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A demissão da ministra da administração interna Constança Urbano de Sousa soltou o animal de perguntas e questões que estavam dentro de mim. À laia de caos instalado, vou atirar as interrogações ao ar, sem que as mesmas tenham nexo entre si ou sejam justificadas. Aliás, são totalmente despropositadas;
1. Quem preenche o lugar deixado vago pela ministra? Simples. Alguém do PCP ou do BE.
2. Porquê? Porque nunca governaram o que quer que fosse e fazia-lhes bem ao currículo provar esse veneno chamado poder político. Afinal, garganta e mais garganta não pode ser.
3. Marcelo Rebelo de Sousa demitiu a ministra? Sim. Respondeu ao pedido que havia sido formulado pela própria há quatro meses e que foi indeferido por António Costa.
4. Significa que as relações entre o presidente e o primeiro-ministro foram afectadas? Sim. O presidente terá um mandato que extravasa os limites temporais da legislatura e convém ir afagando o pêlo de uma alternativa ideológica de governo.
5. O facto da ministra ser uma mulher facilitou a pressão exercida por António Costa? Sim e não. Por um lado, a senhora é um osso duro de roer, e por outro, não deixa de ser uma mulher e António Costa não deixa de ser António Costa.
6. A descoberta das armas roubadas em Tancos foi uma coincidência ou não? Não foi. Aquele trunfo político estava no armazém de oportunismos. Mas saiu o tiro pela culatra. Não serve para grande coisa. O povo topa logo.
7. António Costa já pediu desculpa à ministra da administração interna? Não, mas ainda vai a tempo. E para além de isso, o ministro Vieira da Silva já lhe endereçou um abraço de solidariedade.
8. Por que é que os Verdes ou o PAN não tomam a iniciativa da reforma da floresta? Porque não é a sua especialidade. Não têm competência para tal acção e estão a ser muito sensatos.
9. Um pedido de desculpa não resolve nada? Não. Nada mesmo. O deputado do PCP João Oliveira pediu perdão por esta mesma explicação.
10. E por último; a Protecção Civil é uma designação bem atribuida? Sim, senhor. É adequada e corresponde à realidade. Foram os civis que se defenderam das chamas o melhor que souberam. Se tivesse sido o Estado, chamar-se-ia Protecção Estatal.
Será que não aprendem? A Caixa Geral de Depósitos (CGD) estragou-se toda com aquelas más companhias. Foram certos indivíduos de moral duvidosa e competências questionáveis que escangalharam aquele prédio. Ao longo de décadas tiveram a lata de colocar banqueiros à frente dos destinos daquela instituição financeira. Foram esses mesmos que arruinaram a jóia da coroa dos depósitos. A dada altura a CGD era conhecida como aquela máquina. Era o banco com depósitos mais avultados da EFTA ou do Mercado Comum (uma destas entidades com um rótulo todo pimpão), mas depois as coisas começaram a patinar. Ora entrava dinheiro fresco, ora saía um financiamento para um projecto comunitário com forte expressão de amizade socialista. Pois é. É esta análise de consciência de valores monetários que não está a ser realizada. Este governo (e os remanescentes) acreditam no poder de uma alma magna. Como se um Domingues ou uma domícilia fossem os deuses da banca pública capazes de agitar uma varinha. Mas eu tenho uma visão radicalmente diversa. Não existe homem ou mulher à face da terra mais kryptonado do que os mercados em si. São algoritmos contemporâneos que ditam falências ou mais-valias. Não são caixas de óculos vindos do passado, armados com MBAs da Católica ou Harvard que vão equilibrar os pratos da balança. O barómetro de que se servem já não cumpre a missão. Esse instrumento não consegue ler os perigos, mas acima de tudo, não integra a variável mais perniciosa de todas - o factor político que não se rege por modelos racionais, mas sim por inclinações afectivas. Cá por mim nomeava um computador-geral para conduzir os destinos da CGD. Existem processadores acima da mediania daqueles que ocupam os crânios de gestores bancários, as tais cabecinhas pensadoras. E esses aparelhos não reclamam. Sabemos o que trazem no miolo. Conhecemos a riqueza dos seus circuitos integrados. E desligam-se sem grandes sobressaltos. Mas não são demitíveis.
