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Tal como referi no vídeo de balanço do I Congresso do MMS, sendo eu um acérrimo atlanticista e na qualidade de presidente da Associação da Juventude Portuguesa do Atlântico, não poderia, obviamente, deixar de me referir a uma das ideias de Eduardo Correia expressas na entrevista que nos concedeu: a extinção da NATO e uma maior aproximação da Europa à Rússia. E também há por aí algumas pessoas que pugnam pela mesma ideia, nomeadamente Miguel Portas, pelo que gostaria de explanar de forma breve e clara sobre porque é necessária a existência da NATO.(*)
Por definição, Portugal é um país com uma forte vertente atlântica, desde sempre aliado tradicional do Reino Unido e, mais tarde, dos Estados Unidos da América. Além do mais, é membro fundador da NATO, concretização material da Aliança Atlântica, uma organização política mas com capacidades eminentemente militares, que subsistiu no pós-queda do Muro de Berlim por duas razões fundamentais: era a aliança vencedora, e soube adaptar-se aos acelerados contextos internacionais em mudança desde os anos 90. Mais importante do que isto, a aliança age sempre na base do consenso, sendo um elemento estabilizador da ordem internacional que assegura a uma só voz a coerência que dezenas de estados nunca conseguiriam ter em separado, o que implicitamente significa que a aliança serve ainda como forma de evitar o ressurgimento dos sempre eternos nacionalismos europeus que tanto dilaceraram o continente ao longo da História. A NATO assegura a gestão de delicados equilíbrios geopolíticos, e é por isso que as relações com a Rússia assumem hoje em dia um dos mais prementes vectores de actuação da organização, bem em consonância com o que o neoconservador Robert Kagan descreve no Regresso da História e o Fim dos Sonhos, a cada vez mais visível divisão entre autocracias e democracias, democracias essas que na sua maioria integram a NATO.
E se eu sou um relativista e já tenho escrito e dito que é preciso saber lidar com a Rússia de Putin colocando de lado aquela retória anti-russa que muitos estados do leste europeu continuam de forma contraproducente a exaltar, sou ao mesmo tempo um realista. Não digo que a democracia seja melhor que a autocracia ou vice-versa. Já também aqui escrevi que a melhor forma de governo é a que melhor se adapta aos contextos culturais e históricos de cada nação e estado. E é precisamente por isso que temos que ter a noção de que Portugal é uma democracia liberal ocidental, um país cuja cultura é eminentemente ocidental, muito mais próxima da maioria dos países da NATO do que da Rússia, e não podemos ter a ilusão que uma aproximação à Rússia seria benéfica aos nossos interesses (aliás, acabei por não falar do tema, mas já aqui tinha dado conta de algo perigoso, a crescente dependência energética europeia em relação à Rússia, agora a chegar a Espanha e provavelmente mais tarde a Portugal). Acabe-se com a NATO ou com a UE e assistir-se-á a conflitos derivados dos nacionalismos adormecidos, com a Rússia a aproveitar-se de tais divisões, impondo todo o seu poderio perante os europeus. Com a NATO e a UE temos a capacidade para lidar com a Rússia praticamente de igual para igual, quando não mesmo em vantagem muitas das vezes. Sem uma delas, ficamos claramente em desvantagem.
(* - a frase em itálico foi colocada posteriormente à publicação do post)
Nem sequer fizemos intervalo, e muito agradecemos ao Eduardo Correia por nos ter concedido uma excelente entrevista. Aguardem alguns minutos que já colocamos online o vídeo que julgamos claramente permite perceber o pensamento do MMS em diversas matérias.
(Eduardo Correia e Nuno Castelo-Branco)
Quem leia o manifesto do MMS percebe bem a preocupação com a eficiência. E de facto, há algo muito pouco português neste Congresso em que às 10:45 já estão discutidos todos os pontos constantes da ordem de trabalhos para a manhã, que deveriam apenas começar a ser discutidos às 11:00. Além do mais, Eduardo Correia, colega do Miguel dos tempos do liceu Rainha Dona Leonor, é de uma simpatia e cordialidade notável.
Aqui ficam algumas das ideias lançadas durante esta manhã que também deixámos no Twitter:
Eduardo Correia faz o discurso inicial baseado na crise económica e de valores.
Eduardo Correia quer um Portugal mais justo, honesto e solidário.
MMS apresenta 105 soluções para o país na Moção ao Congresso.
Eduardo Correia: "O Estado não pode gastar tanto nem gastar tão mal".
Eduardo Correia: "O défice deveria ser inconstitucional, o Estado tem que dar o exemplo"
Eduardo Correia: "Saúde é o bem mais precioso da pessoa humana"
Eduardo Correia: "Para o MMS todos serão iguais perante a lei"
Eduardo Correia: "Connosco não haverá ninguém acima da lei"
Eduardo Correia: "É possível transformar Portugal no país com melhor qualidade de vida da Europa"
Eduardo Correia: "Há quem diga que MMS significa Muitos Mais Seremos"
(Congressista do qual não sabemos o nome): Crescimento anémico, produtividade muito baixa, mas apesar de remediado Portugal vive à rico endividando-se 2 milhões euros/hora
(Congressista do qual não sabemos o nome): "Estado alegre e irresponsavelmente distribuiu fundos comunitários sem critério"
(Congressista do qual não sabemos o nome): "Governo do PS acena com projectos faraónicos"
(Congressista do qual não sabemos o nome): "Para perceber que a economia do país está doente não é preciso o nosso partido, basta cá viver"
João Santos: "O Governo do pseudo-engenheiro Pinto de Sousa"