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Por acaso, tenho duas gatas no apartamento em que vivo. Ambas recolhidas da rua onde estavam condenadas a morrer a breve prazo, a Luna e a Quica são parte importante da minha vida. Quem é um ministro, secretário de Estado, uma poedeira de cristas, "presidente" ou sei lá eu quem, para me vir agora proibir de ter mais dois ou três animais? Este estranho "neo-liberalismo" soviético que tudo pretende controlar, entrar nas nossas casas, vasculhar gavetas, bolsos, malotes e arcas do sótão, é precisamente aquele "liberalismo" que nos crava de impostos directos, indirectos ou laterais. É o mesmo "liberalismo" sovietista que insiste em controlar os tostões que nos sobram, julgando então estar no pleno direito de estabelecer o quanto podemos gastar em sacos de ração ou de pedrinhas sanitárias.
É este o mesmo "liberalismo" que a todos obriga ao sustento de uma infinidade de bípedes que vivem de "contribuições excepcionais", "subsídios extraordinários" e antigas "aposentações ao fim de oito anos", não nos esquecendo dos seus gabinetes, motoristas, polícias à porta e à conta, combustíveis, viagens, banqueteiras ajudas de custo, assessores e outras mordomias tais que num país civilizado, significariam o erguer de uma portentosa obra de defesa dos animais e da natureza.
Há uns tempos, o senhor Cavaco (Aníbal), sempre esquecido de gasolinas e de outros hipotéticos bodos ascendentes, desabafava acerca dos males da nossa sociedade. Ousou dizer que quem herdava dos pais não merecia a prenda, pois nada "tinha feito" para esse aumentar do património. Percebemos logo do que se tratava. É a ânsia pela prova de factura a guardar durante umas cinquenta gerações. O roubo da pulseira outrora usada pelas avós, o confisco das cadeiras D. Maria do tio que morreu sem descendência directa, enfim, o desbragado saque promovido a um sistema de governo e de escravização de uma população indefesa, tornou-se na principal arma de intervenção desta gente que jamais teve um rumo em mente, abandonando o país aos caprichos, gula e manias de uma ínfima minoria.
Um conselho: desobedeça, arranje um bastão de metal com que se possa defender e já agora, adopte mais dois ou três cães, gatos, hamsters ou qualquer outro animal. Só assim poderá mostrar aos quotidianos ladrões da sua vida, quem é que ainda controla o que se passa dentro de sua casa.
Portugal é um dos países com uma das legislações mais vetustas quanto aos direitos dos animais. As normas ainda consideram os cães, gatos, burros, cavalos ou vacas, como "coisas" à disposição de donos, equiparando-se a uma telha, mesa, cadeira ou penico. Se alguém solicitar a intervenção da polícia para acudir a um gato ou cão atropelado, invariavelmente terá como resposta ..."contacte uma entidade defensora dos animais"..., ou ..."não nos compete fazer algo, até porque juridicamente os animais são coisas"... etc, etc. Muito a propósito, aqui recordo a forma absolutamente criminosa como uma certa personalidade ex-detentora de elevadíssimo cargo republicano, soube contornar a Lei e à boa maneira chico-espertista própria de um qualquer mitra de subúrbio, encontrou "especificidades culturais" que permitiam num certo caso, os touros de morte em Portugal.
Na ânsia de obter tilintantes recursos a qualquer preço, a Câmara Municipal de Lisboa, decidiu iniciar uma campanha de angariação de meios seja de que maneira for. Após as corridas da Renault no Marquês de Pombal e Avenida da Liberdade, tivemos a infecta, rasquíssima e terceiro mundista campanha de Natal da TMN, também na praça do Marquês. Iluminações pífias, plastificados e como símbolos da actual situação, barracas aqui e ali, fizeram o pleno do mau gosto e do vale tudo.
Chegou a vez do arquipélago dos Açores. Pela cidade foram surgindo outdoors, iluminações e iniciativas para a promoção da região autónoma. Muito legitimamente, incentiva-se o turismo naquela parte de Portugal. Com o que não posso de forma alguma estar de acordo, é com o desastroso e arrogante sinal de insensibilidade perante o lastimável espectáculo oferecido pelo relvado da Praça de Espanha, pretensamente transformado em campo de pastagem de vacas leiteiras. Um vendaval permanente, um frio de congelar vulcões, a poluição sonora e rodoviária 24 horas por dia. Nem um abrigo pré-fabricado para os animais poderem passar a noite?! Incrível, mas verdadeiro.
A desculpa explicativa do imperdoavelmente inexplicável: ..."os animais são monitorizados por tratadores e naquele sítio usufruem de um ambiente idêntico ao do local onde normalmente pastam"...
Além de deles nos servirmos muitas vezes de forma bárbara - alimentando-nos, vestindo-nos e calçando-nos -, os bichos servem para brincadeiras, umas mais tradicionais que outras. Metade do país está armado de espingardas e caça-se não se sabe bem o quê. A taxa de abandono de animais domésticos é vergonhosa. São os novos e indefesos escravos, sempre à disposição.
Se a tudo isto somarmos a despótica insensatez dos órgãos componentes do Estado, nada mais há para comentar, a não ser um ...que bestas!