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Não sabia o que significava, mas a palavra agradara-lhe e decidira usá-la assim que tivesse oportunidade para tal. Naquela tarde iria com a prima Ana Maria e a sua mãe ao Scala, uma grande sala de cinema situada em plena Baixa, sítio esse onde as pessoas não apenas iam ver uma fita, como também para serem notadas. Por isso mesmo uma ida ao cinema era então algo que agora nos surge como um eco distante de um passado mais rebuscado onde algumas glórias da moda com algum imaginado requinte desfilaram.
Estavam então naqueles anos imediatos à guerra mundial e as duas miúdas, uma delas, a Mima, residente na capital e a outra, a Ana Maria, vinda do mato de Manjacaze onde o pai era administrador, apresentaram-se diante de Maria Pinto da Fonseca para uma rápida vistoria aos laçarotes antes de deixarem a casa e rumarem à Av. da República, naquela confluência com a Av. D. Luís I, sítio esse onde existiam os dois principais pontos de encontro da cidade. Um deles, o Café Continental, era vasto e vagamente apresentado numa espécie de Deco tardio, já um tanto ou quanto americanizado. Era ali que se concentravam os homens para a discussão da política - sim, em Lourenço Marques a discussão política também era coisa trivial -, as últimas notícias dos futebóis locais e metropolitanos e as intrigalhadas de uma sociedade relativamente exígua, embora o seu espaçamento territorial à primeira vista indiciasse o oposto. Praticamente quem era quem conhecia-se e em reflexo era normal um transeunte percorrer a Avenida meneando constantemente cabeça, saudando à esquerda e à direita ou tão só levando a mão ao chapéu nos dias de torreira. Era o Café Continental o centro das Laurentinas e dos pires de camarão tigre que acompanhavam cada rodada, o café fumegante ficava para fim, significava a estocada terminal na conversa. As Coca Colas serviam para mitigar o aborrecimento dos garotos impacientes pelas conversas ininteligíveis dos adultos que para ali infelizmente os arrastavam, começando ao fim de algum tempo a balançar as pernas como forma de silencioso protesto. Por vezes, um clac! relativamente audível fazia voltar algumas cabeças em direcção ao ruído e à face subitamente avermelhada do pirralho atrevido. Eram tempos em que isso se fazia em público e sem riscos de maior.
Mesmo diante do Continental existia outro recinto de comes e bebes, mas não era um Café que replicasse na concorrência o vasto espaço fronteiro, tratava-se de um salão de chá, algo que de imediato produzia na cabeça dos visitantes uma sensação de diferença e cerimonial. Ali se serviam chás, fumegantes torradas e toda a bolaria portuguesa, alguma dela tropicalizada e mais ao gosto local. Era o o Salão de Chá Scala, sobretudo querido pelas senhoras e pela filharada gulosa e melhor comportada. Olhava-se de soslaio ou descaradamente para as peças têxteis elaboradas pela modista Lauentina Borges ou tão só adquiridas numa das imensas lojas de trapos da cidade e exibidas na mesa vizinha, como infalivelmente se comentava a próxima chegada de uma vedeta metropolitana, trocavam-se umas tantas receitas ou a ida a uma exposição no Núcleo de Arte onde fulano ou sicrana iria mostrar o que sabia ou não sabia fazer.
Mesmo contígua ao salão de chá, existia e ainda existe fechada numa cápsula do tempo o grande cinema da Baixa, o magnífico Scala onde um dia, ainda garoto, vi actuar gente como Marcel Marceau e Gilbert Bécaud. A estes juntaram-se muitos outros cujos nomes fui esquecendo, desde os nacionais como a Florbela Queiroz, Simone ou o Duo Ouro Negro, até internacionais que aproveitavam a tournée na África do Sul para fazerem uma perninha na então bastante cosmopolita capital de Moçambique.