A balada de Hill Street da Assembleia da República não é uma melodia linear. Os polícias que romperam a barreira colocada por outros polícias levanta algumas questões pertinentes. Como distinguir o cidadão-polícia do polícia-cidadão? Qual o protocolo a seguir no contexto de conflitos que opõem membros de uma mesma facção? A haver um banho de sangue "canibal" entre irmãos compatriotas e colegas profissionais, será que se autoriza a mesma tipologia de comportamento noutros quadrantes? Será que o que aconteceu configura os requisítos de embrião de conflito civil? Como se definem os limites do território físico-político inviolável pela vontade popular? A que degrau da escadaria entramos nesse domínio restrito, em sentido lato ou em stritu sensu? As questões que decorrem dos actos praticados exigem uma interpretação mais profunda, menos emocional e ideologicamente idónea. No calor da noite muitos raciocínios terão sido processados pelo comando policial. À luz de uma óptica de custos e benefícios, sou da opinião que foi necessário escolher o menor dos males. E o cenário equacionado pela liderança foi uma decisão tomada ao abrigo da independência política. Não foi Miguel Macedo a dar seguimento a um despacho operacional ou Passos Coelho que, de um modo executivo, teve de implementar uma boa parte da teoria do jogo que esteve em causa nessa noite. A panela de pressão da manifestação estava muito mais perto de um ponto de explosão do que se possa imaginar. A polícia que estava do lado de lá conhece as mesmas regras de interacção dos que estavam do outro lado. Quando ambos os concorrentes dispõem do mesmo grau e qualidade de informação, a gestão das expectativas mais difícil se torna. Ainda me lembro bem das aulas de estratégia proferidas pelo brigadeiro François Martins e das implicações da ameaça do uso de força e o uso efectivo de força. Dadas as circunstâncias políticas em que se encontra o país e tendo em conta a possibilidade de se observar violência substantiva às portas de, ou no interior da Assembleia da República, penso que o resultado alcançado foi o possível - não o desejado pela ideia fundamental que define um Estado soberano e a defesa do mesmo a qualquer custo. A haver vandalismo sério, com feridos graves à mistura, a situação mudaria radicalmente de figura. Não nos devemos esquecer que na escala de valores pátrios, os militares já sugeriram que estão dispostos a sair à rua. Nesse quadro hipotético, o que aconteceu em frente ao Parlamento, poderá até ser considerado um cenário desejável, um resultado óptimo. Enquanto os polícias se quedaram pelo simbolismo do patamar superior da Assembleia, outras vozes se levantaram no Campo Grande fazendo uso da palavra violência e mais do que uma vez. Nesta fase do campeonato é irrelevante saber se Miguel Macedo cumpriu o seu papel ou não. Para sabermos isso, uma revolução teria de ocorrer e a história de Portugal teria de ser benévola para com muita gente reunida em defesa da Constituição e alegadamente em defesa do efectivo interesse nacional.
Vitor Gaspar demitiu-se, Paulo Portas apresentou a demissão e Passos Coelho já foi demitido, embora não o saiba. A democracia portuguesa está a funcionar. Foi o povo que exerceu o seu anti-voto. Foi a população portuguesa que exerceu pressão alta ao longo de largos meses e que tornou a situação insustentável. A economia, o emprego e os mercados também ajudaram - porque também se demitiram de Portugal. Não foi Seguro que alcançou estes resultados extraordinários. Por essa razão não merece um bónus por bom desempenho - não foi bom e não podemos chamar à sua actuação de desempenho (disse umas coisas para figurar entre parêntesis). O lider socialista não chegou aos pés da opinião pública e colocou-se prematuramente à porta de São Bento com as malas feitas para o check-in, só que o voo não chegou. E ao fazê-lo com tanta ânsia pelo poder, também se demitiu. Demitiu-se e foi demitido por inerência de presunções. À medida que o governo sai à peça, passa em nota de rodapé uma mensagem de alerta máxima. As pessoas tentam imaginar o Seguro como o suplente que salta do banco e chegam à conclusão que não serve. Por essa razão Portugal está encalhado no purgatório da demissão. Anda um diabo à solta que nem sequer tem uma forquilha para ostentar. Essa é uma das leituras que deve ser realizada, mas não constitui a leitura principal. Todos estes fascículos são pequenos tomos da mesma mossa política. O desmoronamento do governo, realizado faseadamente, é um exemplo da reforma do Estado que se inicia com o próprio executivo. No meu entender, a cada demissão não deveria haver uma nomeação. O governo ao emagrecer, tende à extinção, ao seu