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CONCURSO DE ADMISSÃO À CARREIRA POLÍTICA
Informa-se que está aberto o concurso de admissão à carreira política.
Requisitos dos candidatos:
Tenho a certeza que teremos milhares de candidatos que preenchem os requisitos enunciados. O futuro de Portugal está garantido.
Um questionário exigente foi colocado diante dos idealistas utópicos e homens livres. Estão com Tsipras, Varoufakis, Syriza e a Grécia na revolução que estes pretendem trazer à Europa, ou estão com aqueles que dizem proteger Portugal da hecatombe helénica(?). Estão com a inocência de Sócrates ou contra o sistema judicial português (?). Estão com os indicadores económicos que começam a ser favoráveis a Portugal ou estão com António Costa que diz que vai demolir a Austeridade(?). Estão com Putin na sua epopeia revanchista ou estão com os Atlanticistas da NATO (?). Estão empenhados na salvação solidária do povo grego ou estão mais interessados em extrair vantagens financeiras das suas iniciativas junto da ex-Troika (?). Estão mesmo com Charlie ou já estão com um pé em Copenhaga (?). Estão com a permanência da Grécia no Euro ou estão com os cumpridores de contratos assinados (?). Estão com os gregos que querem receber dinheiros da segunda guerra mundial ou estão com aqueles que podem ter de pagar a ex-colónias africanas (?). Estão no Carnaval de Torres Vedras ou preferem o de Ovar? Escolhas difíceis, sem dúvida. Especialmente a derradeira.
A crise europeia acabou, e o emprego vai crescer exponencialmente em todos os Estados-membro da União Europeia.
A Dívida Grega vai ser perdoada e a Troika vai conceder um bónus de 500 mil milhões de euros aos helénicos por terem tido uma ideia tão boa.
A Austeridade vai acabar dentro de 10 minutos e cada cidadão europeu vai receber um cheque de 500 euros para estoirar no Carnaval com a garantia de que receberá outro no Natal.
A Rússia vai retirar-se da Ucrânia e compensar aquele país pelos danos causados e oferecer gás natural durante 20 anos.
O Estado Islâmico vai converter-se em centro ecuménico de reflexão e paz.
Os EUA vão deixar a Rússia desmontar a NATO.
A União Europeia vai ter, a partir de amanhã, uma União Fiscal e uma Política Externa e de Segurança Comum.
Portugal vai ser salvo por um novo partido de inspiração tsiprarista fundado por António Costa, Mário Soares e José Sócrates.
Os ataques terroristas, tal como acontece com as greves, deverão ser marcados com antecedência mínima de 24 horas pelas uniões sindicais que representam os suicídas.
As receitas da venda de armas dos EUA, França, Reino Unido e Alemanha vão reverter integralmente para a Cruz Vermelha, a Amnístia Internacional e o Banco Alimentar contra a Fome, que cessarão de existir e tornar-se -ão desnecessários.
O Euro irá ser adoptado por todos os países africanos descarrilando o Dólar Americano como moeda de referência no comércio internacional.
Todas as Empresas Privadas portuguesas serão nacionalizadas para compensar a Privatização da TAP e a perda de controlo sobre a PT.
Os bancos vão passar a ter filiais dentro da casa de cada família portuguesa para pôr em prática soluções de poupança e oferecer salários aos reformados e delinquentes.
As semanas laborais vão ser sujeitas a uma reforma humanitária que implicará não mais de 15 horas semanais de trabalho.
As dívidas vão passar a ser entendidas como um valor positivo civilizacional e promovidas no programa curricular das escolas.
Os partidos políticos da Extrema Direita e da Extrema Esquerda vão deixar de existir para dar destaque a uma força moderada nascida a partir de uma sociedade civil que não sabe o significado de ideologia.
E por último, eu deixarei de ter ideias tão realistas quanto estas e outras que me escapam de um modo tão flagrante...
Demagogia é uma doença grave. Afecta grande parte dos membros políticos da nossa sociedade. Mas existe outra patologia ainda mais grave - a mentira. E mesmo que a mesma seja repetida vezes sem conta, não se transforma em verdade. Quando António Costa afirma que oito orçamentos rectificativos são a prova de que o governo falhou, deveria virar a sua lupa de inspector para a gestão da Câmara Municipal de Lisboa (CML) e as contas habilmente camufladas pela venda de património ao desbarato, entre outras manobras. O presidente de câmara, que teve a oportunidade concedida por diversos mandatos para provar a sua competência, não pode, à meia-volta, omitir a sua vida autárquica, quando apresenta as credenciais aos eleitores, simpatizantes ou não. Se bem me recordo, quando lá chegou (à CML), para fazer face ao balancete, obteve um empréstimo de 500 milhões de euros (estarei enganado?) que foi muito conveniente para dar o ar de graça de contas saudáveis. Embora os socialistas se afirmem quase "racialmente" diferentes dos outros (melhores e mais iluminados), em abono da verdade não praticam uma religião diferente. Quando o governo decidiu alienar empresas públicas houve logo um coro de protesto sobre a perda de soberania e entrega de empresas-bandeira, mas Costa não faz algo diverso. Vende uma parte da história de Lisboa com o mesmo sentido de urgência. Ou seja, se os portugueses forem objectivos na análise dos factos, terão de interpretar e validar a obra de António Costa na autarquia lisboeta. O seu estágio camarário deve servir de teste para voos maiores, para a sua promoção ou não. Qual o resultado da conta de somar e subtrair na gestão de Lisboa? É esse o critério que deve servir para organizar o processo de reflexão respeitante à eleição, numa primeira fase, de um candidato a candidato, e mais tarde (quando porventura for tarde demais), de um candidato a primeiro-ministro. O departamento de comunicação da CML pode produzir todos os videos catitas que quiser, com um décor pejado de amigos à volta da clareira, mas esses diaporamas contam apenas metade da estória. Não me venham com a cantiga que o país foi à ruína, mas que existe uma excepção, um estado-exíguo, a ilha de deslumbramento onde a devastação não chegou. Lisboa responde perante o país, assim como António Costa.