A prima Mima estava ansiosa, pois lera a palavra num daquelas romances para adultos, palavra essa muito sonora, estranha e enigmática que faria todo o sentido exibir como um troféu de caça grossa. A sua preguiça chegara para mantê-la longe da estante onde repousava o dicionário que rapidamente poderia esclarecê-la.
O filme ia correndo e o intervalo, com toda a injustiça nunca mais chegava. Terminada a primeira parte do filme que obrigava à mudança da bobine, as pessoas normalmente saíam e iam trocando impressões acerca da estória ou tão só aproveitavam a pausa para fumar, beber e comer qualquer coisa na sala de chá convenientemente bem próxima.
Finalmente, chegou o momento tão esperado e a Mima rapidamente se levantou, apontou o dedo à mãe e gritou:
- Levanta-te, mulher adúltera!
Dúzias de pares de olhos fuzilaram a estarrecida tia Maria.
Sou tetraneto de uma famosa mulher adúltera que após a condenação, ainda por cima turvava a vista de todos os tagarelas da boa moral então imperante, fumando placidamente o seu charuto nas grades da Cadeia da Relação do Porto. Era uma provocação e deu brado, estando o seu conhecido amante a uns passos, ou seja, a umas tantas jaulas de distância. Mostrando o seu desprezo pela ficção da escandalosa causa, o próprio Rei D. Pedro V os visitaria in loco, fazendo passar a mensagem da realidade a uma sociedade bastante conservadora e eivada de maniazinhas e preconceitos que bastamente praticava às escondidas. Há que dizê-lo, estouro de orgulho por esta brilhante e adúltera antepassada.
Nem sequer estava muito interessado em comentar algo que aparenta ser trivial e de vez em quando vem a público. Este estapafúrdio caso é um entre muito outros que para nosso embaraço colectivo, ainda sucedem com demasiada frequência.
Quem dos mais indignados já se sentou numa sala de audiências num tribunal que por cá é parte íntegra do Estado? Fi-lo diversas vezes, na sua maioria por mera curiosidade não apenas pelo decorrer das normalmente aborrecidíssimas sessões contínuas, como igualmente pelo rebuscado cerimonial das majestáticas entradas e saídas de um grupo de causídicos vestidos à maneira de D. Catarina de Áustria do quadro presente no Museu da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, mas sem aqueles galões e bordados dourados que António Moro tão bem pintou. Gosto de assistir a cerimónias solenes e quanto mais elaboradas, melhor. Dão sempre ideias para uma razoável pintura cerebral e afinal de contas, quanto mais imponentes e incompreensíveis, mais antigo é o Estado que as promove. Olhando num relance para as cerimónias deste estado de coisas, dir-se-ia ser Portugal o mais recente país do planeta.
Mesuras pontilhadas com apartes de nítido desprezo, fazem o pleno de alguns advogados mais experientes e com leitura de mundo. Outros limitam-se ao desfiar de pequenas ou grandes misérias, por vezes em monocórdicos textos sem grande preocupação de nitidez interpretativa e atrevo-me a dizê-lo, pejados com belos exemplares de outra imaginativa ortografia. Até nisto existe um certo interesse como espectáculo.
Estive uma única vez sentado diante de uma mesa de juízes, entre os quais se encontrava o J. R., velho conhecido de rambóias de outros tempos. Era então ouvido como uma das quarenta e tal testemunhas de um recorrente caso de usurpação de identidade com o paralelo aproveitamento de esbulho de bens de outrem, corriqueiras vigarices na passagem de cheques, enfim, o habitual neste esquema social vigente. Quando fui chamado, o J.R. fez um leve sorriso a que por mero decoro não respondi. O interrogante central era um conhecido insolente, arrogante, prepotente e iracundo exibicionista das barras de Lisboa, um tal Ricardo qualquer coisa que voltei muito mais tarde a rever numa entrevista televisiva com o seu característico lacinho, imagem tão de sua marca como a estrelinha do seu possível Benz ou quadrícula à guisa de brasão bávaro do BMW antracite de quatro portas. Como sou desde nascença e no mais puro sentido marxista-leninista-maoísta do termo um provocador militante, naquele dia tive a plena consciência de boa parte dos juízes obedecer à irmandade de um certo legalismo, resolvendo por isso mesmo colocar à lapela o émulo inverso daquele pin que o antigo primeiro-ministro Passos Coelho usou até à exaustão, ideia talvez por ele repescada dos documentários noticiosos Made in USA. Enfim, mais um fake entre tantos outros.
