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Esclarecedora, a reportagem transmitida esta noite pela TVI sobre os financiamentos do Estado ao ensino privado e de como a gestão de recursos do Ministério da Educação tem sido feita pelos anteriores governos e pelo actual. Num momento em que o Governo pondera avançar com o "Cheque Ensino", vale a pena ver no que têm dado as parcerias público-privadas neste domínio. É que se esta mesma política tem tido resultados desastrosos nas auto-estradas e na energia, com a promiscuidade entre governantes e empresas interessadas, e fazendo o país refém de interesses instalados à gamela do Estado, seria ingénuo esperar outra coisa da privatização do Ensino Público. E não pega o argumento da «liberdade de escolha»: nem Portugal nada em dinheiro para poder sustentar dois sistemas de Educação redundantes (um público e outro privado), nem as finanças públicas têm de sustentar as opções dos pais que prefiram colocar os seus filhos no privado. Se o querem, que paguem do próprio bolso. Imagine-se o que seria se esta lógica se aplicasse sempre que alguém preferisse optar por serviços privados em alternativa aos já disponíveis no público.
E, mais uma vez, a política do actual governo não se desvia do rumo do anterior.
Repórter TVI: «Verdade Escondida», o link AQUI
E um bom fim-de-semana prolongado.
Os ideários contidos na República e na Democracia caracterizam-se pelo optimismo antropológico em relação à Humanidade. Em especial, quando esta está sob os efeitos de um sistema em que a Educação e a Cultura é igual para todos. Neste sentido, na I e III Repúblicas proliferaram ministérios cheios de paixão pela Educação, tida como a panaceia para todos os males e atrasos do País. Abriram-se escolas, universidades, quer nos sectores público quer no privado sem que fossem tidas em conta as características demográficas numa análise a curto, médio ou longo-prazo. Estava mais do que previsto o impacto negativo que iria ter no Ensino e nos seus agentes a diminuição da natalidade e a destruição da instituição família, fenómenos a que não é alheio o ideário democrático progressista.
Pelo meio inventaram-se modelos novos que, de tão maus na sua essência e inconsistentes no seu conteúdo, deram frutos espectaculares logo nos seus inícios. Daí que foram sendo ao longo dos diversos governos substituídos por outros, mas sempre da mesma natureza: o eduquês, o facilitismo, o didactismo, etc.
Os resultados estão aí. A Escola é um espaço moribundo, à beira da falência económica e moral. Podia restar ao aluno com dificuldades em aceder Ensino - o qual outros colegas e compatriotas seus têm quase de borla - a esperança de poder aprender uma profissão que garantisse o seu futuro. Mas até isso lhe é vedado devido à quase inexistência de ensino técnico onde ele é mais preciso.
Já alguém perguntou aos senhores do Governo o que vai fazer agora com a Escolaridade Obrigatória até aos 18 anos?
no Obliviário, e vem-me à memória uma conversa recente tida com um sobrinho adolescente.
Quando lhe comecei a falar na Farsa de Inês Pereira e no Auto da Barca do Inferno, olhou para mim como se eu tivesse acabado de chegar de outro planeta: que nunca neles ouvira falar.
Para mim, uma coisa quase inimaginável - o fundador do teatro português, autor de escritos com tamanha repercussão na cultura popular.
E assim se vai destruindo a marca dos nossos maiores.
gradualmente, mas ainda a níveis pouco preocupantes, que viriam, no entanto, a acentuar-se, genericamente, ao longo dos anos, li, algures, há tempos.
E lembrei-me desta reflexão feita por estudiosos vários, ao ler esta notícia, que, perante o que nos é dado ouvir no dia a dia, suscita uma dúvida: não estará este propalado êxito ligado a uma menor exigência no Ensino?