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Aqui fica uma excelente entrevista conduzida pelo jornalista da TDM Marco Carvalho durante a visita de D. Duarte de Bragança a Macau, onde se falou, entre outros assuntos, da crise económica e política que se vive em Portugal, da possibilidade de transição para um regime monárquico, da democracia, das relações entre Portugal e Macau/China, de Timor, da descolonização Portuguesa, e do caso da bandeira monárquica hasteada no consulado de Macau em 2010.
É a evidência da validade cada vez mais actual do ideal monárquico, mas também a prova de que um jornalismo inteligente, isento e descomprometido ainda é possível.
Este corpo moribundo a que damos o nome de 3ª república, é fácil presa dos seus próprios hábitos escondidos em enunciados grandes princípios. Há muito se sabe da total permeabilidade entre as instituições que em termos bastante teóricos, conformam o nosso edifício constitucional segundo o padrão da separação de poderes. Partindo logo da evidência que a chefia do Estado demonstra à saciedade, a separação de poderes tem sido ostensivamente impossibilitada pela representação republicana, sendo os seus sucessivos titulares gente ligada às organizações partidárias com assento parlamentar. As catastróficas experiências dos últimos vinte e cinco anos, demonstram o absurdo da insistência neste modelo que desprestigia o Parlamento e permite a pulverização do poder numa multiplicidades de sedes que dificultam a gestão da coisa pública. Tal fatalidade poderia ser aceitável, se não viesse sorrateiramente acompanhada por toda uma série de comprometimentos estranhos ao que comummente se designa de vontade popular. As corporações jamais assumidas como tal, esses bem identificados interesses privados de uma ínfima minoria que usa o Estado como mesa à disposição de todo o tipo de apetites, destroem qualquer possibilidade de uma real existência da separação de poderes que é a praxis corrente além-fronteiras.
É a decadência, o total descrédito. A troca de ditos entre dois antigos chefes de governo, é apenas mais um episódio nesta rocambolesca república. O tom dos discursos da gente da política e dos seus tutores empresariais, é hoje totalmente incompatível com aquele sentido de Estado há muito perdido nas brumas da memória. Esse acanalhar da política parece surgir como uma praga que atinge outros tantos países europeus, precisamente neste espaço comum que durante décadas orgulhosamente considerámos diferente de um mundo presa de Idi Amins, Mugabes, generais tapiocas de outros apelidos e restantes aventureiros que infelizmente vamos esquecendo. Não sendo um exclusivo português, contudo interfere poderosamente numa psique colectiva sempre fragilizada por carências de toda a ordem, prepotência e a tremenda, absurda falta de auto-estima, uma dilecta filha da desmiolada acção da maior parte dos agentes políticos.
O Jornal de Angola, porta-voz oficioso do governo e do partido dominante em Luanda, apenas constata a desagradável realidade que de forma cada vez mais arrogante, por cá insistimos em ignorar. Os casos sucedem-se de forma vertiginosa e desconhecidos agentes de justiça servem de free lancers à disposição dos media, enquanto os tribunais e a Procuradoria Geral entopem de processos jamais solucionados. A desconfiança geral torna-se na ameaçadora norma que mais tarde ou mais cedo poderá fazer eclodir a temida convulsão final de um estado de coisas insustentável.
O dar-se ao respeito não se cinge apenas às grandiosas construções plasmadas nas papeladas constitucionais. O proceder segundo regras tacitamente aceites, a importante gestão do silêncio que evita intrusões em sede alheia, a libertação da sociedade daquele espartilho que a ambição pelo subsídio ou prebenda conduz ao resignado acatar do inaceitável, apenas são possíveis se a sociedade deparar com um edifício estatal simplificado e onde a transparência de procedimentos seja o imediato resultado do discurso da verdade. Não se pode governar com o curto prazo como horizonte e segundo as manchetes de jornais que apenas servem os interesses de quem os possui como veículos de pressão sobre os detentores das chaves dos cofres do tesouro público.
"Persistem uns quantos retardatários em pedir calma e paciência, contando com uma menos que provável recuperação do sonho Europeu, sonho que não passa disso: ilusão. A Europa tábua-de-salvação, a Europa maná e cornucópia, essa morreu há dois ou três anos. De agora em diante, vingança das nações, será cada um por si. A fórmula europeia já não se discute, pois a Europa contra as nações, descerebrada, envergonhada de si, a que perdeu o orgulho e se refugiou na reforma dourada da velhice cobarde - pronta a tudo ceder e mutilar-se a vergonhosos extremos de humilhação - essa acabará dentro de dois ou três anos. Ou não viram, meus caros amigos, como cheios de cautelas, nos estão já a preparar para o triunfo de Marine Le Pen em França, para o triunfo das direitas nacionalistas nas próximas eleições para o Parlamento Europeu, para a mais que certa saída do Reino Unido da União, a tal que de união só leva o nome ?"
Neste país que um dia sonhou vir a ser a Europe's West Coast, mantemos um regime incapaz e cada vez mais impiedosamente extorsionista, um lugar interdito à iniciativa e à propriedade privada, por muito irrisória que esta seja. Disto todos temos a secreta convicção, até porque falar a verdade é algo ainda impossível de cogitar numa situação de histeria colectiva.
Neste preciso momento, a sociedade portuguesa devia estar a ser preparada para todas as hipóteses apresentadas por um futuro não muito distante: o segundo resgate e a possibilidade real da saída do espaço Euro; a simplificação das instituições que conformam o regime de liberdades públicas; o decisivo redimensionar o Estado e o libertar da sociedade de uma tributação usurária; o inevitável confisco estatal de todas as Parcerias Público-Privadas; a rigorosa auditoria da banca responsável por múltiplas desgraças que arruinaram o país; o decidido redesenhar da administração territorial e o novo sistema eleitoral que corte rente a actual manipulação perpetrada pelos interesses instalados; a imperativa modificação das nossas prioridades estratégicas num mundo que conta com um Atlântico aberto a quem conseguir adaptar-se atempadamente.