Falando comigo sem olhar para o meu focinho, o tal Sr. Dr. Ricardo não descolava os olhos da lapela, estava visivelmente incomodado e não tendo melhor ideia acerca do que fazer, resolveu caçoar do meu nome. Dei-lhe uma resposta de tal forma abrupta, seca e cheia de voluntárias e engraçadas indirectas que o pobre não teve meios para me acusar de desrespeito para com o tribunal. Evidentemente, por toda a sala ouvia-se uma melodia em pianíssimo de risos abafados, entre os quais, os do J.R. que no fim da fastidiosa sessão, veio dizer-me que ..."deves ter enlouquecido em meter-te com este tipo". Foi uma pena à época não existirem Iphones, pois de imediato colocaria a cena no youtube e no feicebuque.
- "Pois quem se meteu comigo foi ele e não lhe disse nada que não precisasse de escutar".
Passando ao que interessa, a imensa maioria dos Meritíssimos é digna de todos os louvores, nem que seja pela supina paciência que demonstram perante ocorrências minúsculas que contam com centos de páginas de todo o tipo de alegações. Imaginem-vos naquele ordálio de casos e casinhos, todos eles tratados de forma relativamente exaustiva como um trato de polé, por vezes os melhores deles eivados de aspectos sórdidos para uns, excitantes para outros. Todos, queiram ou não queiram, acabam sempre por espreitar pelo buraquinho da fechadura e bem vistos os factos, os tribunais são locais excelentemente privilegiados como peep-show da sociedade, ainda por cima gratuitos e cerimoniosos.
Pelos vistos, o Estado Islâmico está a estabelecer poderosos caboucos para a futura implementação da sharia em Portugal. O Meritíssimo tripeiro também alegadamente terá referido outras culturas que na actualidade aplicam as medidas que ele próprio, pegando em textos empoeirados, exibe como coisas naturais e evidentes. Mais curioso é verificarmos que os mais estridentes protestantes pelo insulto, são precisamente aqueles a quem parece normal, em nome da abertura do próprio espiritozinho, a futura ..."aceitação de ordenamentos jurídicos paralelos que convivam normalmente num Estado de Direito que olhe com condescendência para todos os importantes contributos que as sociedades modernas forçosamente terão de receber". É mesmo inevitável e daí à burka vai apenas um passo, trata-se mesmo uma questão de tempo.
Uma desgraça nunca vem só.
São sumamente divertidos os subterfúgios e "reconstruções da história" que os responsáveis por alguns sectores sempre arranjam para florear um dado acontecimento. Vem isto a propósito do centenário do Museu Nacional Grão-Vasco e das declarações hoje proferidas à RTP pelo seu diligente director.
Muito política e artisticamente foi dizendo que se trata de um museu da república, com um suspiro afirmando através de truque oratório, ser na sua prática totalidade constituído por bens flagrantemente roubados à igreja logo após a coisa de 1910, ou seja, algo a juntar-se aos milhares de livros antigos despedaçados, rasgados de norte a sul de Portugal e que serviram para embrulhar castanhas, enquanto outros ardiam em autos-da-fé em ruas, praças e vielas deste país. Claro que outros foram parar a colecções privadas e vão de vez em quando miraculosamente reaparecendo em leilões da especialidade para venda a bom preço.
Isto é transversal a todo o património, tal como o grotesco e ainda recente caso do ceptro fúnebre de D. Pedro IV, hoje no Palácio da Ajuda, é demonstrativo deste tipo de mazela nacional.
