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Portugal metido numa Burberry

por John Wolf, em 14.02.15

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Não sei qual o dilema que os portugueses enfrentam. Sempre que vou ao supermercado ou à praça para escolher a hortaliça do meu agrado, levo comigo um artigo artesanal - uma cesta. Qual cêntimo nem meio cêntimo para o saco de plástico. Já sugeri a uma simpática gerente do Pingo Doce, que em vez de venderem aquelas sacolas estampadas com a imagem de genuínas cestas, que contribuíssem para a preservação de alguns postos de trabalho do interior deste país e pusessem à venda estes artigos que roçam o belo folclore lusitano. De norte a sul de Portugal encontramos os artesãos que produzem distintas variantes do modelo básico de cesta. Vejam estas do amigo Toino. Mas existem outras considerações de ordem sociológica. A cesta que eu levo dá ares de campo, de não sofisticação, de provinciano que estacionou o burro trajado de albarda à porta do Pão de Açucar. E isso incomoda os portugueses. A sugestão da terra entranhada debaixo da unha, do analfabetismo, das origens humildes. Podemos chamar a esta distorção Síndrome de Sócrates. A doença obsessiva que obriga a ganhar a maior distância possível da imagem de remediado, de borra-botas. Embora seja uma correlação rebuscada, não deixa de ser verdade. Se a Burberry lançasse uma linha de sacolas "fashion hipermercado" tenho a certeza que seria um sucesso. E no meio desta conversa aqui estou eu na fila da caixa de pagamento e só agora me apercebi. Esqueci-me do raio da carteira. Haviam de ver os olhares que me lançaram - desgraçado, nem sequer cinco cêntimos tem para um saco de plástico.

publicado às 09:46

A expressão sacudir a água do capote assenta que nem uma luva. António Costa demonstra mais uma vez que não tem o que é preciso para governar um país:"foi mais o susto que o prejuízo" (?). Não sei há quantos anos este político lidera os destinos da cidade, nem sei há quantas décadas anda o Arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles a se bater pelas causas da eco-sustentabilidade de Lisboa, mas António Costa nem sequer é capaz de limpar as sarjetas e os sistemas de drenagem de águas. E se um sismo de grandes proporções ocorrer, is Costa our man? Não me parece. Onde esteve António Costa quando os rápidos desceram pela Av. da Liberdade? Não o vi de galochas ao lado dos senhores da protecção civil. Não o vi mais ou menos molhado. Ah, já percebi. Se aparecesse em cena seria logo acusado de estar em campanha, de se aproveitar despudoradamente do evento para granjear uma opinião favorável junto dos simpatizantes. Mas não é disso que se trata. Trata-se simplesmente de estar no exercício das suas funções. De fazer o que lhe compete. Em vez disso, apresenta-nos um paleio empírico de águas em abundância, surpresas e sustos. A água que certamente irá regressar a Lisboa para apanhar desprevenidos outros autarcas, levanta a eterna questão, permanente: de que modo a cidade de Lisboa tem vindo a redesenhar a estrutura sobre a qual assenta o seu futuro? Em plena festa de protesto climático em todo o mundo, Lisboa levou um aviso sério, mas os mesmos desafios que puseram os lisboetas com água pelos joelhos, são transversais à integridade do país, à sua totalidade. Seguro que também quer mandar, também não soube aproveitar a deixa. Viram-no de galochas a armar-se em bombeiro? Não vi nada. Em 1927, o Estado do Lousiana, EUA foi devassado pelas cheias que se viriam a tornar épicas. O então presidente Coolidge acorreu logo ao local para emprestar a sua aura de lider e dar confiança aos cidadãos. É óbvio que o que aconteceu ontem não se pode comparar com a catástrofe da cidade de Evangeline, mas o chefe Costa não cumpriu os requisitos mínimos. Se acontecer algo realmente devastador nesta cidade, pelo menos sabemos com o que não contamos. Não contamos com presidentes de câmara capazes de pensar nas questões de fundo subjacentes ao governo de uma cidade ribeirinha. E diz ele que quer ampliar os resultados da gestão de Lisboa ao resto do país. Ao que restar dele.

publicado às 08:47






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