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Monroe sem Marilyn

por Nuno Castelo-Branco, em 17.03.14

 

Da esq.para a dir.: Portugal, a França, Espanha, a Alemanha e a Inglaterra advertidos pelo Tio Sam, o protector dos países latino-americanos

 

Desde o Outono de 1939 e até à declaração de guerra enviada por Berlim em Dezembro de 1941, a US Navy dedicou-se a escoltar os comboios de reabastecimento da Grã-Bretanha. Partindo do Canadá, estes eram ameaçados por unidades submarinas e de superfície da Kiegsmarine. A USN  significou um enorme alívio para as necessidades de defesa do Reino Unido, mitigando as perdas de tonelagem mercante e permitindo a sobrevivência do seu esforço de guerra na Europa e no norte de África. Era esta uma forma de interpretar extensivamente a Doutrina de Monroe, alargando o espaço da sua acção até às imediações da Irlanda. Os almirantes alemães impacientavam-se, mas Hitler interditou qualquer tipo de confronto com a marinha americana. Sabia que este era o pretexto bélico que faltava a Roosevelt.

 

Nos finais do século XIX, os EUA atacaram a Espanha, arrebatando-lhe Cuba, Porto Rico, Guam e as Filipinas. Tornaram-se numa potência colonial e tal situação prolongar-se-ia até aos nossos dias. Pouco depois, correram rumores acerca  de uma possível ocupação dos Açores, pela imprensa americana considerados como parte da hemisfério ocidental e "dentro dos limites" impostos pela Doutrina de Monroe. A Visita Régia aos Açores e à Madeira terá tido algo a ver com estes ímpetos expansionistas dos EUA, sendo os portugueses ostensivamente apoiados pelos britânicos e sucedendo-se as visitas de esquadras da Royal Navy aos portos nacionais.

 

Curiosamente, já declarada a guerra após Pearl Harbour, a administração Roosevelt  ansiosamente procurou ocupar os arquipélagos portugueses - Açores, Cabo Verde e Madeira -, sendo a agressão refreada pelo acordo geral estabelecido sob auspícios do Reino Unido. 

 

Todos conhecem o caso dos Mísseis de Cuba e a longa série de intervenções militares na América latina. Era a salvaguarda dos interesses dos EUA que estava em causa e disso mesmo os próprios soviéticos deram conta, agindo em conformidade. A uma grande potência, é sempre tacitamente reconhecida uma zona de segurança.

 

O que se tem passado no leste e sudeste europeu, pode ser considerado como um paralelismo russo à aplicação da Doutrina de Monroe, mas num âmbito geopolítico muito mais reduzido. Se em Washington não conseguem entender este facto ditado por uma história anterior à própria existência dos EUA, então haja alguém que de Londres envie um oportuno esclarecimento. Sem este tipo de contemporização pelos mais próximos interesses do imaginado adversário, pode acontecer que alguém em Berlim se lembre do reactivar das teses de Haushofer, desta vez com a plena colaboração russa. 

 

 

 

 

publicado às 18:31

Isto é mesmo a sério?

por Samuel de Paiva Pires, em 14.11.13

Faço uma breve pausa no interregno a que me tenho forçado quanto ao comentário da espuma das dias, em virtude da necessária disponibilidade horária e mental que os trabalhos de doutoramento exigem, apenas para perguntar se a seguinte citação de João Vilela, resultante da guerra civil que vai pelo 5 Diasé mesmo a sério ou se estamos perante uma espécie de humor da mais refinada estirpe:

 

"Ser de direita é o refúgio natural das mentes preguiçosas. À direita não se discute, não se teoriza, não se reflecte, não se elabora pensamento. Isso das teorias, das doutrinas, das ideologias, é tudo uma grande treta com que só a esquerda perde tempo."


Dando de barato o óbvio, que parece escapar ao autor, está à vista de todos que é a esquerda que tem prazer na discussão - particularmente a discussão racional e animada apenas pela libido sciendi -, de tal forma que uma discussão sobre Álvaro Cunhal leva a cisões num blog. Isto para não falar desses paraísos para a discussão pública, teórica e ideológica que foram e são os regimes comunistas. 


De resto, talvez se compreeenda que, em não se tratando de humor, a afirmação enferme de uma certa ignorância, porquanto estamos em presença de um "Professor de História da Arte algures na cidade do Porto, licenciado em História e mestre em História e Educação." Tendo apenas em consideração a realidade portuguesa contemporânea, desafiava esta mente nada preguiçosa a revelar-nos alguns trabalhos sérios à esquerda sobre história das ideias políticas, doutrinas e ideologias - está, naturalmente, excluída a propaganda comunista. Assim de repente, em termos de obras de referência, lembro-me apenas dos trabalhos dos Professores Adriano Moreira, António Marques Bessa, Jaime Nogueira Pinto, José Adelino Maltez e António de Sousa Lara. Seguindo a lógica nada falaciosa de João Vilela, partindo da premissa que não são mentes preguiçosas, conclui-se que são todos de esquerda, como é público e notório.

publicado às 12:51






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