Tudo isto consiste numa parte do informal programa monárquico. Nas tempestuosas ameaças que nos chegam via Jornal de Angola, descortinam-se algumas possibilidades que bem podem ser transmutadas em involuntários conselhos que nos são dirigidos. Passando sobre o inócuo e persistente catalogar do regime implantado naquele país independente e com o qual forçosamente teremos sempre de manter excelentes relações - esteja quem estiver no poder -, o apontar das nossas fraquezas, defeitos e pequenas misérias, poderá servir-nos para algo de muito positivo.
Desconheço esse Portugal em nome do qual Vossa Excelência fala, Senhor Presidente. O Portugal real é representado pelo Senhor Dom Duarte, Rei de Portugal, coroa da sabedoria milenar de um povo com uma longa História.
Desconheço esses conceitos de estabilidade, segurança e paz dos quais Vossa Excelência fala, senhor Presidente. Desconfio também, Senhor Presidente, que Vossa Excelência desconheça a situação que se vive actualmente na Síria. Sobressai sobremaneira a sua manifesta ignorância, particularmente quando comparada com a dignidade da posição do Senhor Dom Duarte, Rei de Portugal, que foi a única figura pública de relevo neste país que teve a inteligência e a coragem de impôr a razão à barbárie e mover esforços no sentido de promover a verdadeira estabilidade, segurança e paz na Síria.
Atrevo-me por vezes a imaginar quão diferente seria a nossa política externa se sob o comando de um Chefe de Estado digno da memória desta nação.
Conheço bem demais esse Portugal estado-membro. Um verme institucional de olhar mendigo e mão estendida. Ora que seja então a porta de entrada na União Europeia para os Turcos, já que somos o tapete estendido que é espezinhado por toda a sorte de bandidos e rufias; já que somos tubo de ensaio para as mais aberrantes experiências da engenharia social. Sejamos, sim, porta de entrada na União Europeia para os Turcos. Toda a honra e toda a glória!
E sejamos ainda a ponte para o Brasil, Angola e Moçambique. É que depois daquela brilhante decisão de tribalizar a nossa língua, até já falamos praticamente o mesmo dialecto!
Desde que, de forma vergonhosa, abandonámos as nossas províncias ultramarinas, que lhes temos as costas viradas. Mas agora, propõe o Digníssimo senhor Presidente, devemos oferecer aos ilustres empresários turcos o serviço de mordomia que lhes abre respeitosamente as portas de Angola. Bestial, senhor Presidente!
(fotografia cortesia da Causa Real)
Portugueses,
Nesta hora difícil que Portugal atravessa, talvez uma das mais difíceis da nossa já longa história, afectando a vida das famílias portuguesas e dos mais desfavorecidos de entre nós, Eu, enquanto descendente e representante dos Reis de Portugal, sinto ser meu dever moral e obrigação política dirigir-vos uma mensagem profunda e sentida, como se a todos conseguisse falar pessoalmente.
Estamos a viver uma terrível crise económica, o nosso país vê-se esmagado pelo endividamento externo, pelo défice das contas públicas e pela decorrente e necessária austeridade.
O actual regime vigora há pouco mais de 100 anos, e muitos dos seus governantes, por acção ou omissão, não quiseram ou não foram capazes de evitar o estado de deterioração a que chegaram as finanças públicas. Tais governantes, é preciso dizê-lo de forma clara, foram responsáveis directos pela perda da soberania portuguesa e pelo descrédito internacional em que caiu Portugal, uma das mais antigas e prestigiadas nações da Europa. Sem uma estratégia de longo ou sequer de médio prazo, sem sentirem a necessidade de obedecerem a um plano estratégico nacional, não conseguiram construir as bases necessárias para um modelo de desenvolvimento politicamente são e economicamente sustentável, optando, antes, pelo facilitismo e pelo encosto ao Estado.
Infelizmente, o Estado, vítima também ele da visão curta com que tem sido administrado, tem permitido que se agravem as assimetrias regionais, que se assista à desertificação humana do nosso território e que fique cada vez mais fundo o fosso que separa os mais ricos dos mais pobres.
Infelizmente, Portugal continua a ser dos países europeus com índices de desigualdade mais altos. Todos têm o direito de ver bem remunerado o esforço do seu trabalho, da sua criatividade, da sua ousadia e do seu risco, mas a ninguém pode ser cortada a igualdade de oportunidades.
Agora, neste momento de particular gravidade, em que nos é pedido um esforço ainda maior, recordo que o Estado é sobretudo suportado pelo fruto do esforço, do trabalho dos portugueses e de muitas das empresas a quem os portugueses dão o melhor das suas capacidades. Todos eles são merecedores do respeito por parte de quem gere os nossos impostos, e é esse respeito, esse exemplo que se exige ao Estado. Não posso deixar de aplaudir a dedicação, a entrega e sobretudo a enorme boa vontade com que inúmeros funcionários públicos se dedicam a servir com dignidade o nosso país.
