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Não tenho um telefone com uma linha directa para a central de segredos da casa da justiça, mas é óbvio que o pedido de Habeas Socras não tem pernas para andar (de Évora, ou do raio que o parta). Será racionalmente recusado. José Sócrates pode ser acusado de inocência as vezes que quiserem pelos Almeidas e Lacões deste universo, mas os prazos de entrega ao poder judicial ou de detenção não foram ultrapassados. Acresce a este facto que provavelmente os tentáculos do polvo de Castelo Branco se estendam de Caracas a Tripoli - como diz o próprio: "isto mal começou". Podemos afirmar, com alguma margem de erro contabilístico, que o Banco Espírito Santo também terá sido uma das instituições do regime socrático. Mas o Habeas Corpus também não faz sentido por outra razão. Sócrates, embora esteja privado de liberdade de movimentos, não perdeu o contacto com o mundo. Parece não ter dificuldades em mandar mensagens e bilhetes - quer em tom de ameaça quer em jeito de promessa - para diferentes orgãos de comunicação social. Em todo o caso, quem parece ter os movimentos condicionados, e estar ligeiramente paralisado, é outro cavalheiro. Já passou mais de uma semana sobre a detenção de Sócrates e António Costa nem sequer se dignou visitar o seu camarada. Mas será apenas uma questão de tempo até apanhar a mesma camioneta de Soares e companhia. À medida que o enredo for adensando, e Sócrates deixar de se sentir o homem mais livre do mundo, arrastará para o filme outros protagonistas. Não me parece, que em nome do Partido Socialista ou da revolução socialista, esteja disposto a passar uma longa temporada em Évora. Quando a ocasião o exigir, Sócrates, como dizem os nossos amigos brasileiros - vai botar a boca no trombone.
Se fosse no Reino Unido ou nos EUA nenhuma pedra ficaria por revirar. E haveria condenações. Aqui têm uma pequena lista de condenações de políticos na terra do Uncle Sam. O aparato de jornalistas seria 10 vezes mais sensacionalista e muito, mas muito mais implacável. Queriam uma Democracia? Então, aqui a têm. Tudo o resto é pose de pseudo-intelectuais com mania de que vivem num país civilizado, superior no trato - ofendidos pelos jornalistas e os directos a partir de aeroportos e garagens. Falamos de corrupção. Falamos de danos causados à nação. Falamos de malandros que concebem esquemas para fintar a justiça e continuar a bailar. Mas também não podemos esquecer aqueles que invocam a presunção de inocência - os espectadores-cidadãos. E eu pergunto: porque o fazem? Invocam essa premissa porque pode dar jeito. Porque pode ser que consigam fintar os outros. Pode ser que ainda consigam ser mais chico do que os outros que são espertos. Estou a ser duro? Não me parece. Perguntem a Sócrates que teve a sorte de aterrar na Portela.