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O último Chávez de Paris

por John Wolf, em 07.12.15

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Hollande 23% - 32% Costa. Serão almas génias?Já viram isto? Ok. Estou a brincar, mas isto não é caso para gargalhadas (já vamos à Venezuela e aos Magalhães). Por ora tratemos dos gauleses. Já sabemos que irá haver uma tentação clara para justificar a perigosa vitória de Le Pen, nas eleições regionais em França, invocando o clausulado securitário. Os Je suis Charlie e os Bataclans podem até servir para sustentar as "causas próximas", e até no plano cultural, no húmus da mentalidade, nas correntes filosóficas, poderíamos decifrar a profundidade conceptual que define o nacionalismo francês. Mas não vamos chamar o alemão Fichte nem Rousseau, e exigir explicações. Será no relógio contemporâneo que o fenómeno de ascensão da extrema-direita se move. Lembro-me do que disse o pai (octagenário) de um ex-amigo francês: "a selecção nacional de futebol de França está a ficar muito escura". Pois bem, é nesse plano da exclusão do legado histórico (e colonial) que se operam as modalidades de francês de primeira e marselhês de segunda. Hollande também tem a sua quota de responsabilidade. Em nome da justiça socialista cometeu excessos - por exemplo, e muito convenientemente, foi atrás do património alheio, radicalizou-se na sua falsa imodéstia ideológica, e demonstrou que não soube estar ao centro e se balançar no frágil palco da sociedade francesa. O que aconteceu em França nem carece de mais um empurrão de um terrorista islâmico. França está a viver o resultado de um investimento ideológico lançado pela geração Le Pen precedente. Tempos perigosos assolam a Europa, mas outro género de revoluções também denunciam a falência de uma outra Esquerda demagógica, de decepção. A Venezuela é a outra face da mesma aresta ideológica. A divisa do socialismo-extremo hiperinflacionou-se e rebentou a escala do bem comum, profundamente anti-capitalista, e destruidora de liberdades e garantias. O legado de Chávez de nada vale no mercado secundário de inspiração ideológica. Cuba também já está a dar o berro. Resta saber que fonte de inspiração ainda se mantém de pé para visionários locais. António Costa deve pensar nas sucessivas legislaturas e na efectiva possibilidade de estar a preparar o terreno para incursões radicais da Direita em Portugal. A ideologia é uma espécie de boomerang e balão de ar quente em simultâneo. Vai e volta com ainda maior pujança, ou simplesmente cai por terra. As decisões do comité-central do PCP e da coordenadora do BE podem produzir um efeito de ricochete ainda mais violento do que se possa imaginar. Basta não acertarem o passo. E tudo indica, já nesta antecâmara, que Jerónimo de Sousa não quer acertar a sua passada à música de António Costa. O que está acontecer em França é um exemplo-vivo das consternações que afligem a Europa. Não julguem por um instante que isso é lá com eles. Não é disso que se trata. Nem precisamos de ir a Munique e regressar com o troféu das garantias dadas. Lamento muito. É agora.

publicado às 12:01






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