Mas este diagnóstico e estas constatações valem pouco, valem muito pouco, quando confrontados com as dificuldades com que muitos portugueses hoje se debatem. Um facto é incontornável: a crise está aí e toca-nos a todos, e com ela se vão destruindo postos de trabalho, se vai degradando o nível de vida das nossas famílias e se vão desprotegendo os mais frágeis. Não tenhamos ilusões: muitos são os que hoje só sobrevivem graças à imensa solidariedade de que o nosso povo ainda é capaz. Porque somos um povo generoso, gente de bem, somos um povo capaz de tudo quando nos unimos em torno de um objectivo comum.
Torna-se importante, por isso, lembrar que neste dia, há quase 9 séculos, contra todas as adversidades, nascia Portugal, uma nação livre e independente, fruto da vontade e sacrifício dum povo unido à volta do seu Rei.
Então, como agora, foi fundamental a existência de um projecto nacional, uma causa comum e desejada que a todos envolveu: grandes e pequenos, governantes e governados, homens e mulheres. Um projecto que tinha, acima de tudo, o Rei e os portugueses, unidos por um vínculo indestrutível, constantemente renovado e vencedor, um vínculo de compromisso que nos ajudou a ultrapassar crises avassaladoras no passado, e que se prolongou pelos séculos seguintes, sendo interrompida apenas em 1910.
Foi essa mesma comunhão, uma comunhão de homens livres, que permitiu a reconquista e o povoamento do território, bem como, mais tarde, a epopeia dos descobrimentos e a expansão de Portugal pelo mundo. Foi todo um Povo, o nosso Povo, que enfrentou, com coragem e determinação os mares desconhecidos, "dando, assim, novos mundos ao mundo". Foi a gesta de todo um Povo que permitiu criar este grande espaço de língua e afectos da Lusofonia, vivido em pleno pelas nações nossas irmãs, hoje integradas na CPLP. E foi a renovação desse projecto que permitiu a restauração da nossa independência em 1640, neste local, naquela que foi uma verdadeira refundação nacional, só conseguida pelo esforço e sacrifício dos Portugueses de então.
É pois este o desafio que temos hoje pela frente: refundar um projecto nacional capaz de unir todos os Portugueses de boa vontade, com o objectivo de reerguer Portugal, devolvendo a esperança e o orgulho a cada português. Esse projecto mobilizador é imprescindível para que cada um de nós possa ambicionar ter uma vida normal, socialmente útil, para que possa ser promovido pelo mérito e pelo esforço do seu trabalho, criar uma família e contribuir, cada um na sua medida, para o engrandecimento de Portugal.
Para que este projecto nacional seja possível, teremos de repensar o actual sistema político e as nossas instituições, procurando alcançar uma efectiva justiça social e a coesão económica e territorial, aproximando os eleitos dos eleitores.
Devemos também considerar as vantagens da Instituição Real, renovando a chefia do Estado para restaurar o vínculo milenar que sempre uniu os portugueses ao seu Rei.
O Rei interpreta o sentir da Nação, e age apenas pelo superior interesse do país, e nenhum outro interesse deve também mover os actores políticos. Portugal precisa de autoridade moral, de união em torno de um ideal, Portugal precisa de um projecto que seja o cimento em torno da Nação – a política e, acima dela, a Coroa, deve procurar sempre servir esse ideal, e nunca servir-se dele em benefício próprio.
É num sistema político, moderno, democrático, que a Chefia de Estado, isenta como tem de estar de lutas políticas e imbuída de uma autoridade moral que lhe advém do vínculo indestrutível e milenar com os portugueses, pode e deve zelar pelo bom funcionamento das instituições políticas, assegurando aos portugueses a sua eficácia e transparência. É a mesma Chefia de Estado que pode e deve apoiar a acção diplomática do Governo com o elo natural que a liga aos países lusófonos e a muitos dos nossos congéneres europeus. Acredito que só é possível debater a integração europeia, na sua forma e conteúdo, em torno de um elemento agregador: a agenda própria de um país multisecular na Europa, mas também com continuidade linguística, histórica, social, patrimonial e empresarial em geografias distantes. É o Rei que, personificando a riqueza da nossa história e cultura, é o último garante da nossa independência e individualidade enquanto Nação.
Portugal, nação antiga, com um povo generoso e capaz de grandes sacrifícios, sê-lo-á ainda mais se encontrar no Estado e nos seus representantes o exemplo de cumprimento do dever, de assunção dos sacrifícios e de sobriedade que os tempos de hoje e de sempre exigem.
Unidos e solidários num renovado projecto nacional que devolva a esperança aos Portugueses, reencontrados com uma instituição fundacional – a Instituição Real – sempre isenta e centrada no bem comum, então todos nós Portugueses – em Portugal ou espalhados pelo mundo através das vivíssimas comunidades emigrantes – com a grandeza de alma de que sempre fomos capazes nas horas difíceis, estaremos dispostos aos necessários e equitativos sacrifícios que a presente hora impõe. Em nome do futuro de todos os que nos são queridos, filhos e netos. Numa palavra: em nome de Portugal.
Não duvido que, aconteça o que acontecer, os Portugueses, com calma, ponderação e perseverança, saberão lutar para continuar a merecer o seu lugar na história e no concerto das nações. Eu e a minha Família – assim os Portugueses o queiram – saberemos estar à altura do momento e prontos para cumprir, como sempre, o nosso dever, que é só um: servir Portugal.
Existe uma alternativa muito clara à actual situação a que chegou a este regime, alternativa que passa por devolver a Portugal a sua Instituição Real e que, se não resolve por si só todos os nossos problemas actuais, será certamente – como o provam os vários países europeus que a souberam preservar – um grande factor de união popular, de estabilidade política e de esperança coletiva. Numa palavra, de progresso.
