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Uma boa notícia que surpreendentemente não parece ter recolhido previsível entusiasmo por parte dos portugueses foi a aparente descoberta de 6 jazidas de petróleo/ gás natural em Portugal continental. De acordo com a empresa prospectora são mais de 43 mil milhões de euros brutos, ou seja, 25% do Produto Interno Bruto de Portugal, o que permitirá, entre outras coisas, transformar Portugal de um pais importador de energia num pais exportador.
Dinheiro a entrar a rodos quando o pais se encontra encalacrado em dívidas são certamente boas notícias mas parece que ninguém embarca em histerias. O governo permaneceu em silêncio, sabe-se lá se pelo facto de um dos sócios da IONIQ, a empresa que detectou as várias jazidas, ter sido colega de Pedro Passos Coelho na Fomentivest.
Com um território marítimo tão vasto vá-se lá saber se, à semelhança da Noruega, este cantinho à beira mar está plantado sobre um lucrativo lençol de petróleo - que no caso da Noruega é imenso. Alguma vez Portugal constituiria um Fundo do Petróleo controlado pelo governo tal como o pais nórdico fez? Tal como diz Mia Couto, “a maior desgraça de uma nação pobre é que em vez de produzir riqueza, produz ricos”. E os portugueses já viram o suficiente para saberem que já viram demais.
Em Espanha, antes de ontem:
Em Portugal, ontem:
Ou seja, enquanto em Espanha o governo procura resolver o problema mesmo que recorrendo à medida extrema de subsidiar o encerramento de infraestruturas cuja construção foi também subsidiada, em Portugal continua-se a aprofundá-lo, como se não fosse já suficientemente ruinoso.
Ainda por cima, consente-se que se instale uma gigantesca central de energia solar em plena lezíria ribatejana, zona agrícola por excelência por ter alguns dos terrenos mais férteis e produtivos do país. E assim, 70 hectares vão ser cobertos por 18 mil painéis fotovoltaicos importados (apesar de também se fabricarem em Portugal), criando um número ínfimo de postos de trabalho em mais um projecto que irá viver das rendas pagas pelo contribuinte português.
A mais este "magnífico" investimento estrangeiro só tenho a expressar os votos sinceros de um bom tornado.
O lixiviador texto é sugestivo e presta-se a fantasias coincidentes com as charlas de um retornado político. Nos últimos dias de temporal, "quase-quase!" atingimos 100% de consumo de energias renováveis! Sem dúvida necessárias apesar dos preços proibitivos e do que significaram os investimentos feitos há poucos anos - acumulando-se às barragens de Salazar -, pela prosa do Expresso depreendemos que Portugal viveria feliz para sempre, desde que tivéssemos um clima parecido com o de Júpiter. Aí sim, exportaríamos energia "às resmas".
Mira Amaral, em entrevista ao I.
[A descida da TSU]«Uma medida destas tinha de ser vendida num pacote de crescimento e competitividade, e não dentro de um pacote de austeridade. Quando uma medida destas, que podia ser positiva, se vende dentro de um pacote de austeridade, é só para levar pancada. Há também aqui um erro político. Esta medida, para ser implementada, com todas as condicionantes de que já falámos, nunca podia ser apresentada numa situação em que percebemos que o governo está de calças na mão. Chamavam-se os parceiros e fazia-se isto complementado com incentivos fiscais ao investimento e à criação de novas empresas, colocando a medida dentro de um pacote global. É evidente que esta medida não cria emprego, mas algumas empresas do sector exportador ganham folga de competitividade, sejamos honestos, e mesmo as empresas do mercado doméstico é evidente que podem diminuir as pressões de tesouraria. Só que isto pode ser anulado pelo facto de o consumo no país diminuir ainda mais e aquilo que ganham num lado perdem no outro. (...)
Tinha sido mais útil para as empresas uma redução dos preços da energia do que uma descida da TSU.»
E acrescento eu: e suspender a liberalização do mercado de combustíveis, estabelecendo preços compatíveis com a realidade das empresas e dos clientes particulares, ao invés dos preços absurdos que estão a tornar o transporte profissional e pessoal proibitivo para uma grande parte do país. Em tempo de crise ou escassez, o Estado deve recorrer ao tabelamento dos preços sempre que seja necessário impedir que a especulação prejudique o funcionamento da economia. O aumento do consumo compensaria a perda percentual de receita do ISP.
Boa entrevista, que aconselho a ler.