desaparecimento, mas esse acto de desvanecimento arrasta sem piedade o país inteiro para o abismo de um segundo resgate. E acresce a esta vontade interna de "põe-te daqui para fora" (atiçada de um modo irrascível), uma magistratura que mingua o processo demissionário em curso. Há uma entidade que não conseguem demitir. Há um inimigo que galvaniza o país mas que não pode ser chutado para o canto. Por mais entradas e saídas que ocorram, por mais portas que girem, o monstro omnipresente não pode ser excluído e não se demite. Acho incrível que se tenham esquecido do décor que se mantém sejam quais forem os actores em cena. A Troika e as condições impostas não se demitem. Vivem numa espécie de eternidade infernal, política. Esse pequeno facto parece ter sido omitido, esquecido no calor do momento, no entusiasmo que sempre caracterizou a pequena política, os afazeres de um pequeno bairro de embirrações e rancores. A matriz fracturante nacional nunca autorizará um governo de salvação nacional. Os partidos e os seus políticos ao recusarem colaborações de recurso, demonstram que a demissão foi a regra e nunca a excepção. Se os políticos tivessem presentes o sentido de urgência nacional, colocariam de lado o seu ego ideológico. Se Cavaco "os tivesse no sítio", se fosse corajoso, punha em andamento a construção de uma equipa de salvamento. Recrutaria membros de todas as facções políticas e dos movimentos cívicos. Mas o chefe de Estado é o maior de todos - o mais demitido de todos. Um auto-demitido que ainda não foi admitido na instituição adequada. São palavras excessivamente fortes e desrespeitosas, aquelas que eu prefiro? Não me parece. A situação é gravíssima, temos de demitir, perdão, admitir.
Os intérpretes da nação, os jornalistas e comentadores estão concentrados na tabela classificativa. Se Paulo Portas subiu do terceiro posto para o segundo. Se Maria Luís Albuquerque, que jogava na divisão das secretarias de Estado, tem legimitidade e competência para disputar a primeira liga. E andamos nisto. De Constança Cunha e Sá a Peres Metelo, estão todos preocupados com os aspectos formais, obviando o mais importante, a matéria substantiva que define a crise política, económica e social. Discutem se os actores tinham conhecimento prévio ou não dos Swaps. Se fulano e sicrano tinham falado sobre esta ou aquela operação, sob os auspícios de Sócrates ou sob a batuta de Passos Coelho. E depois temos Seguro, que pediu uma audiência para fazer queixinhas ao presidente da República. Um militante, o outro dilitante. Estas picardias, estas miudezas são exactamente o oposto do que se exige. A nomeação de Maria Luis Albuquerque faz parte de uma lógica de governação perdida, de um método que enuncia que já não há nada a ganhar. O dedo já está na ferida há muito tempo, e do ponto de vista da governação, é carregar no acelerador até ao estoiro final. Mas imaginemos um cenário utópico de brandura e simpatia. Aquilo que Seguro anda a apregoar na missa. A nomeação de um embaixador das balelas socialistas. A ilusão que é possível crescer sem reformar. A ideia que o Estado pode continuar a ser obeso e que o contribuinte pode ser poupado. Infelizmente, já não há volta a dar. Seguro, se subir no ranking, por demérito dos outros, pode até ter a ficha limpa, mas no primeiro dia de trabalho contradizer-se-á ao pretender desfazer o que os outros fizeram. Será confrontado com o mesmo dilema que triturou Gaspar e que irá moer Albuquerque. Que não restem dúvidas. Nada se altera com a entrada de uns e a saída de outros. O pelotão que comanda os destinos da nação é igual ao país; está metido em sarilhos. No entanto, observo que uns sabem escapar às labaredas com mais arte do que outros. Paulo Portas tem sido hábil na gestão da cozinha governamental. Destaca-se enquanto provador das receitas, distancia-se do chef quando há conflito no que diz respeito aos ingredientes, mas nunca diz que gostaria de ter o seu próprio restaurante. No remendar do pano roto oferece a linha e a agulha, mas ainda não tem uma manta suficientemente ampla para granjear o aplauso de todo o espectro político - uma maioria governativa. O PSD e o PS estão a abrir alas para algo distinto. O primeiro por exagero na função e o segundo por inexistência. Se eu fizesse parte desta matilha e fosse estratega, começava a procurar salvar o coiro. Gaspar não se demitiu. Gaspar rendeu-se às evidências de algo que transcende o rancho político nacional. A falta de coesão de que se queixava também se aplica à Europa no seu todo. No "todo" da União Política e na parte respeitante à moeda. A profissão de ministro das finanças há muito que tem vindo a ser posta em causa pela eminência cada