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Há pouco, num esforço titânico, consegui ler até ao fim, hossana!, uma entrevista de Edmundo Pedro. Respeito o seu passado, a sua biografia, aquilo que fez e não fez, respeito até o facto de ele, nas mais variadas situações, circunstâncias e momentos, ter sido mais homem do que a maioria dos homenzinhos que circulam, hoje, nesta democracia tumeficada. Mas ler que com Sócrates "fizeram-se coisas muito importantes" e que o actual governo é "ultraliberal" é demasiado para o meu estômago. Demasiado mesmo. Há, em Portugal, um certo espírito que infelizmente perpassa todo o espectro partidário: o espírito da apologia acrítica dos "nossos". A essência da partidocracia é, justamente, a defesa até ao limite do inaceitável dos companheiros de bando. É desnecessário dizer que as democracias, enfeudadas nestas lógica, tenderão forçosamente a perder gás. A crise já não é pertença exclusiva do mirífico Estado Social, ela é, em si mesma, uma crise da actual versão das democracias liberais. Democracias em que a política é espectáculo, foguetório, burocracia, adormecimento, passividade e uma boa dose de doublespeak. É pena que Edmundo Pedro caia na tentação, tão frequente no seu espaço político, de branquear passados e memórias.