Roubados foram os conventos - numa antecipação daquilo que em 1975 aconteceria na Embaixada de Espanha, muitos houve que se locupletaram escandalosamente com o saque -, despedaçadas e atiradas às fornalhas foram para sempre perdidas incontáveis obras sacras em talha, ao mesmo tempo que eram em plena rua sovados padres, esfaceladas ficaram as suas vestes talares, publicamente rapados foram os seus crânios, tal como 25, 34 ou 35 anos depois se veriam em cenas de pré e pós guerra mundial.
Nada de novo, entre umas resmas de Mirós, este país é mesmo um antro de gente de cultura exemplar.
Nada surpreendente, esta súbita sincope diante da menina Mortágua, herdeira de excelsos pergaminhos consuetudinários, aqueles famosos folga e gaba-te que dão sustento a qualquer febre revolucionária, por muito duvidosa que esta a muitos possa parecer.
A direita portuguesa é sumamente tímida. Chamo-lhe tímida para não exagerar no desagradável. Ainda recordo um dia de eleições, por sinal o primeiro em que votei no já muito longínquo ano de 1979. Uma trapalhada qualquer nos cadernos eleitorais, implicando más contas e erros no descarregar dos mesmos, tinha ocasionado um momentâneo desnorte dos representantes dos partidos presentes naquela mesa estabelecida na reitoria de Lisboa. Garoto subalterno nos angariados pela AD, fui vendo a papelada e o caso foi prontamente resolvido. No fim do dia, contados os votos que não causaram surpresa à coligação vencedora, logo o chefe CDS, quiçá envergonhado pelo incómodo que as urnas causaram aos iracundos detentores da superioridade moral, prodigalizou as inevitáveis fosquinhas no lombo do senhor da FEPU - a então Frente Eleitoral Povo Unido, mãezinha daquela que seria a APU e avó da actual CDU de curiosas ressonâncias germânicas -, afiançando-lhe ..."aaaaaaaah, a vossa juventude é formidável, se a menina fulana de tal não tivesse estado atenta, ainda não era hoje que daqui sairíamos!" Como seria de esperar, a menina fulana de tal, era a filha do comissário enviado pelo Hotel Vitória. Imitando o progenitor, a espantada pioneira encafifou-se num sorrisinho envergonhado e aceitou a burguesa lisonja que de mim apenas mereceu o mais sonoro e ríspido comentário possível:
- Vocês não têm vergonha na cara.
Não têm, nunca a tiveram. Os familiares FEPU e o tremelicado CDS ouviram e não responderam, remetendo-se ao silêncio apenas interrompido pelo restolho da arrumação dos papéis. Bem sabiam que estes jogos de sombras, são coisa comum a todo o espectro político que saltita por aí em quermesse sem rifa ideológica de espécie alguma. À saída, nervosamente revirando a ponta do bigode, o senhor do CDS foi-se desculpando com o expectável ..."tenta compreender, não sejas assim, temos de ser uns para os outros". Fomos, de facto, uns para os outros. Nem sequer lhe respondi e a partir daquele momento, ignorámo-nos.
Isto serve para ilustrar o que se tem lido e escutado por toda a imprensa, enaltecendo os insípidos ditos jocosos da filial Mortágua parlamentar. Não parece ser muito difícil o tal exercício de aperto dos inquiridos, sabendo-se da buena dicha que todas estas questões, prodigamente servidas e requentadas ao longo de décadas, oferecem ao linguarejar de comissões parlamentares, escritos e mexericos jornalísticos e parlapatice televisiva. A Mortágua acha-se engraçada e logo a Meireles entra no mata e esfola, numa compita em que a deputada da direita surge em desvantagem, dado o pendor paternalista que acaricia sempre a área sua oponente. Ninharias alçadas a golpes de génio oratório, tornam-se num espectáculo que apenas nos certifica da miséria que grassa nos meios beneditinos. Qualquer arrufo, guincho ou piadinha que miraculosamente não envolva bola, chuteiras ou baliza, é coisa admirável, digno de memória futura.
