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Ler o excelente post do Miguel Castelo-Branco:
«"Ils déménagent", ou, mais prosaicamente, eles fazem as trouxas. Hoje, um pouco por todo o Estado, os telefones não param. Pedidos, súplicas, silêncios, conversas em surdina. O emprego que está por um fio, a direcção geral que "cai com o governo", o tempo que se esgotou, as inimizades e invejas que se fizeram. Quem ainda na sexta-feira não se dignava dar os bons-dias; quem não recebia e mandava dizer "lá está esse chato, diga-lhe que estou em reunião"; quem se sentava no carro de hierarca e esperava que o motorista - um pobre diabo com o dobro da idade do micro-sátrapa - lhe fosse abrir a porta, quem tinha as ajudas-de-custo, as cadeiras D. Maria I, os candelabros requisitados aos museus e palácios que foram dos nossos reis e por dois ou três aninhos pertenceram a essa gente da geringonça; quem nunca trabalhou, começou por colar cartazes lá da secção e acabou com um curso poligrupo e alcandorado a senhor presidente disto ou daquilo; em suma, essa peonagem pirosa de parvenus deve estar assarapantada.»
Amanhã é dia de trabalho. O país tem finalmente uma maioria absoluta de dois partidos de direita e um PR de direita (partidária claro, pois as incoerências ideológicas são muitas). Por mais difíceis que sejam as condições em que nos encontramos, conseguiremos sair da crise para a qual a mediocridade socialista nos arrastou.
As minhas previsões saíram goradas apenas quanto ao CDS. Na gestão das expectativas talvez o CDS tenha perdido, e a patranha do voto útil também parece ter funcionado. O debate Sócrates-Passos Coelho terá sido o ponto de viragem. Contudo, o CDS teve a maior vitória dos últimos 28 anos, subiu em relação a 2009, e elege também mais deputados, superando até o BE e CDU juntos. Mais, o PSD não consegue maioria absoluta, o que é sempre saudável para uma democracia (desconfio de maiorias parlamentares mono-partidárias), e significa que necessita do CDS para ter maioria no parlamento - e provavelmente contará com este para formar governo. E isto é, de certeza, um alívio para Passos Coelho. É que ou muito me engano ou Portas será o maior amigo, aliado e conselheiro de Passos Coelho nos tempos ainda mais difíceis que se avizinham.
Adenda: Já depois de ter escrito este post, a CDU alcançou mais um deputado, pelo que em conjunto BE e CDU têm tantos deputados quanto o CDS.
PSD e CDS alcançam a maioria absoluta.
O processo de regeneração de Portugal continua dentro de momentos.
A derrota de José "ó luis fico melhor assim ou assim e não estou disponível para governar com o FMI mas quero ser PM com o FMI" Sócrates vai ter um efeito colectivo tal que só ficará aquém de uma vitória benfiquista no campeonato.
Já depois de ter cumprido o meu direito/dever de voto, deixo aqui a minha aposta para mais logo.
PSD - 35 a 39%
CDS - 15 a 19%
PS - 25 a 29%
O resto não interessa, não contam para o campeonato dos que vão ter por obrigação cumprir o acordo alcançado com o FMI e UE.
Adenda: quando digo resto, refiro-me a BE e PCP. Seria bom se o MPT pelo qual concorrem o Pedro e o Nuno pudesse eleger pelo menos um deputado. Pode fazer toda a diferença no quadro de um acordo de incidência parlamentar. E quem diz o MPT, diz eventualmente o PPM (apesar de eu ser contra a existência de um partido monárquico). Aliás, é pena que não tivesse havido uma AD PSD-CDS-MPT-PPM, pois a derrota de Sócrates seria ainda mais estrondosa.
"A penalização por não participares na política, é acabares a ser governado pelos teus inferiores" (Platão)
A campanha terminou. O consulado socrático está a terminar. O processo de regeneração de Portugal inicia-se dentro de pouco mais de 24 horas.
Em tempo de mudanças, é também caso para perguntar: o que vai acontecer na blogosfera após o término do consulado socrático? Considerando que a blogosfera lusa (refiro-me especificamente à blogosfera política, em especial aos 30 ou 40 principais blogs em termos de audiências) começou a surgir em força durante o primeiro mandato socialista e que muitas horas, milhares ou milhões de posts e comentários versaram sobre o apoio ou a oposição a José Sócrates, sendo ainda provavelmente um dos últimos redutos de liberdade de opinião no país, estaremos talvez na iminência de assistir a uma mudança na blogosfera?
