Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
é inacreditável que numa cidade tão pequena haja tanto para ver. Tem um "casco" histórico que não se vê em cidades muito maiores, como Vigo, por exemplo. ", diz o João Pedro.
Verdade. Durante aqueles anos todos, ir a Tui era para nós, que só tínhamos de atravessar a ponte sobre o Rio Minho - e quantas vezes o fizemos a pé - , coisa de todos os dias. Ao Domingo era-nos bem familiar a rede de ruas e ruelas que sobem até à Catedral. Era numa dessas ruazinhas, um tanto íngremes, que comprávamos, sempre no regresso, os paraguaios, pêssegos achatados que ainda eram desconhecidos do lado de cá.
Seguindo a margem do rio, chegávamos a um conjunto de edifícios antigos, muitíssimo bem preservados, de granito amarelo,onde as galerias de arte conviviam pacíficamente com casas onde se comiam tapas deliciosas.
Ali perto, um convento, penso que de monjas carmelitas, aonde, quando preparávamos a Passagem de Ano na quinta, entre amigos, anos mais tarde, apesar do frio gélido que se fazia sentir, fomos comprar ovos para confeccionar o leite creme.
e foi essa a sensação que tive, quando, no Terraço Bruhl,
tendo à minha frente o rio Elba, pude admirar a Florença da Alemanha: a belíssima e Barroca Dresden.
Controverso que foi o seu bombardeamento pelas tropas aliadas - à data ( Fevereiro de 1945 ) a guerra estava já ganha, os nazis encurralados - , de uma cidade totalmente destruída, como pude ver em fotografias da época, fui encontrar um paraíso arquitectónico deslumbrante, num Verão a condizer: a mão da Natureza e a do Homem a conspirarem para que esse fosse um dia perfeito.
Antes de me sentar num banco de um dos muitos e enormes parques, e depois de admirar o Zwinger, onde se acolhem museus vários, o Castelo, a Ópera, ou o Rezidenzschloss, assisti a verdadeiros concertos que aconteciam nos lugares menos esperados.
Quando lá estive, a reconstrução da Frauenkirche estava quase concluída, e quando, há tempos, vi o seu rosto final, fiquei sem palavras.
Isto de estranhos quererem decidir por um povo, que melhor do que ninguém sabe do seu interesse nacional, tem muito que se lhe diga; é que lhes pode sair o tiro pela culatra.
no fim do caminho quase escondido por silvas, uma pequena ermida, de arquitectura chã. Mas formosa, no inesperado da clareira que se estendia à nossa frente.
Entrámos. Lá dentro apenas um monge, de hábito castanho, sentado no banco em frente de um altar despojado, fazia ouvir uma voz límpida, nos sons do canto gregoriano.
Silenciosamente, sentámo-nos no último banco.
Quando acaba vira-se, e vê-nos. Vem ter connosco e fala-nos com um modo afável. Quando lhe perguntámos o porquê de um átrio tão grande, relativamente, numa capela tão pequena, diz-nos que era aí que pernoitavam os numerosos peregrinos que se dirigiam a Santiago de Compostela.
muito à base de doces e compotas caseiras, e onde não faltou o inevitável Earl Grey, bem forte, só com um pingo de leite, apanhei o comboio na linha que, um ano depois retomaria para Gales, via Bristol.
Desta vez, porém, o destino era uma pequena cidade no condado de Somerset, e que despertara em mim o desejo de lá ir desde que, na primeira viagem a Londres, lera a biografia de Jane Austen.
Um outro tipo de glamour, o que fui encontrar em Bath.
No primeiro contacto com a cidade, para além dos muitos jardins, e das muitas flores, suspensas dos sítios mais improváveis, como os candeeiros de iluminação pública - soube depois que a cidade era useira e vezeira em ser considerada a localidade mais florida do País, no concurso que acontece anualmente - , ressaltou a arquitectura Georgeana dos seus elegantes edifícios, como o famoso Royal Crescent.
Mas o que tinha em mente, naquele dia de Verão, que convidava a sentar no primeiro banco de jardim, era a visita dos afamados Banhos Romanos, que em nada defraudaram as expectativas, entretanto alimentadas por variadas leituras.
Depressa, porém, me dei conta que esta não se limitava a ser uma cidade museu.
Quando saí do balneário, onde as estátuas vestidas à maneira romana estavam presentes em cada canto por onde passava, vi-me no meio de uma praça, dominada por uma muito original Catedral, animada pela música que provinha dos vários instrumentos ali tocados, perante o evidente regozijo de transeuntes, ou mesmo dos que aproveitavam aquele clima auspicioso, sentados nos muitos bancos por ali espalhados. Foi entre estes que me sentei, não só para descansar da longa caminhada, mas também para desfrutar do sol e da música.
