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Quando um curador de uma exposição não teve a felicidade de conhecer o autor, por vezes pode ser fatal. Sérgio Mah revela grande infantilidade na análise que faz da obra de um dos grandes Portugueses. Não estabelece a ligação clássica da obra, por exemplo, com Cartier-Bresson, e como não perguntou a quem poderia responder, não sabe que António Sena da Silva era um fã de Jacques Tati e Woody Allen. Não sabe qual a relação de António com a viatura italiana Isetta. E também não sabe que o António (e a sua mulher Leonor) sabiam apreciar as coisas simples da vida, como comer um prego pela manhã acompanhado por uma taça de tinto na tasca da esquina. O curador, na minha opinião, não fez o trabalho de casa adequado, e na selecção de fotografias, que tive a ocasião ver expostas, é nítida a sua intenção de "modernizar" o fotógrafo. Um fotógrafo do calibre de Sena da Silva é intemporal. Os jornalistas, que também não fizeram o que lhes competia, meteram os pés pelas mãos com o título do artigo - O Fotógrafo Indisciplinado. Sinto tudo isto como um péssimo serviço prestado à memória de um senhor que tive o privilégio de conhecer. Uma exposição, realizada e relatada deste modo, coloca fotografias nos murais, mas perde o homem que se encontrava por detrás da objectiva, do subjectivo...
* auto-retrato do autor