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Em Espanha, antes de ontem:
Em Portugal, ontem:
Ou seja, enquanto em Espanha o governo procura resolver o problema mesmo que recorrendo à medida extrema de subsidiar o encerramento de infraestruturas cuja construção foi também subsidiada, em Portugal continua-se a aprofundá-lo, como se não fosse já suficientemente ruinoso.
Ainda por cima, consente-se que se instale uma gigantesca central de energia solar em plena lezíria ribatejana, zona agrícola por excelência por ter alguns dos terrenos mais férteis e produtivos do país. E assim, 70 hectares vão ser cobertos por 18 mil painéis fotovoltaicos importados (apesar de também se fabricarem em Portugal), criando um número ínfimo de postos de trabalho em mais um projecto que irá viver das rendas pagas pelo contribuinte português.
A mais este "magnífico" investimento estrangeiro só tenho a expressar os votos sinceros de um bom tornado.
O lixiviador texto é sugestivo e presta-se a fantasias coincidentes com as charlas de um retornado político. Nos últimos dias de temporal, "quase-quase!" atingimos 100% de consumo de energias renováveis! Sem dúvida necessárias apesar dos preços proibitivos e do que significaram os investimentos feitos há poucos anos - acumulando-se às barragens de Salazar -, pela prosa do Expresso depreendemos que Portugal viveria feliz para sempre, desde que tivéssemos um clima parecido com o de Júpiter. Aí sim, exportaríamos energia "às resmas".
António Mexia, sobre o estudo que mostra o exagero de rendas que todos pagamos à EDP: "O estudo tem erros básicos, que o tornam basicamente grosseiro." Mais ou menos como o português de Mexia, básico, e incapaz de disfarçar a grosseira falta de argumentos.
"Há dez minutos atrás, ao preencher o formulário para aderir ao descontinho de 10%, deparo-me com a obrigatoriedade de inserir um NIB para pagamento bancário. Como já tenho pagamento por conta bancária, recorri à menina EDP, através do 808 501 501 (linha dedicada aos patos que querem este descontinho e eu fui um deles).
-Fulana de tal... EDP... em que posso ser útil?
- Estou a tentar preencher online a adesão ao desconto de 10% e não há nenhum campo para indicar que já tenho pagamento pelo banco.
- Este será um novo contrato, por isso tem de introduzir o NIB, mesmo que seja o mesmo.
- Um novo contrato? Porquê?
- Porque a senhora está a deixar de ser cliente da EDP Universal e está a passar a ser cliente da EDP mercado liberalizado.
- E... isso quer dizer o quê???
- Que passa a estar no mercado liberalizado de fornecimento de energia que a TROIKA obrigou.
- E se eu não sair da EDP Universal?
- Mais tarde vai ter de sair, porque o mercado regulado vai acabar, por ordens da TROIKA.
- E vai acabar quando?
- Em 2015 vai deixar de haver.
- Então quer dizer que até 2015 ainda posso estar como cliente do mercado regulado!?
- Sim, mas depois tem de sair.
- E se sair já, o que acontece ao preço que vou pagar?
- Até final da campanha os preços mantêm-se...
- E depois de Dezembro de 2012 (final da campanha)?
_ ????
- JÁ PERCEBI! NÃO QUERO ADERIR, MUITO OBRIGADA.
Espero que os caros comentadores e leitores também consigam perceber a tempo o que aí vem. Cump."
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EXPLICAÇÃO BÁSICA:
No Mercado Regulado, tal como o nome indica, os preços são devidamente controlados por uma entidade competente, não podendo subir além dum determinado valor.
No Mercado Liberalizado não há qualquer regulação, ou seja, temos de estar atentos ao que nos cobram mensalmente.
Quando aderimos à Campanha do sistema de Pontos do Continente, obrigatoriamente temos de passar do mercado regulado para o mercado liberalizado e, por conseguinte, assinar novo contrato.
