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As armadilhas poderão ser muitas, algumas das quais talvez pertençam ao gasoso mundo das comissões. Só assim se poderá explicar a timidez governamental, o silêncio "moita-carrasco" da oposição e a sempre costumeira abstenção belenense. Como diz a padeira dona Francelina, "estão todos feitos"!
Os Portugueses correm risco de vida. Quando o Presidente da República Portuguesa exprime o seu louco desejo de saltar por cima da dura realidade dos factos, torna-se colaborador activo do assassinato social do país. O estado de negação em que se encontra, deveria requerer que uma junta médica determinasse se o chefe de Estado reúne as faculdades mentais para continuar a exercer o mandato que lhe foi conferido. O salto à verdade que pretende realizar sobre o descalabro nacional, é sinal inequívoco da falta de equilíbrio psicológico deste lider recentemente tornado espiritual. Não sei se a lei prevê uma figura clínica que obrigue um titular de cargo público a ser sujeito a um conjunto de análises e exames médicos, sempre que as provas o justifiquem, e a pedido de uma comissão Parlamentar, mas chegou o momento para aferir da sua capacidade para exercer um cargo público de tamanha responsabilidade. Porque todos os outros argumentos lógicos e naturais caíram por terra. Os conselheiros de Estado, que se encontram no consultório de Belém, prestariam um serviço à nação, se confrontassem o Presidente com a loucura do Rei Aníbal. A crise que ele pretende tapar com a peneira, não é apenas política. A política, embora seja em simultâneo um sintoma e uma causa patológica do descalabro, não pode ser apresentada como falso alibi para o desastre económico e social. Como se fosse possível reparar a carroça escangalhada que desce a pique e a toda a velocidade a montanha. Já chega de ficção embelezada, fornecida pelos estúdios de Belém. O Presidente fala em pós-Troika? A única coisa que posso aproveitar desta hifenização que envolve os pós e a Troika, é o pó em si. O pó que assentou nos processos intelectuais. O pó que tolda a visão. O pó que não sei se inspiraram. E acho uma maravilha que o Presidente da República tenha enviado, pela primeira vez na sua vida, a documentação da reunião, aos 19 conselheiros de Estados. Pelo menos assim, os papéis não ganham pó. Decididamente o Cavaco Silva não percebe nada de obras nem do pó que se levanta. O país que se encontra em estado de emergência não tem tempo para estes convívios. Um plano de salvação deve ser posto em andamento sem demoras. Em vez de discutir o após-Troika, aqueles valentes homens estão obrigados a evitar uma catástrofe de proporções imagináveis, porque já temos amostras que cheguem para traçar um cenário muito negro para os sobreviventes deste cantinho à beira-mar plantado.