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Não é que faça diferença alguma, mas pela primeira vez em cem anos, o presidente da Reserva Federal dos EUA é uma mulher. Janet Yellen substitui deste modo Ben Bernanke que indubitavelmente ficará ligado à decisão de estimular a economia por via da receita designada por quantitative easing. A senhora que se segue, embora venha ao encontro de um quadro económico americano de saída da recessão (ou retoma moderada), não significa que tire o pé do acelerador da injecção de liquidez nos mercados de um modo brusco ou impulsivo, o que em última instância poderia provocar uma derrapagem ou até uma saída da estrada do potencial crescimento da economia norte-americana. Para já, e no contexto da inundação das economias com doses maciças de liquidez financeira, a inflação ainda não é uma preocupação que obrigue a subir taxas de juro - a torneira para fechar o "caudal" monetário do FED. Na Europa, a história é parecida e muito diferente ao mesmo tempo. Por um lado, as economias europeias parecem mostrar alguns sinais de terem batido no fundo, e por outro lado, este facto ainda não impactou de um modo substantivo a geração de emprego. Contudo, há outra dimensão macro-económica que vai obrigar o Banco Central Europeu a rever a sua abordagem às problemáticas estruturais que afligem as economias e os mercados. E esse risco tem um nome - deflação. A espiral deflacionista é algo que deve ser evitada a todo o custo. O mundo conhece bem o mau exemplo do Japão que não saiu do mesmo lugar económico nos últimos vinte anos, devido ao peso morto e contraproducente que a deflação representa. Por essa simples razão, Mario Draghi deve tentar inverter rapidamente as regras do jogo. E tem várias coisas que jogam a favor de uma cartada europeia de estímulo monetário, à moda do FED americano. Em primeiro lugar, as compras de títulos de tesouro dos países em apuro serviu para aliviar as contas correntes das administrações centrais, mas não chegou à economia real, uma vez que as regras de concessão de crédito se tornaram mais apertadas e criteriosas. Em segundo lugar, numa economia global, onde se desenrolam as guerras de divisas, um euro forte não vem mesmo nada a calhar para ajudar as exportações dos países-membros da zona euro para fora da sua zona de conforto. Em suma, e voltando a nomeação de Yellen para timoneira da reserva federal dos EUA, podemos afirmar que não interessa nada quem está ao leme de tão importante instituição, desde que entenda as implicações decorrentes do cargo e da missão a cumprir. E a missão a cumprir na Europa, a meu ver, não tem nada que saber. Ou se estimulam as economias e estas crescem, ou não se estimulam as economias e estas minguam. Entre uma coisa e outra, não parece haver dúvidas sobre a decisão acertada a tomar.