Nos últimos anos temos sido bombardeados com tantas notícias sobre a dívida do Estado português que até ficamos enjoados, e assumimos essa imagem enquanto a derradeira expressão do descalabro - a falência de Portugal. No entanto, existe um outro "estado terminal" dentro do território nacional. Confirmamos um outro flagelo que opõe os indíviduos aos seus concidadãos. O crédito mal-parado e a falta de provisão não é um exclusivo da máquina administrativa, do governo. Quantos cidadãos ficaram a arder por incúria e abuso de outros compatriotas? O organigrama do protesto não pode ser desenhado exclusivamente na vertical - de baixo para cima, contra o governo que põe e volta a pôr, de um modo descarado, a mão no bolso dos contribuintes. O fluxo e refluxo de dívidas também existe (e de que maneira) na escala horizontal, entre privados, que sem vergonha, não honraram os seus compromissos. A guerra financeira que assola Portugal também é civil, não é apenas política, ideológica ou partidária. Os argumentos fiscais são a principal bandeira da oposição e fazem parte do discurso daqueles que não estão no poder - e que não sabem fazer omeletes sem ovos. Mas não é isso que aqui desejo discutir. O que gostaria de retratar é o sério conflito financeiro-social que coloca irmãos contra irmãos, agentes económicos privados contra outros de natureza semelhante. Não necessitamos do amparo da grande teoria macro-económica e da falsa pretensão a ciência exacta da disciplina de Economia para perceber que as gentes andam com as candeias às avessas, a tentar reaver dinheiros "perdidos". Foi a cunhada que deu de frosques com o pé de meia do tio e que deixou sem provimento uma família inteira. Foi o amigo para todas as ocasiões que foi avalista para a compra da casa e que se lixou. Foi o serviço prestado à ultima hora, de acordo com um pedido urgente, e que volvidos três anos ainda não foi pago. É disto que se trata e que nada tem a ver com a austeridade ou com a Troika. Tem a ver com o comportamento de um país inteiro, práticas eticamente deploráveis que puseram de joelhos tanta gente. Quantos de nós conhece estórias e mais estórias, contos do vigário sobre rompimentos de cordões à bolsa e falências domésticas? Pois bem, se um exame de consciência fosse realizado, estas considerações deveriam ser trazidas à baila. Os maus não são apenas os outros. Existem portugueses que participam (e continuam a participar) nesse esquema de engano e decepção. Não me venham com conversas. Basta escutar as lamentações taberneiras que inundam as ruas, ouvir o desabafo do fiado que com alguma sorte ainda não morreu de velho. Ainda não entramos na fase extrema do salve-se quem puder, de arranhadelas, escoriações, murros e pontapés. Mas para lá caminhamos a passos largos. O povo está desesperado e irá buscar à força, se necessário, os dinheiros que foram roubados pelo melhor amigo.
Pela mesma lógica, dado que, em 2011, Portugal perdoou à Guiné-Bissau uma dívida no valor de 77 milhões de euros, creio ser justo reclamar o fim da independência da Guiné e a sua integração na República Portuguesa.
"O presidente do governo regional da Madeira, Alberto João Jardim, vai abordar hoje com o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, as condições do plano de resgate financeiro num montante superior a seis mil milhões de euros."
Não lhes podemos dar só a indepêndencia? Ou vamos ter mais do mesmo? - os Portugueses a apararem os golpes deste ser.
Este país não foi inventado numa conferência internacional. Este país não foi "libertado" pela mercê de um exército rival daquela potência que dominava o território. Este país não nasceu devido a "ventos de estórias" ocorridas numa qualquer praça parisiense dos finais de setecentos.
Portugal tem perto de 900 anos e por diversas vezes se libertou a si próprio, criou um verdadeiro Conselho de Estado que decidia o que de urgente havia a fazer e durante séculos conseguiu afastar ameaças de inimigos terrestres e marítimos.
Se o actual regime aceitasse qualquer tipo de alegado perdão, tal coisa seria deveras imperdoável. Não queremos chegar a qualquer paragem além-fronteiras e passarmos por espertos caloteiros. Se a brilhante gente que organizou este sistema não se importa com isso, será coisa do foro privado, mas o país não o admitirá. Calotes disfarçados, "renegociações e perdões" que jamais o serão, consistem em artifícios discursivos de uma certa inteligentsia contestatária, mas regalada em burguesas e imerecidas benesses auto-outorgadas. Por muito que isso custar, Portugal terá mesmo de mudar de rumo.
Não quereremos o mais que certo poder oculto desse "perdão". Nem pensar!
...Que os nossos Governos não cobram a Angola por força dos complexos neo-coloniais e a incapacidade política. À atenção do Dr. Passos Coelho e do Dr. Vitor Gaspar. Para que tenham relativamente a este dinheiro, que nos devem e é nosso, o mesmo empenho de cobrança que têm com o dos seus compatriotas!
Nota: E, para quem não tenha reparado, vejam como esta notícia é precisamente a aplicação prática dos ensinamentos de Chomsky que referimos dias atrás...