Portugal triunfará! assim saibamos unir esforços, assim saiba cada um de nós, de forma solidária, dar o melhor de si mesmo, não esquecendo nunca os que mais sofrem e os que mais precisam. Que ninguém duvide: somos uma nação extraordinária, e o valor e a coragem do nosso povo serão a chave do nosso sucesso.
Viva Portugal!
No Palácio da Independência, uma sala bem composta acolheu o lançamento do livro "Dom Manuel Ii e Dona Amélia, Cartas do Exílio", obra organizada pelo Prof. Dr. Fernando Amaro Monteiro.
O discurso real acentuou aquela verdade que os do regime da república sempre quiseram e puderam - mercê de uma propaganda caluniosa e insistente - ocultar:
"Depois de 5/Outubro/1910, ele não passou a ser um “ex-Rei”… Durante os 22 anos do exílio, reinou permanente e incontestavelmente, porque sempre ao serviço gratuito do País, olhando com superioridade e distância, por vezes mesmo com impaciência, quaisquer choques e intrigas que a partir de Portugal pretendessem envolvê-lo."
S.A.R. o Senhor D. Duarte de Bragança, tem a plena consciência do que estas palavras significam, pois há muitos portugueses que poderiam usá-las quando a Ele se referem. A única vantagem? O Senhor D. Duarte está entre nós e assim permanecerá, por muito que isso desgoste a quem quer e manda, mas não pode.
O Rei é um homem sério. Aí está o problema incontornável para os donos do poder.
Rosa Pedroso Lima, Expresso de 17 de Março de 2012, via site da Real Associação de Lisboa:
«Fundação Casa de Bragança tem um vasto património, mas esconde as contas de 2010. Os monárquicos acham “muito estranho”. S.A.R. D. Duarte não comenta as voltas da Fundação
A Fundação da Casa de Bragança não permite o acesso às suas contas, alegando ser necessária autorização prévia da Presidência do Conselho de Ministros, O Governo estranha a atitude e remete para a instituição a prestação de contas sobre o seu vasto património imobiliário que inclui os bens pessoais do último rei de Portugal, D. Manuel II. Entre este pingue-pongue, o Expresso aguarda há duas semanas pelo acesso ao documento. “É inacreditável”, diz. Augusto Ferreira do Amaral, monárquico e consultor jurídico de D. Duarte, o último duque de Bragança. “A Fundação, como entidade pública, devia ter a mesma obrigação de transparência exigida de qualquer outra pessoa colectiva”, afirma ao Expresso. A verdade, porém, é que “não existe qualquer inventário de bens ou balanço publicado pela Fundação”, prossegue Ferreira do Amara, que condena o facto de a gestão da instituição ser feita “em circuito fechado, sem qualquer transparência”. Natália Correia Guedes, presidente da Junta da Fundação Casa de Bragança, disse ao Expresso que o “último Relatório e Contas da Fundação, referente ao exercício de 2010, foi aprovado em 31.3.2011″, mas condicionou a divulgação do documento a prévia e “competente autorização da Presidência do Conselho de Ministreis”, O Governo autorizou. Mesmo assim, a Fundação não cedeu ao Expresso o relatório e contas.
O clima de crispação entre a família Bragança e os administradores da Fundação ê indisfarçável. Por diversas vezes e nos últimos anos, garante Ferreira do Amaral “esteve para ser accionado um contencioso” contra os dirigentes da Fundação.
Os monárquicos apoiantes do duque de Bragança, D. Duarte, não escondem que “há matéria jurídica” para contestar a decisão de “confisco dos bens da família” em favor do Estado, decretada por Oliveira Salazar em 1933 e que deu origem à actual fundação. “D. Duarte esteve, várias vezes, para fazer sair esse contencioso”, garantiu.
A tensão aumentou, nos últimos anos, quando foi abandonado o princípio – consagrado por Salazar — de que metade dos dirigentes da Fundação da Casa de Bragança fosse indicada pela família. “Essa cláusula desapareceu, nenhum membro da actual Junta da FCB tem qualquer ligação à família”, diz Ferreira do Amaral. A verdade, porém, é que com a morte do último administrador, João Amaral Cabral, e a sua substituição por Marcelo Rebelo de Sousa, fica vago um lugar na direcção da Fundação da Casa de Bragança, composta por sete membros, nomeados de forma vitalícia. A necessidade de preencher o lugar, aliada à mudança da direcção para uma personalidade “inteligente e com sensibilidade” pode ajudar a “encontrar uma solução”, diz o monárquico. Para já, afastou-se a possibilidade de processar a fundação e confia-se na capacidade de Marcelo Rebelo de Sousa para “estabelecer conversações com a família”.
Para Augusto Ferreira do Amaral, “pode ser negociado um plano que leve a família Bragança a ter uma presença mínima na Fundação”. O fundador do PPM, Gonçalo Ribeiro Telles, espera “um gesto” de Marcelo para pacificar as relações entre os Braganças e a Fundação. Mas o gesto ainda não chegou.»
Uma interessante entrevista do sucessor dos Reis de Portugal, a ser escutada aqui. É mesmo verdade: "os portugueses sabem tornar-se mais fortes quando das grandes crises".
Cristina, passando ao lado da acusação de branqueamento, não voltando a entrar no argumento metodológico, complementando o texto de Pessoa com o que se segue e, concluindo que o mundo não é a preto e branco, permita-me o estrangeirismo provinciano de dizer que I rest my case:
1. Agência Lusa, 19 de Maio de 2004, via Rui Monteiro:
No dia 19 de Maio de 2004, a convite de António Arnaut, o pretendente ao trono de Portugal, D. Duarte Pio, deslocou-se à sede do Grande Oriente Lusitano (GOL) – Maçonaria Portuguesa, no que constituiu a primeira visita de um membro da Casa de Bragança a esta instituição maçónica.