vez menos parda dos banqueiros centrais. São esses presidentes de banco "that are calling the shots". Não me admiraria muito, se, no contexto da arquitectura económica e financeira da União Europeia, os ministros das finanças da periferia vierem a ser dispensados, subsituídos por outro género de colaborador. Se Maria Luís Albuquerque aguentar ainda mais pressão do que Gaspar, então a decisão tomada pela Alemanha foi acertada. Wolfi acaba de ver inscrita na sua escola uma aluna mais fraquita. E os mais fracos querem sempre agradar aos professores. Querem fazer-lhes as vontades, porque as ideias que têm não chegam a sê-las. As futuras nomeações políticas que venham a acontecer irão também obedecer a esse princípio de olho de furacão. Encontra-se o candidato já intensamente calejado por swaps ou coisa que o valha e desse modo as expectativas morrem à partida. Apenas tenho uma coisa a dizer: o nível é tão baixo que nem aparece na tabela de classificação. Aparece noutra escala.
"Que, após homologaçäo da presente informação, seja a mesma remetida (...) ao Ministério Público junto do Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa, para que seja declarada a nulidade do ato de avaliação de Miguel Fernando Cassola de Miranda Relvas (...) designadamente a declaração da nulidade do grau académico de licenciado em Ciência Política e Relações Internacionais pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (ULHT)"
Com a anunciada demissão, já prevista aliás, dado que Relvas sempre disse que, a saír do Governo, o faria sem ser no âmbito de uma remodelação, a qual deverá ter lugar no início da próxima semana, Miguel Relvas já pode dedicar-se a 2 projectos urgentes: o primeiro é casar e, logo a seguir, a candidatura à Câmara Municipal de Lisboa onde substituirá o legalmente impedido e ainda edil de Sintra.
O presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim, defendeu hoje a demissão do Governo da República, liderado por Pedro Passos Coelho.
«Não basta a demissão do ministro das Finanças, tem de ser um novo Governo», disse Alberto João Jardim, citado pelo Público, referindo-se aos resultados da sétima avaliação da troika ao programa de ajustamento, que o líder madeirense considerou serem «uma confissão de falhanço».
À margem da inauguração de uma exposição do aguarelista Max Romer na Casa das Mudas - Centro das Artes, na Calheta, Jardim defendeu ainda que, com este cenário, o PSD tem de encontrar rapidamente um outro Governo que dê outro tipo de respostas aos portugueses. «O PSD tem de pensar nisso», sublinhou o líder do Executivo madeirense.
Não sou um grande apreciador dos escritos de Viriato Soromenho-Marques. Aliás, nunca fui, exceptuando um ou outro artigo bem localizado. Porém, há excepções para tudo, e, hoje, quinta-feira, dia 21 de Novembro de 2013, vou citá-lo aqui, neste blogue, porque, no meio de tanto ruído mediático, de tanto afiar de facas, de tanta gritaria desalmada, o escriba do DN foi o único, repito, o único que colocou os pontos nos is: "Ficar condoído com o silêncio forçado de Relvas, e esquecer as vozes inteligentes que a sua ação tem afastado do serviço público de comunicação social, parece-me tão despropositado como acusar a poesia erótica de Bocage de pôr em causa as liberdades fundamentais do intendente Pina Manique. Em Berlim, um ministro que plagia uma tese sai do governo em menos de 24 horas. Em Lisboa, um homem cuja vida é um perpétuo faz-de-conta, esgota a agenda política. Só o primeiro-ministro não percebeu, ainda, que o caso Relvas não é uma questão de direitos constitucionais, mas um assunto de higiene pública. Contamina a pouca autoridade do Governo e mina o moral que resta ao País". Respondendo a Viriato, o primeiro-ministro não percebeu porque manifestamente não quer perceber, pois está agarrado até ao tutano ao ministro faz-de-conta. O problema que se coloca é tão-só um problema de legitimidade. Relvas - por favor, tentem abstrair-se de quem se manifesta e apupa - há muito que devia ter saído do Governo. Só diminui e prejudica, não acrescentando absolutamente nada à governação. Qualquer criança de 5 anos consegue entender esta obviedade. O desafio é muito simples: ou Passos Coelho entende que Relvas tem de sair, e sair implica 1) demitir-se, 2) deixar de influir na governação, ou o Governo continuará nesta senda de deslegitimação. Isto dito, que fique claro que Relvas não é nem pode ser o bode expiatório do esbulho fiscal em curso, mas o simbolismo que acarreta o facto de ser alguém permanentemente acossado e que, no fundo, está no poleiro com o dinheiro dos nossos impostos, é algo que é extremamente difícil de extirpar. Como diria o outro, é a ética, estúpido!