Voltando ao assunto que interessa, o caso BES, apontado assalto interno a uma instituição que foi, gostemos ou não da evidência, o sustento de boa parte dos comensais do regime, fez diluir a fronteira entre o público e o estritamente privado, tornando-se num emaranhado de teias de interesses e de jogos de oportunidade de difícil destrinça. Assim, subitamente surgem irmanados na desgraça, uns valentes jogatões nos azares da plutocracia e uma imensidão de modestos acumuladores de magros pés de meia, todos eles confiantes de antemão, na costumeira garantia que o tesouro público tem significado neste tipo de aventuras. Quando ainda por cima surge a manifestação de total confiança proclamada - mas agora garantida como não dita - pela cabeça máxima da república, dir-se-ia estarmos numa espécie de nirvana securitário que encorajava toda e qualquer oportuna golpada possível de capitalizar. Apesar de todo o imbricado político-empresarial-financeiro em que caboucava a mais louca esperança de solidez, o BES era formalmente uma curnocópia privada que ninguém via como pertencendo à comunidade nacional, nãos e tratava de uma réplica do BdP. À boa maneira portuguesa, era o privado de todos, um Estado dentro e fora do Estado. Se os indícios se tornaram há muito tempo demasiadamente visíveis, muitos fingiam nada lobrigar, esperançados no sempiterno desenrasca nacional e no proverbial logo se vê! em manhã de nevoeiro. Um ínfimo exemplo? Quem passeasse pelas ruas de Lisboa e deparasse com cartazes Obra a obra, Lisboa melhora, terá alguma vez reparado nas instituições promotoras da demolição do que lá estava antes e daquilo que depois ali se ergueu, bastas vezes a expensas do património arquitectónico e do sempre discutível bom ou mau gosto, quando não da simples decência nos processos. Dir-se-ia que o tal solidíssimo grupo, era bafejado por demasiada sorte nos desafios urbanos. Dava cartas saídas da manga do urbanismo.
A queda do BES não causou estranheza alguma, talvez fatalmente ditada pelo fim dos cartapácios onde outrora se amontoavam papéis de títulos e poupanças aprazadas, resenhas de contas, saldos, teres e haveres, garantias e restante panóplia burocrática facilmente vítima de fortuitos autos da fé. Vazias as estantes dos dossiers de outros tempos, vivemos no tempo da circulação pelo éter, seja lá o que isso signifique para o nosso bem e tranquilidade futura.
Dir-se-ia ser a Dona Mortágua, a natural porta-voz connaisseuse destes milandos e timacas parlamentar-banqueiros, pois tem ADN privilegiado.
Facilmente perceberão porquê. Como diria o Soares, "riã de spêciál".
Demitido, despachado para a Vila de Pombal e sentado diante de inquiridores, eis o precedente mais conhecido, mas estranhamente olvidado por Moita Flores, Soares e tantos outros surpreendidos. Como parece evidente, dada a inesquecível dimensão do genial estadista agora em causa, o Processo do Marquês de Pombal não passa de uma nota marginal na nossa longa história.
Bem podem os distraídos visitar as Caldas e de lá trazerem uma recordação, Sugere-se a compra de um postal no Museu Malhoa.
Alerta geral. Uma colossal frota russa aproximou-se da costa portuguesa em modo stealth e de surpresa desembarcou um reduzido Corpo Expedicionário com o nome C.E. Marechal Pavel Karlovich von Rennenkampf, composto por 6 divisões de infantaria, tropas Spetsnaz, 50 baterias de sistemas de mísseis AA, 10 sistemas nucleares SS-27 Topol, 4 divisões de blindados pesados T-90, 70 sistemas de lançadores de foguetes Katyusha, 1500 peças de artilharia de varios calibres e múltiplas funções e 250 caças VSTOL. Foram acolhidos pelos autarcas CDU de Almada, Barreiro e Setúbal, acompanhados por uma deputação do PNR e pelos embaixadores do Irão, Coreia do Norte, China, Venezuela, Brasil, Bolívia, Cuba, Síria e pelo autoproclamado e exilado governo do IV Reich. As baterias Krupp da Fonte da Telha prontamente entregaram as instalações ao Corpo Expedicionário Marechal Pavel Karlovich von Rennenkampf, recebendo-o os visitantes com todas as honras correspondentes e tiros de salva.