Além dos esclarecimentos acima reproduzidos, impõe-se acrescentar:
Por contacto feito com a linha EDP (808501501) fomos informados que ao aderir à campanha em referência, teriamos de renunciar à tarifa bi-horária (em que o custo do kWh tem uma redução de 46,2%);
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O QUE FAZER:
Aconselhamos a quem não concordar com esta “habilidade” da EDP (com a colaboração do grupo SONAE/Continente) configurando um flagrante caso de “ambush marketing” (marketing de emboscada) e publicidade enganosa, que apresente as suas queixas junto da Direcção Geral do Consumidor e/ou ICAP (Instituto Civil da Autodisciplina da Comunicação Comercial), para além da ERSE (Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos).
O supremo epígono keynesiano dos últimos anos, Paul Krugman, na sua coluna do New York Times, alude com frequência às matérias ambientais, para defender a expansão das (novas) energias renováveis e combater o recurso aos combustíveis fósseis para evitar a "carbonização" da atmosfera através, claro está, de fortes "estímulos" (subsídios) estatais.
Na sua mais recente incursão nestas águas, Krugman invoca a lei de Moore para anunciar que, num futuro próximo, se irá verificar uma grande melhoria na competitividade da produção de electricidade a partir da energia solar relativamente a outras fontes, ao mesmo tempo que, pelo meio, ataca violentamente a exploração do gás shale, através da tecnologia designada por hydraulic fracking (fracturação hidráulica). Supostamente, a utilização desta tecnologia provocaria a erupção de fortíssimas externalidades negativas de grande impacto. Desta forma, Krugman ataca por duas vias que convergem para a sua estratégia descarbonizadora: 1) por um lado, a produção de electricidade a partir da energia solar, até aqui caríssima, está prestes (?!) a ser competitiva; 2) por sua vez, o gás de xisto (shale), com um custo de extracção de facto baixo é, afinal, quando se têm em conta as "externalidades" negativas, através de impostos/taxas, o seu custo real total é muito mais alto. Reconheça-se a acutilância do estilo de Krugman mas, como vamos ver, por aí se fica quanto à substância.
O insuspeito Robert Bryce resume a argumentação de Krugman da seguinte forma: "[Ele] exibe um surpreendente desinteresse pelos números e uma lamentável ignorância pelos factos". E Bryce recorda que a tecnologia da hydraulic fracking existe e é utilizada há mais de 60 anos sem que haja registo de contaminação de poços e lençóis de água (cf. estudo do MIT) sendo que, entretanto, a própria tecnologia é hoje muito mais segura do que já foi. Por outro lado, como as mais recentes estimativas da Energy Information Administration evidenciam, o custo actual de geração de um MW/h de electricidade, a partir do gás, é de 63 dólares, contra 210 dólares, quando proveniente da energia solar. Para 2015 e 2025, a expectativa é que a relação se mantenha no essencial (privilegiando relativamente o gás), de acordo com a Electric Power Research Institute. Por fim, Bryce acusa Krugman, com justeza, por este ignorar o efeito de escala entre a mínima parcela de electricidade produzida de origem solar e a correspondente resultante da queima de gás, para não falar dos insignificantes "empregos verdes" contra os robustos e volumosos empregos reais resultantes da extracção de gás...
O anterior governo socialista, durante a negociação do acordo com a troika, plantou notícias sobre o apocalipse que nos ia atingir, para depois convocar uma conferência de imprensa onde José Sócrates trocou as voltas a todos e comunicou o que afinal não ia ser feito. O actual Ministro das Finanças segue a estratégia inversa, convocando uma conferência de imprensa para anunciar cortes na despesa, mas acabando a anunciar aumentos de impostos.
De salientar o apontamento de João Luís Pinto:
«Quando se convocam conferências de imprensa para apresentar colossais cortes na despesa e ao invés sai na rifa um novo aumento do IVA, e já se vão antecipando medidas e receitas acordadas para o ano de 2012 do lado da receita, sem qualquer vislumbre efectivo ao fim já de meses de governo de medidas substanciais de corte de despesa pública (muito menos ao nível dos aumentos de receita anunciados), parece que começamos a abandonar o domínio da boa-fé.
Começa sim a parecer que estão a querer gozar connosco.»