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O espaço público tem vindo a ser desajeitadamente ocupado por nulidades andantes, sobretudo quando está em jogo a emissão de prognósticos sobre a ciência mais oculta da contemporaneidade, comummente conhecida por economia. A indústria do falatório comentadeiro abrange um pouco de tudo: desde economistas nobelizados até políticos falastrões. Hoje, vou falar-vos de um economista nobelizado. Não é português, como, certamente, calculam, porém, a proveniência americana do dito cujo não obstou a que o mesmo, pago principescamente, exerça os seus dotes de cartomante, num estilo que pede meças aos Professores Karamba da Brandoa. Falo, pois, de Paul Krugman, o mago americano. Ontem, num exercício de puro masoquismo, li um dos últimos libelos deste comentadeiro nato. O que disse, então, Krugman? Estão preparados? Pois bem, aqui vai: Krugman, o especialista-mor em boutades rançosas, afirmou que a solução para a crise portuguesa está numa política monetária e orçamental expansionista. Ou seja, depois de nos termos endividado até ao tutano, a única solução que temos à disposição é a continuação deste boníssimo programa de endividamento maciço. Fantástico, não é? A ideologia de Krugman baseia-se num princípio que, em bom rigor, não destoa em nada da visão mirífica do papá da República, Mário Soares. Não há dinheiro? Imprima-se! O país não cresce? Invista-se maciçamente. Os juros sobem? O BCE imprime dinheiro! O desemprego aumenta? Criem-se mais postos de trabalho na função pública! As empresas fecham? Proíba-se a circulação de capitais. Estão a perceber a lógica da coisa? Esta gente vive numa redoma, bem fechadinha, completamente imune à realidade. Portugal bateu com a cabeça na parede, mas a única coisa que Krugman tem para dizer, logo ele que tem a obrigação de saber um pouco mais da poda, é que a solução para os problemas existentes é a repetição inverosímil do caminho que nos guindou a este caos financeiro e económico. A realidade é, de facto, um instrumento facilmente modificável ao sabor dos nossos desejos abstractos. O que importa é que os nossos sonhos juvenis de crescimento económico eterno, regadinho a crédito, permaneçam indemnes. Nem que para isso os contribuintes sejam fiscalmente sodomizados. Bela solução, caríssimo Paul. É por estas e por outras que o prémio Nobel se encontra nas ruas da amargura.