Os pescadores da Costa de Caparica também deram as boas-vindas servindo refeições rápidas de chaputa e sardinha assada com pimentos verdes, copiosamente regadas com carrascão da zona de Palmela. Não há notícia de os russos terem deparado com qualquer turista fazendo ostensivo e ofensivo nudismo em termos pussy riot.
No fim do repasto, foi inaugurada uma grandiosa estátua equestre de Catarina II a Grande na rotunda da vila da Costa de Caparica. Ao contrário da de D. José I no Terreiro do Paço, este bronze é folheado a ouro.
As consequência da sua aposta em certa gente - influiria poderosamente no trabalho de sapa de uma parte da hierarquia em África -, conduziu milhões ao calvário da fome, miséria extrema e liquidação física. Santo? "Por amor da santa!"
...vive aqui. Espartaneidades no topo do novo cabeçudo da Avenida.
Rua das Pretas, Lisboa, 22 de Setembro de 2014, pelas 15.00H
António Costa diz a António José Seguro:
"Quero levar a experiência do que fiz em Lisboa e ampliá-la ao resto do País"
Acreditamos piamente nesta ameaça.
Há 115 anos, a "vereação republicana" da Câmara Municipal de Lisboa proclamou exactamente a mesmíssima coisa. Conhecemos o resultado: o prometido foi dolorosamente cumprido, com os resultados que todos conhecemos.
Aproveitando a época revivalista com uma paródia relapsa e contumaz, o Sr. Marinho e Pinto - é Marinho ou MÁrinho como a SIC insiste em dizer? - anuncia a fundação da sua coisa para o próximo dia do felizmente abolido coiso de Outubro. Para cúmulo, a coisa terá o mesmíssimo nome do coiso do Afonso Costa, ou seja, Partido Democrático Republicano. Está-se mesmo a ver a coisa.
Pelo formato do escudo nacional, este foi "um dos nossos"
Há mais de vinte anos, numa viagem a Bangkok, deparei com uma grande casa de tatuagens mesmo junto ao hotel onde me hospedei durante uns dias. A sala das picadas era uma never ending procession de turistas, sobressaindo os norte-americanos. Dali partiam com a pele cuidadosa e esmeradamente bordada com flores, stars and stripes ou os já então inevitáveis dragões orientais. O angariador que permanecia horas a fio à porta do estabelecimento, perseguia os farang - estrangeiros - com um caderno de desenhos à escolha. Bastas vezes comigo tentou a sua sorte e sempre ciente da negativa, um dia deu tudo por tudo e exclamou:
- "Fô iu Sâ, uí héb niu dizáin"
Curioso pela proposta, quis ver o novo projecto indelével. Consistia ele num código de barras a tatuar onde me aprouvesse e nele se incluiria o meu grupo sanguíneo.
Era uma boa ideia, mas recusei-a da forma mais polida e sem o aventar de qualquer preconceito. Ainda estávamos longe da moda do século XXI.
...mais um precioso contributo para as indignações de Pacheco Pereira, Lobo Xavier, Zé Carlos Vasconcelos, João Soares e outros bem instalados moraleireiros da nossa praça. Vá, aproveitem esta vergonhosa indecência e enviem um mail de protesto ao Departamento de Estado. No mínimo dos mínimos, façam uma moratória a possíveis férias em NYC.