What a Wonderful World...
sugeriu há tempos um amigo, na tentativa de explicar o fascínio pelos claustros.
É-me mais fácil pensar que gosto desses espaços porque, ajém de serem lindos, neles respira-se e sente-se uma calma e ouve-se um silêncio que desaparece mal deles saímos.
Este não foi excepção; só que essa sensação continuou ao olhar a Catedral de Salisbury.
Tinha deixado Londres de comboio, com destino a Bath, no Sudoeste da Inglaterra, e planeara esta paragem na Old Sarum, sobre cuja história, ainda anterior à ocupação Normanda, me inteirara já, num guia comprado numa livraria londrina.
Tendo-me sido muito fácil encontrar um Bed & Breakfast, logo que desci do comboio, e depois de ter explorado a encantadora cidadezinha, quase tão calma quanto a Catedral, cheia de pequenas cottages ostentando placas indicativas de pessoas famosas que nelas viveram, como Haendel, dirigi-me ao lugar santo, em cujos jardins se ouviam os sons melódicos executados por uma banda local.
Vraiment charmante.
vejo que me foi restituído o arquivo da Nefelibata, por tanto tempo removido, embora a postagem me continue interdita -who cares, se tenho aqui outra casa? - mas ao reler um bocadinho dele, dou-me conta de que esta Catedral ficaria bem junto à série de claustros vistos " de Norte a Sul "; tenho é de colar-lhe outra etiqueta...
« Doña Juana La Loca », Francisco Pradilla- Museo Del Prado
e relembrar que a cidadezinha, debruçada sobre o Rio Douro ( Duero ), não é apenas a povoação onde se assinou , entre Portugal e Castela, aquele tratado que dividia o mundo a conhecer pelas duas nações ibéricas.
Tordesilhas foi também o local onde se enterrou viva, naquele castelo sombrio, e na sequência de uma conspiração desapiedada entre os senhores do mundo de então, uma mulher enluquecida de amor e ciúmes, mas antes do mais uma vítima daqueles,.
« Vista de Delft » - Vermeer
dizia há tempos, referindo-me ao programa «Europa de Comboio », que passou, em episódios de mais ou menos uma hora, ao Domingo na RTP2.
A última viagem assim feita levou-me ao interior da Holanda, num Junho bem ensolarado, por entre campos verdes semeados de cores mil, que vinham das muitas flores por ali espalhadas.
Com uma irmã e uma sobrinha pequena, para quem o assento do comboio constituiu um evidente alívio, depois de tanto ter calcorreado as ruas de Amsterdão, desci, por fim, numa pequena estação de província: chegáramos a Delft, a terra daquele pintor tão apreciado, autor de alguns quadros admirados no Rijksmuseum- uma cidadezinha encantadora, também ela atravessada por canais, e repleta de edifícios, quer públicos quer de habitação, de fazer empalidecer de vergonha um português que se deite a comparar o que por lá se faz em matéria de preservação do património construído.
Foi debaixo de um sol no seu máximo esplendor que entrámos na Nieuwe Kerk para olharmos o mausoléu de Guilherme o Taciturno, antes de encetarmos a viagem de regresso.
De novo, a visão do comboio foi um colírio para os olhos da sobrinha, a quem, claramente, as pernas já pesavam...
que têm sido estes dias, entre amigos, e a eles todos dedicados, começo a ler jornais e a escalpelar as notícias de que só agora procuro eco.
Leio que Bento XVI, na mensagem do Dia Mundial da Paz, disse ontem que a maioria do povo israelita e do palestiniano anseia pela pacificação do território; sei que me repito ao dizer que essa vontade a vi eu materializada naquele bocado do Médio Oriente , mas também acho que nunca é demais afirmar uma realidade que tantos se esforçam por deturpar, torcendo-a a seu bel-prazer, sempre com fins ignotos e enganadores, ajudando irrresponsavelmente, a que por aquelas bandas se eternize o inferno em cenário dantesco.
Incêndio ateado por um punhado de terroristas.
uma imagem de « O Nascimento de Vénus », para falar da Maria Teresa, foi-me muito fácil viajar até Florença, talvez a cidade que me suscita a mais rica amálgama de sensações.
Era Novembro, quando lá fui pela primeira vez; estava frio, mas isso não nos impediu de calcorrear aquelas ruazinhas, onde todas as casas eram lojas de antiquários, cheias de gravuras belíssimas da cidade do Arno, em tempos mais remotos.