Logo a começar, uma interrogação se coloca em relação à continuação do Câmara Corporativa, conforme aponta o João Távora no Corta-Fitas. Depois, julgo não estar errado ao afirmar que se criou uma espécie de comunidade que interliga muitos bloggers e que muitas vezes tem expressão para lá do campo meramente virtual. Estamos é todos demasiado habituados às nossas trincheiras, que se enquadram nos genéricos rótulos da esquerda e direita, traduzidos na prática entre apoio e oposição ao governo socialista. Acontece que, agora, as posições vão-se inverter. A direita voltará ao governo, e a esquerda à oposição. E por isto, no seguimento do que escrevi quanto ao acto de libertação que será a remoção de José Sócrates do poder, me parece que será também salutar a mudança que se operará na blogosfera, contribuindo inclusive para uma refundação das principais tendências desta. Veremos.
Hoje, a caminho de casa, dei por mim a pensar no mal estar que tenho sentido nos últimos dias no que à política portuguesa diz respeito. Confesso, esta campanha, em especial o que aconteceu em volta de PS e PSD, foi para mim um enfado. Esta campanha, que obviamente não teve discussão de ideias, até porque nem é para ter, ou não seja a esmagadora maioria da população, aqui como em qualquer país, estranha ao debate de ideias - e aqueles que preparados estão para o fazer já têm as suas orientações ideológica e de voto mais que formadas - teve, claro, muito daquilo que normalmente compõe uma campanha eleitoral cá no burgo: muito clubismo e muito jogo psicológico e emocional, entre ataques e elogios pessoais, que é disso que o povo gosta e o faz mover.
No meio do espectáculo a que temos assistido ao longo destes dois dias há, contudo, alguns aspectos que me parecem de destacar quanto aos resultados de domingo, e aqui vou entrar em considerações e previsões arriscadas fruto das minhas convicções, instintos e percepções.
Desde logo, a primeira e óbvia para todos é a de que o PS vai perder. Mais: o PS vai ser esmagado. Não vai sequer chegar aos 30%. José Sócrates ficará na história como o Primeiro-Ministro que em menos tempo fez mais para mostrar os erros do socialismo, como refere o Ricardo G. Francisco, e como aquele que mais contribuiu para uma regressão no que ao clima de liberdade e democracia diz respeito. Não tenho quaisquer dúvidas, como a maioria das pessoas também não terá, que José Sócrates é um homem extremamente perturbado, um mentiroso compulsivo que não hesita em manipular tudo e todos com o propósito único de se manter no poder; alguém que revela um pendor para um exercício do poder autoritário, ditatorial, ainda que sob o manto de uma aparente democracia e liberdade - como os ditadores contemporâneos sempre souberam fazer, incutindo na população percepções absolutamente esquizofrénicas, confundindo-a a tal ponto que muitos dos indivíduos que a compõem deixam de conseguir pensar por si e de discernir entre o que está certo e errado, entre o que é verdade e mentira, entre o que é o interesse nacional e o interesse das clientelas que se sentam à mesa do orçamento. É a cleptocracia em todo o seu esplendor, que escudada na manipulação mediática se torna claustrofóbica para a sociedade. E é desta forma que, como escreve o Miguel Morgado, chegamos a um clima intelectual e político absolutamente deplorável, em especial se entendermos a democracia em termos popperianos e oakeshottianos como uma conversação. O problema é que não se debate nem se negoceia com um homem como José Sócrates. Ou nos submetemos a ele, ou somos forçados a ignorá-lo para manter a nossa higiene intelectual e saúde mental.
Mas isto está a chegar ao fim. Se dúvidas houvesse, basta ligar a TV e assistir a um qualquer discurso de José Sócrates. Um ditador, ainda mais de inteligência parca, rodeando-se apenas daqueles que o bajulam, por dependerem dele, acaba por perder contacto com a realidade e, pior, acaba por perder a noção de si próprio. O egocentrismo de Sócrates cegou-o ao ponto de não ter noção de si próprio, de não se enxergar. Não percebe que cada minuto que permanece como Primeiro-Ministro é mais um prego no caixão em que nos colocou. E, por isso, continua a fazer discursos completamente desfasados da realidade, como se Portugal estivesse muito bem e na segunda-feira não tivesse o governo que começar a trabalhar arduamente para começar a cumprir o acordo com o FMI e União Europeia. Além disto, limita-se pura e simplesmente a fazer uma campanha negativa, não indo além dos ataques pessoais. Como todos sabem, as campanhas negativas são geralmente um indicador de derrota de quem as faz. Assim como é também um indicador da derrota que José Sócrates irá sofrer, a sua postura nos últimos dias. Desgastado, mais magro, com olheiras, rouco, sem rasgo de fulgor e sem aquela capacidade de mobilização que em tempos possuiu. Nem a máquina do PS consegue disfarçar isto.
