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24 de Agosto é uma data fértil em acontecimentos. Uma delas foi a conquista de Arzila, em 1471, etapa relevante do plano expansionista de D. Afonso V por terras mouras. O Africano quis que o feito militar ficasse registado para a posteridade e encomendou às oficinas flamengas de Tournai (hoje na Valónia) um conjunto monumental de tapeçarias que retratassem os vários momentos da tomada da cidade. Assim sucedeu, mas por razões misteriosas as tapeçarias foram parar ao Ducado de Infantado, que os cedeu posteriormente à Colegiada de Pastrana, onde se mantiveram durante séculos. A grande questão é que a "transferência" não se deu durante o reinado da dinastia dos Habsburgos, entre 1580 e 1640, mas sim na primeira metade do século XVI, e não consta que fosse qualquer oferenda de casamento a uma qualquer infanta castelhana. Até hoje, não se percebe como é que as tapeçarias foram parar à colegiada da pequena cidade perdida no meio de Castela.

 

Nelas se retratam o desembarque atribulado, o cerco a Arzila e a tomada da cidade. Em todas, o Africano é representado em destaque, com uma armadura reluzente, distinguindo-se também o Príncipe D. João. Numa quarta tapeçaria representa-se ainda a tomada pacífica de Tânger, cuja anterior tentativa de conquista anos antes redundara num fracasso e custara a liberdade a D. Fernando, o Infante Santo. Depois de séculos em Espanha, as quatro tapeçarias estão expostas do Museu Nacional de Arte antiga, em Lisboa. Impressionam pela sua monumentalidade e minúcia, retratando todos os passos dos acontecimentos da época. Os Painéis de São Vicente foram temporariamente retirados do seu lugar habitual e colocados mais à frente, para completar o conjunto. A exposição, intitulada "D. Afonso V e a Invenção da Glória", pode ser vista nas Janelas Verdes até 12 de Setembro. E garanto, vale imenso a pena ver aqueles lindíssimos e imponentes tecidos, comparáveis às célebres tapeçarias de Bayeux, que depois de tanto tempo encerrados num obscuro mosteiro espanhol, nos relatam com grande pormenor e arte esse período de conquistas que iniciou a época de ouro de Portugal

publicado às 23:48

Escrevi no Diário que mantinha então:

por Cristina Ribeiro, em 27.06.09

 

Neste mês de Agosto de 1983 vou com o pai e a Alice visitar a XVII Exposição Europeia de Arte, Ciência e Cultura, a acontecer em Lisboa, com o tema « Os Descobrimentos Portugueses e o Renascimento Europeu ».

           Depois de termos ido ver outros pólos ( Convento da Madre de Deus, Casa dos Bicos...), era a vez de visitarmos o Museu Nacional de Arte Antiga. Numa das salas, cujas paredes estavam cobertas por grandes tapeçarias, disse a guia tratar-se das Tapeçarias de Pastrana, que narravam os feitos de D. Afonso V em Arzila, e serem aquelas umas cópias perfeitas das originais encontradas em Pastrana ( Castela ), cópias essas que tinham ido para ali, para a exposição, mas que normalmente as poderíamos encontrar no Paço dos Duques de Bragança, em Guimarães.

Troquei um olhar com a minha irmã, como se nos disséssemos - viemos aqui encontrar uma coisa que não sabíamos estar mesmo ao nosso lado...

 

E lembro este episódio, numa altura em que tenho entre mãos o fac-simile de um exemplar da Revista da Faculdade de Letras, de Lisboa, que discorre sobre «Portugal e as Tapeçarias Flamengas ». Aí se relata a troca de argumentos entre Reinaldo dos Santos, um dos Fundadores da Academia de Belas- Artes de Lisboa, e Afonso de Dornelas, que fundou o Instituto Português de Heráldica, sobre a origem das tapeçarias, e o porquê de terem sido encontradas em Espanha...

     Conclui o artigo que " Parece não existirem ainda conclusões definitivas e irrefutáveis acerca das Tapeçarias. Contudo, ninguém duvida hoje em dia do seu grande valor artístico e histórico ".

publicado às 19:47






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