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Onde é que António Costa julga que está? Nos States? Na terra do Uncle Sam sempre se praticou socialismo civil - uma modalidade que este senhor desconhece. O contributo de cidadãos mais ou menos anónimos, mais ou menos abastados, para a edificação de projectos, o desenvolvimento de centros de arte, a instalação de equipamentos públicos em jardins localizados nas comunidades locais. Nestes casos a ideologia e os partidos não fazem parte das considerações - são as causas públicas que ganham.
O que o candidato a CEO de Portugal quer, não é para si nem para Portugal - é para o Partido Socialista. O quadro de honra dos melhores dadores serve exactamente para quê? Para pagar os favores? Minhas senhoras e meus senhores, assistimos à falência ética em todo o seu esplendor. Uma coisa é dar, outra coisa é receber para mais tarde premiar quem deu. E tudo isto feito às claras, com toda a naturalidade. A grande contradição genética deste empreendimento de financiamento é afastar a possibilidade de não militantes poderem, de um modo utópico e surreal, convenhamos, ajudar a causa facciosa daquela força política. Eu proponho um caminho alternativo: merchandising. O Partido Socialista deveria abrir lojas, numa lógica de franchising ou não. Iria mais longe. Começava por transformar a Fundação Mário Soares em flagship store. E o que venderiam nesse centro comercial? Um pouco de tudo. Porta-chaves em forma de punho, DVDs com a história dos compadres de Portugal, refeições bio com pétalas rosa comestíveis ou cupões-oferta para brindar aqueles que nos fizeram favores e que tantas vezes esquecemos no corre-corre da vida das grandes cidades. Ao que chegamos. Ao que chegamos. Eles nem por isso.
António Costa bateu por meia-hora o rival António José Seguro - chegou trinta minutos mais cedo para formalizar a sua candidatura às eleições primárias no Partido Socialista (PS). Mas Seguro, certamente melindrado pelo facto, não foi de meias-medidas e apresentou uma resposta à altura da situação: o orçamento para sua campanha é maior que o de António Costa - 165 mil euros contra 163 mil. Parece-me que somos confrontados com um empate técnico. Contudo, existe uma questão de fundo, menos jocosa e mais pertinente, que deve ser endereçada sem demoras, neste caso ou noutros de índole semelhante: a proveniência dos dinheiros de campanha. Este é o momento mais que indicado para avançar com medidas tendentes à normalização e transparência dos processos eleitorais. O cidadão português, recenseado ou não, tem o direito de saber de onde vêm os valores que ajudam a sentar políticos nas cadeiras do poder. As questões financeiras relacionadas com campanhas são sempre apresentadas de um modo convenientemente vago. São frases como; "estimam gastar 328 mil euros" ou "está tudo em aberto", que minam a confiança dos eleitores e dão margem para trafulhices. À americana, sem rodeos ou rodeios, que seja publicada a lista oficial de fundos e donativos concedidos à campanha deste ou daquele (podem inserir o apelido Wolf no motor de busca). O Dr. Solgado passou um cheque de 10 mil euros? Não, não consta na lista. Muito bem. Adiante. O Eng. Santos dos Soares teve uma atenção para com o outro? Sim, senhor - está aqui na terceira página do balancete. Estão a perceber? É simples. Pagou - passa-se recibo (dedutível no IRS logo se vê) e publica-se a folha de pagamentos no diário da república. Bananas. Obrigado. Passe bem. Passa para cá o meu.