José Sócrates poderia ter evitado tudo isto - a ruína do país e a sua - , claro, se não tivesse um perfil ditatorial e intratável, como um dos membros do FMI o classificou. Se não o tivesse, possivelmente até teria noção de si próprio. E alguém que tem noção de si próprio sabe, ou deverá saber, que apesar da política ser a única actividade onde nunca se "morre", onde é sempre possível renascer das cinzas após uma travessia no deserto, é também uma actividade que implica saber quando se deve sair. Saber sair com graciosidade e honra, saber sair no momento certo, é um traço distintivo de quem vê a política como a mais nobre actividade de serviço à causa pública. E, muitas vezes, a saída pode servir mais a causa pública do que a manutenção e a persistência teimosa de quem está absolutamente dependente do poder pelo poder. Ser capaz de reconhecer isto, de ter esta humildade, é algo que não está ao alcance de todos. Sócrates está a caminho do fim e por estes dias as perguntas que pairarão nas mentes dos militantes socialistas serão até bastante simples: vai José Sócrates sair da liderança do partido? E vai renunciar ao mandato de deputado ou, mostrando mais uma vez que não sabe quando sair, liderará o PS no parlamento, opondo-se ao que ele próprio negociou?
Em segundo lugar, estou em crer que PSD e CDS vão ter uma larga maioria absoluta, que irá bem para lá do mínimo exigível para esta. Outro dos indicadores disto mesmo são as campanhas que têm vindo a prosseguir - apesar dos atritos entre figuras de segunda linha de ambos os partidos, que para nada contarão (os atritos) na segunda-feira. Com campanhas descomplexadas onde se nota a afluência natural de muitos apoiantes e simpatizantes, ao contrário do PS que já não consegue encher pavilhões e que tem que recorrer a imigrantes ilegais para encher o seu mini-estádio (e que numa triste reedição de certas práticas da I República, tem apoiantes propensos a agredir fisicamente os seus opositores), PSD e CDS lá se vão preparando para uma vitória que proporcionará uma saudável libertação da opressão socrática que nos tem vindo a tolher.
Aquele que é um verdadeiro desígnio nacional, e pelo qual desde há cerca de um ano a esta parte tenho vindo a clamar com mais assertividade e sentido de urgência, a remoção de José Sócrates do cargo de Primeiro-Ministro, é o primeiro passo para uma revitalização moral, política e económica de Portugal. A partir de segunda-feira, ou melhor, a partir da tomada de posse do governo PSD-CDS, o novo governo terá que trabalhar incessantemente e com um verdadeiro sentido de serviço, para criar condições que nos permitam cumprir o acordo alcançado e voltar a crescer economicamente. Mas também politicamente, espera-se que o debate político em Portugal possa, pelo menos, deixar de ter contornos tão esquizofrénicos e estratosféricos - o que não será fácil, dado o empenho que Sócrates dedicou a estupidificar os portugueses.
Por tudo isto, a derrota de José Sócrates será um acto de libertação e de higiene mental e social para todo o país, até porque já escrevia Eça de Queirós que “Os políticos e as fraldas devem ser mudados frequentemente e pela mesma razão”.
Adenda - Ler este texto de Vasco Lobo Xavier:
"Um tipo destes tem é de ser rapidamente metido numa camisa-de-forças e internado de urgência numa instituição apropriada que, mesmo que não o cure, o impeça de fazer mais maldades ao país e aos portugueses. E a pandilha que o segue, acaso não queira ser também internada, como inimputável, tem de ser responsabilizada por esta campanha socialista que é um insulto descarado aos portugueses, uma ofensa ignóbil a todos os que vão sofrer na pele os resultados da actuação demencial deste homem.
Por isso, repito, não lhe basta perder: ele tem de ser corrido."
Desesperada, a cantora lamenta o Cristo que ele tem sido em Portugal. Chorando como Madalena - ela diz isso mesmo! -, protesta contra as injustiças de que Sócrates, uma SuperStar, aqui tem sido vítima. Desconsolada, afirma ainda que Pilatos Cavaco lavou as mãos e que para eles, os helenos, Sócrates seria um salvador, o Teos. Ora tentem escutar as palavras. Está lá tudo.. Acham que devemos fazer-lhes este enorme favor? A Grécia está tão mal...
