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Se Portugal é o único país a sair do ajustamento com menos população, significa que não saiu do ajustamento. Quer dizer que os poucos que ainda cá permanecem devem suportar um maior nível de dívida, mesmo que esta venha a diminuir. Ou seja, a dívida per capita acaba por ser maior. Em cima dos ombros de cada cidadão estará um encargo maior. Portanto, os números da alegada melhoria das condições económico-financeiras devem levar em conta todos os factores e não apenas os mais convenientes. Não é apenas a diminuição do número populacional que está em causa, mas o esforço que será exigido aos "sobreviventes"; àqueles que permanecem na realidade nacional e que não decidiram emigrar para outro país. Embora se refiram à fuga de mão de obra qualificada para o exterior, o drama reside com aqueles que permanecem em Portugal e que não sendo os "cérebros" que partiram, terão paradoxalmente de ser ainda melhores do que os bons que se foram. Como podemos observar a equação não é linear, embora os políticos de Bruxelas a São Bento nos queiram impingir um axioma simples, uma redução confeccionada a partir de uma complexidade muito maior. O grau de suspeição que acompanha a população é, no meu entender, uma coisa positiva. Vai obrigar cada um de nós a puxar pela cabeça para interpretar os factos que nos apresentam. Um processo de selecção pouco natural está em curso, através do qual somos obrigados a separar o trigo do joio - a má notícia da péssima. A dada altura do desenrolar dos acontecimentos, a sociedade fica mais habilitada para realizar aquilo que os ingleses designam por "number crunching" - numa péssima tradução; espremer a contagem para ver se sai alguma coisa de jeito - falta de jeito, na pior das hipóteses a terminação errada.