“Não há hoje nenhum contencioso entre a Maçonaria e a Casa de Bragança”, declarou à agência Lusa António Arnaut, para reiterar que aquela “não esteve envolvida” na morte do rei D. Carlos e do príncipe herdeiro, D. Luís Filipe, ocorrida há 100 anos no Terreiro do Paço.
Na sua opinião, “qualquer mal-entendido que existisse” na sociedade portuguesa, desde que dois membros da Carbonária, Manuel Buíça e Alfredo Costa, cometeram o duplo atentado, em 01 de Fevereiro de 1908, “ficou dissipado com a visita cordial” de D. Duarte Pio às instalações do GOL, em Lisboa.
Segundo o antigo grão-mestre, a “reconciliação da Maçonaria Portuguesa com a Casa de Bragança” concretizou-se nessa altura.
“A visita do representante da Casa de Bragança, que almoçou no Palácio Maçónico, teve o significado de uma reconciliação efectiva e apagamento de quaisquer equívocos”, sublinhou.
Há quatro anos, António Arnaut declarou que a visita do herdeiro da coroa “teve um grande significado histórico”, já que a Maçonaria, “embora injustamente”, tem sido responsabilizada pela morte do rei D. Carlos e do filho primogénito.
D. Duarte Pio foi recebido no Palácio Maçónico por dignitários do GOL, como o presidente do Tribunal Maçónico, o presidente da Grande Dieta e membros do Conselho da Ordem, além do grão-mestre.
Vincando a não participação da Maçonaria no regicídio, António Arnaut disse à Lusa que o actual grão-mestre do GOL, o historiador António Reis, demarcou-se da “romagem discreta” que um grupo de cidadãos realiza hoje às campas dos regicidas Manuel Buíça e Alfredo Costa, no cemitério do Alto de S. João, em Lisboa.
“A Maçonaria era contra a ditadura de João Franco e pela restauração da democracia”, precisou.
Frisando que alguns membros da Casa de Bragança pertenceram no passado à Maçonaria, Arnaut recordou, por exemplo, que o próprio visconde Ribeira Brava (avô de Isabel de Herédia, mulher de D. Duarte Pio) integrou o fracassado movimento de 28 de Janeiro de 1908, quatro dias antes do regicídio, que visava o derrube da Monarquia.
2. Agência Ecclesia, 10 de Janeiro de 2012:
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. José Policarpo, criticou hoje em Fátima a “influência direta” da Maçonaria em “coisas políticas”, mas descartou a exigência de que os políticos se assumam como maçons.
“Como políticos, se são maçons, se são católicos ou se são do Sporting, não vejo que isso tenha uma relevância muito grande”, disse o cardeal-patriarca aos jornalistas, no final da reunião do Conselho Permanente da CEP.
Para este responsável, “outra coisa" é que "a Maçonaria, enquanto tal, teve influência direta em coisas políticas; isso está mal”.
3. Público, 10 de Janeiro de 2012:
O ex-presidente da Assembleia da República Mota Amaral, que assume a sua ligação ao Opus Dei, considerou nesta terça-feira que não há motivo para se lançar uma “caça” a quem está ligado às obediências maçónicas em Portugal.
Nas declarações que fez aos jornalistas, o social-democrata e ex-presidente do Governo Regional dos Açores referiu-se a um acórdão do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem que impediu o carácter obrigatório de os políticos declararem ligações à maçonaria.
“Quanto à questão em abstracto, acho que não é altura de lançarmos uma espécie de caça à maçonaria. Não é motivo para tanto”, respondeu.
Interrogado se considera perigosas as ligações da maçonaria à política, Mota Amaral contrapôs que “é preciso transparência”.
“Falo por mim. Pertenço ao Opus Dei há mais de 50 anos e toda a gente sabe isso. O meu ponto de partida é a transparência, é aquilo que pratico”, acrescentou.
A cada dia que passa o cerco a al-Assad vai se apertando, preparando-se os do costume para uma nova invasão, de novo pelo caminho mais fácil, mais sangrento e, evidentemente, mais rentável. Sempre em nome da liberdade, da democracia. Do raio que os parta.
Desta vez, porém, será mais difícil desbloquear o acesso à Síria do que foi com a Líbia. Apesar da pressão cada vez mais forte exercida pela Liga Árabe, com vista a acabar com a violência e permitir a entrada de observadores estrangeiros, o presidente Russo já veio a público afirmar que não irá permitir uma invasão nos moldes da que foi feita a Kaddhafi.
Tal como seria previsível, os sinais de desconforto começam a tornar-se visíveis um pouco por todo o Médio Oriente, com especial destaque para o Líbano – país que continua sob uma forte dependência do regime de al-Assad. Há dias, num debate televisivo sobre a Síria, dois importantes políticos Libaneses chegaram mesmo ao confronto físico, num espectáculo fora do vulgar transmitido em directo para todo o país. Mais a norte, na cidade de Tripoli, vários apoiantes de al-Assad têm vindo a público declarar estarem dispostos a pegar em armas para defender o regime vizinho. Tal como, aliás, já havia feito o Hezbollah, através do seu líder Hassan Nasrallah.
De pouco vale, nesta altura, tentar contrariar o inevitável, mas fica de qualquer forma a referência ao facto de ter sido apontado, há mais de quatro meses, um caminho alternativo. Aos mesmos imbecis que se riram e criticaram S.A.R., o Senhor D. Duarte, aquando da sua visita à Síria, sugiro que revejam as suas declarações à SIC Notícias. Na altura denunciou estarem as forças militares e de segurança extremamente mal preparadas, que por isso respondiam desadequadamente a qualquer provocação por parte dos insurgentes, o que naturalmente desencadeou a escalada de violência a que se assiste hoje. Ao pedido de apoio, quando seria fundamental ajudar a preparar as forças militares, o mundo respondeu com sanções económicas e reprimendas paternalistas, e assim se perdeu uma oportunidade única, que viria a revelar-se fatal.