António Mexia, sobre o estudo que mostra o exagero de rendas que todos pagamos à EDP: "O estudo tem erros básicos, que o tornam basicamente grosseiro." Mais ou menos como o português de Mexia, básico, e incapaz de disfarçar a grosseira falta de argumentos.
«This is actually the fifth time in modern history that we've seen widespread fear that the world was running out of oil. The first was in the 1880s, when production was concentrated in Pennsylvania and it was said that no oil would be found west of the Mississippi. Then oil was found in Texas and Oklahoma. Similar fears emerged after the two world wars. And in the 1970s, it was said that the world was going to fall off the "oil mountain." But since 1978, world oil output has increased by 30%. Just in the years 2007 to 2009, for every barrel of oil produced in the world, 1.6 barrels of new reserves were added. And other developments—from more efficient cars and advances in batteries, to shale gas and wind power—have provided reasons for greater confidence in our energy resiliency. Yet the fear of peak oil maintains its powerful grip.»
Via Carpe Diem, um excerto: Not considered a big oil state until recently, North Dakota went from the ninth-biggest producer in 2006 to fourth in 2009, where it currently stands. This boom is thanks to advances in drilling and hydraulic fracturing techniques and a rise in oil prices that made it more profitable for companies to tap into the vast reserves trapped in the Bakken and Three Forks shale formations.
No dia em que Dr. Ivar Giaever, Nobel da Física em 1973, apresenta a sua demissão da Sociedade Americana de Física (APS), por não reconhecer a existência de aquecimento “global” significativo nos últimos 150 anos e, como tal, não aceitando como estabelecido que haja que tomar medidas extremas agora para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, histórias como estas, decorrentes de um activismo político promotor, a qualquer custo, de “empregos verdes”, tornam-se terrivelmente incomodativas. A incomodidade passa a indignação quando, apesar de uma retórica tonitruante de “estímulos ao emprego” tudo se faça para impedir o surgimento de empregos reais, e não subsidiados.
Esta não é apenas uma história americana. É também europeia e, em particular, portuguesa, como todos iremos descobrir, brutalmente, nos próximos 2/3 anos.
Há momentos na tvi, o sr. Mira Amaral declarava a necessidade de se estudar a hipótese da instalação de centrais nucleares em Portugal. Sabemos o que isso quer dizer. Mais despesa a pagar pelos estarrecidos contribuintes - ou os "esquemáticos" entram com o seu dinheiro? - mais maluquices especulativas de terrenos, mais desastres ambientais em perspectiva. Em suma, um regresso à insegurança, ao medo e à incerteza. Se com a co-incineração as populações reagiram, imagine-se o que seria relativamente a isto? Neste aspecto - entre outros mais -, estou com o governo. A peça que antecedeu a curta entrevista, demonstrava a opinião "generalizada" de alguns convivas dos círculos do costume: os "malefícios hidro-eléctricos" - barragens que "podem estourar"! -, o "estragar da paisagem" pelos geradores eólicos e outros argumentos tão credíveis como a kriptonita que enfraquece o Super-Homem.
Nem sequer querendo perder mais tempo com tais excelsas banalidades trauteadas pelo "conhecido e insuspeito mundo dos negócios", remeto os necessários esclarecimentos acerca do tema, para o nosso correligionário Pedro Quartin Graça. Creio que ele também não estará pelos ajustes, mas podem tentar.
Filipe Alves, responsável pelo grupo de trabalho ligado à temática do ambiente e energia, ofereceu uma bicicleta a Eduardo Correia, que só não fez uma demonstração das suas habilidades porque os pedais estavam virados. No entanto Eduardo Correia já tem uma bicicleta de corrida que continuará a utilizar como normalmente, até porque já tem o hábito do ciclismo desde que estudou na Escócia.
(imagem picada daqui)
A Iberdrola também está presente em Portugal, o mercado Ibérico de produção e distribuição de energia tem tendência a aprofundar-se e integrar-se, e Espanha faz acordos com uma Rússia em ascensão que cada vez menos hesita em utilizar os seus vastos recursos energéticos como arma política. Pelo meio as tão faladas energias renováveis parecem sempre ficar pelo caminho e até a discussão sobre a energia nuclear deixou de estar na agenda há já alguns meses. E com o que Robert Kagan escreve sobre a Rússia, no O Regresso da História e o Fim dos Sonhos, nada disto me parece obra do acaso e não deixa de ser algo preocupante. Amanhã voltarei a este tema que as horas já vão altas e a disponibilidade mental já não é a melhor.