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Não existem grandes diferenças entre Lance Armstrong e um pelotão de banqueiros. Mentiram anos a fio e especializaram-se na preparação de cocktails. No primeiro caso para consumo próprio, e no segundo para servir um sem número de crentes na camisola amarela, no prémio de um montante financeiro. As voltas dadas pelo ciclista são parecidas com a noção de ganhos eternos, consubstanciada noutro tipo de veículos - structured investment vehicles -, que serviram de estafeta para produtos financeiros altamente tóxicos. Como podem facilmente constatar, faz tudo parte da mesma lógica de engano e decepção. Não deixa de ser curioso o aspecto quase simultâneo dos respectivos engodos. Enquanto os Lehman Brothers e Goldman Sachs deste mundo andavam a congeminar novas armadilhas para agarrar incautos, Lance Armstrong fez-se à estrada numa espécie de roadshow de mau gosto. Não percebo porque raio o U.S. Postal Service foi patrocinar o rapaz? Teria feito muito mais sentido se as insígnias de bancos malandros estivessem estampadas na sua camisola. De qualquer maneira, a crise ética que nos assola tem mais uma mascote para colocar em cima do frigorífico ao lado de outros cromos. Os Franceses, no meio desta trapalhada, querem as voltas de volta e parece que já existe um lobby poderoso em busca de uma indemnização mais avultada. Correm rumores que a Estátua da Liberdade bastaria para saldar as contas do prestígio, da desonra.