Foi desta forma que, a nível internacional, se animou e legitimou a insurgência que, ao contrário do que alguns poderiam julgar, está a anos-luz de ser uma revolta em nome da democracia. E assim se repetem erros de palmatória, a história dos próximos meses/anos já escrita, e o mundo inteiro ainda a dormir.
Para quem não pôde ver em directo, aqui fica a entrevista de Mário Crespo a D. Duarte, poucas horas depois da sua chegada da Síria, onde esteve durante três dias a convite “urgente” do presidente al-Assad.
Da imprensa nacional, como de resto seria de se esperar, não saiu (nem provavelmente sairá) nada mais do que um título sensacionalista e meia dúzia de caractéres aleatórios.
Não só deveria ser um orgulho para os Portugueses saber da influência que tem S.A.R. na comunidade internacional, como se deveria entender desta visita um importantíssimo sinal de esperança para a estabilidade na região.
Finalmente, espero que se tenha prestado muita atenção à parte final da entrevista. Uma porta que se abre desta forma para o comércio Português na região é algo a que não nos podemos dar ao luxo de desperdiçar.
Fica mais um exemplo de D. Duarte a actuar na primeira divisão da diplomacia internacional, ao contrário de outros ocupas palacianos a quem, enfim, ninguém realmente dá cavaco.
" Mas sente que tem essa responsabilidade? - Sinto. Por isso é que tenho dedicado a minha vida ao serviço de Portugal, descorando muito da minha vida privada e económica. Tenho trabalhado muito em prol da Lusofonia, acho que é uma das coisas de que o chefe de Estado português deveria ocupar-se. Deveria manter a coesão entre os países lusófonos, por nosso próprio interesse. Não sabemos como é que a União Europeia vai funcionar, e se as coisas não correrem muito bem sempre temos uma alternativa. Agora que estamos no clube dos ricos, não podemos desprezar os irmãos pobres. Por outro lado, o Brasil é um dos países com mais sucesso hoje em dia e se perdermos o balanço do Brasil a língua portuguesa vai perder importância."
Leia a entrevista A Q U I
Portugal atravessa uma grave crise económica com reflexos políticos e sociais preocupantes. A crise financeira e económica internacional não constitui justificação suficiente para o estado em que se encontra o País: torna-se evidente que, quando esta se desvanecer, a crise estrutural interna permanecerá.
O País está doente e maltratado. Adivinham-se tempos difíceis: as instituições do Estado estão fragilizadas; o desemprego aumenta e a pobreza alastra; o sistema educativo tem sido contestado por alunos e professores ; a insegurança, a criminalidade organizada – violenta e económica – e a corrupção, multiplicam-se; o poder judicial está ameaçado por falta de meios materiais e por legislação absolutamente desajustada das realidades. Nunca é demais relembrar que, onde não há Justiça, não há Democracia.
São muitas as vozes autorizadas e insuspeitas – como as da Cáritas e da AMI – que têm vindo a alertar para a vergonha da pobreza estrutural que existe no nosso País – acima dos 40%. De facto, se não se agir agora, as gerações futuras não nos perdoarão!
É chegado o momento de olharmos para o nosso Portugal tão desaproveitado nos seus recursos materiais e sobretudo na capacidade das nossas gentes, particularmente no interior onde me desloquei em numerosas visitas a convite das Câmaras Municipais, tendo compartilhado as alegrias e preocupações de populações tantas vezes esquecidas.
Saibamos apoiar as organizações de voluntários que generosamente trabalham para resolver os problemas, desde as mais antigas, como as Santas Casas da Misericórdia, até às mais recente, leigas ou religiosas. Torna-se imperioso que o Estado colabore melhor com elas em vez de desperdiçar recursos e prejudicar o que temos e fazemos de bem. Temos de nos lembrar que tudo o que o Estado gasta é pago por nós ou será pago pelos nossos filhos…
Saibamos defender o equilíbrio do meio ambiente e da nossa paisagem humanizada, temas em que, desde sempre, me tenho empenhado e que necessitam do envolvimento de todos.
Saibamos lutar pela promoção da Lusofonia e solidariedade entre os países membros da CPLP, como uma causa de importância decisiva do nosso futuro comum. Quero saudar o Brasil, terra da minha Mãe, onde a acção determinada do Presidente Lula da Silva tem possibilitado o estreitar das relações especiais que sempre existiram com Portugal.
Com a União Europeia temos um válido projecto político e económico comum, mas falta-lhe uma “ alma “, porque, infelizmente, quem decidiu recusou-se a reconhecer a matriz cristã da nossa cultura…
Mas é na Comunidade Lusófona que encontramos “a nossa família”, e os laços de família são mais fortes do que os interesses económicos, são de natureza afectiva. Mas nunca esqueçamos que, se não forem devidamente cuidados, o mais certo é desaparecerem…
Saibamos preservar instituições fundamentais da Sociedade como a Família. Esta, como outras, está sujeita a um desgaste sem precedentes visando a sua dissolução.
Ela é, na verdade, a base da construção de uma sociedade fortalecida no espírito de entreajuda, respeito pela vida humana e formação responsável, valores que, só no seu seio, são susceptíveis de ser naturalmente assimilados. Só por esta via, sairá reforçada a liberdade de consciência que permitirá, a cada um e a todos, resistir, preservando-a das crescentes tentativas abusivas de ingerência externa que pretendem impor novos conceitos de “família”.
