por João de Brecht, em 24.01.09

Mamã, olha o desenho que eu fiz.
Quando analisamos o ambiente social de qualquer país, facilmente identificamos uma tese e uma antítese (não, não estou a ser marxista, estou a constatar). Vulgarmente chamamos a estes dois movimentos o de cultura e contra-cultura, não porque um disponha de elementos culturais e outro não, mas sim pelo facto de uma estar de acordo com os padrões sociais (aceites pela grande maioria como aceitáveis) e os que se auto-intitulam como não-conformistas.
Nada tenho contra movimentos de livre expressão e criatividade, desde que o desvio da norma seja um exemplo com aspectos positivos e não a completa miséria como muitos que vimos a assistir.
O que me motivou para fazer esta pequena dissertação acerca de movimentos urbanos foi a minha travessia de metropolitano entre as estações Cais do Sodré e Baixa – Chiado. Não calculei ao certo o tempo entre as duas estações, que com toda a certeza não é mais de 5 minutos, mas durante esse pouco tempo vi mais de cinquenta criaturas pálidas, vestidas de negro e com um olhar deprimido a andar de um lado para o outro. Não, não estou a falar num encontro de família do Voldemort, mas sim da loucura EMO.
Enquanto grande parte das Tribos Urbanas nasce de uma luta ou causa justificada e é seguida por razões estético-ideológicas, este novo movimento nasce da… Completa parvoeira de alguém. Peço desculpa se pareço intolerante, algo que garanto que nunca fui, mas a verdade é que se um dos pré requisitos para a entrada num grupo destes é a constante e duradoura depressão, que raio de aceitação social podem esperar de famílias que vêm os seus mais novinhos a cantar músicas sem sentido em alemão, desenhos e poemas de apelo à dor e à morte, a recusar constantemente qualquer planeamento de felicidade e a pingar sangue dos braços (nalguns dos casos) depois de cortes com x-acto?
É obvio que como em qualquer Tribo há quase tantos “wanna be’s” como “efectivos”, por isso mamãs e papás que estiverem a ler isto, não pulem da cadeira e dêem um sermão aos miúdos, porque na maior parte dos casos só usam a vestimenta por uma questão de integração ou afirmação.
Não querendo alarmar ninguém, nem insultar este movimento que sinceramente não consigo encaixar na minha cabeça, dou 3 conselhos a estes jovens que optam por boicotar o seu pensamento livre num movimento que claramente os distingue do resto raça humana:
_ Se a rebeldia é a motivação para tal comportamento, vistam uma t-shirt do Che e vão para o PCP, que apesar de ser igualmente comercial, sempre andam mais felizes da vida com uma cassete vermelha na cabeça (que é pelos vistos mais fácil de remover que as tatuagens).
_ Se o fazem porque o vosso cônjuge (sempre quis usar esta palavra num texto meu!) aderiu ao movimento Emo, arranjem outro ou tentem moderar a roupa preta, que para além de facilitar a depressão deles, também começa a interferir com a nossa.
_ Fora de brincadeiras, parem de negar o sorriso e apanhem um bocadinho de Sol, a vida é mais que roupa preta e mp3 com Tokio Hotelices…