for the party. Inevitably, this means a dramatic reduction in our standard of living. Because people do not understand that the source of the crisis was government, as Bastiat predicted, they now go on the streets demanding even more of what caused the problem in the first place: government. That is the paradox of the outraged.»
2. Alunos do Ensino Superior Privado pagam, no mínimo, 25 Euros por disciplina para emissão de certificado narrativo com o conteúdo programático de disciplina feita.
Para os asiáticos, o nome George Soros está num patamar de ódio situado bem acima daquele votado ao general Yamashita, à tripulação do bombardeiro Enola Gay e a um olvidável número de abusadores que não vêm ao caso. Para os malaios, tailandeses ou indonésios, Soros equivale a uma espécie de Pol Pot da finança, sendo considerado como um escroque da pior espécie e o mais perfeito exemplar do bandido internacional. Tenham muita ou pouca razão os seus detractores, da má fama Soros não se livra.
Soros "parece interessado" no problema das dívidas soberanas de alguns países europeus. É certo que não lhe passa pela cabeça perorar durante um micro-segundo, pela catastrófica situação das contas norte-americanas, essas que são bem capazes de arrastar países já deprimidos, os BRIC's e aqueles relativamente estáveis, para uma situação de caos que ameaçará a segurança colectiva.
Desde o seu anúncio, pareceu-nos que a adopção do Euro por Portugal, consistia num clamoroso erro que inevitavelmente seria pago da pior forma, aliás pelo sacrifício daquele simulacro de independência que formalmente ainda nos restava. Um erro financeiro, um desastre político, uma catástrofe económica.
O projecto federalista da Constituição, foi cabalmente rejeitado pela generalidade dos europeus que sem dúvida prefeririam eternizar o esquema da desaparecida CEE. Os referendos foram elucidativos e há ainda que ter atenção ao fervilhante fenómeno nacionalista no sudeste europeu, capaz de provocar eventos de consequências irremediáveis. George Soros vem em socorro de bem conhecidos circulos de Bruxelas e daquele espaço geográfico compreendido pelo Sena e o Oder.
Aqui está a unificação à força, tal como eles querem, mas por interposta voz. Por sinal, a menos credível e quase unanimemente detestada.
Uma notícia que poderá ser um alívio psicológico: Teixeira dos Santos diz não ter intenções de aconselhar o seu sucessor nas Finanças. Entretanto e tal como ontem dizíamos, o destino do Euro já é um tema para discussão e como se tornou costume, entrámos na fase da tentativa de apeasement dos "mercados". Dentro de algumas semanas, tudo poderá ser diferente, passando-se ao capítulo do "depende".
Noutro clima, a mesma miséria da plutocracia. Gente parva, quase imbecil.
Durante anos, açulou-se a ilusão do crédito ilimitado e barato que propiciou hollywoodescos parques automóveis, viagens a pagar em cinco anos, aparelhagens sonoras e home-cinema, dentes cintilantes a prestações, liftings e botox semestrais, casario fora de portas e outras alegrias de demonstração não se sabe bem de quê.
Decerto preocupado com a catastrófica situação financeira dos EUA, o Sr. Roubini está ansioso pelo fim do Euro e mal consegue disfarçar este desejo que vai alastrando além-Atlântico. Embora concordemos que esta moeda para os portugueses pouco mais tenha servido senão para auto-estradas de e para nenhures e o evitar maçadas na hora dos câmbios para viagens e pretensos luxos sem préstimo, torna-se cada vez mais nítida, a conjugação de esforços para a tentativa de uma destas possibilidades:
1- Politicamente, o rápido tornear do chumbo que as populações impuseram ao projecto federalista que decerto seria muito apetecível para os grandes centros financeiros. Nada nos garante que esta "opinião" do Sr. Roubini, não esteja em plena sintonia com os centros de decisão comunitários, isto é, com Berlim. Neste momento de desespero e ameaça de abandono da periferia por parte do centro europeu, medidas "extraordinárias" ditadas pela disfarçada chantagem, poderão reconduzir ao processo integrador, desta vez anunciado como "inevitável".
2- Em alternativa ao fracasso federalista acima mencionado, o regresso a um certo bilateralismo mitigado que provisoriamente beneficie os nossos aliados norte-americanos - aqui também existe a eternamente descurada vertente militar - e de forma indirecta, os seus ansiosos credores e associados chineses. Existem dólares a mais e sem uma sólida correspondência real ao seu valor.
Na minha estulta ignorância acerca de contas, nunca entendi a pressa da adesão ao Euro. Sabia-se bem qual era a verdadeira situação da economia portuguesa e o perigo que uma moeda forte representaria para o endividamento e completo liquidar do pouco que restava da produção nacional. Apesar do aceno com o regresso ao Escudo (?), no Reino Unido há quem pense de outra forma e já sugira outra solução que não poderá deixar de ser intermédia ou melhor ainda, um declarado desafio lançado aos alemães. Para nem sequer falarmos da talvez politicamente desejável re-adopção da moeda abandonada em 1910, o Real - que aliás ainda vigora em "contos" na mente de muitos -, desta vez sob tonalidade verde-amarela. Uma quimera? Talvez.