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A minha assumida estupidez, impede a imediata percepção dos circunlóquios da alta política nacional. Anteontem, pelas 20.01h, escutei o Sr. Francisco Assis reclamar uma grandiosa vitória eleitoral para o seu partido. Tendo as projecções iniciado a contabilidade com 34%, saldou-se a mercadoria numa folgadíssima hegemonia nacional de 31,5% dos votos expressos, coisa capaz de ter entusiasmado o sr. Seguro a tirar "festivas ilações" do sucesso. Muitos gritos de mudança! - mudança!, vitória! vitória!, palmas ensurdecedoras, mas em eestranho e claro contraste com os semblantes a lembrar Napoleão a bordo do Bellerophon.
Menos de quarenta e oito horas decorridas desde essa réplica da épica batalha de cerco de Viazma-Briansk, eis que surge o Sr. Costa pronto para alijar o actual secretário-geral de quem Sócrates disse ser intocável, porque vencedor. Como o PS é parecido com o PSD. Dir-se-ia mesmo serem gémeos separados à nascença.
Que vtória tão estranha...
Os sempre fiéis, aqueles que mesmo de maca vão às urnas. Se assim continua a ser, como explicar então os 441,852 votos de 2011 e os 552,690 nas autárquicas de 2012, com o grande avanço e enorme vitória cobtida com 416.102 sufrágios de ontem à noite? Já entendi perfeitamente os porquês, mas como me apetece escutar uma rebuscada uma lição - podem recorrer aos argumentos da abstenção - , façam-me o favor.
A palavra mais “desimaginativamente” repetida nos cartazes de qualquer campanha eleitoral é a palavra “mudança”.
Não esquecendo dois factos importantes, sendo o primeiro que, de acordo com a psicologia comportamental, o ser humano é naturalmente resistente à mudança, e o segundo, que o povo português está desde há muito ávido de mudanças na política, o cartaz do PS para as Eleições Europeias parece-me duplamente mal concebido.
Primeiro apela a uma “mudança com confiança” (provavelmente mais um poema de Manuel Alegre), que é algo contra-natura para o ser humano; depois a mudança consiste em eleger exactamente os mesmos em quem em quem se perdeu a confiança, o que pode ser considerado mau gosto.
A cereja em cima do bolo é a fotografia em jeito de “selfie” dos candidatos todos sorridentes, como se numa festa estivessem: “-A próxima festa é em Bruxelas!!...”, parecem eles dizer. Que mudança!! Que girassos!!!
Ainda não dei por qualquer debate digno desse nome no âmbito das eleições europeias. Mas convites para almoços e jantares com candidatos a Bruxelas chegam-me todos os dias. Diz que é isto uma campanha eleitoral.