I
1. Enxurradas de banalidades e muita pata no chinelo, eis os comentários dos "pivôs" televisivos durante toda a visita dos reis de Espanha. Ignorância crassa - datas históricas e relações familiares, formas de tratamento, total desconhecimento das personalidades que iam surgindo no decorrer das cerimónias - é a nota determinante de todas as reportagens protagonizadas pela nossa comunicação social, inevitavelmente acompanhada pelos remoques miserabilistas quanto a carros, protocolo e "gastos (g)astronómicos de uma Corte" que recebe um orçamento muito inferior àquele outorgado à grandiosa e merecedora presidência portuguesa. A propósito, em Espanha e ao contrário daquilo que temos em Portugal - a Corte de comendadores republicanos e três ex ainda à conta -, não existe Corte. Numa hora feliz, João Carlos I seguiu os conselhos da sua avó, a rainha Vitória Eugénia.
Em Belém, a bagunçada do costume, com gente em contínuo flanar diante das câmeras de tv, "entras e sais" dos salões e semblantes atarantados, puxões pelo braço de fulano e sicrano, jornalistas apinhados e em confusão com as personalidades do Estado e a rampa de acesso ao pátio de recepção atravancada com very expensive indeed sucata a prazo.
A mulher do Sr. Cavaco Silva a languçar detrás do reposteiro, foi talvez a melhor imagem daquilo que o cerimonial republicano é: zero.
2. Em Queluz, mostraram-nos algumas imagens da coisinha que a televisão anunciou ser um "espectáculo equestre" - onde? Não vi! - protagonizado por alguns cavaleiros que se passeavam pelas áleas do jardim do palácio. Compondo o quadro, a mesma barafunda de gente que se atropelava diante dos soberanos e do casal presidencial, atestando aquele flagrante contraste com tudo o que ainda há poucos dias vimos na proclamação de Filipe VI. Na bicha para os cumprimentos esteve o cada vez mais carcomido Balsemão, o tal amigo que aos seus moleques mediáticos permite todos os dislates no que respeita ao denegrir da Monarquia espanhola. A esposa - os pirosos assim chamam às respectivas mulheres - com nome de veículo alemão ao serviço do nosso regime, também lá foi. Curiosamente, ainda foi possível ver a filha presidencial, mas se o genro "do Pavilhão Atlântico"compareceu, isso foi um não-acontecimento que passou despercebido.
Para grande espanto de um galináceo que comentava em directo, D. Duarte e D. Isabel tiveram dos reis de Espanha um tratamento diferente, ..."com direito a beijinhos, pois a avó de D. Filipe era tia do Duque de Bragança". Era? Talvez dans ta tête, mas ficas à vontade para nos explicar, pequena. A menos que estivesses a referir-te ao lato conceito que nalguns meios se tem da palavra tia. De qualquer forma, erraste por pouco, pois talvez pretendesses dizer primos (através de D. Manuel I, Filipe IV, Luís XIV e XV, Leopoldo I, Maria Teresa de Áustria, Carlos IV e Luís Filipe I, entre muitos outros antepassados).
Sintomática é a insistência dos nossos jornalistas em chamar pel'...o Filipe e pel'...a Letícia, para logo depois puxarem a atenção à D O U T O R A (sobem os decibéis) Maria Cavaco Silva e ao facto de pela PRIMEIRA VEZ (sobem os decibéis) os espanhóis terem um monarca L I C E N C I A D O (sobem os decibéis) e COM ESTUDOS (sobem os decibéis). Incansavelmente repetiram licenciaturas e doutores uns quinhentos biliões de vezes, pois como se sabe, por regra todos os monarcas "foram ou ainda são" uns pobres cretinos e analfabetos. Mais abaixo (1) fica uma lista de alguns dos nossos reis licenciados e doutorados.
Salvou-se o comentário televisivo de Cesário Borga na TVI24, um profissional que não perdeu tempo com parvoíces e condescendentemente mostrou bem o que deve ser um jornalista.
Espantosa é a capacidade de estupidez demonstrada pelos alegados arautos da imprensa filmada, sempre muito insistentes quanto a gastos e luxos ..."quando tanta gente não tem nada para comer". Num país onde o vulgo não liga pevide aos escandalosos roubos, abusos, privilégios e mordomias da sua classe político-económico-financeira de pés de gesso, talvez fosse melhor o presidencial casal passar a receber os convidados estrangeiros numa barraquinha de cachorros quentes no Saldanha.