Voltei lá noutras épocas do ano, e foi a altura de seguir os passos de Lucy, a jovem britânica que aí concretizava uma meta do Grand Tour, no Romance de E. M. Forster: Com ela fui até Santa Croce, vagueei pela Piazza della Signoria, e admirei o « David » de Miguel Ângelo.
Já com os pés mais na terra, sentei-me com as minhas irmãs nas escadas de Santa Maria del Fiore, a comer pão com mozarella e manjericão, depois de ter comprado, numa livraria ao lado da Catedral, um livro sobre os Medici.
Depois voltei a recuar no tempo, mas sempre com o espírito na cidade da Ponte Vecchio, porque tive vontade de procurar na estante o já há muito tempo lido «Quarto Com Vista ».
Era noite havia já muito tempo, quando nos dirigimos a um restaurante-bar em Jaffa, o núcleo antigo de Tel-Aviv, aquele mesmo que, aquando das suas pretensôes territoriais na Região , fora cercado pelas tropas de
Napoleão
É lá, no mar de águas cálidas, que se dá o resgate de Andromeda pelo Herói Grego Perseus, sacrificada por seu pai, Chepheus, rei da Etiópia,que assim pretende aplacar a fúria do deus Posseidon, o qual
se propõe castigar a vaidade de Cassiopeia, a rainha.
Um lugar calmo, onde os muitos gatos rondavam livremente, cheio de recantos onde se ouvem constantemente os apelos da História, e muito, muito aprazível, sem que se sinta qualquer tensão de hostilidade ou insegurança.
Era noite já, quando fui ao Muro das Lamentações. A iluminação, num amarelo suave, convidava à meditação, ao recolhimento. E foi muito emotivo ver todas aquelas pessoas, de credos religiosos diversos, encontrarem-se no que de essencial pode unir o ser humano: dirigindo-se a um Deus que só pode ser único, não obstante as divisões que nós, os que por cá andamos, insistimos suicidária ,e tolamente, em manter, de uma forma insana, como nos é próprio.
Não sendo o turismo o objectivo primeiro desta minha primeira viagem àquela região- sim, porque se para isso houver oportunidade, tentarei lá voltar, de tal modo gostei do que vi-, claro que ia determinada a aproveitar o tempo para ver e sentir o máximo possível.
E isso passava pela opção de visitar apenas uma outra terra, além de Tel-Aviv; e estava claro, também,que seria a cidade deJerusalém.
Mas, e antes de falar das emoções vividas na Cidade Santa, começo pelo fim:
esta foi a última fotografia que tirei, antes de entrar para o avião que me traria de regresso- do local onde, em Novembro de 1995 o então Primeiro Ministro, Itzhak Rabin, foi assassinado, após ter lido uma mensagem de paz, rodeado por uma imensa multidão que manifestava o seu apoio aos Acordos de Oslo.
O assassino era um fanático religioso, um extremista político- manchados de sangue, é como acabam sempre tais fanatismos e extremismos.
Um local que não deveria deixar ninguém impassível.
JMB falou nos Judeus Ashkenazi, veio à memória o dia de Primavera, em que, depois de visitar o Museu Histórico Judaico de Amesterdão, onde se realça a proveniência Ibérica dos Sefarditas,e a daqueles ( Europa do Leste e Central ), fui ver a muito bem preservada Sinagoga Portuguesa.
Saí de lá positivamente impressionada com o carinho com que os exilados portugueses conservaram os livros e outros objectos que levaram com eles, e agora expostos no museu da sinagoga.
na caixa de comentários do Porta do Vento que, gostando muito de Ópera, nunca tinha assistido a nenhuma: em Portugal, é verdade, nunca tive oportunidade, mas não a deixei fugir quando fui a Budapeste, e lá ouvi e vi um « Il Trovatore », de Verdi, que me encheu as medidas.
Mas não foi só o espectáculo operático que me deixou maravilhada; foi também o ter encontrado uma sala- linda, a da imagem,- cheia , aonde as crianças, algumas bem novinhas, tinham acorrido em grande número, e eu via o quanto desfrutavam.
Emir Faisal-Rei do Iraque (1921-1933)
do Miguel, e penso no que poderia ser hoje o Iraque, com um hachemita no trono...
da arte sacra na Baviera, vem lembrar a primeira viagem que fiz à Europa Central, com pai e irmãs, há já anos, em que vimos muitas dessas preciosidades, quer em igrejas, quer em mosteiros.
Aí o Rococó era rei, e dava o mote para o ambiente encantatório, que convidava naturalmente ao silêncio feito paz, que ainda hoje perdura na nossa memória, de um modo que logo se impõe, quando se fala naquela parte da Alemanha...