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No meu entender, mesmo num sistema político não presidencial, um chefe de Estado deve (acima de tudo) defender o interesse nacional. Não consigo perceber o que Marcelo Rebelo de Sousa anda a fazer posando para a fotografia com Fidel Castro (?). Nem sei se existe algum valor simbólico que se possa extrair deste investimento mediático. Será que o presidente da república portuguesa tem uma dívida pendente para com Otelo? Marcelo esbanja Castrol num motor avariado. E o aparelho cubano de inspiração fidelista já era uma máquina questionável. Dar um abraço ao enigmático lider não é muito diferente do que dar um encosto fraterno a Mobutu ou Lenine - ambos (incluindo o remanescente Castro) avançaram as causas da miséria humana, da pobreza e da opressão. Não fica bem a Portugal usar recursos para fins altamente duvidosos. Cuba ainda não realizou a transição para a Democracia e o estender da mão de Obama deve ser interpretado no contexto de outras emergências geopolíticas. A única coincidência linguística-ideológica que se pode espremer deste preparado tem a ver com a ideia de embargo. Quem diz embargo diz sanções. Nessa medida, Marcelo alinha-se com aqueles que sofrem os efeitos de sanções, sejam sevícias da União Europeia, sejam admoestações impostas pela administração norte-americana. Marcelo deve ter algum cuidado para não fazer a figura de urso de Marinho gaivota. Soares fartou-se de viajar à pala não se sabe bem de que ideal. E até se fez transportar de tartaruga numa qualquer ilha perdida.
Penso que Alberto João está redondamente enganado. Um candidato que se apresenta contra o partido não será expulso. É precisamente o oposto. O candidato que decide enveredar por outro caminho político está a mandar o Jardim às urtigas. Está a declinar qualquer associação com um regime que põe em causa os valores de rotativismo no poder e liberdade de expressão. Antes que este tivesse oportunidade de o enxovalhar com papel de seda laranja, o putativo candidato antecipa-se e excomunga Alberto João Jardim e as suas hostes. O ditador da Madeira nem sequer soube acertar na "margem da conferência" onde decidiu anunciar o seu diktat. Não poderia ser um fórum mais indicado do que aquele dedicado a "segurança, integridade e rotura" para Jardim demonstrar a sua coerência autoritária. Alberto João Jardim gosta de ser o enfant-terrible da treta, como se fosse o inventor da dissidência, mas é colega de Cavaco noutro circo. Expressões como "limpeza no partido" são adaptações pouco alteradas de receitas congeminadas por regimes nacional-socialistas de uma Europa não tão distante quanto isso. O défice democrático, deve ser, por isso, analisado numa escala transnacional mas também em termos ilhéus. Já agora alguém me pode recordar qual o buraco da Madeira? Alguém me pode dizer qual o valor da dívida? Alguém pode nomear o principal responsável pela calamidade do arquipélago? Alguém pode repetir quem lesou os cofres e a pátria? Bem me parecia. Na minha opinião, se o partido social-democrata fosse disciplinado, quem deveria ser expulso do partido e do país seria Jardim. Pelo andar da barca, Portugal continental está a assemelhar-se cada vez mais a uma ilha rodeada de água, qual jardim à beira-mar fundeado.