Falando em barraquinhas, também tivemos o prazer de rever o Sr. Sampaio e a alegada manequim Dª Maria José. Não sei se também é D O U T O R A, mas merece um beija-mão de cartoon.
3. Em S. Bento, foram os monarcas recebidos pela presidenta, impante no seu uniforme de domadora de caniches do Circo Chen.
Em resumo, esta gente é incapaz de organizar uma cerimónia de Estado com um mínimo de dignidade. Para este tipo de serviços, contactem os monárquicos e/ou os comunistas. Ambos são peritos na matéria.
II
Lista de alguns licenciados e doutorados monarcas de Portugal
Afonso I, licenciado pela Academia Militar
Afonso III, licenciado pela Academia Militar
Dinis I, doutorado em Filologia Românica da FLL e engenheiro agrónomo pelo Instituto Superior de Agronomia
Afonso IV, licenciado pela Academia Militar
Fernando I, engenheiro agrónomo e engenheiro naval
João I, licenciado pela Academia Militar
Duarte I, doutorado pela Faculdade de Letras de Lisboa
Afonso V, licenciado pela Academia Militar
João II, licenciado em Geografia, engenheiro naval, doutorado em Relações Internacionais pelo ISCSP, doutorado em Direito pela FDL e em História pela FLL
Manuel I, licenciado em Gestão pelo ISEG
João III, licenciado em Gestão pelo ISEG
Henrique I, doutorado em Teologia pela Universidade Católica de Lisboa
Filipe I, doutorado em Relações Internacionais pelo ISCSP, presidente honorário do Instituto Cervantes de Lisboa
João IV, licenciado em Relações Internacionais pelo ISCSP, licenciado em Música pelo Conservatório Nacional
Afonso VI, mestrado pela "Escola da Vida" em pedradas e pancadarias nocturnas na Rua Nova d'El Rei (diploma passado pela Lusófona) e doutorado honoris causa em "engenharia social" pela mesma universidade, com diploma passado num domingo às cinco da tarde, hora do chá promovido por S.M. a rainha de Inglaterra, a sua irmã Catarina.
João V, presidente das Academias de Ciências e História, licenciado em Gestão, licenciado em História, licenciado em arquitectura pela ESBAL
José I, licenciado em Gestão, licenciado em Música pelo Conservatório Nacional, licenciado em arquitectura pela ESBAL
João VI, licenciado em Relações Internacionais pelo ISCSP
Pedro V, doutorado pela FLL
Luís I, doutorado pela FLL e pelo Coservatório Nacional
Carlos I, engenheiro agrónomo, doutorado em biologia marinha pela Faculdade de Ciências e Tecnologia, licenciado em Pintura pela ESBAL, doutorado em Relações Internacionais pelo ISCSP
Manuel II, doutorado pela FLL
1. Cinco horas à chuva, ansiosamente esperando as vedetinhas que chegaram do outro lado do Atlântico. Uma eufórica multidão de brasileiros e de luso-descendentes, foi completa e sobranceiramente ignorada por Cronaldos e restantes broncos. Só visto.
Por quem é que esta gente se toma?
2. A bronca BES e respectiva famiglia, promete. A temível queda significa umas tantas desgraças a pagar por quem todos já adivinham, mas decerto também é portadora de algumas boas novas. O BES está na vereação da CML e este facto é por si elucidativo de tudo o que temos visto na capital portuguesa. Cerejinha em cima do bolo seria a saída de Costa da CML, consigo levando o primo do Sr. Salgado. A ver vamos se as ligações do candidato a líder do PS se limitam aos bons ofícios e desinteressadas amizades. A propósito, seria útil sabermos se o BES pende para Costa ou para Seguro.
* Também a propósito, o 1º ministro agiu correctamente em não avalizar as pretensões do competente e benemérito grupo de banqueiros.