É na Família, e não pelo Estado, que já hoje – e como o futuro próximo se encarregará de demonstrar – se desenvolve incondicionalmente o verdadeiro espírito de solidariedade para com os seus membros mais necessitados, seja na doença ou na pobreza.
É na Família que se constroem os alicerces de educação, respeito e disciplina, tão necessários à organização social, relativamente aos quais o Estado só consegue desenvolver acções complementares e pontuais.
Tudo isto porque a vida social autêntica e equilibrada tem início na consciência individual que cada um vai formando no seu próprio ambiente familiar.
Chegou a hora de acordar as consciências e reunir vontades para levantar Portugal, combatendo a mentira, o desânimo, a resignação e o desinteresse.
O futuro de Portugal tem de ser encarado com esperança assente num projecto para o País tal como fez, há seis séculos e no auge de outra crise, o nosso maior herói, D. Nuno Álvares Pereira.
O Condestável Nun’ Alvares colocou convicta e corajosamente, num invulgar espírito de serviço, todo o seu talento, competência e generosidade na defesa da independência e da identidade nacional, cujo projecto foi transformado num ideal grandioso de Pátria e de Missão o qual, pouco tempo depois, permitiu abrir “ novos mundos ao Mundo”.
O seu exemplo de abnegação, coragem na luta pelas suas justas convicções e amor por Portugal, deverá ser fonte de inspiração para todos os Portugueses, como felizmente parecem comprovar as inúmeras manifestações civis e militares que, espontaneamente, têm surgido, de Norte a Sul, no País.
Vem a propósito recordar a importância que o Condestável atribuía à liderança, disciplina e motivação nas Forças Armadas, e particularmente na formação cívica de jovens militares, numa altura em que o Colégio Militar, a mais antiga Instituição Militar de Ensino da Europa é vítima de uma campanha de fins dissimulados. É bom realçar que, há mais de dois séculos, esta honrada e sólida Instituição tem formado gerações de jovens que vieram a prestar relevantes serviços à Pátria, quantas vezes com o preço da própria vida.
Numa época conturbada como a que se vive hoje em Portugal, prepara-se, com grande despesismo, a comemoração, em 2010, do centenário da República.
Tratarei desse tema em ocasião mais apropriada. Apenas saliento que a actual “terceira República“,de constituição Democrática , é bastante semelhante à Monarquia vigente em 1910. A diferença maior está na Chefia de Estado, de eleição periódica por sufrágio universal, na República, e de permanência vitalícia na Monarquia, salvo no caso dos Portugueses, democraticamente, num caso extremo, promoverem a substituição do Rei .
Eu não duvido que uma Chefia de Estado independente dos poderes políticos e económicos, livre de pressões, respeitadora das instituições e defensora do seu correcto funcionamento, alheia a querelas partidárias e a favoritismos, preocupada com o longo prazo e não com imediatismos influenciados por calendários eleitorais é o complemento fundamental que a Monarquia pode oferecer a um Estado moderno.
Não é por acaso que, as Democracias mais desenvolvidas e estáveis da União Europeia são Monarquias.
Em vários países do Norte da Europa ouvi destacados políticos afirmarem que “vivemos em República, mas o nosso Rei é o melhor defensor da nossa República”. Chegou o tempo de os portugueses pensarem com coragem e em consciência se, o que se entende por República, não seria melhor servida por um Rei?
Estou convicto que saberemos encontrar o nosso caminho, discernindo as nossas prioridades, e encontrando pacificamente, as melhores soluções para o verdadeiro progresso do País.
Apelo a todos, autoridades e políticos, autarcas eleitos, empresários, agricultores, profissionais do sector público ou privado, apelo aos que se vêm no desemprego, aos estudantes e reformados, apelo à Igreja e aos cultos confessionais, aos que emigram e imigram, que ponham as suas capacidades ao serviço de Portugal.
É tempo de solidariedade, é tempo de acção e de esperança num futuro melhor para as gerações dos nossos descendentes.
Servir Portugal, estar próximo dos portugueses, essa foi a Herança que recebi e que aqui uma vez mais assumo, e que, com a minha Mulher, também transmitirei aos nossos filhos!
Viva Portugal!
(imagem tirada daqui)
O Nuno já aqui deu conta da entrevista concedida por D. Duarte ao i. Permitam-me, no entanto, destacar estes dois parágrafos, embora recomende a leitura integral da entrevista:
"Concorda com a ideia de Ferreira Leite de que o país vive um clima de asfixia e retaliação criado pelo governo?
Não sei dizer. Acho é que há um pouco a tendência dos partidos no poder, sobretudo se tiverem maioria, para acharem que têm o direito a privilégios, lugares e vantagens. Isso é muito perigoso. Devíamos seguir mais o modelo inglês, em que a administração é uma coisa e a política outra: as pessoas competentes que estão na administração ficam, independentemente dos partidos no poder.
Acha que um governo minoritário pode ser prejudicial ao país?
Não. Um governo de coligação é benéfico, no sentido em que se cria uma maior dinâmica de diálogo e participação. Mas o importante é que tem de haver um acordo entre as principais forças políticas para que se tomem as medidas difíceis que têm de ser tomadas. Se não houver esse acordo, os partidos que estiverem no poder não tomam medidas duras com medo de se queimarem eleitoralmente. Se essas medidas forem tomadas por consensos, todos se responsabilizam. "
(imagem picada daqui)
Tem vindo a crescer em Portugal um sentimento de insegurança quanto ao futuro, sentimento avolumado por uma crise internacional, económica e social, de proporções ainda não experimentadas pela maioria dos portugueses. São momentos em que importa colocar perguntas à Democracia que desejamos.