Nos últimos dias, ficámos a saber que há autocarros de Juntas de Freguesia colocados ao serviço de um partido, que imigrantes ilegais são transportados para a campanha do PS, e que há um país, Moçambique, que interfere nas eleições de outro providenciando alguns dos seus cidadãos para figurantes das campanhas eleitorais de um partido, por via da sua Embaixada. Isto a troco de um saco com uma merenda.
Para além da humilhação e manipulação a que estes indivíduos foram sujeitos por parte de gente cujos valores morais ao invés de derivarem de uma sólida formação pessoal, parecem estar ao nível dos de uma ratazana de esgoto - ainda por cima infectando o ambiente, já de si pútrido, que os rodeia - assistimos à violação de premissas de uma democracia liberal saudável e de Relações Internacionais, inclusive traduzidas em letra de lei, sem qualquer pejo. José Sócrates e o PS perderam noção da realidade, do ridículo e de si próprios. Tudo mau demais para ser verdade.
Sugere-se ainda o visionamento do vídeo do 31 da Armada, e a leitura do post do Carlos Botelho.
Ao contrário do que muitos, como eu próprio, pensavam, Pedro Passos Coelho não foi trucidado por Sócrates. Bem pelo contrário, mostrou-se muito mais seguro, afirmativo e rebateu tudo o que Sócrates trouxe à colação. O líder do PS terá tido uma das maiores surpresas dos últimos tempos ao ver a sua retórica demagógica e a sua técnica argumentativa bem treinada e rotinada completamente esmagadas. Passos foi simultaneamente pai e professor de Sócrates, ensinando-lhe boas maneiras e mostrando realmente as patranhas socretinas. Já vinha sendo tempo do líder do PSD se revelar. Esperemos que continue assim e que o PSD não volte a dar tiros nos pés durante a campanha.
Sugere-se ainda a leitura do resumo do debate pelo Pedro Correia, de onde destaco o parágrafo final:
Era um Sócrates já nitidamente fatigado que se repetia no ecrã - sobretudo quando era filmado em grande plano. Sem ideias, sem recursos estilísticos, sem o dom da iniciativa, sem capacidade para surpreender. Como, de algum modo, já tivesse interiorizado a derrota eleitoral. A televisão, nesta matéria, pode ser um instrumento cruel. Sócrates, que tantas vezes beneficiou dela, hoje foi sua vítima. O debate terá mesmo sido decisivo. A RTP estava cheia de razão.
Parece-me que Louçã ganhou o debate a Passos Coelho. O líder do PSD, se quer ganhar as eleições e ter uma carreira política de sucesso, tem que pôr os olhos em Louçã, Sócrates e Portas e começar a fazer melhor o trabalho de casa e ser mais agressivo. Deveria saber que não tem conhecimentos de economia para bater Louçã nessa área, pelo que não o deveria ter deixado guiar o debate para aí. Devia ter-se agarrado às diferenças ideológicas e à utópica concepção de sociedade bloquista, começando ao ataque e não à defesa como esteve sempre.
Houvesse um mecanismo que permitisse acompanhar a mudança do sentido de voto do eleitorado que PSD e CDS disputam enquanto Passos Coelho e Paulo Portas debatiam, e tenho poucas dúvidas que pudéssemos observar o decréscimo do PSD e a subida do CDS em directo. Portas é de longe o melhor preparado para ser Primeiro-Ministro. Passos Coelho esteve algo nervoso, chegou a irritar-se, subindo o volume da voz, e mostrou uns tiques com um certo pendor autoritário e de quem toma por garantido o eleitorado e não faz por merecer os votos do mesmo, por exemplo, pedindo uma maioria absoluta ou dizendo que "realisticamente é o PSD que tem que liderar a coligação com o CDS".
Realisticamente, falta muito tempo até às eleições, e facto é que o PSD está a descer e o CDS a subir. E se Passos Coelho, enfrentando um Paulo Portas sereno e que lhe ia dando conselhos como se se tratasse de uma conversa entre o aprendiz e o mestre, sem qualquer tom paternalista, se irritou levemente e não conseguiu convencer, só se pode esperar o pior no que diz respeito ao debate que terá com José "animal feroz" Sócrates.
Portas poderia ter sido mais agressivo, mas foi sóbrio, calmo e fiel à verdade. Sócrates continua a viver noutra realidade, a abusar da manipulação, da vitimização, das mentiras e da nossa paciência. No fim, esta é a frase marcante, de Paulo Portas: "José Sócrates vai perder as eleições porque os eleitores irão votar de bolsos quase vazios".