Não existe um país no mundo que não tenha o seu cardápio de plagiadores. Os copy-pasters vêm em todas as cores e feitios. Não há nada que possa ser feito para limpar o sebo ao conhecimento, à sabedoria que encerra em si o DNA do seu autor e que sai da boca para fora. Ladrões de intelecto operam na China, nos EUA, na Guatemala, na Alemanha, e também em Portugal. Existe porém uma diferença abismal entre o ministro Miguel Relvas e a ministra de educação da Alemanha que foi apanhada volvidos trinta anos sobre a atribuição do seu "alegado" doutoramento. Se em Portugal, a Universidade que o certificou, tomasse uma decisão para despromover Relvas, provavelmente ao homem seria dada a equivalência ao quinto ano de escolaridade. Enquanto muitos nativos se regozijam com as escorregadelas dos alemães, em virtude do estado de sujeição política e económica em que o país se encontra, pecam por não integrar na sua análise um aspecto fundamental. Refiro-me às consequências políticas que resultam da fraude. Independentemente do assalto à tese de doutoramento ser verdade ou não, a ministra alemã apresentou quase de imediato a sua demissão à semelhança de outro colega de fraude. Não arrastou um país inteiro para um tira-teimas privado, que apenas a si e à sua consciência dizem respeito. Teria sido simpático se o José Sócrates, que esteve envolvido em sérias dúvidas académicas, tivesse aberto o precedente ético, abandonando de imediato a posição que ocupava. Se o tivesse feito facilitaria a vida ao colega Relvas e provavelmente a tantos outros com graus académicos conferidos administrativamente. Muitos sabem do que falo. Refiro-me a licenciaturas que foram "dadas" no calor da Revolução de Abril e que autorizam, mas não capacitam muitos indivíduos para exercer a sua profissão. Felizmente, para mandar umas postas de pescada em blogs, não careço de autorização prévia. Afinal "the grass is not always greener over there".
Passos Coelho sofre o primeiro revés. O Secretário de Estado da Energia, Henrique Gomes, terá deixado o Governo, segundo notícia divulgada esta segunda-feira pelo 'Diário Económico'. O referido jornal adianta que o substituto de Henrique Gomes no Ministério da Economia, tutelado por Álvaro Santos Pereira, é o Artur Trindade, director da ERSE - Entidade Regulador do Sector Energético.
Já há 2 semanas que corria o boato de que estava para dias a demissão do governante. Hoje confirmou-se o esperado. É a primeira "baixa" no executivo de Passos.
No dia em que Sócrates se demitiu, os Alunos do Liberalismo deram a Extrema Unção ao Primeiro-Ministro:
À hora a que escrevo este post, o evento por mim criado no Facebook de uma Mega-festa comemorativa da demissão de Sócrates, conta com 2651 participantes. Agora que o evento terminou, após ter lido verdadeiras congratulações de regozijo com a demissão do PM, mas também muitas intervenções de bradar aos céus, deixei uma mensagem de encerramento composta por um sentido agradecimento a uns, e por uma nota de abjecta repulsa a outros, que se me afigura apropriado também aqui publicar:
«A todos os que se juntaram a esta celebração, o meu sentido agradecimento. Finalmente vislumbra-se uma luz para sairmos do abismo para o qual o socialismo nos tem trazido. A remoção de José Sócrates da equação, ainda não totalmente concretizada, é a pedra de toque para a nossa recuperação. Tenhamos ou não que recorrer ao FMI, certo é que teremos eleições, a expressão mais imperfeitamente perfeita da vontade do povo, e a um novo governo caberá a responsabilidade de viabilizar e credibilizar o país, depois de Sócrates nos ter deixado na lama. Sem medos e sem papões, a vida continua e seguimos em frente num país que já atravessou crises bem piores ao longo da sua História de quase 9 séculos. Continuamos aqui e no que depender dos portugueses, tenho a certeza que por cá continuaremos.