Admitindo-se que a situação concreta é grave, torna-se necessário encará-la de frente, antevendo todos os aspectos em que os portugueses experimentam dificuldades.
Os tempos de crise vão-nos trazer privações mas também vêm exigir reflexão. Este é o momento de olharmos para o que somos. Para este país tão desaproveitado. Para a sua costa atlântica com Portos tão ameaçados, para uma fronteira tão vulnerabilizada, para um património cultural tão desaproveitado.
Temos de perguntar até onde deixaremos continuar o desordenamento do território, que levou a população a concentrar-se numa estreita faixa do litoral, ocupando as melhores terras agrícolas do país e esquecendo o interior, reduzido a 10% do PIB.
Temos de perguntar à economia portuguesa por que razão os bens de produção são despromovidos perante os “serviços”, o imobiliário, e ultimamente, os serviços financeiros. O planeamento das próprias vias de comunicação se subjugaram a essa visão.
Temos de perguntar até onde o regime democrático aguenta, semana após semana, a perda de confiança nas instituições políticas e uma atitude de “caudilhização” do discurso.
Temos de perguntar até onde continuaremos a atribuir recursos financeiros a grandes naufrágios empresariais, ou a aeroportos e barragens faraónicas que são erros económicos.
Temos de perguntar até onde o sistema judicial aguenta, sem desguarnecer os direitos dos portugueses, a perda de eficácia e a morosidade crescente dos processos.
Temos de perguntar se não deveríamos estabelecer um serviço de voluntariado cívico em que os desempregados possam prestar um contributo à comunidade.
Temos de perguntar até onde as polémicas fracturantes que só interessam a uma ínfima minoria política, não ofendem a imensa maioria das famílias, preocupadas com a estabilidade pessoal e económica.
Temos de perguntar como vamos aproveitar o ciclo eleitoral que se avizinha, a começar pelas eleições europeias, onde será desejável que apareçam independentes que lutem pelos interesses nacionais.
Temos de perguntar se nas relações lusófonas, estamos a dar atenção suficente às relações especiais que sempre existiram entre Portugal e o Brasil.
Para ultrapassarmos as dificuldades, precisamos de todos os nossos recursos humanos em direcção a uma economia mais “real”, mais sustentada, mais equitativa, uma economia em que respirem todas as regiões a um mesmo “pulmão”.
Apesar de tudo, o nosso sector bancário fugiu das estrondosas irresponsabilidades dos congéneres mundiais. Saibam os Governos regulamentar os apoios para as empresas grandes, médias ou pequenas mas que sejam produtivas.
Em regime democrático, exige-se processos e discursos ditados pelo imperativo de responsabilidade. A equidade e integridade territorial só poderão ser obtidas com a participação de todos, e com sacrifícios para todos.
Estamos confiantes que somos capazes de fazer das nossas fragilidades as nossas maiores vantagens. Onde outros tiveram soluções muito rígidas que falharam, nós venceremos promovendo os portugueses que lutam por um país de imensas vantagens competitivas.
Mostremos como somos um grande País, uma Pátria em que todos cabem porque acreditam na Democracia. Portugal precisa de mostrar o seu projecto para o século XXI. Pela minha parte, e pela Casa Real que chefio, estou, como sempre, disponível para colaborar.
D. Duarte de Bragança
Lisboa, 3 de Março de 2009
Discurso de encerramento do I Congresso Marquês Sá da Bandeira
Hoje pelas 14:30 D. Duarte em entrevista à RTP África, onde fala ainda sobre o I Congresso Marquês de Sá da Bandeira, organizado pelo Instituto da Democracia Portuguesa, do qual é Presidente de Honra.
14 de Maio de 2008
"Após o infeliz fim do Reino Unido criado por D. João VI (no qual estava prevista a futura integração de Angola e Moçambique), ficámos com a língua que nos une. Mas até essa união estava a desaparecer, desde que um governo da 1ª república reformara a nossa ortografia, sem consultar o Brasil.
Esta semana (16 de Maio), os deputados decidirão ratificar o Acordo Ortográfico que a nossa Academia de Ciências e a Academia Brasileira da Língua vinham elaborando há anos. Alguns intelectuais condenam essa decisão, que consideram um atentado à nossa cultura e outros referem os grandes custos que resultarão da substituição dos dicionários e livros escolares. Seria preferível ficarmos "orgulhosamente sós" com a nossa ortografia?
Quanto aos custos financeiros, julgo que poderão ser evitados se nos dicionários for acrescentado uma "errata" explicando quais as palavras que foram alteradas, e que não são muitas. Ficou estabelecido que durante os próximos 6 anos poderemos escrever com ambas as ortografias. Quanto ao aspecto cultural, no Brasil todos os estudantes lêem Eça de Queiroz e outros clássicos portugueses na ortografia original, sem problemas.
Há quem pense que ainda muito se poderá fazer para tornar a nossa escrita mais lógica do ponto de vista fonético e menos dependente de critérios etimológicos que dificultam muito a sua aprendizagem por parte de milhões de crianças.
Devemos também insistir com ambas as academias para que traduzam para português os termos das novas tecnologias, para não ficarmos a falar uma espécie de crioulo em que se misturam várias línguas na mesma frase...
Gostei muito de ouvir no debate parlamentar os representantes da Galiza defenderem que "o português da Galiza deve unir a sua ortografia à do português universal, mas para que tal seja possível, é necessário saber enfim qual será essa ortografia".