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Aguiar Branco diz que as Forças Armadas "não podem consumir-se em matérias de natureza administrativa". Bem dito, dirão muitos. E eu, que percebo pouco da poda, tenderei a concordar com o ministro tripeiro. O busílis da questão prende-se apenas com um ponto, que, na verdade, não é nada despiciendo: a desarticulação das Forças Armadas, que não começou hoje, note-se, vem-se desenvolvendo há já alguns anos, com a conivência silente dos militares que, agora, estranha e despudoramente, contestam e frequentam alegres repastos para verberar as Grandes Opções do Conceito Estratégico de Defesa Nacional. Onde estiveram os militares, agora contestários, aquando das tomadas de posição por banda dos sucessivos Governos de turno, que, na prática, desvertebraram as Forças Armadas? Pois é. É que, hoje, perantes os múltiplos desafios com os quais estamos confrontados, a saber, 1) manutenção ou não de Portugal no euro, 2) instabilidade social, 3) instabilidade produzida no Norte de África, com a consequente afectação das rotas de abastecimento energético do país, 3) inserção geoestratégica do país, 4) envelhecimento da população, 5) vagas migratórias, and so on, as respostas teóricas e doutrinárias dos militares têm sido, em boa verdade, muito pobres. O défice de pensamento é assustadoramente galopante, com as nefastas consequências que são do domínimo público. Em resumo, muita contestação para pouca reflexão. E o país precisa, sobretudo, de calma, tranquilidade e muito, muitíssimo estudo.


publicado às 13:55






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