Quanto aos socráticos socretinos e outros quejandos paladinos da infelizmente risível responsabilidade irresponsável, quero dizer que me estou pura e simplesmente a marimbar para as vossas opiniões – se é que alguns dos chorrilhos estupidificantes por aqui derramados possam sequer ser considerados como opiniões. O Facebook é uma ferramenta magnífica, provavelmente uma das invenções mais democráticas jamais criada, no que à participação política diz respeito. Permite a masturbação e a regurgitação pseudo-intelectual em larga escala e tempo real de todos quanto o pretendam fazer, ao mesmo tempo que do alto da sua arrogante e sábia ignorância presenteiam ilustres desconhecidos com epítetos do mesmo jaez, numa suprema demonstração do seu civismo e educação. Pois bem, já que assim é, vão mas é trabalhar que este evento já acabou e deixem-se de merdas ó cambada de presunçosos socretinos e pseudo-preocupados com o estado do país!!!»
Pode juntar-se aqui ao evento. Vamos dar início aos festejos cantando o Hino Nacional! Tragam os familiares e amigos, passem a palavra!
O socratismo está a desertar do espectáulo mais decadente da democracia portuguesa!
Hoje, se a malta que nos desgoverna não faltar à verdade, José Sócrates demitir-se-á. Aquele que é o superior interesse nacional desde há muito tempo, a saída do Governo daquele que é provavelmente o pior Primeiro-Ministro da história da democracia portuguesa, será finalmente concretizado. O que se vai seguir, logo se verá, e caberá a todos os portugueses decidir qual o rumo que pretendemos para o país. Mas antes disso, há que celebrar como se não houvesse amanhã. Independentemente da ideologia, partido, sexo, cor ou religião, com ou sem álcool, drogas, música e fogo de artifício, celebremos esta verdadeira dádiva que é vermo-nos livres de José Sócrates. Juntemos a família, os amigos, o cão, o gato, o canário e o periquito, e celebremos esta dádiva para o país - Mega-festa comemorativa da demissão de José Sócrates! Convidem os vossos amigos no Facebook e vamos fazer desta a maior festa do ano em Portugal
Mas antes, às 14h, em frente à Assembleia da República, não perca o pontapé de saída para esta comemoração, a Extrema Unção que os Alunos do Liberalismo darão a José Sócrates.
(imagem picada daqui)
Peço desculpa pela ausência, que irá continuar nos próximos tempos, mas imperativos de ordem académica impedem-me de marcar presença na blogosfera de forma tão assídua. Não podia, no entanto, deixar passar em branco a demissão de Dias Loureiro do Conselho de Estado.
Esta resistência quasi-heróica de Dias Loureiro ao longo dos últimos meses fez-me recordar um escândalo que envolveu a cassação do mandato de Renan Calheiros, Presidente do Senado Brasileiro, corria o ano de 2007. Na altura, este foi acusado de ter aceite subornos. Também se falava em campanhas negras. Renan conseguiu ser absolvido no Senado por duas vezes, embora tivesse vindo a renunciar ao cargo.
É certo que Dias Loureiro não foi ainda julgado nem sentenciado a não ser em praça pública. O mesmo aconteceu a Renan já que a esmagadora maioria da população brasileira preferia que o mandato tivesse sido cassado. E ambos tiveram uma resistência que não sei se ficará a dever-se ao receio de que o acto de demissão possa simbolizar a assumpção da culpa - mas como, se supostamente têm a consciência tranquila não é? - ou se será apenas por boçal teimosia provocatória.
Também é certo que onde há fumo há fogo. Ou como dizia Salazar, "Em política o que parece é".
Obrigado caro Dr. Dias Loureiro por não envergonhar mais os portugueses. Só peca por tardia a sua atitude. Já podia ter-se demitido há e muito e constituir-se arguido a seu pedido, guardando silêncio e não provocando o lavar de roupa suja que agora já não tem retorno, que apenas tem como ponto positivo fazer prova da falta de Sentido de Estado das nossas "élites". Mais uma vez.